Categoria: Castas (Page 8 of 9)

A Variedade é o Tempero da Vida

Um dos mais assíduos leitores desta coluna, Sergio Pirilo, de Vitória, ES, colocou uma interessante questão, a propósito dos temas Outras Castas Sul Americanas e Sobre o Nome das Uvas. Reproduzo, a seguir, um pequeno trecho de seu comentário:

“Já entendi que a mesma uva, em diferentes terroirs e com diferentes vinificações têm sabores diferentes. Isso não provaria uma tese que um amigo insiste em tentar provar: o que importa não é a uva e sim o processo de vinificação?”

Para responder com exatidão seria necessário entrar em temas muito técnicos que não são o escopo destes textos sobre o vinho. Vários e importantes conceitos estão envolvidos nesta questão que abrangem desde o cultivo de uma determinada casta, passando pelos diversos métodos de vinificação e terminando no que o enólogo pretende atingir ao fim de todo o processo. Vamos tentar simplificar.

Para início de conversa, a tese do amigo de Sergio Pirilo está errada. Para explicar de modo simples, vou usar um axioma da informática, outro assunto que dominamos e sobre o qual escrevemos, por um bom tempo, para O Boletim.

A pequena sigla, GIGO, abreviatura para a expressão, em inglês, Garbage In, Garbage Out, é usada para explicar falhas no desenvolvimento de um sistema: se os seus dados são ruins, o seu resultado também será.

Isto vale para uvas e vinhos também: se a matéria-prima não tem qualidade, o produto final também não terá. Pode manipular à vontade, nunca será nada de qualidade que, na nossa opinião, possa receber o rótulo de Vinho.

Tudo começa no vinhedo, ou como preferem alguns autores, “terroir”, um conceito de difícil entendimento englobando solo, clima, meio ambiente, e outras características locais, atualmente sendo muito questionado.

Um dos mais famosos enólogos, Emilie Peynaud (Bordeaux) acreditava que o homem não fazia parte do “terroir”, mas a combinação dos dois gerava um grande vinho.

Por esta razão, nenhum Enólogo trabalha sozinho, há sempre um Agrônomo como seu “ala”, que vai ajudar na primeira e mais importante decisão a ser tomada na hora de vinificar: a uva está no ponto de ser colhida?

A resposta vai depender do que se deseja obter como produto final, por exemplo: colhe-se mais cedo para produzir um espumante e bem mais tarde para se obter um vinho licoroso. Entre um ponto e outro, uma mesma cepa pode produzir vinhos de características bem diferentes. Tudo vai depender de ajustes nas principais etapas do processo de vinificação.

Já estamos vendo leitores perguntando: não basta fermentar e pronto?

Não!

Além da escolha do ponto de colheita da uva, sempre associada ao resultado pretendido, o vinho passa por diversos processos: separação ou não dos bagos, prensagem ou outro método que rompa os grãos, maceração, fermentação, conversão malolática, etc.

Vamos explorar apenas um destes processos, a Maceração, de onde os vinhos tintos obtêm cor e tanino (compostos fenólicos e antocianinas). Macerar significa deixar cascas, sementes e talos em contato com o mosto, por um determinado tempo.

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Três diferentes métodos estão em uso atualmente: Longa, a Frio e Carbônica. (Existem outros)

Cada um produzirá resultados diferentes e deve ser feito antes ou durante o processo de fermentação. Para encerrar esta etapa basta remover as cascas, sementes e os talos.

O processo longo, muito tempo de contato inclusive durante a fermentação, é o mais tradicional. Sua versão curta é usada, por exemplo, para os vinhos rosés.

A denominada “a frio”, sempre precede a fermentação e é usada para permitir ao Enólogo, total controle sobre o que vai resultar: a baixa temperatura (-12ºC) inibe a atuação das leveduras.

A Carbônica é um processo bem diferente. Os cachos, inteiros, são submetidos a um ambiente saturado de dióxido de carbono (CO2) forçando o início da fermentação através de enzimas próprias da uva, de dentro do grão para fora.

O importante é compreender que um destes processos é o ideal para determinada casta e para o tipo de vinho que se deseja obter, e não o oposto como sugere a tese exposta no início. As receitas são únicas e não tem sentido usar a casta A com a receita da casta B: GIGO

Se as uvas forem deixadas sozinhas, seu produto será vinagre, se o homem intervir corretamente, será vinho.

A variedade, de castas e vinhos, é o tempero da vida.

Saúde!

Vinho da Semana: um bom tinto italiano.

Centine IGT 2013

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Aromas de frutas vermelhas e negras maduras, toques minerais e defumados. No paladar o vinho possui médio corpo, com taninos redondos e sedosos, além de bom frescor e final de boca macio e persistente. Acompanha bem carnes vermelhas grelhadas ou assadas com molhos médios. Massas e legumes (principalmente berinjela) com molhos à base de tomate e queijos de média maturação.

Sobre o nome das uvas (algumas)

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Este texto decorre do comentário do leitor Aloisio Mancini, de Florianópolis, postado no site do O Boletim, na semana passada. Em poucas palavras, ele questiona qual a origem do nome das castas mais conhecidas. Haveria alguma razão em especial?

Assim como a origem das atuais uvas viníferas ainda é uma incógnita que vem sendo dissecada por diversos centros de pesquisa, a etimologia de seus nomes segue o mesmo caminho, muito difícil de trilhar, por onde se misturam lendas, sabedoria popular e verdades.

Até onde conseguimos pesquisar, a maioria das castas que conhecemos hoje e apreciamos seus vinhos tem mais de um nome, às vezes dentro de uma mesma região. O normal é que uma determinada planta ganhe novos apelidos conforme vai sendo plantada em outras regiões. Mas algumas poucas variedades se mantêm fiéis ao nome que as tornaram famosas, Cabernet Sauvignon e Merlot, por exemplo.

No século XVII a Cabernet era conhecida como Vidure ou Bidure e às vezes Biturica (este talvez tenha sido o vinho produzido com ela). Estudiosos como Jancis Robinson acreditam que este termo seja uma deturpação de “vigne dure” literalmente “parreira dura”, numa alusão ao rígido tronco desta planta.

A mudança para o nome atual teria surgido por uma razão específica: os aromas eram semelhantes aos da Cabernet Franc e aos da Sauvignon Blanc, fato que seria confirmado, em 1976, através de testes de DNA.

A Merlot ganhou seu nome por semelhança a um pássaro, o Melro, tão preto quanto a casa desta uva. Literalmente Merlot é um diminutivo de Melre (francês). Dependendo da região onde está plantada, recebe 60 outros apelidos, todos girando em torno do pássaro ou por semelhança com outras castas.

Isto sugere uma regra básica: a maioria destas denominações tem origem na cor, na forma, no tempo de amadurecimento, na região onde florescem, etc…

Um dos exemplos mais interessantes é a casta Tempranillo, que vem de “temprano” ou cedo em espanhol: ela amadurece precocemente, antes das outras uvas plantadas nas mesmas regiões. Na própria Espanha ganha outros nomes: Tinto Madrid; Tinto de La Rioja; Tinta del País; Tinto de Toro e Tinto Aragónes. Uma corruptela deste último nome, Aragonês, é um dos nomes como é conhecida em Portugal na região do Alentejo. O outro nome é Tinta Roriz, no Douro. Na Califórnia é Valdepenas e na Itália se chama Negretto.

Outra casta que foi batizada por ser precoce é a italiana Primitivo (que vem primeiro…). Mas não tem nenhuma relação com seu nome original, na Croácia, Crljenak Kaštelanski (Uva Tinta de Castela) ou a denominação californiana, Zinfandel, atualmente reduzida para “Zin”.

Outro exemplo formidável é a uva icônica da Itália, a Sangiovese. Seu nome vem do latim, “sanguis Jovis”, livremente traduzido como “Sangue de Júpiter”. Esta denominação teria sido cunhada pelos monges da comunidade de Santarcangelo di Romagna, atual província de Rimini, na Emilia-Romagna.

Dependendo da região italiana onde está plantada recebe diferentes nomes, eis alguns deles: Sangiovese Grosso, San Gioveto, Prugnolo, Brunello, Calabrese, Uvetta, Montepulciano etc…

Quando se trata de uvas autóctones, Portugal é o campeão dos nomes e apelidos. Há casos icônicos como o da uva branca Fernão Pires, uma das mais plantadas no país nas regiões do Tejo, Lisboa e Setubal, mas, quando chega na região da Bairrada muda de nome (e sexo) passa a ser chamada de Maria Gomes.

Outra lenda deliciosa se refere a uva Antão Vaz, importante casta branca alentejana. Segundo alguns historiadores, um antigo fazendeiro da região de Vidigueiras, era frequentemente questionado por um dos seus empregados sobre uma uva branca sempre esquecida: Por que não fazemos vinho destas uvas?

E isto se repetiu por muitos anos até que, um dia, o fazendeiro já cansado de tanta arenga respondeu: “Então faz”! (Lembrem-se do sotaque…)

Anedótico, sem dúvidas, mas um perfeito espelho de como são apelidadas as castas viníferas.

Bons vinhos e saúde!

Vinho da Semana: um belo rose para o Dia das Mães

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Hecht & Bannier – Côtes de Provence 2014

Os rosados da Provence, de coloração leve e de sabor profundo, são os mais festejados da França. Esta interpretação é simplesmente deliciosa. Fresco e repleto de notas de frutas é uma das escolhas mais charmosas.

Castas: Grenache, Cinsault e Syrah

Harmonização: Aperitivos, massas leves, peixes e frutos do mar.

Outras Castas Sul Americanas

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Malbec, Carménère e Tannat são mais que conhecidas por qualquer enófilo, seja iniciante ou experiente. São as estrelas dos tintos da América do Sul, verdadeiros ícones em seus polos produtores: Argentina, Chile e Uruguai.

Sempre em busca de novos caminhos, as principais vinícolas do cone sul começaram, curiosamente, a olhar para trás para desenhar um novo futuro. Castas que foram as mais plantadas, 100 anos atrás, e andavam esquecidas, ganharam uma nova vida, na mão de hábeis agrônomos e enólogos, entregando vinhos muito interessantes: País, Bonarda e Cariñena.

A casta País, também chamada de Mission, Criolla Chica e Negra Peruana, foi a primeira vitis vinífera trazida para o continente americano em 1520, segundo alguns autores, por Hernán Cortés. Ainda no século 16, missionários que a plantaram no México com o propósito de produzir o vinho de missa, expandiram suas fronteiras tanto para o norte (EUA) quanto para o sul (Peru, Chile e Argentina).

Durante muitos anos foi a uva mais plantada no Chile até ser suplantada pela Cabernet Sauvignon, já no final do século XX e início do século XXI. Esta varietal sempre produziu um vinho rústico, com pouco corpo e baixa acidez. Típico vinho de garrafão.

O seu renascimento se deve aos vinicultores que decidem reviver antigas técnicas de vinificação, empregando metodologias modernas, processo apelidado de “natural”: agricultura orgânica, um mínimo de intervenções em toda a elaboração e produções minimalistas. Resultou em alguns vinhos dignos de atenção: notas rústicas de frutas e aromas florais. Outros produtores preferiram empregar as mesmas técnicas de elaboração do Beaujolais, obtendo ótimos resultados.

A Miguel Torres, importante vinícola chilena, elabora um excelente e premiado espumante com esta casta, o Santa Digna Estelado Rosé.

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A casta Bonarda, conhecida em outras regiões como Charbono, Corbeau ou Douce Noir, também já foi a mais plantada, neste caso na Argentina, até ser deixada para trás por outras variedades, principalmente a Malbec.

A origem desta uva é muito antiga, existem registros do seu plantio pelos Etruscos há cerca de 3.000 anos, na região da Savóia, Itália. Chegou ao nosso continente pelas mãos dos imigrantes italianos: queriam fazer seu próprio vinho. Com o passar dos anos, foi relegada a segundo plano produzindo, apenas, vinhos de baixa qualidade vendidos em garrafões.

Vinificada da mesma forma que sua irmã maior, a Malbec, entregava vinhos com sabores marcantes, intensos e frutados, quase uma geleia. Foi preciso ajustar os processos de vinificação para que se obtivesse vinhos mais sérios e que atraíssem o consumidor final.

Macerações mais curtas utilizando cachos inteiros produziram vinhos mais leves e elegantes, perfeitos para o dia a dia. Plantada em terroirs selecionados, como o Vale do Uco, e vinificada nos modernos ovos de concreto, resultou em vinhos de alta qualidade e muito disputados, apesar de sua pequena produção e preço elevado.

Assim como a País, também produzem um bom espumante com a Bonarda. Mas o destaque fica para os vinhos de ponta, Zorzal Eggo Bonaparte Bonarda, El Enemigo Bonarda e Zuccardi Serie A Bonarda.

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A casta Carignan ou Cariñena é muito conhecida na Espanha e na França onde se junta com as uvas Grenache, Syrah e Mourvedre para produzir os famosos vinhos do Langedoc-Roussillon. A curiosidade fica por conta da sua existência no Chile, Argentina e Uruguai onde começam a se destacar com vinhos interessantíssimos.

No Chile foi plantada, originalmente, para dar mais estrutura aos vinhos elaborados com a País. São cerca de 700 hectares. Na Argentina encontramos apenas 80 ha e no Uruguai 485 ha.

Tipicamente uma uva usada em cortes, em 1995 o enólogo chileno Andrés Sanchez, da Gillmore, colocou no mercado um varietal e logo foi seguido por outras vinícolas. Para ajudar na divulgação deste novo estilo de vinhos, formaram o Clube da Carignan, reunindo as vinícolas Odjfell, De Martino, Torres, Valdivieso, Undurraga, Meli, Bravado Wines, Santa Carolina, Via Wines, Garage Wine, Canepa, Covica, Gillmore e Morandé, com o objetivo de elaborar vinhos de 1ª linha.

São vinhos especiais, de pouca produção e preços elevados, sejam eles varietais ou cortes onde predomina a Carignan. Argentina e Uruguai utilizam esta casta em cortes, mas já começam a aparecer alguns vinhos Premium com 100% desta preciosa uva.

Bons vinhos, saúde!

Vinho da Semana: um Carignan chileno com boa relação custo x benefício.

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Aromas complexos com frutas vermelhas e negras maduras, notas de baunilha e especiarias. Paladar rico, elegante, com estrutura firme, final longo e persistente.

Harmonização: Risoto de cogumelo fresco, pato assado com molho de ameixa, massas recheadas com molho rôti, queijos fortes e cordeiro.

Nebbiolo, a casta famosa do Piemonte

Nebbiolo ou Nebieul no dialeto piemontês, é uma das castas viníferas mais importantes da Itália, responsável por vinhos como o Barolo e o Barbaresco.

Como toda diva, é temperamental e muito difícil de cultivar e vinificar. Alguns autores a comparam, por estas características, com a não menos famosa Pinot Noir da Borgonha. Mas seus vinhos não têm muita coisa em comum.

Sua denominação deriva de “nebbia” que significa névoa, talvez pela fina camada branca que cobre sua casca, quando madura. Outra explicação aceita, nos remete para a vindímia, no Langhe, sempre enevoada no mês de outubro. Uma corrente de pesquisadores acredita, ainda, que o nebbiolo seja uma deturpação de “nobile” (nobre).

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Registros históricos mostram que ela já era cultivada e vinificada em 1266, curiosamente com um estilo bem diferente dos vinhos de hoje. Uma casta muito popular e tão importante, naquela região, que um estatuto redigido em 1431, previa uma pesada multa para quem cortasse ou danificasse uma parreira.

Portanto, é uma veterana que sobreviveu até mesmo a filoxera (1930), mas obrigou ao replante com enxertia em raízes de viníferas americanas.

Estudos de ampelografia mostram que esta é uma casta autóctone da Itália e que se desenvolveu no Piemonte. Análise do seu DNA revela traços de parentesco com diversas outras castas típicas do país e até mesmo a Viognier da região do Rhône, França. Por ser uma espécie muito temperamental e instável, não se adapta bem a qualquer tipo de solo, preferindo a região calcária próxima à cidade de Alba, na margem direita do rio Tanaro.

Seus clones se multiplicam facilmente. Os preferidos para a vinificação, entre mais de 40 tipos já identificados, são Lampia, Michet e Rosé Nebbiolo, este último em franco desuso.

Os principais vinhos obtidos a partir desta casta são: Barolo, Barbaresco, Roero, Gattinara, Ghemme e Nebbiolo d’Alba. Dependendo de cada região e das DOC e DOCG, pode haver outras uvas cortando a Nebbiolo, exceto para os dois primeiros que, obrigatoriamente, devem ser elaborados com 100% da casta.

Além do Piemonte, vamos encontrar está uva nas regiões vizinhas de Val d’Aosta (Donnas) e na Lombardia (Valtellina e Franciacorta). Na região do Veneto existe uma pequena parcela plantada para a produção de um vinho do tipo Recioto. Fora da Itália, vamos encontrá-la nos Estados Unidos, México, Argentina e Austrália.

Seus vinhos são tipicamente de coloração clara, muito tânicos e ácidos quando jovens, precisando de um longo tempo de amadurecimento para se tornarem palatáveis de acordo com as exigências do mundo moderno (paladar também evolui…). Pelo menos 10 anos de guarda. Alguns vinhos de 1ª linha devem ficar esquecidos por 30 anos para desenvolverem todo o seu potencial.

O resultado é espetacular, justificando o título de “Rei dos Vinhos” atribuído ao Barolo. Saiba mais neste link:

https://oboletimdovinho.com.br/2011/11/25/estamos-na-italia-terra-do-rei-dos-vinhos/

A marca registrada desta varietal é produzir vinhos com notas marcantes de alcatrão e rosas num bouquet que inclui frutas secas, ameixas, couro, alcaçuz, amoras e especiarias.

Em uma coluna anterior dissertamos sobre a outra uva do Piemonte, a Barbera, que tem uma área plantada muito superior à da Nebbiolo. Espero que as dúvidas apresentadas então, por alguns leitores, estejam resolvidas.

Bons vinhos, saúde!

Vinho da Semana: do Piemonte é claro

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Barolo Prunotto 2008 – $$$

Vermelho-rubi com reflexos granada.

Aroma complexo, com notas herbáceas e toque de violeta.

Na boca apresenta-se pleno e aveludado, com final longo.

Harmonização: Ideal para acompanhar pratos de carne muito estruturados e densos, como ossobuco, caças de pelo, ensopados e também queijos fortes.

Barbera, a outra casta do Piemonte

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Algumas castas se tornaram famosas pela qualidade dos vinhos que se consegue obter a partir delas. Outras, menos conhecidas, coexistem nas mesmas regiões e condições climáticas e acabam ofuscadas pelo brilho de suas companheiras.

Há vários exemplos, Malbec e Bonarda na Argentina, Merlot e Carménère no Chile, neste caso a segunda se tornou a protagonista, Pinot Noir e Gamay na Borgonha, etc…

Um dos exemplos mais significativos vem da Itália, Nebbiolo, que produz os famosos Barolos e Barbarescos, e a Barbera, a partir da qual se elabora um vinho tinto muito peculiar.

A origem desta casta remonta ao século XIII. Documentos obtidos na Catedral de Casale Monferrato mostram um contrato de arrendamento de uma parcela de terra para que seja plantada a “de bonis vitibus barbexinis”, ou Barbera (1246-1277). Ampelógrafos modernos acreditam que ela seja uma descendente da uva Mourvedre, muito comum na França e Espanha. Hoje ocupa o 3º lugar em área de plantada na Itália atrás apenas da Sangiovese (Chianti) e Montepulciano.

Sua principal característica são os vinhos tintos com baixo teor de taninos e alta acidez, o que os tornam únicos. Podem, inclusive, ser degustados como um vinho branco, bem mais gelados que os tintos habituais.

Por se adaptar facilmente nos terrenos onde a Nebbiolo não frutifica bem, passou a ser encarada como uma “segunda uva” produzindo um vinho mais popular em contraste com o Barolo. Somente quando produtores de peso, como Vietti, perceberam que ali estava uma varietal que poderia ter brilho próprio foi que surgiram grandes vinhos, como o Barbera d’Asti, ou o Barbera d’Alba, duas das denominações mais conhecidas.

Seus vinhos têm as seguintes características:

Coloração rubi intensa com reflexos rosados, corpo Médio;

Aromas e sabores frutados destacando-se cerejas maduras e morangos secos;

Taninos suaves e boa acidez;

Harmonizações: massas, tipicamente talharim, carnes, queijos como gorgonzola, vegetais grelhados além de temperos como anis, pimenta branca, canela, noz moscada, etc…

Não são vinhos longevos, devendo ser consumidos entre 2 a 4 anos de sua elaboração.

Principais vinhos pontuados e suas safras:

1999 Quorum Barbera d’Asti – RP 95 pts;

2006 Giacomo Conterno Barbera d’Alba Cascina Francia – RP 93 pts;

2011 Vietti Barbera d’Alba Scarrone Vigna Vecchia – RP 93 pts; Saúde e Bons vinhos!

Vinho da semana: para experimentar e gostar. 

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Barbera d’Asti Superiore 2011 Elaborado por Valter Bera, um dos sete “homens de ouro” do vinho italiano para o Gambero Rosso, este Barbera d’Asti não passa por barricas de carvalho para manter seu caráter fresco e cheio de fruta.

Um vinho de grande apelo gastronômico, capaz de combinar com uma infinidade de pratos.

Temperatura de serviço: 16º a 18º

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