Categoria: Harmonização (Page 4 of 11)

Harmonizar – de volta ao básico

A ideia de combinar vinho e comida não é nova, vem de muito tempo atrás, quando beber água não era seguro: naqueles tempos, não existiam tratamentos para água potável e nem filtros caseiros. Beber um vinho ou outra bebida alcoólica durante as refeições diminuía o risco de se contrair alguma doença.

Atualmente, alguns autores e profissionais da gastronomia definem a harmonização de vinho e comida como uma experiência que vai otimizar aromas e sabores de uma refeição. Geralmente quem mais se beneficia desta “experiência” são os “restaurateurs” (Chefs, Sommeliers etc.) que não só vendem a comida como os vinhos que lhes interessam passar adiante.

Não são os vinhateiros que descobriram ou inventaram as regras de harmonização e nem vinhos são produzidos para serem consumidos com este ou aquele prato, isto é coisa dos salões dos restaurantes mundo afora.

Por outro lado, existe uma curiosa raiz, neste capítulo, que nos ajuda a entender como tudo pode ter começado: as comidas típicas das regiões produtoras de vinho. Podemos imaginar livremente que tanto o vinho quanto os pratos tenham se ajustado ao longo da história.

Esta talvez tenha sido a primeira forma de harmonização, digamos, consciente e, quem sabe, tenha originado a mais clássica das “regras”, a que combina a cor da comida com a cor do vinho.

Funciona?

Em certos casos, sim. Mas não é disto que estamos falando.

Harmonizar não é uma ciência, é algo totalmente empírico. Em qualquer curso sobre vinho este é um tema considerado obrigatório, e algumas regras, que eu prefiro chamar de técnicas, vão ser explicadas. Há livros também, muitos, e cada escritor aborda o tema de uma forma diversa.

Em comum, todos tentam criar a tal “experiência” que melhora tudo. Nem sempre acertam. Um dos piores resultados de uma combinação errada é chegar no desagradável sabor metálico, muito comum quando se misturam frutos do mar com alguns vinhos tintos. Neste caso, a proteína dos frutos do mar não reage bem com o tanino do vinho. Para quem quiser se aprofundar mais, visite esta matéria do meu site: “O tal do gosto metálico”.

Qualquer Enófilo de boa cepa tem sempre um caderninho onde faz anotações de tudo que acha relevante, o que pode variar desde uma excepcional garrafa de vinho até locais onde uma formidável experiência gastronômica foi vivenciada. Se algum dos leitores ainda não tem um, aqui vão algumas informações sobre como não errar na hora de combinar vinho e comida e dar partida nestas anotações pessoais. Desta forma, em vez de seguir pétreas normas, podemos nos aventurar em criar nossas próprias elocubrações.

1 – Os principais fatores que serão determinantes nas diversas combinações são: taninos, acidez, doçura, teor alcoólico e passagem (ou não) por madeira.

Para refrescar a memória, quando se fala em “acidez” estamos nos referindo àquela sensação de refrescância no palato. Já tanino é o oposto, uma sensação adstringente. Vinhos, tintos ou brancos, que passaram por madeira tendem a ser mais arredondados e fáceis de beber – menos tânicos no caso dos tintos;

2 – O termo harmonizar é uma pista importante para o que deve acontecer: equilíbrio. Um prato com molhos densos e pesados deve ser combinado com um vinho de características semelhantes: encorpado, marcante. Já um prato como peixe ou salada, pede um vinho mais leve. Cuidado, entretanto, com molhos muito cítricos ou avinagrados. Neste caso, optem por um vinho com maior acidez;

3 – Doces harmonizam com vinhos um pouco mais doces. Algumas combinações são clássicas, como chocolate e Vinho do Porto, mas não é a única opção: vinhos tintos frutados e com taninos domados ficam ótimos com chocolates amargos;

4 – Teores maiores de gordura são compensados por vinhos mais tânicos. Pratos picantes podem se beneficiar de um vinho mais adocicado. Para pratos com maior acidez combinem com vinhos brancos com acidez destacada;

5 – Surgindo dúvidas, harmonizem o molho ou o acompanhamento em vez da proteína principal. Atenção com aspargos, couve de Bruxelas e similares – não se entendem bem com qualquer vinho…

6 – Espumantes são considerados coringas, harmonizando, por contraste, com uma inacreditável quantidade de pratos, inclusive a nossa onipresente Feijoada.

7 – Alguns vinhos chave:

Sauvignon Blanc é mais leve e tem mais acidez que um Chardonnay que é mais encorpado e menos ácido;

Cabernet Sauvignon é mais encorpado e tem mais taninos do que um Pinot Noir que é de corpo leve e pouco tânico;

Saúde, bons vinhos e boas harmonizações!

Foto: Queijo e vinho, criada por master1305 para Freepik

Presente para o Dia das Mães? Vinho Rosé!

Pode ser um espumante ou um vinho tranquilo. Quanto a coloração, rosado, numa das milhares de tonalidades possíveis, desde os mais clarinhos até os mais escuros.

Existe a turma que torce o nariz e acha que isso não é vinho e tratam, logo, de depreciar afirmando que são inocentes misturas de sobras da vinificação de tintos e brancos. Estão redondamente enganados.

Os mais famosos são os elaborados na região da Provence, França. Um Rosé de Provence dispensa comentários. As castas tintas Cinsault, Grenache e Syrah são as mais utilizadas na elaboração.

No nosso país, muitos vão lembrar do famoso Mateus Rose, português, ou do Rosé d’Anjou, francês, que ajudaram a embalar alguns encontros românticos, num tempo que os nossos filhos classificariam de “Jurássico”. Os dois rótulos ainda podem ser encontrados nas prateleiras das lojas…

Os rosados andaram sumidos, saíram de moda, simplesmente. Um belo dia reapareceram, com novas opções, e caíram no gosto, novamente, principalmente do público feminino.

A cor é o grande chamariz. Num país como o nosso, de clima tropical e quase sempre com lindos dias, assistir um pôr do sol com uma taça de Rosé é a combinação perfeita.

Ao contrário do que se possa imaginar, elaborar um bom rosado não é uma tarefa simples. Existem cinco métodos que podem ser empregados. Além das castas citadas, outras uvas clássicas são vinificadas em rosa como a  Cabernet Sauvignon, Tempranillo, Merlot, Malbec e muitas mais.

O segredo é o tempo de contato das cascas com o mosto que será fermentado. Controlar este tempo, associado com o tipo de uva, terá como resultado uma coloração mais ou menos intensa com sabores e aromas equivalentes.

Os detratores deste tipo de vinho entendem que nada mais é do que um corte entre tintos e brancos. Infelizmente existem produtores que preferem elaborar assim. O resultado é ruim, refletindo a má qualidade da matéria prima, do processo e do produtor. São vinhos grosseiros.

O método mais tradicional é Maceração Curta: são os mesmos passos para a elaboração de um vinho tinto. Num determinado momento, as cascas serão removidas e o processo segue como se fosse um vinho branco.

A Prensagem Direta é outra técnica bastante empregada. Neste caso as uvas tintas são esmagadas, delicadamente, fazendo com que o mosto já saia com alguma cor. Para refrescar a memória, na vinificação em tinto as uvas não precisam ser esmagadas. Para os brancos, sim.

O processo mais complexo para a elaboração de um Rosé é chamado de Cofermentação. Apenas nesta opção, uvas tintas e brancas são misturadas e fermentadas de uma só vez. Os resultados podem ser interessantes, mas o controle deste processo é extremamente difícil. Uma pequena desatenção pode estragar tudo.

Outra solução bastante utilizada, principalmente por produtores de grandes volumes, é a Sangria. Durante a fermentação de um tinto, uma parte do mosto é separada (sangramento) e vinificada como se fosse um branco. O resto do mosto segue como tinto.

O presente do Dia das Mães não estaria completo sem um bom almoço ou jantar. O que harmonizar com o Rosé?

São vinhos muito versáteis, cobrindo uma boa variedade de opção de pratos que vão desde os peixes e frutos do mar, saladas, massas e até carnes leves como aves, suínos, ovino e caprinos.

Uma das clássicas combinações são as Quiches com salada, perfeita para o nosso Outono.

Saúde e bons vinhos!

Imagens:

Rose Wine Selection 1” de NwongPR – sob  CC BY-ND 2.0.

Pôr do Sol – obtida no Pixabay

Vinhos para a Páscoa

Nada mais elegante do que servir vinho nas tradicionais comemorações da Sexta-Feira Santa e de domingo de Páscoa, dia de caça aos ovos de chocolate.

Tradicionalmente o bacalhau é a presença mais comum em nossas mesas, sugerindo algum vinho português para acompanhá-lo, ou como preferem os Enófilos, “harmonizar”. Esta não é a única opção. Há quem prefira outros peixes, crustáceos, polvo, massas, pratos vegetarianos e até mesmo carne de ovinos ou caprinos.

Para não fazer feio, na hora de escolher um bom vinho, vale a pena seguir algumas regrinhas básicas, uma delas bem conhecida, a que sugere combinar a cor do alimento com a cor do vinho. Não é uma certeza, mas pode evitar o desagradável gosto metálico quando se tenta combinar alguns frutos do mar com um vinho tânico.

Há exceções: o nobre polvo, dependendo do modo de cocção, fica excelente com um bom e encorpado tinto. O Bacalhau também pode ser acompanhado por diversos estilos de vinho, dependendo da receita. O “às natas” combina muito bem com um branco ao estilo dos Vinhos Verdes ou um dos nossos bons espumantes. Já o “Gomes de Sá” pede um tinto de corpo médio e pouca madeira. Um rosado funciona como coringa.

Embora existam especialistas e diversos livros sobre como harmonizar alimentos e vinhos, qualquer um pode se aventurar por estas combinações. Basta lembrar e adaptar duas regrinhas;

1 – Acidez, característica nos faz salivar, ajuda a equilibrar receitas menos untuosas;

2 – Taninos, que traz adstringência, ajuda a cortar o excesso de gordura.

A arte de harmonizar é saber combinar estas duas características com o que vai ser servido.

Quanto aos tipos de vinhos, os tintos são considerados tânicos e os brancos têm maior acidez. Mas não é uma regra universal: existem tintos com boa acidez e brancos ligeiramente tânicos. Tudo vai depender do método de elaboração.

Para não errar:

– Brancos com boa acidez: Alvarinho, Chardonnay, Sauvignon Blanc, Viognier;

– Tintos moderadamente tânicos: vinhos portugueses de corpo médio, Merlot nacional, Malbec argentino sem madeira, Pinot Noir chileno.

Para o capítulo dos doces, o chocolate é a grande estrela, com a doçaria portuguesa em segundo plano. Os chamados vinhos de sobremesa são elaborados para cumprir a função de harmonizar com elas.

Existem em diversos estilos e alguns deles se adaptam melhor a um determinado ingrediente. Uma combinação clássica, que os chocólatras adoram, é com Vinho do Porto. Outra boa possibilidade é usar um tinto bem aveludado e com boa acidez.

Os “colheita tardia”, elaborados com uvas já bem maduras ou quase pacificadas, são outra ótima opção. Para os que gostam de uma ousadia, que tal um espumante à base de Moscatel? Os produzidos aqui são excelentes e já ganharam prêmios e fama internacionais. Muito versáteis, agradam aos mais diversos paladares, harmonizando com qualquer tipo de doce. Devem ser servidos bem frios.

Boa Páscoa para todos os leitores!

Saúde e bons vinhos!

Créditos: Foto por Maksym Kaharlytskyi no Unsplash

O que escolhemos primeiro: o vinho ou os pratos?

Este é um dilema bem comum que pode ter desde respostas muito simples até outras mais elaboradas a partir de rígidos conceitos longamente estabelecidos.

Muitas vezes, para decidir por qual caminho seguir, poderá ser necessário consultar algum especialista, como um Sommelier, e conhecer alguns fatos sobre as pessoas e razões que, inicialmente, deram origem ao dilema.

A situação mais típica é imaginarmos um grupo numa mesa de um restaurante: cada comensal escolhe um prato e cabe a você, o especialista da turma, escolher o vinho: uma missão bem difícil.

Será que pedir ajuda ao Sommelier da casa é uma boa solução?

Na melhor das hipóteses, você apenas transferiu o problema para alguém que, nesse caso, não tem todas as informações necessárias para decidir. Imagine que ele não conhece as preferências de cada um e nem a razão do encontro: pode ser uma comemoração; uma reunião profissional; uma refeição de família…

Se em sua casa lhe dá ganas de degustar um vinho, você simplesmente abre a garrafa elegida e vai em frente. Deu fome? Garanto que a melhor harmonização será o que estiver disponível na despensa e geladeira. Não tem erro. Em última instância, o que estiver ao alcance do app no celular.

Pode acontecer exatamente ao contrário: o prato servido na refeição caseira “pede” um bom vinho. Voltamos ao parágrafo anterior e pronto. Há um interessante corolário, entretanto: pode surgir a dúvida do “qual vinho abro agora?”, o que já é bem próximo do nosso dilema.

A coisa tende a ficar mais complexa quando o número de pessoas envolvidas aumenta e o cenário deixa de ser o doméstico. Perdemos o controle sobre o prato, único, que seria servido e as opções disponíveis na adega particular.

Para sair dessa encruzilhada, a nossa primeira sugestão é a de abandonar todas as regras escritas sobre este tema e tentar buscar soluções com o chamado pensamento lateral.

Que tal começar por entender a verdadeira razão de estarem todos neste ou naquele local para uma refeição em grupo? O que realmente se espera disso tudo?

A resposta é fácil: alguns momentos de prazer, de boa convivência e de tranquilidade.

Se esse caminho lhe agrada, então vamos ao próximo quesito, que deverá ser respondido com o máximo de sinceridade: a escolha errada do vinho, desde que seja de qualidade, vai estragar este momento? Seria a harmonização correta essencial para a satisfação de todos?

A resposta mais acertada é um sonoro “não”, ressalvando que sempre haverá alguma opinião discordante.

As famosas e muitas vezes temidas regras para acertar a combinação de vinho e comida servem, na maioria das vezes, para orientar. Nunca deveriam ser seguidas “ao pé da letra” sob pena de nos tornarmos reféns de escolhas repetitivas. A iniciativa de ignorá-las, embora pareça arriscada, pode proporcionar novas e intrigantes alternativas.

A maioria dos apreciadores do vinho e da boa comida não é capaz de afirmar que uma harmonização é melhor que outra. Mesmo o muito comentado e evitado gosto metálico que aparece na cominação de alguns tintos com frutos do mar, some na garfada seguinte ou com um simples pedaço de pão.

Imagine uma brincadeira em que um renomado profissional do vinho lhe sirva a bebida, que vai realçar o seu prato, numa taça opaca. Você não saberá a cor dele: tinto ou branco. Qual a chance de não ser uma experiência agradável?

Zero!

Mesmo que ele lhe sirva um branco para acompanhar um delicioso naco de carne, o seu paladar não vai reclamar e pode achar diferente e bom.

Se você não tentar algo semelhante, nunca vai sair do mesmo lugar e das mesmas escolhas. Romper preconceitos nem sempre é ruim.

Vamos refletir um pouquinho sobre o que este texto está propondo.

O primeiro ponto sugerido é que algumas regras de comportamento sejam quebradas, algo como “quem está na chuva é para se molhar”. Escrevendo, com todas as letras, seja ousado e arrisque. Dificilmente vai dar errado.

O segundo ponto é que não usamos, até o momento, nenhum termo do habitual jargão dos enófilos: taninos, acidez, retrogosto etc. Foi proposital, não precisamos destas expressões para definir algum grau de satisfação, de prazer. São termos técnicos que, se mal empregados, nos levam para bem longe do que pode ser delicioso. Numa única palavra, simplifique.

Para resolver o dilema, esqueça as tecnicalidades e escolha o vinho em função do ambiente: a razão da reunião, o local escolhido, a energia das pessoas, o horário, o clima, os sorrisos e, por que não, as lágrimas.

Não é difícil. Use os seus sentidos, olhe, escute e sinta os aromas que estão no ar. Procure um vinho que você ache que é o certo naquele momento.

Um último conselho: escolha aquele vinho que você está com vontade de degustar. Ninguém vai reclamar.

Saúde e bons vinhos!

Créditos: Imagem de congerdesign por Pixabay

Almoço de Páscoa alternativo

Ainda no colégio, aprendíamos uma curiosa expressão, CNTP, nas aulas de química. Era uma forma simplificada de Condições Normais de Temperatura e Pressão, para que as reações esperadas ocorressem sem problemas.

Estamos bem longe disso neste segundo ano de epidemia, o que afeta, diretamente, uma das mais simpáticas tradições brasileiras, o almoço do Domingo de Páscoa. Mesa cheia de iguarias, bons vinhos e a garotada feliz em busca dos apreciados ovos de chocolate.

Que saudade!

Foi pensando nisso que pedi ajuda a nossa parceira para assuntos gastronômicos, Vanessa Nakamura (@vanessatnakamura), para criar um cardápio para o almoço dominical. A resposta foi rápida: que tal um arroz de polvo?

A ideia era trazer outras tradições culinárias portuguesas, fugindo do já batido bacalhau.

Adorei a sugestão, principalmente pelas interessantes possibilidades de harmonização, tarefa que me cabe neste latifúndio.

Chegamos a discutir opções para um amuse bouche, antes do prato principal e, claro, uma sobremesa cheia de chocolate, óbvio!

O imaginário rega-bofe começaria com uns espetinhos de tomates cereja que seriam mergulhados em Sake e depois rolados em uma farofinha de sal grosso e ervas da Provence.

Harmonização: Sake, sem dúvida, bem geladinho. Pode servir numa taça de vinho branco. Fica muito chique.

Para os que pretendem se aventurar nessa empreitada, Vanessa nos ensina uma receita do arroz de polvo. Está logo depois do texto principal.

Para a turma que nem chega perto do fogão, só nos resta sugerir que esse prato seja encomendado num bom restaurante, afinal, os serviços de entrega trabalharão intensamente. A dica complementar é: encomende já!

Para harmonizar temos duas opções, branco ou tinto.

Este prato é apreciado em várias culturas, principalmente no Mediterrâneo. A receita varia de local para local, assim como as opções de combinações de vinhos.

A grande oportunidade, que só uns poucos e experimentados gourmets conhecem, é degustar esta delícia com um vinho tinto. A carne do polvo não contrasta com os taninos para dar aquela desagradável sensação metálica. Como não tem sabor pronunciado, um belo tinto, encorpado e bem redondo é a combinação perfeita.

Nossa recomendação vai para um bom Tempranillo, Reserva, se for possível, como o Abadia Retuerta, um excelente corte desta casta e mais Cabernet Sauvignon, Syrah e Merlot.

Não é a única opção. Outra boa escolha é optar por um tinto português elaborado com a casta Tinta Roriz (Douro e Dão) ou Aragonez (Alentejo). Um bom exemplo é o Altano, um ótimo corte com as também portuguesas Touriga Franca e Tinta Barroca.

No capítulo dos brancos, as tradicionais opções do Sauvignon Blanc ou do Chardonnay caem muito bem, inclusive com o bons vinhos elaborados na América do Sul, Brasil inclusive.

Há uma opção mais ousada que, infelizmente, é bem difícil de encontrar em nossa lojas: a casta espanhola Verdejo. Procurem. Encontrando, é sucesso garantido.

Para encerrar este banquete virtual, só nos resta falar de uma tradicionalíssima harmonização: chocolates e Vinho do Porto. Uau!

Não importa se serão deliciosos brigadeiros, trufas, as sempre presentes brownies ou ovos de Páscoa: um Porto LBV cobre todas as possibilidades. Geladinho, por favor.

Que tal dar uma inovada?

Aqui vão mais umas combinações, conforme o tipo de chocolate usado na preparação do doce.

– Chocolate ao leite – escolham um vinho de colheita tardia/late harvest. Há ótimas opções vindas do Chile, Argentina e Uruguai. Deste último, o Licor de Tannat é perfeito até com o popular doce de leite.

– Chocolates amargos e meio amargos – a pedida, nesse caso é um bom Malbec, bem redondo e refrescado na hora de servir. Na falta deste, Cabernet Sauvignon, Merlot e Syrah pode ser bons substitutos. Escolham vinhos já um pouco maduros. Juventude, nessa hora, pode pôr tudo a perder.

Boa Páscoa para todos!

Saúde e bons vinhos.

Receita do Arroz de Polvo

Vanessa Tami Nakamura

Cozinheira e estrategista, formada em Gastronomia pela Anhembi Morumbi e Administração de Empresas pelo Insper. Foi cofundadora da Casa Volver, agência de comunicação de gastronomia, onde trabalhou com diversos chefs, restaurantes e marcas como Brastemp, Natural da Terra e Livraria Cultura. Atua com criação e gestão de marcas, estratégias de comunicação, produção de conteúdo e de eventos.

Polvo é daqueles pratos que as pessoas morrem de medo de errar o ponto. Mas garanto, não tem mistério.

O primeiro passo é escolher um polvo grande com tentáculos carnudos. Depois, é preciso lavar bem suas ventosas, retirando toda a areia e sujeira. Eu gosto de massagear e esfoliar com sal para deixá-lo bem limpinho e relaxado.

Para cozinhar o polvo, primeiro faça um caldo com os aromáticos que tiver à mão: cenoura, cebola, alho, salsão, salsinha, tomilho, cebolinha. Adicione água e leve ao fogo até ferver.

Em seguida, adicione o polvo e cozinhe por cerca de 40 minutos – conte 30min para cada quilo de polvo. Estará no ponto certo quando o garfo entrar sem resistência. Verifique, de tempos em tempos, na parte mais grossa do tentáculo, cuidando para não cozinhar demais e ficar molenga.

Você também pode colocar tudo na panela de pressão e cozinhar por aproximadamente 5 -7 minutos, depois que começar a apitar.

Retire o polvo e reserve o caldo.

Grelhe polvo na brasa ou na frigideira com manteiga, alho e salsinha.

Depois, fatie os tentáculos do polvo.

Pique alho, cebola, tomate (retire as sementes) e salsinha.

Lave o arroz e esquente o caldo.

Separe azeite, manteiga, sal, pimenta do reino, tabasco e batata palha.

Em uma panela, coloque um fio de azeite e refogue o alho e a cebola. Adicione o tomate e refogue mais, até caramelizar levemente. Junte o arroz e envolva bem na mistura. Entre com o caldo, prove, ajuste os temperos e deixe cozinhar, até ficar bem al dente.

Junte o polvo, um naco de manteiga e emulsione a coisa toda. Coloque mais caldo se precisar, para ficar bem cremoso.

Finalize com tabasco e salsinha. Ajuste os temperos, regue com um fio de azeite e sirva. Coloque batata palha feita em casa por cima, para dar um crunch.

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