
Um bom vinho começa no vinhedo. Esta é uma das grandes verdades dentro deste nosso universo.
Lembrando os tempos das aulas de matemática, existe um importante “corolário”: um bom vinhedo significa um bom “terroir”.
Esta temida expressão francesa, muito citada e pouco compreendida, assusta até mesmo um experiente enófilo, quando instado a explicar o que isto significa.
Não existe uma explicação simples e direta, ao contrário, são diversas formas possíveis de interpretar ou entender este conjunto de fatores que vão definir o vinho que, um dia, será elaborado a partir dos frutos ali obtidos.
Na França, seu significado é de extrema importância. Refere-se a uma extensão de terra, limitada, sob a ótica de sua aptidão para o cultivo agrícola. No nosso caso, produção de uvas. É a base do sistema de “Appellation d’Origine Contrôlée” (AOC).
Fica claro que este conceito, “terroir”, não é restrito ao vinho. Outros produtos como café, chá, queijo, legumes, verduras etc., podem ser incluídos nesta ideia.
Para defini-lo, devemos observar e compreender uma série de elementos: clima, tipo de solo, topografia, cultivares vizinhos, ação do homem, irrigação, drenagem, fauna, flora e manejo do vinhedo.
O grau de complexidade é muito elevado. Alguns cientistas chegam a afirmar que, por tudo isto, este conceito não passa de um mito. A discordância entre estes professores é conhecida e, muitas vezes, citadas em formas anedóticas.
O que consideramos como um mito é a existência de um “terroir” perfeito. Simplesmente não existe.
Cada caso deve ser compreendido de uma forma. Não há um melhor ou um pior. Eles são apenas diferentes, como serão os vinhos elaborados a partir de cada um.
Reparem na foto que ilustra este texto.
Cada retângulo plantado representa um micro terroir, cuja soma será o “gran terroir”. Há vinhas em encostas, no topo das colinas, no fundo do vale e até num minúsculo trecho plano.
Cada um destes frutos tem sua personalidade, definida pela insolação recebida, quantidade de água que consegue captar, ventos incidentes e muito mais.
Complexo, sem dúvida.
Controlar tudo isto é para Agrônomos e Enólogos. Para o Enófilo, que é o consumidor final, basta entender que isto tudo existe e deve ser manejado por mãos habilidosas e competentes.
Obviamente, alguns destes “terroirs” se tornaram famosos. Podemos citar vários: Bordeaux e Bourgogne, na França; Piemonte e Toscana, na Itália; Douro e seus socalcos, em Portugal; Vale dos Vinhedos e Planalto Catarinense, aqui no nosso país.
É fácil perceber que este seria o DNA de cada vinho, sua impressão digital, única. Alguns especialistas, grandes Sommeliers e “Master of Wines”, que se dedicaram e estudaram, com muito afinco, a influência de cada território em seus vinhos, afirmam serem capazes de identificar estas características apenas pelo olfato e o paladar.
Não precisamos ir tão longe.
Saúde, bons vinhos!
Dica da Karina – Cave Nacional

Larentis Gran Reserva – Merlot Sta Lucia 2020
A família Larentis se estabeleceu na Serra Gaúcha no século 19. Em terras brasileiras a família se tornou uma das primeiras a cultivar as variedades Chardonnay e Cabernet Sauvignon no final da década de 70, e Merlot em Espaldeira no final da década de 80 na região dos vinhedos. Naquela época, a produção era destinada a outras vinícolas. Atualmente são 14 hectares divididos em dois vinhedos. A propriedade está dividida em 23 parcelas. Cada uva, proveniente de cada parcela, origina um vinho com personalidade singular.A
Merlot Sta Lúcia carrega o selo da Denominação de Origem do Vale dos Vinhedos (D.O.). Maturação em barricas de carvalho francesas por 15 meses e envelhecimento em garrafas na cave subterrânea. Visual vermelho rubi. Aroma frutas vermelhas maduras e notas delicadas provenientes do envelhecimento em barrica. Estruturado, com taninos macios e acidez equilibrada, retrogosto agradável.
A Cave Nacional envia para todo o Brasil.
CRÉDITOS: foto de abertura mostra trechos da região de Barolo, no Piemonte.