Categoria: O mundo dos vinhos (Page 15 of 82)

Harmonizando vinho e madeira

A Cave Nacional, uma loja carioca que trabalha somente com vinhos brasileiros, promove, semanalmente, interessantes degustações temáticas. A desta semana foi com Cabernet Franc, seis do RS e um de SC.

Ao final, há uma votação para escolher os dois melhores. Houve um impasse: havia um candidato que, nitidamente, estava em outro patamar. Alguns dos degustadores solicitaram que ele fosse declarado “hors concurs” e a escolha recaísse sobre os demais.

Numa solução salomônica, já que não era uma unanimidade, escolheram dois resultados, um com o tal grande vinho e outro, sem ele.

Todos os vinhos eram bons e bem vinificados. A grande diferença estava na influência da madeira no amadurecimento. Cada produtor que usou esta técnica, escolheu entre carvalho francês ou americano, tosta média ou forte e barricas novas ou usadas. O tempo de armazenamento variou de poucos meses até dois anos.

O vinho que sobressaiu tinha um estilo que alguns críticos e detratores apelidaram de “suco de carvalho”. Agradou a um grupo que representava metade da turma. Os demais o acharam um bom vinho, mas a madeira excessiva destoava, não harmonizava.

Esta característica, que divide muitos enófilos, tem uma origem bem conhecida: o icônico crítico norte-americano, Robert Parker, muito respeitado e imparcial. Seus famosos “100 pontos” era um troféu desejado por todos os produtores de vinhos.

Uma de suas marcantes características era o paladar típico de seu país – sabores intensos – o que era fácil perceber nos vinhos que receberam a nota máxima: ou eram intensamente frutados, os “fruit bombs”, ou intensamente madeirados, os “oak juice”.

Uma interessante resposta a este estilo veio de um autor e crítico de vinhos, igualmente respeitado e imparcial, o britânico Hugh Johnson:

“Se a madeira está obviamente presente, ela está excessiva”. (eu concordo com Johnson)

Para compreendermos este embate, precisamos voltar no tempo, há 8.000 anos, na região da Georgia. Lá ocorreram as primeiras vinificações, feitas em potes de barro, os “qvevri” ou ânforas, no nosso idioma. Ainda não usavam madeiras.

Foi por volta do ano 400 A.C. que os romanos introduziram as barricas de madeira nesta história. As ânforas eram muito frágeis para transportar o vinho até as tropas nas frentes de guerra. Os recipientes de madeira eram perfeitos.

A próxima etapa desta epopeia acontece somente no século XVII, quando se percebe que as madeiras usadas nos barris alteravam o aroma e o sabor do vinho.

Surge uma nova arte, a Tanoaria, que adapta técnicas de construção naval, usadas há mais de 4.000 anos, moldando a madeira com vapor no fabrico das barricas.

A seleção das madeiras passa a ser fundamental. Cada tipo de carvalho, a mais utilizada por vinhateiros, mas não a única, se adapta melhor a um grupo de castas do que a outro. Há ciência em tudo…

Voltamos para os tempos atuais, onde novas variáveis entram em cena. Barricas de Carvalho são caras e representam uma gorda fatia do orçamento das vinícolas. Novas técnicas são desenvolvidas para usar a madeira de forma efetiva e barata, algumas muito criativas como usar cavacos, “essências” ou as aduelas, em vez dos barris, tudo mergulhado no mosto.

Como toda moeda tem duas faces, vamos olhar o lado do consumidor.

Há um velho ditado que diz: “tudo que é demais, enjoa”.

O velho e manjado “estilo Parker” está em franco declínio. O vinho, como bem observou Hugh Johnson, mudou de gosto, quase se tornando outra bebida. As novas gerações, tanto de consumidores como de vinhateiros, mais preocupados com a sustentabilidade do planeta e de seus negócios, saíram em busca de novas opções e elas estão vencedoras, no momento.

As velhas ânforas voltaram, sejam de barro, de pedra ou os modernos “ovos” de concreto. Produzem vinhos autênticos, frescos e deliciosos. Ainda usam madeira, mas de forma muito discreta.

Os vinhos brancos que, depois de séculos, passaram a ser os favoritos do público consumidor, se beneficiam das fermentações em dornas de madeira. Os tintos, modernos, tem uma madeira muito bem harmonizada, usada apenas para arredondar aromas e sabores. Nada de exageros.

Os vinhos “Parker” ainda têm seu público. São vinhos que se parecem com seus apreciadores: austeros; pesados; com safras “pré-históricas”; um visual imponente a partir do rótulo e que custam uma pequena fortuna. Embotam olfato e paladar.

Alguém vestiu a carapuça?

Lembro de um episódio com meu pai. Estávamos no centro do Rio, eu bem garoto, lá pelos 12 ou 13 anos de idade. Notei que uma antiga ótica da cidade, havia fechado:

– “Pai, a ótica fechou”.

Ao que ele respondeu com toda sua sabedoria:

– “Morreu o último cliente”…

Será este o destino do “estilo Parker”?

Comentem, por favor.

Saúde e bons vinhos!

Os diferentes aromas do vinho

A escolha deste tema decorre de uma interessante degustação que participamos. Eram seis Cabernet Sauvignon, quatro elaborados no Rio Grande do Sul e dois em Santa Catarina. As safras variavam de 2014 até 2020 e cada produtor usou diferentes técnicas de vinificação e amadurecimento.

Não houve uma unanimidade sobre quem era o “melhor” ou o “pior”. Todos tinham características bem interessantes, com aromas e sabores abrangendo um largo espectro de possibilidades, o que chamou a atenção até dos “especialistas” que ali estavam.

Uma pequena dúvida sobre uma determinada garrafa, que resultou na abertura de uma segunda, para tirar dúvidas, criou, naquele momento, uma bela oportunidade para ressaltar diferenças. E não eram poucas.

Como é possível um vinho, elaborado com apenas uva e levedura, criar tantos aromas e sabores que, nem sempre, estão relacionados à fruta que deu origem a esta bebida?

Um vinho tinto, bem vinificado, pode apresentar notas de chocolate, pimenta negra, frutas como ameixa, mirtilo e amora, tabaco, canela, baunilha e alguns outros. Nos brancos é comum encontrarmos notas de abacaxi, maçã, flores, frutos cítricos, maracujá, ervas e até mesmo odores de petróleo e de fármacos.

Não existe uma explicação simples para esta mágica. Há uma grande química envolvida, mas podemos separar estes aromas em diferentes categorias de origem, o que facilitará a compreensão.

O primeiro grupo de aromas vem de uma etapa do processo de elaboração, a maceração, quando o mosto fica em contato com as cascas e os engaços. Os métodos mais comuns empregados são a “pisa a pé”, a maceração a frio e a maceração carbônica. Cada uma irá enfatizar um tipo de aroma e sabor em consequência da casta utilizada.

Um segundo grupo de aromas decorre do tipo de levedura utilizada para fermentar o mosto. Novamente, cada produtor tem a sua receita, que pode variar, desde as leveduras que já estão presentes nos frutos até outras que foram especialmente desenvolvidas para se obter um resultado específico.

Para cada caso, um resultado diferente de aromas e sabores.

O terceiro grupo de aromas decorre do tipo de amadurecimento, seja em passagem por madeira, aço inoxidável, concreto ou plástico, em suas diferentes dimensões. Alguns destes materiais são inertes e não agregam nada ao vinho, mas permitem uma correta homogeneização. Madeira, principalmente, e concreto, em determinadas técnicas, podem trazer novas nuances ao vinho.

A química do vinho, exatamente no processo de fermentação, é muito complexa e difícil de controlar. Produz, além do desejável álcool, uma enorme gama de compostos denominados “voláteis”, ou seja, que se desprendem do vinho quando o servimos ou o agitamos na taça.

Estes compostos, com estranhos nomes como Terpenos, Aldeídos, Ésteres e muitos outros, são os verdadeiros responsáveis pelos tantos aromas que encontramos.

Apenas para ilustrar, aqui estão alguns:

Terpenos – responsáveis pelos aromas de rosas, cítricos, de algumas ervas e pimentas;

Aldeídos – responsáveis pelos aromas de grama cortada, baunilha, amêndoa amarga, caramelo e farelo de trigo;

Pirazinas – o famoso aroma de pimentão verde;

Ésteres – respondem pelos aromas de frutas brancas como pera e maçã, banana e cítricos como a laranja;

Poderíamos estender esta lista explicando Lactonas, Cetonas e Fenóis. Mas há um grupo de compostos que não podemos deixar de mencionar:

Mercaptanos – responsáveis pelos aromas desagradáveis de enxofre, mas também pelo maracujá do Sauvignon Blanc e as notas de cassis dos Cabernet Sauvignon.

Por último, uma explicação sobre o conhecido aroma de querosene nos Riesling: o responsável se chama “TDN” ou 1,1,6-trimetil-1,2-hidroxinaftaleno.

Fácil! Não é?

Por favor, da próxima vez que degustarem um vinho, nada de dizer que “tem terpenos marcantes” ou, pior ainda, “que o 1,1,6-trimetil-1,2-hidroxinaftaleno está muito presente”.

Saúde e #comprem vinho gaúcho!

CRÉDITOS:

The smell of the portuguese wine” por pedrosimoes7 está licenciada sob CC BY 2.0.

Vinícolas se unem para auxiliar vítimas no RS

“O texto a seguir é original do site “Brasil de Vinhos”. A sócia fundadora, Lucia Porto, gentilmente permitiu esta reprodução, o que nos deixou muito felizes.

Aqui estão os links para a matéria original, para o canal de vídeo no YouTube (não deixem de assinar) e para o Instagram:

Texto originalVinícolas se unem para auxiliar vítimas no RS

YouTubeBrasil de Vinhos

InstagramBrasil de Vinhos

Vinícolas se unem para auxiliar vítimas no RS

O Rio Grande do Sul está em situação de calamidade pública. A enchente que afeta o estado desde o dia 27 de abril impactou 388 municípios, o que representa mais de 78% do estado. Dados do último domingo (5) divulgados pela Defesa Civil do RS apontavam mais de 80 mil desalojados e 800 mil atingidos. Até terça (7) os números subiram e já são mais de 155 mil pessoas desalojadas e 1,3 milhões de impactados. Diante desse momento tão delicado, a solidariedade vinda de todos os lugares traz um pouco de esperança. Em Porto Alegre a prefeitura abriu um cadastro para voluntários, que rapidamente atingiu o limite de 15 mil pessoas. Vemos exemplos de ONGs, ações de influenciadores e moradores com botes, todos tomando as iniciativas possíveis para ajudar quem precisa. Para as vinícolas e quem vive do vinho, no Brasil, no Rio Grande do Sul e especificamente na capital gaúcha, não está sendo diferente.

Eduardo Gastaldo, fundador da Ruiz Gastaldo Vinícola Urbana, em Porto Alegre, recebeu o contato de clientes de fora do estado motivados a ajudar. A partir daí ele passou a reunir contribuições financeiras e está diariamente em busca de informações em pontos estratégicos de acolhimento junto às entidades responsáveis para entender o que é mais necessário a cada momento. Sem parar por um segundo, iniciando a segunda-feira em direção a um dos locais que precisam de socorro na capital gaúcha, Gastaldo conta como está organizando o movimento: “Perguntamos o que está faltando de mais importante e no fim do dia usamos o valor arrecadado para reunirmos esses itens e levarmos até os locais. Temos trabalhado em parceria com apreciadores de vinho no Brasil inteiro”, relata o vinhateiro. Gastaldo também busca suprir quem está indo para o resgate com combustíveis para os jet-skis de voluntários.

Um destes voluntários é Carlo de Leo, criador da micro vinícola urbana,  Cave Poseidon, de Porto Alegre: “O que estou fazendo é uma ajuda pessoal por ter experiência náutica de navegação. Estou ajudando no resgate com botes, lanchas, jet-ski, tudo que temos na mão. Cada dia vou para um lugar”. O vinhateiro já foi para Eldorado do Sul, para as ilhas da Região Metropolitana e para as avenidas Carlos Gomes e Assis Brasil em Porto Alegre. Nas imagens, vemos o resgate de pessoas e seus cachorros em Eldorado do Sul fotografado pelo próprio Carlo.

A Cantina Mincarone, também de Porto Alegre, está focando seus esforços em levar água para quem precisa. Ana Maria Mincarone encheu pipas de água de 15, de 180 e 100 litros e encaminhou para clínicas geriátricas: “Fiquei sabendo que precisavam no Lindóia, estão acolhendo quem precisa por lá. Algumas clínicas de Eldorado do Sul também precisam. São mais de dez clínicas com pessoas idosas sem um local para armazenar água”, relata. “É o que a gente pode fazer como vinhateiros. Qualquer pessoa pode levar doações, mas nós podemos colaborar enchendo nossas pipas e fermentadores com água, colocar na caminhonete e levar para as regiões que precisam”, incentiva Ana Maria. Ela e o filho Caio pretendem realizar mais ações, como vendas com valores destinados 100% às vítimas.

Diversas outras ações estão sendo tomadas por vinícolas e pessoas do mundo do vindo por todo o país, já divulgamos algumas e agora mostramos outras:

Solidariza RS

O “Solidariza RS” é a união de dez vinícolas e apoiadores em benefício das comunidades afetadas pelas enchentes no estado. A campanha busca arrecadar fundos através da venda de garrafas de vinho com 100% das receitas destinadas às instituições de ajuda na linha de frente. Cada garrafa custa R$100 e o objetivo é atingir a marca de 100 mil reais. As vinícolas participantes da campanha são: Madre Terra – Vigna in Fiori, Don Guerino Vinhos Finos, Casa Perini, Bebber, Tenuta Foppa & Ambrosi, Guatambu Estância do Vinho, Fante, Vinícola Salvattore, Ametista Espumantes e Vinhos, e Garibaldi Cooperativa Vinícola. Para contribuir, os interessados podem buscar informações no instagram “Vinhos e vinhos oficial” (@vinhosevinhosoficial).

All 4 Wine

A campanha do portal “All 4 Wine” apoia e divulga o canal oficial de doações do estado para auxiliar as vítimas das enchentes na Serra Gaúcha. A ajuda pode ser feita com doações de qualquer valor para a chave PIX com o CNPJ 92.958.800/0001-38, vinculada à conta do Banrisul, garantindo que todos os recursos sejam destinados à reconstrução da infraestrutura e ao suporte humanitário necessário. O governo do estado centraliza essas doações, assegurando transparência e segurança no uso dos fundos, que serão totalmente auditados. Para contribuir, confirme que o nome da conta é “SOS Rio Grande do Sul” e que o banco é o Banrisul ao realizar a transferência.

Machado & Crivelari

A Vinícola Machado & Crivelari lançou uma campanha de solidariedade chamada “Vinho Solidário” em apoio às vítimas das enchentes. Ao comprar qualquer vinho da linha Music, que inclui Moscato Giallo, Merlot e Cabernet Sauvignon, 50% do valor das vendas será destinado às famílias afetadas pela catástrofe. Cada garrafa está sendo vendida por R$90 e há a opção de adquirir uma caixa para aumentar o auxílio prestado. Para mais informações ou realizar uma compra, os interessados podem acessar o link da TWP ou utilizar o PIX CNPJ da TWP Business Ltda, 43.485.760/0001-49, para fazer doações.

EnólOgro Winewear

A loja de camisetas de vinho EnólOgro Winewear, de Campinas, São Paulo, está vendendo uma peça com a estampa “Vinho Gaúcho do Tinto ao Branco na Taça sempre um Encanto”. Todo o lucro obtido com a venda será revertido para as vítimas das enchentes. Ela pode ser adquirida clicando no link acima.

Não importa como, ajudem!

Se você conhecer alguma iniciativa para ajudar, escreva para [email protected] e nos conte. Ou publique em seus stories e marque @brasildevinhos – fazemos questão de compartilhar e ajudar.

CRÉDITOS: Fotos: arquivo pessoal Carlo de De Leo, Eduardo Gastaldo e Ana Maria Mincarone. Imagens promoções: reprodução Instagram.

Uvas brancas que todos devem conhecer e provar

Alguns conhecimentos são essenciais nas nossas vidas. São ensinamentos aprendidos dentro de casa, na escola e até nas ruas.

No mundo do vinho não é diferente. Podemos apreciar um vinho apenas por suas características básicas, cor, aroma e sabor, e não há nada de errado nisto.

Para alguns iniciados, conhecer o que está por trás desta mágica que cria cor, aromas e sabores, agrega um grau maior de satisfação e prazer. É a partir deste conhecimento que nos habilitamos a fazer ótimas escolhas e, quem sabe, um dia, sermos reconhecidos como “experts” no assunto.

Especialistas ou neófitos, sabemos que a elaboração de um vinho começa no vinhedo: a uva é a estrela. Não são poucas, estima-se em 10.000 variedades distintas. Deste universo, apenas algumas são usadas para a produção desta bebida, entre tintas e brancas.

Vamos conhecer as castas brancas mais famosas:

Chardonnay – Considerada como “a uva branca padrão”, tem sua origem na região da Borgonha, França, onde dois estilos de elaboração se destacam: o uso, ou não, de barricas de Carvalho para o amadurecimento.

O que passa por madeira é mais encorpado e redondo, enquanto os que não usam este recurso são mais ácidos e diretos, como o famoso Chablis.

Produtores de todo o mundo elaboram um Chardonnay ao seu estilo, sempre calcados nestes dois.

Sauvignon Blanc – Disputa com a anterior a primazia de ser uma casta de referência. Também originária da França, das regiões de Bordeaux e Loire e se espalhou pelo mundo, criando estilos regionais que chegam a ser mais importantes que os originais, por exemplo, Nova Zelândia e Chile.

Quase nunca passa por madeira. É um vinho refrescante e muito gastronômico.

Alvarinho/Albarinho – Casta típica da Península Ibérica, onde são produzidos vinhos deliciosos, como os da região do Minho (vinho verde) e na região espanhola de Rias Baixas. Também ganhou o mundo com seu estilo leve, muito aromático, boa acidez e capacidade de guarda.

Na América do Sul há ótimos rótulos uruguaios e brasileiros. Um vinho muito adequado para o nosso clima e estilo de comida.

Riesling – Por muito tempo considerada como a “rainha das uvas brancas”, é mais caracterizada e conhecida pelo estilo alemão, onde o seu lado adocicado é enfatizado, seguindo os “predicados” das normas de produção daquele país.

Os de estilo seco são muito minerais e chegam a desenvolver aromas de “petróleo” quando abertos. Já os mais adocicados, que custam muito caro, são perfeitos como vinhos de sobremesa.

Moscatel – Também conhecida como Muscat ou Moscato, é um grupo varietal em lugar de uma única casta. Muito doce, encontrou seu lugar de destaque num estilo de vinho espumante muito apreciado. O Brasil se destaca mundialmente neste estilo.

Seus vinhos tranquilos são muito saborosos, com corpo de leve a médio e baixo teor alcoólico. A região da Alsácia é famosa por este estilo.

Curiosamente, sua origem está na antiga Grécia de onde foi levada para a França, se espalhando para diversos outros países. Na vizinha Itália, o Moscato d’Asti é um de seus vinhos icônicos.

Poderíamos incluir algumas outras nesta primeira relação, mas o texto certamente ficaria longo e enfadonho.

Para os mais aventureiros e que gostam de trilhar outros caminhos, aqui estão mais alguns nomes: Pinot Grigio; Chenin Blanc; Torrontés; Gewürztraminer e Viognier, sobre as quais podemos falar mais à frente.

Vinhos de todas estas castas mencionadas são facilmente encontrados no nosso país. Os mais raros e caros, são os Riesling, sejam da Alemanha, Áustria o da francesa Alsácia. Não confundam com o Riesling Itálico, muito comum no Brasil.

Chardonnay da Argentina, Chile e Uruguai são muito bons. Sauvignon Blanc chileno é outra estrela. Alvarinho português tem ótima distribuição por aqui. Já os espanhóis, uruguaios e brasileiros são mais difíceis de encontrar.

Para provar o Moscatel, escolham um bom espumante nacional e se deliciem com uma bela sobremesa. Para os que gostam de combinações exóticas, experimentem harmonizar com comida Thai, bem picante.

Saúde e bons vinhos!

CRÉDITOS: Imagem de Racool_studio no Freepik

Levando o seu vinho para um restaurante

Um dos grandes prazeres de um enófilo é levar uma de suas “raridades” para desfrutar com os amigos, num restaurante.

O que deveria ser um ato normal e corriqueiro pode ser tornar um grande aborrecimento se não respeitarmos algumas regras básicas de boas maneiras.

A primeira, e muito importante, é saber qual é política adotada, pelo local escolhido, para aceitar um vinho fora da sua carta. Sempre há uma “taxa de serviço de vinho”, vulgarmente conhecida como “rolha”. Esta cobrança existe para cobrir o custo de eventuais perdas de taças e outros acessórios. Deve ter um valor aceitável e, em determinadas condições, pode ser negociada.

O problema são os abusos, tanto por parte do restaurante quanto de quem está levando o vinho.

Recentemente, aqui no Rio de Janeiro, uma série de bons restaurantes que tinham como marketing não cobrar “rolha”, mudaram radicalmente sua postura, liberando apenas 1 garrafa por mesa. As garrafas subsequentes estão sujeitas a uma pesada taxa.

Para não passarmos por situações constrangedoras, aqui estão algumas regras de boa convivência.

1 – Liguem e se informem sobre a política da casa. Aproveitem para saber mais sobre a carta de vinhos e o cardápio.

2 – Escolham com muito cuidado a garrafa que será levada.

Esqueçam vinhos comuns e os que estão na carta do estabelecimento. O ideal é levar um vinho de alta gama e que combine com os pratos da casa.

Quanto mais sofisticado for o restaurante, melhor deverá ser o vinho levado.

3 – Um dos truques que podem facilitar a vida de todos é comprar uma garrafa da carta, para complementar a que está sendo levada. Por exemplo: se o vinho for um tinto, escolha um branco ou um espumante da casa.

4 – Mesmo com rolha livre, habituem-se a duas coisas: além da gorjeta incluída na nota, gratifiquem o Sommelier, baseado no valor da garrafa.

Um gesto que sempre é visto com muita simpatia é oferecer uma prova do que está sendo degustado.

5 – Com relação ao serviço do vinho, esperem o básico. Nada de taças especiais, decantadores ou acessórios sofisticados.

Se realmente forem necessários, é melhor combinar antes ou levar junto com o seu vinho.

6 – Caso a taxa de rolha informada for considerada como “abusiva” e diante de uma recusa em negociá-la, deixem claro que não vão mais frequentar esta casa em razão disto.

Sejam educados, mas firmes, não aceitando a prepotência dos “restauranteurs”. Eles são negociantes de alimentos e não de bebidas. Não faz sentido terem lucros exorbitantes no vinho ou em outras bebidas alcoólicas. Algo não está certo neste tipo de estabelecimento.

7 – Se o número de garrafas a serem levadas for grande, por exemplo, na reunião de uma confraria, é de bom tom que alguns vinhos sejam fornecidos pela casa. Negocie tudo no momento de fazer a reserva.

8 – Imprevistos sempre acontecem. Um dos mais comuns é o vinho que levamos estar com algum problema. O plano “B” mais simples é escolher um vinho da carta. Peçam ajuda ao Sommelier para indicar uma boa alternativa, tendo como base o vinho em questão.

Saúde e bons vinhos!

CRÉDITOS:

Imagem de pressfoto no Freepik

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