Realizou-se entre os dias 7 e 9 de agosto a 4ª edição do Brazil International Olive Oil Competitition (BRAZIL iOOC), simultaneamente, na Quinta da Pacheca, em Lamego, Portugal e no restaurante Kinoshita na cidade de São Paulo, Brasil.
Nesta edição, mais de 100 amostras de azeites, de quatro continentes, foram avaliadas por um qualificado corpo de jurados internacionais. O leque de países que enviaram amostras vai desde os mais tradicionais produtores até rincões como Israel, Uruguai, Tunísia e Estados Unidos da América. Os azeites brasileiros tiveram uma presença recorde.
Para compreender a importância do azeite no mundo do vinho, temos que voltar no tempo, mil anos atrás. Oliveiras e parreiras eram plantadas juntas, cabendo às oliveiras fazer o papel de guardiãs, como uma cerca, protegendo o vinhedo das intempéries e de alguns insetos. Muito antes de se falar de agricultura sustentável, orgânica e similares, esta técnica, nascida nos países mediterrâneos e trazida para o novo mundo no século 19, ficou conhecida como “coltura promiscua”.
Mas as afinidades entre estas duas espécies vegetais e seus principais produtos, vinho e azeite, não se resumem a isto. Existem diversos tipos de uvas e de azeitonas, o que implica em cortes e varietais. Os métodos de extração são, em parte, similares: ambos frutos precisam ser “esmagados” para iniciar seus processos de produção. Além disto, é um bom negócio: ambas colheitas se sucedem o que otimiza o emprego de mão de obra.
Azeites são degustados de forma bem semelhante aos vinhos. Concursos como o “Brazil IOOC” são, na verdade, provas comparativas que avaliam aspectos como aparência, aroma e sabor, além do design das embalagens. As “taças” de prova são aqueles simpáticos copinhos azuis que podem ser vistos no lado direito da foto que abre este texto.
Tudo é provado às cegas…
Especialistas na degustação deste ouro líquido são chamados de “Sommelier de azeite” e desenvolvem uma capacidade de avaliar, em maior detalhe, as notas de frutas, amargor, pungência e equilíbrio.
Para não deixar nenhuma dúvida pairando, a resposta para aquela pergunta que está na ponta da língua, sobre harmonização, é sim! Azeites também combinam melhor com este ou aquele alimento.
As coincidências não param por aí. Assim como nos grandes vinhos, os grandes “extra virgens” também são safrados! Afinal, é um produto de origem vegetal que está sujeito aos efeitos de um “terroir” e das variações climáticas: há anos bons e anos ruins, o que enfatiza a importância destes concursos.
A mais recente descoberta afirma que azeite e vinho tinto harmonizam entre si. O estudo foi feito pela renomada Universidade de Bordeaux. Em linha gerais, tanino e lipídios interagem, proporcionando ao degustador melhores condições sensoriais no paladar.
Aqui estão os “Top 10” desta edição do “Brazil IOOC”:
OLIOVITA CHANGLOT – ARGENTINA
CASA ALFARO KORONEIKI – BRAZIL
CAPOLIVO KORONEIKI – BRAZIL
DON JOSÉ CORATINA – BRAZIL
CAPOLIVO PICUAL – BRAZIL
OURO DA FÁBRICA PREMIUM – PORTUGAL
AL-ZAIT & CO. PICUAL – BRAZIL
DON JOSÉ BLEND – BRAZIL
PURO CORATINA – BRAZIL
PURO BLEND – BRAZIL
O resultado completo está neste link: Premiação Brazil IOOC – 2022
O idealizador deste já respeitado concurso é Maurício Gouveia, um simpático paulistano que se mudou, faz tempo, para Portugal em busca das origens de sua família. Atualmente é um craque de vinhos e azeites e está num exclusivo rol de 20 pessoas que empreendem estes concursos. Parabéns!
Estamos estudando, em parceria com ele, a possibilidade de oferecer cursos sobre este delicioso alimento nas principais cidades do Brasil. Para ajudar nesta nova aventura, gostaríamos de saber do interesse dos leitores. A página de comentários é perfeita para este fim.
Saúde, bons azeites e bons vinhos!