Qualquer enófilo experiente está sempre ligado nas informações sobre as safras. São importantes, sem dúvidas. No mínimo ajudam e definir qual a melhor compra na hora de escolher este ou aquele rótulo. Para alguns, a safra é o fator decisivo até na hora de tirar a rolha – vira quase uma religião.
Em 2015, publicamos uma matéria sobre o tema, cujo link está abaixo. Mas atenção: ainda não foi revisada e a indicação de uma tabela de safras, ao final, não funciona mais.
O tema desta semana é quase uma antítese: vinhos que não são safrados. Existem, são bastante comuns e, muitas vezes, famosos.
Lembraram de algum?
Um dos mais conhecidos são os vinhos espumantes, o Champagne entre eles. Se um vinho dessa categoria receber o ano de sua safra no rótulo significa que são vinificações especialíssimas e caras.
Outro tipo de vinho que quase nunca é safrado são os fortificados: Porto, Madeira, Jerez etc. Novamente, a menção de uma safra valoriza muito o rótulo em questão
Mas também existem vinhos tranquilos sem safra. São mais raros, mas valem a pena.
Serão sempre um corte ou assemblage, pelo menos entre vinificações elaboradas em diferentes anos. Nada impede que se usem outras castas, diferentes origens e até mesmo vinhos que não são da mesma cor.
Existem inúmeras razões que levam um produtor a elaborar um corte que resultará numa combinação de safras. Uma das mais comuns é dar uma refrescada em vinhos bem antigos que ainda não foram para o mercado. Outra é corrigir algumas vinificações que não renderam o esperado. Procedendo assim, o vinhateiro pode acrescentar características como cor, corpo, fruta, tanino…
Por outro lado, é sempre uma boa oportunidade de elaborar um vinho único, com características excepcionais.
Antes de se aventurarem em busca de uma espacialidade destas, é bom ter mais uma dose de informações. Como em quase tudo no mundo, há quem se aproveite desse estilo informal para empurrar os seus piores e encalhados vinhos.
Para escapar de armadilhas, escolham produtores de renome. Provavelmente vão lançar um vinho como este em datas comemorativas ou homenageando algumas figuras que lhes são importantes. Terão, sempre, alguma alusão a isso nos seus rótulos.
Um hábito bastante saudável é ler atentamente o contrarrótulo. Lá devem estar todas as informações necessárias, como as castas utilizadas, as safras, notas sobre amadurecimento e indicações para a degustação.
Numa rápida pesquisa, encontramos dois rótulos brasileiros bem dentro dessas características.
Innominabile, da vinícola catarinense Villagio Grando.
Atualmente está no Lote VIII. É descrito como “o maior símbolo de uma nova era nos vinhos brasileiros”. Um delicioso vinho com a seguinte ficha técnica:
Safra: lote VIII – 2004, 2005, 2006, 2007, 2008, 2009, 2012, 2014 e 2018
Teor Alcoólico: 12,4% – Época da Colheita: Abril e Maio
Fermentação: Aço Inox – Idade dos Vinhedos: 21 anos
Volume: 750ml – Lote: Único
Maceração: 18 dias – Sistema de Condução: Espaldeira – KG por Hectare: 4.000
Uvas: Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Merlot, Mabec, Marselan, Petit Verdot e Pinot Noir
Temperatura de Serviço: 16 °C – Número de Garrafas: 6.200
Para saber mais acesse: https://www.villaggiogrando.com.br/produtos/innominabile-lote-viii/
Luiz Valduga, da vinícola gaúcha Casa Valduga.
Apresentado como o vinho mais expressivo da história da vinícola, elaborado a partir de safras e varietais secretos, em edições limitadas, tem a seguinte ficha técnica:
Tipo: Vinho Tinto Seco – Corte: Incógnito – Terroir: Solo Brasileiro
Temperatura de serviço: 16º a 20ºC – Guarda de 15 a 20 anos, desde que seja mantido em condições adequadas para a plena evolução.
Decantar por 20 a 40 minutos.
Para saber mais, acesse: http://www.casavalduga.com.br/produtos/luiz-valduga/
Saúde e bons vinhos, como esses!
Foto de abertura por Arnold Dogelis em Unsplash
Demais imagens: site das vinícolas.