Categoria: O mundo dos vinhos (Page 31 of 82)

Macabeo, Xarel-lo, Parellada

Estas três uvas brancas fazem um “blend” notável, digno de figurar em qualquer enciclopédia sobre vinhos no capítulo dos espumantes. Para quem aprecia, este particular tipo de vinho, o Cava, produzido originalmente na região de Penedés, Catalunha, rivaliza em qualidade com o Prosecco e com o Champagne, inclusive.

Deve ser elaborado pelo método tradicional, ou Champenoise, unicamente dentro das regiões de origem controlada, D.O, específicas, seguindo rígidas normas de produção. São 4 formas de classificação ou categorias:

Cava – mínimo de 9 meses de maturação;

Cava Reserva – mínimo de 18 meses de maturação;

Cava Gran Reserva – mínimo de 30 meses de maturação;

Cava de Paraje Calificado – são vinhos produzidos em locais considerados de excelência. Mínimo de 36 meses de maturação.

Dentro de cada uma destas classificações, podem ser comercializados 7 tipos diferentes, conforme o teor de açúcar residual: Brut Nature, Extra Brut, Brut, Extra Seco, Seco, Semi Seco e Dulce.

Segundo as normas espanholas, além das castas citadas, podem ser usadas estas outras: Chardonnay, Subirat Parent, e as tintas Garnacha, Trepat, Monastrell e Pinot Noir. Além das versões em branco, existe um delicioso Cava Rosé.

Um vinho muito versátil que é capaz de harmonizar com um infinidade de alimentos. Combina magistralmente com a culinária típica de alguns países, como Peru, México e Japão, além dos vizinhos do Mediterrâneo.

As marcas Codorníu e Freixenet  talvez sejam as mais conhecidas. Enfrentam uma dura concorrência com vinhateiros tradicionais e de alta qualidade como Juvé y Camps, Gramona, Guliera, Pere Ventura, Segura Viudas, entre outros. São quase 3.000 produtores!

O nosso destaque vai para esta curiosa garrafa da vinícola Agustí Torelló Mata:

Este Cava, Kripta, é considerado como o melhor da Espanha. Foi elaborado pela 1ª vez em 1978, com o tradicional corte das uvas Macabeo, Xarel-lo e Parellada, cada uma vinda de vinhedos antigos e únicos. Matura por 7 longos anos.

É um Brut Nature orgânico e sua produção está limitada a 15 mil unidades. No seu país de origem pode ser encontrado em lojas especializadas por cerca de 70 euros (R$ 350,00 aprox.) o que não é nenhum absurdo.

A garrafa em forma de ânfora é uma homenagem à Roma antiga. O rótulo, um design de Rafael Bartolozzi, evoca o mar Mediterrâneo, a vinha e a oliveira, como se fossem uma trilogia.

Desde o seu primeiro prêmio em 1984, ganha novos lauréis a cada safra.

Saúde e bons vinhos!

Tinto ou Branco? – de volta ao básico

Aristóteles afirmava que “a dúvida é o princípio da sabedoria”. Com um pouco de razão, podemos aplicar à nossa situação facilmente, afinal, quem já não ficou num dilema como este na hora de decidir o que servir?

Em algumas situações a escolha é direta, por exemplo, num churrasco. No máximo vamos ter que optar por um bom tinto ou uma cerveja gelada. Já se o prato for uma carne mais leve ou um pescado, os brancos serão a opção mais segura.

O mundo do vinho é bem mais complexo que esta simples escolha que, para muitos, é bastante difícil. Imaginem que temos cerca de dez mil variedades de uvas e um volume de produção anual de vinhos, de todos os tipos, em torno de 270 milhões de hectolitros. São mais de 193 países que elaboram esta bebida.

A escolha deixa de ser um simples tinto ou branco e ganha contornos bem mais amplos.

A frase de Aristóteles se encaixa com perfeição e podemos acrescentar mais um adágio: “A sabedoria não vem do acerto, mas do aprendizado com os erros”. Logo, relaxem, ninguém vai levar nota zero por servir um vinho que não combinou 100% com o seu evento.

Em contrapartida, imaginem o stress que passa um Sommelier para ser aprovado no seu exame: tem que acertar o máximo de informações sobre os vinhos que lhe serão submetidos, totalmente às cegas. Nem a cor saberá. Tudo tem que ser deduzido a partir dos aromas e do paladar. Dureza!

Para os que apenas preferem desfrutar de um bom momento com um vinho, as exigências são bem menores. Ainda assim, algum conhecimento é necessário para, pelo menos, saber se é a hora de tinto ou do branco.

Um dos elementos chave para ajudar na escolha e, diga-se de passagem, determinante na maioria das “harmonizações” é o sal. Este onipresente mineral talvez já não seja tão importante a ponto de ser a origem da palavra que indica o que recebemos por nosso trabalho: “salário” deriva do latim “salarium” que significava o “pagamento em sal”, hábito do tempo do Império Romano. O sal valia quase como o ouro e era visto como uma maneira de preservar os alimentos, prática que é usada até hoje.

Deixando a história um pouquinho de lado, o sal é usado como realçador de sabor. “Sem sal” é algo sem graça, desinteressante e pode ser aplicado até para definir pessoas. Já “salgado” pode ser usado como um sinônimo de exagerado.

Aqui está o nosso segredinho: o sal suaviza a sensação de amargor provocada pelo tanino. Assim como nos alimentos, o sal também acentua as qualidades sápidas de um vinho, deixando-o mais fácil de beber. Tintos e brancos podem ganhar muito em qualidade com o teor correto de sal na comida. Um único cuidado: não exagerem.

Leitores da velha guarda vão recordar um truque ainda muito usado: acrescentar uma pitada de sal para realçar o sabor de uma fruta. Laranjas e melões ficam perfeitos. Para os que são cervejeiros, esta pitadinha também funciona, ficando ainda melhor com um toque de limão.

Com isto em mente, podemos partir para um extenso e delicioso aprendizado fazendo as mais inusitadas combinações, sem medo de errar. O objetivo de acrescentar uma taça de vinho nas nossas refeições é enriquecer uma experiência, vinho e comida devem ficar melhor. As regras que todos aprendemos servirão de ponto de partida ou, se preferirem, de porto seguro. Daí em diante a experimentação é livre.

E o que vamos aprender? Onde está o ganho em sabedoria?

Nada nos impede de servir um vinho branco com carne vermelha ou mesmo um vinho tinto com um delicado peixe grelhado. O balizador ideal é a quantidade de sal nestas combinações.

Saúde e bons vinhos!

CRÉDITOS:

Foto por WDnet Studio para StockSnap

Vinho e Azeite caminham juntos

Realizou-se entre os dias 7 e 9 de agosto a 4ª edição do Brazil International Olive Oil Competitition (BRAZIL iOOC), simultaneamente, na Quinta da Pacheca, em Lamego, Portugal e no restaurante Kinoshita na cidade de São Paulo, Brasil.

Nesta edição, mais de 100 amostras de azeites, de quatro continentes, foram avaliadas por um qualificado corpo de jurados internacionais. O leque de países que enviaram amostras vai desde os mais tradicionais produtores até rincões como Israel, Uruguai, Tunísia e Estados Unidos da América. Os azeites brasileiros tiveram uma presença recorde.

Para compreender a importância do azeite no mundo do vinho, temos que voltar no tempo, mil anos atrás. Oliveiras e parreiras eram plantadas juntas, cabendo às oliveiras fazer o papel de guardiãs, como uma cerca, protegendo o vinhedo das intempéries e de alguns insetos. Muito antes de se falar de agricultura sustentável, orgânica e similares, esta técnica, nascida nos países mediterrâneos e trazida para o novo mundo no século 19, ficou conhecida como “coltura promiscua”.

Mas as afinidades entre estas duas espécies vegetais e seus principais produtos, vinho e azeite, não se resumem a isto. Existem diversos tipos de uvas e de azeitonas, o que implica em cortes e varietais. Os métodos de extração são, em parte, similares: ambos frutos precisam ser “esmagados” para iniciar seus processos de produção. Além disto, é um bom negócio: ambas colheitas se sucedem o que otimiza o emprego de mão de obra.

Azeites são degustados de forma bem semelhante aos vinhos. Concursos como o “Brazil IOOC” são, na verdade, provas comparativas que avaliam aspectos como aparência, aroma e sabor, além do design das embalagens. As “taças” de prova são aqueles simpáticos copinhos azuis que podem ser vistos no lado direito da foto que abre este texto.

Tudo é provado às cegas…

Especialistas na degustação deste ouro líquido são chamados de “Sommelier de azeite” e desenvolvem uma capacidade de avaliar, em maior detalhe, as notas de frutas, amargor, pungência e equilíbrio.

Para não deixar nenhuma dúvida pairando, a resposta para aquela pergunta que está na ponta da língua, sobre harmonização, é sim! Azeites também combinam melhor com este ou aquele alimento.

As coincidências não param por aí. Assim como nos grandes vinhos, os grandes “extra virgens” também são safrados! Afinal, é um produto de origem vegetal que está sujeito aos efeitos de um “terroir” e das variações climáticas: há anos bons e anos ruins, o que enfatiza a importância destes concursos.

A mais recente descoberta afirma que azeite e vinho tinto harmonizam entre si. O estudo foi feito pela renomada Universidade de Bordeaux. Em linha gerais, tanino e lipídios interagem, proporcionando ao degustador melhores condições sensoriais no paladar.

Aqui estão os “Top 10” desta edição do “Brazil IOOC”:

OLIOVITA CHANGLOT – ARGENTINA
CASA ALFARO KORONEIKI – BRAZIL
CAPOLIVO KORONEIKI – BRAZIL
DON JOSÉ CORATINA – BRAZIL
CAPOLIVO PICUAL – BRAZIL
OURO DA FÁBRICA PREMIUM – PORTUGAL
AL-ZAIT & CO. PICUAL – BRAZIL
DON JOSÉ BLEND – BRAZIL
PURO CORATINA – BRAZIL
PURO BLEND – BRAZIL

O resultado completo está neste link: Premiação Brazil IOOC – 2022

O idealizador deste já respeitado concurso é Maurício Gouveia, um simpático paulistano que se mudou, faz tempo, para Portugal em busca das origens de sua família. Atualmente é um craque de vinhos e azeites e está num exclusivo rol de 20 pessoas que empreendem estes concursos. Parabéns!

Estamos estudando, em parceria com ele, a possibilidade de oferecer cursos sobre este delicioso alimento nas principais cidades do Brasil. Para ajudar nesta nova aventura, gostaríamos de saber do interesse dos leitores. A página de comentários é perfeita para este fim.

Saúde, bons azeites e bons vinhos!

Degustações comparativas – de volta ao básico

Que tal aprender sobre vinhos e se divertir ao mesmo tempo?

Esta é a proposta deste texto: como fazer uma degustação comparativa, sem formalidades, sem termos complexos, num encontro entre amigos e com diversão assegurada.

Este tipo de degustação é muito usado nos cursos profissionalizantes para Sommelier, em todos os níveis. Afinal, eles têm a obrigação de conhecer, profundamente, os vinhos que vão nos oferecer em seus restaurantes ou lojas.

Nós, pobres mortais que apreciamos um bom vinho, podemos ter uma atitude bem mais relaxada com relação a extensos conhecimentos. Mas não podemos deixar de compreender qual ou quais vinhos nos agradam mais. A ferramenta que vai nos treinar nisto é a degustação comparativa.

De uma forma simples e direta, a maneira mais fácil de fazê-la é reunir alguns amigos e abrir duas ou três garrafas de vinho, ao mesmo tempo. Devem ser diferentes entre si, tintos, brancos ou qualquer outra combinação. Nesta primeira degustação a escolha será livre. O local não é relevante: um restaurante, uma residência ou ao ar livre ao lado de uma piscina. Além dos acessórios de sempre, temos que ter taças em dobro ou triplo.

A “regra do jogo” é simples: provem cada um dos vinhos servidos e escolham qual é o seu melhor. Anotem, fotografem, registrem. A partir deste resultado, outras provas poderão ser organizadas. Garantimos que na próxima degustação todos vão querer dar um passo adiante, acrescentar alguma sofisticação e, obviamente, aprender mais um pouco.

Não é difícil fazer isto. Aqui vão mais algumas ideias.

1 – Castas diferentes:

O objetivo é passear desde um vinho leve até um bem encorpado. Entre os tintos, comecem com um Pinot Noir ou mesmo um Beaujolais (Gamay), passem por Merlot, Cabernet Franc, até chegar em pesos pesados como um Tannat, Cabernet Sauvignon ou tintos da região do Douro.

Entre os brancos, comecem com um Pinot Gris seguindo com Chardonnay e finalizando com Viognier.

Procurem comparar a sensação de volume na boca que cada uma das castas passa. Se o paladar estiver apurado, comparar as notas frutadas (tintos) ou florais (brancos) é um bom treino.

Um interessante possibilidade nesta mesma linha é comparar vinhos que passaram por madeira ou não.

2 – Regiões produtoras

Está é uma das mais instrutivas, divertidas e fáceis de organizar. Escolham uma determinada casta e sirvam vinhos de diferentes regiões que a utilizam. Por exemplo, um Merlot nacional, um chileno e um italiano. Podemos usar um corte, desde que haja uma nítida predominância da casta escolhida.

Há diversas variações possíveis aqui. Um boa sugestão seria escolher vinhos da casta Malbec elaborados em diferentes regiões da Argentina: Mendoza, Patagônia e Salta. Outra possibilidade, neste mesmo país, é comparar as regiões de Mendoza: Lujan de Cuyo, Maipú e Vale do Uco. O resultado pode ser surpreendente!

Dentro desta lógica, podemos adaptar para outros países ou regiões. Portugal, Espanha, França e Itália são cheios de diferentes denominações que servem como uma verdadeira escola de estilos, aromas e sabores. Basta um pouquinho de paciência para escolher os vinhos com critério.

3 – Verticais e horizontais

Se existir uma “pós-graduação” em degustação comparativa, estas duas fazem parte do currículo. A Vertical abrange diversas safras de um mesmo vinho. A Horizontal busca comparar os vinhos de uma mesma safra, mesma região, diferentes produtores e mantendo a escolha de castas iguais.

No primeiro caso o ideal, para uma prova caseira e que não pese no bolso, é escolher safras não consecutivas. Três ou quatro garrafas seriam suficientes. O espaçamento entre as vinificações de 2 anos, no mínimo. O objetivo é perceber como cada safra evoluiu com o tempo. Em linhas gerais, os vinhos mais novos serão mais “duros” e os mais velhos mais “fáceis” de beber.

A horizontal é um pouco mais difícil de organizar, exigindo algum planejamento. Um ponto de partida bem interessante e relativamente fácil de obter os vinhos é olhar para a casta Merlot no sul do Brasil – Vale dos Vinhedos. Escolham, de uma mesma safra, três ou quatro produtores, misturando as grandes vinícolas com as de pequeno porte ou “boutiques”.

Com certeza teremos ótimas surpresas.

O que servir com estas provas?

Esta resposta dependerá do objetivo da reunião. Se for só treinar e aprender, o ideal é sermos minimalistas: pão ou bolachas neutras, azeite e água. O importante é limpar o paladar entre cada vinho. Após a parte “séria” do evento, nada impede que se sirva algo mais substancioso.

Saúde e bons vinhos!

Foto de abertura: “Garrafa de vinho” criada por aleksandr samochernyi para Freepik.

Esquisitices do mundo do vinho

Quem chamou a atenção para este tema foi um amigo e eventual colaborador, Pedro Arthur Sant’Anna: enviou um destes vídeos que correm na internet, mostrando como sacar a rolha de uma garrafa esquentando o gargalo.

Do ponto de vista da física, tudo deveria funcionar: o ar é aquecido, expande e expulsa a rolha.

Mas há limites, o que torna esta prática um tanto arriscada. Muita coisa pode dar errada, por exemplo, quebrar a garrafa ou mesmo esquentar demais o vinho e estragá-lo. Agora imaginem fazer isto num vinho de 1ª linha.

Existem outras técnicas incomuns para se conseguir o mesmo objetivo, coisas como usar parafusos e chaves de fenda, empurrar a rolha para dentro ou, acreditem, bater com o fundo da garrafa numa parede, apoiado no calcanhar de um sapato, até que o “vinho” empurre a rolha para fora. Será que o que ficou na garrafa ainda pode ser bebido depois de tanta agitação?

O mais seguro é ter um saca rolha sempre à mão!

Enófilos muito chiques e hábeis, amantes de bons espumantes, gostam de se exibir degolando a garrafa com um sabre ou algo semelhante. Novamente, ou estamos bastante treinados nesta arte ou o improvável vai se fazer presente. Por favor, não tentem isto em casa…

Existe uma outra técnica, igualmente arriscada, muito usada nas caves de Vinho do Porto, para degolar garrafas muito antigas. Neste caso, qualquer tentativa de tirar uma rolha centenária poderia ser um desastre ainda maior.

Uma tenaz específica para este fim é aquecida em brasa e, em seguida, aplicada no gargalo. O vidro trinca, liberando o preciosos líquido.

Há mais coisas pitorescas no mundo do vinho que podemos incluir nesta lista, entre elas, a “hiper decantação” ou se preferirem, a “hiper aeração”: consiste em bater o vinho num liquidificador, por uns poucos segundos. Esta curiosa ideia surgiu no livro “Modernist Cuisine” de Nathan Myhrvold, um antigo chefe de tecnologia da Microsoft que abandonou tudo pela arte de cozinhar…

Aqui só cabe um comentário: não se deve misturar alta tecnologia com vinho. Simplifiquem!

Outra novidade que pode parecer estranha, mas tem uma certa lógica, são os vinhos que envelhecem submersos, isto mesmo, embaixo d’água, seja em lagos, rios ou nos oceanos. Existe uma certa tendência aqui. Tudo começa com a descoberta do naufrágio de um antigo cargueiro com milhares de garrafas de, até onde se sabe, um ótimo vinho. Estavam naufragadas por um par de décadas, pelo menos. Quem provou achou tudo maravilhoso. Por alguma razão o vinho não teria sido contaminado com água salgada.

Pronto, foi a senha para vários vinhateiros tentarem a sorte com algo semelhante, afinal, uma boa cave de amadurecimento fica no subsolo e a baixa temperatura. Tudo a ver. Parece mais um bom marketing do que técnica de elaboração.

Os barris de carvalho, onde vinhos são produzidos ou envelhecidos é a mais nova fonte destas incomuns experiências. Após terminarem seu ciclo útil nas vinícolas, são disputadíssimos por fabricantes de destilados para “acrescentar mais uma camada de sabor” aos seus produtos. Até produtores de café estão usando barricas antigas para dar novos aromas e sabores para uma das bebidas mais populares do mundo.

Existem destilados que sempre usaram barris de carvalho, o Whisky e o Bourbon são dois deles. Alguns produtores de vinhos resolveram inverter o ciclo: já que usam os nosso tonéis, por que não usar os deles?

Surge o vinho envelhecido em tonel de Bourbon, de Rum…

Tem empresas do porte da californiana Robert Mondavi apostando nesta novidade.

Seguindo nesta linha, não é exatamente uma novidade voltar a usar recipientes de barro, as ânforas, para produzir ou amadurecer vinhos. Para muita gente parece algo estranho, um passo para trás.

Estas técnicas ficaram esquecidas, substituídas por modernas tecnologias que permitem um total controle na vinificação. Felizmente sempre tem algum abnegado disposto a reviver antigas metodologias. Neste caso foi surpreendente, diversos produtores tradicionais voltaram a empregar este método com muito sucesso. Novos e velhos ceramistas estão reaprendendo a fazer ânforas, “qvevris” e assemelhados. Parece que veio para ficar.

Os poucos vinhos que já provamos, dentro deste estilo, eram bem diferentes do que estamos habituados.

O emprego de madeira na elaboração de um vinho, para diversos fins, sempre despertou alguma curiosidade. Vão desde tanques de fermentação, armazenamento, envelhecimento e transporte. Muito versátil.

O vinho é uma bebida milenar e vem sendo produzida, basicamente, da mesma forma desde então. Nunca lembramos, por outro lado, de um pequeno detalhe: onde produzir, em que recipientes?

Estudos arqueológicos têm mostrado que lagares de pedra e os potes de barro, não cozidos, sempre foram usados para este fim. Em Portugal e na Geórgia ainda vinificam assim. O uso de madeira é quase tão antigo. Não só era capaz de produzir um tonel razoavelmente impermeável, como era um isolante térmico o que ajudava a conservar o vinho em seu transporte. Na Grécia há um estilo de vinho, muito apreciado até hoje, que combina sabores de madeira e da resina de pinho que era usada para selar as barricas. Chama-se “Retsina”.

Usar só Carvalho veio com o tempo. Antes dele, outras madeiras foram empregadas. Ainda hoje buscam-se alternativas, afinal, não existem florestas de carvalho “infinitas”. Aqui no Brasil, uma vinícola artesanal já produz vinho em barricas que misturam madeiras brasileiras, emprestando um pouco da filosofia de trabalho dos alambiques nacionais que envelhecem suas pingas em amburana, bálsamo, jequitibá rosa, entre outras.

Devem existir mais coisas que soam estranhas no mundo dos vinhos. Um velho provérbio diz: “a diversidade é o tempero da vida”. Degustar bons vinhos vai ao encontro deste adágio.

Há tantos caminhos a seguir que pode tornar nossas escolhas meio complicadas, às vezes. Então, se o vinho não lhe agradou, use-o para temperar a carne ou a salada e abra outra garrafa.

Meio que “se lhe deram limões, faça uma limonada”!

Saúde e bons vinhos!

CRÉDITOS:

Foto de abertura por Maksim Goncharenok

Sacando a rolha, obtida no “The Telegraph

Sabragem, obtida no site “Wine News

Tenaz, obtida no “Mercado Livre

Links para alguns dos métodos mencionados:

Uso da tenaz

Sacando a rolha 1

Sacando a rolha 2

Hiper decantação

Sabrando um espumante

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