Categoria: O mundo dos vinhos (Page 36 of 82)

Novos enófilos são sempre bem-vindos

Uma das boas mudanças ocorridas em função da pandemia foi o aumento de apreciadores de vinhos no nosso país. Ainda não existem muitos dados a respeito, excetuando o previsível crescimento das vendas e do consumo. Inevitavelmente aumentaram as dúvidas dos neófitos.

Degustar um vinho sempre foi um ato cercado de “pompa e circunstância”, o que ainda deixa muita gente com medo de se aventurar por essas estradas. Mas não precisa ser assim. Não há nada de misterioso ou oculto e as famosas “regrinhas não escritas” são apenas pequenas adaptações de coisas que fazemos rotineiramente. Existem alguns conselhos que sempre valem à pena lembrar.

O primeiro deles é: perguntem!

Não tenham medo de questionar alguém que seja mais experiente. Enófilos são ótimos companheiros e, alguns, adoram exibir os seus conhecimentos. Aproveitem e tirem suas dúvidas.

A segunda melhor coisa que vocês podem fazer é degustar diferentes vinhos. Busquem uma direção, por exemplo, vinhos de um determinado país ou região. Outras possibilidades envolvem se dedicar a determinadas castas e apreciar suas formas de vinificação nos diferentes “terroirs” (perguntem, perguntem e perguntem…). Anotem tudo que puderem.

Há um claro objetivo neste tipo de pesquisa: definir as suas preferências. E isso é muito importante pois vai balizar as suas compras daqui em diante. Este é um dos grandes prazeres para um Enófilo: pesquisar, comprar e degustar o vinho certo no momento adequado.

Neste ponto surge uma dúvida que é clássica: as safras e o que fazer com elas?

Já foram mais importantes, quando ainda não havia tanta tecnologia envolvida e a vinificação era mais artesanal.

Hoje em dia o resultado, ano a ano, tende a ser mais parelho e as diferenças muito sutis para serem observadas por paladares ainda inexperientes (há controvérsias…).

Um bom uso para as datas estampadas nos rótulos, que indicam o ano da colheita das uvas, é saber se estamos na frente de um vinho jovem ou um maduro.

Mais um conselho que não pode passar em branco é como montar um conjunto de acessórios para suas casas. Isso inclui desde o básico sacarrolhas, passa pelas taças e pode chegar até os nem sempre usados decantadores. Apresentamos uma listinha mínima:

– sacarrolhas do tipo Sommelier;

– taças de cristal do tipo “universal” que serão usadas para todo e qualquer vinho;

– tampões do tipo “vacu-vin” ou similares para garrafas que não foram totalmente consumidas;

– um decantador médio ou um aerador. Não são exatamente intercambiáveis, mas ambos cumprem a função básica de aerar o vinho.

Por último, o famoso “rito” de degustar um vinho que contempla os nosso cinco sentidos. Há alguns anos escrevi uma ótima matéria sobre o assunto, dividia em 2 partes. Basta seguir os links:

O vinho e nossos sentidos – 1ª parte

O vinho e nossos sentidos – 2ª parte

Saúde e bons vinhos!

Foto de abertura: Pessoas, criada por marymarkevich para Freepik

Vinho no verão

A foto é bem sugestiva, um rosado bem geladinho, na beira da praia, duas taças, sugerindo uma ótima companhia. Entretanto, cabe uma questão, uma daquelas do tipo “que não quer calar”: você trocaria por uma cerveja?

Dúvida cruel para alguns, mas não para enófilos empedernidos que não abrem mão de sua taça predileta, mesmo sob uma “lua” de 40º. Alternativas não faltam. Ocorre é que nem sempre nos lembramos delas e corremos, o mais rápido possível, atrás das famosas “cervas”.

A primeira e mais simples opção são os espumantes, que já são oferecidos até em práticas latinhas. Podem ser brancos, rosados ou tintos. Champagne, Vin Mousseux, Blanquet, Cremant, Cava, Sekt, Lambrusco, Pétillant Naturel ou qualquer outra denominação que borbulhe.

Vinhos tranquilos, brancos ou rosados são as próximas escolhas. Prefiram vinificações mais leves e jovens. Nada muito encorpado e maduro. Algumas castas são ideais para climas mais quentes: Pinot Grigio, Chardonnay, Riesling, Torrontés, Alvarinho/Alabriño e Encruzado, entre as brancas. Nos rosados, optem por aqueles elaborados a partir da Merlot, Malbec, Garnacha ou simplesmente alguns dos ótimos vinhos da Provence.

A última categoria, tintos, pode parecer estranha, mas existem vinhos, aqui, que devem ser consumidos bem gelados. O famoso Beaujolais Noveau é um dos mais conhecidos, mas não é o único.

Lembrando que, no caso dos tintos, as temperaturas mais baixas tendem a acentuar os taninos, vamos apresentar uma pequena lista que os leitores podem explorar, dentro de certos limites. Quem sabe não descobrem novas delícias?

O nobre Pinot Noir é uma grande pedida para ser consumido no verão. Os produzidos no Chile, Nova Zelândia, EUA e Austrália são os ideais. Mas nada de vinhos caros e maduros.

Algumas castas que andam meio esquecidas são outras opções: a deliciosa Dolcetto e a Barbera, vindas da Itália. De Portugal, a Bastardo, que tem origens na região do Jura, França, onde é chamada de Trousseau.

Para degustar qualquer uma dessas delícias neste escaldante verão é preciso gelar todas elas. Brancos, rosados, espumantes ou não, devem ser mantidos frios. Os tintos devem ficar na geladeira antes de serem abertos. Depois, devem ser gerenciados para que não fiquem extremamente frios e sem graça.

Quanto ao ritual de serviço, simplesmente esqueçam tudo que sabem. Usem copos comuns, prefiram meias garrafas e/ou latas e bebam direto do recipiente. Não fazemos isso com as cervejas? Por que não com os vinhos?

Divirtam-se e desencanem, são as palavras de ordem.

– Mais um pouco sobre Aromas e Sabores.

Meio frustrado pela baixa receptividade do tema da semana passada, já que ninguém se interessou pelas respostas que ligariam os aromas sugeridos a alguns vinhos, resolvi publicá-las de qualquer maneira.

Fui mais longe. Creio ter sido um pouco limitado nas opções de exercícios dedicados a reestimular o olfato e paladar, limitando as escolhas ao mundo do vinho. Busquei ajuda entre profissionais de gastronomia e recebi formidáveis sugestões que repasso para os leitores.

1 – Os vinhos que ninguém perguntou…

Amora – Zinfandel

Framboesa – Garnacha

Ameixa – Syrah

Cereja madura/seca – Sangiovese (Chianti)

Maçã Verde – Chardonnay

Damasco – Riesling

Melão – Chenin Blanc

Lchia – Gewürtztraminer

Estas são sugestões tiradas de referências clássicas e compêndios consagrados. Outras castas/vinhos podem ter notas similares.

2 – Mais exercícios para a recuperação da Anosmia, desta vez baseados em alimentos do dia a dia. Contei com a sempre excelente colaboração de Vanessa Nakamura (@vanessatnakamura) da Agência Sibaris Produções Gastronômicas:

Um passeio pelos nossos 5 sentidos, usando estes produtos sempre presentes em nossas casas, de forma análoga aos sugeridos anteriormente:

Doce – uma colher de mel

Sal – uma azeitona

Pimenta – um pedacinho de dedo de moça

Amargor – rúcula ou radicchio

Acidez – uma rodela de limão

Uamami – tomate seco

3 – Para os casos mais graves existe um tratamento fisioterápico, chamado “Terapia de cheiro”, que trabalha com óleos essenciais.

Apresento um link de uma escola de medicina, apenas como referência. Caso desejem seguir por este caminho, procurem um profissional habilitado.

https://www.cmmg.edu.br/wp-content/uploads/2021/09/5-Tratamento-para-anosmia.pdf

Saúde e bons vinhos

Foto de abertura por Schlappohr no Pixabay

Aromas e Sabores

Apesar de ser bem comum, abrir uma garrafa de vinho, servir uma taça cumprindo o ritual de examinar a cor, sentir os aromas, provar um pequeno gole e, em seguida, descrever algo como “aromas de morango, amoras e framboesas, taninos equilibrados e boa acidez”, sempre impressiona.

Tudo ganha um ar de mistério quando fazemos o mesmo e o máximo que nos aproximamos da descrição é uma vaga lembrança aromática de “frutas vermelhas”. O resto, passa batido.

A verdade é que nem todo mundo está preparado ou treinado para fazer este tipo de análise, ainda mais, agora, depois desta epidemia que roubou a capacidade de degustar de quem acabou contaminado.

Existem exercícios para treinar ou recuperar o olfato e o paladar perdidos.

Para tirar bom proveito destas técnicas que serão sugeridas é preciso entender que há uma enorme distância entre provar uma fruta e tentar encontrar estas mesmas notas num vinho.

Tomemos um exemplo bem simples: morango. Seu aroma e sabor são bem característicos e ninguém vai ter dúvidas do tipo “pode não ser um morango” ao saboreá-lo. Mas não tem morangos na elaboração dos vinhos. O que acontece é que alguns compostos químicos decorrentes dos processos de vinificação induzem, na nossa memória olfativa e gustativa, sensações que lembram aquelas que obtivemos com a fruta in natura.

Este é um bom ponto para começar a treinar olfato e paladar. Vamos listar algumas frutas que, quase sempre, estão presentes nos vinhos mais conhecidos de todos. O exercício consiste em provar, uma de cada vez e em ocasiões distintas. Isso fará uma novo registro sensorial. Procurem por características que possam não deixar dúvidas sobre o que está sendo degustado. Evitem criar associações com outros sabores.

A segunda parte do treino será tentar identificar em que vinho estas frutas podem aparecer. Não provem a fruta junto com o vinho, apenas imaginem. Tentem lembrar de algum vinho já degustado. A confirmação de sucesso ou fracasso virá quando decidirem fazer uma prova real, degustando um dos possíveis vinhos identificados.

A relação básica das frutas: Amora, Framboesa, Ameixa, Cereja preta ou, se preferirem, uma compota de frutas vermelhas é um bom substituto. Além destas temos: Maçã Verde, Lichia, Pêssego e Melão.

Reparem que são frutas de sabores pouco marcantes. Propositadamente não incluímos nenhuma fruta cítrica nesta relação.

Para os que preferirem saber os tipos de vinhos mais associados a estas frutas é só pedir as respostas por e-mail ([email protected]) ou nos comentários.

Taninos, acidez, doçura e teor alcoólico são mais complicados para se treinar, exigindo alguma preparação. Será necessário um pouco de vinho tinto, da sua preferência (brancos não são tânicos), um álcool neutro como Vodca, de boa qualidade, sem aromas e sabores, chá preto em saquinho, limão e açúcar. Necessário também tempo, paciência e disposição.

O que se busca num exercício como este é acentuar, fortemente, cada uma destas características para, novamente, criar ou recriar novos registros sensoriais.

Os quatro exercícios são análogos e sugerimos que sejam feitos separadamente. A técnica é simplesmente fazer a mistura e provar. Quanto menos o olfato for envolvido, melhor.

Tenha sempre uma taça do vinho sem as misturas para servir de referência.

Tanino – dissolva um saquinho de chá preto numa taça de vinho por cerca de 8 a 10 minutos. Prove, deixando a mistura passear por toda a boca. Deve ficar adstringente e amargo.

Acidez – desta vez acrescente um pouco de suco de limão a uma nova dose de vinho. Neste exercício recomenda-se fechar o nariz antes de provar. Procure por novas sensações na cavidade bucal, comparando com as do experimento anterior.

Álcool – vamos acrescentar uma dose de boa Vodca numa taça de vinho e observar o que muda na hora de degustar. Procure não sentir aromas para enfatizar o paladar. Uma das reações mais comuns é sentir um pouco mais de doçura em relação ao vinho de referência.

Doçura – o último experimento é o mais simples, acrescente uma colherada de açúcar numa taça de vinho. Neste treino, libere o olfato e busque por aromas frutados, comparando com o vinho sem misturas.

Em qualquer um deles, faça comparações diretas com o vinho de referência, observando alterações no corpo, picância, sensações de volume e calor. Há muito que observar e aprender.

Estes exercícios foram adaptados de publicações diversas, entre elas o excelente site Wine Folly.

Divirtam-se e apurem olfato e paladar.

Saúde e bons vinhos!

Foto de Julia Volk no Pexels

AOC, DOC, AVA, etc., será que ainda são importantes?

O mundo do vinho é cheio de contrastes e contradições. Se, por um lado, tem um legado histórico que vem de tempos imemoriais, por outro, se choca com a modernidade e as tecnologias disponíveis para cada nova geração de produtores e consumidores. Não estamos falando só de técnicas de manejo dos vinhedos ou de elaboração de vinhos: atualmente é quase possível fazer uma grande vinho a partir de pedras, em vez de uvas, numa analogia direta à famosa lenda da Sopa de Pedra.

Tampouco podemos nos esquecer da enorme evolução dos meios de comunicação e o seu impacto em nossas vidas. Um dos sinais mais evidentes é o grande número de especialistas que se dedicam a avaliar novos vinhos, diariamente: uma quantidade estonteante! Já existem sites que se dedicam exclusivamente a esta faceta. Este é um deles: Tasting Book (em inglês)

Isto tudo trouxe, para o consumidor mais conectado, uma maior facilidade.  Escolher entre bons e maus vinhos se resume a fazer uma pesquisa simples num site de busca de sua preferência.

Mais coisas mudam neste novo processo. Chamo a atenção para uma das controvérsias mais curiosas, a menção das safras. Antigamente, era a chave para o sucesso ou fracasso na escolha de uma garrafa – prefiram esta em vez daquela…

Já não nos preocupamos tanto com isso, os vinhos modernos são mais homogêneos ano a ano.

Outra característica que começa a ser questionada duramente por grandes produtores são as Denominações de Origem, nas suas mais diversas nuances. Produtores de renome na França, como Cheval Blanc, Angelus e Ausone, abandonaram a denominação St. Emilon, uma das mais importantes de Bordeaux. Na espanhola Rioja Alavesa, algumas grandes vinícolas optaram por seguir outro caminho, deixando de lado as rigorosas exigências às quais são submetidos pelos órgão normativos, que determinam desde o tipo de castas que podem ser vinificadas e podem, literalmente, proibir o emprego de métodos de vinificação mais ousados. Tudo vai depender dos interesses de um sempre obscuro “comitê normativo”.

Os motivos para este comportamento inesperado dos produtores são fáceis de entender: decorrem de novas tecnologias disponíveis, além de uma certa implicância com uma excessiva burocracia que, segundo eles, os impedem de fazer vinhos mais criativos. No fundo, estão se rebelando contra uma longa ditadura que, acreditem, foi imposta por quem nunca produziu vinho de verdade. Napoleão III e Marquês de Pombal são dois deles…

Outro exemplo recente vem da Itália e os deliciosos Super Toscanos, grandes vinhos que eram comercializados como Vino di Tavola e não como Chianti. Tudo por conta da adição de uvas não italianas na elaboração. Acabaram por mudar a norma de produção, principalmente por já existirem alguns precedentes, por exemplo, quando obrigaram incluir, no tradicional corte, a casta Trebbiano, branca, por razões econômicas!

O pano de fundo disto tudo tem mais razões comerciais do que qualquer outra coisa. Vinhos famosos e caros são para poucos, muito poucos na verdade e, quase sempre, acabam como troféus a serem exibidos e nunca degustados.

Uma das regras não escritas do bom enófilo é estabelecer um limite de gasto por garrafa. Um valor aceito por muitos equivale a US$ 100.00 (cem dólares). Existem milhares de rótulos nesta faixa e na sua maioria são produtos com ótima relação custo x benefício. Ultrapassar este limite é correr o risco de ter uma garrafa tão especial que nunca chegará o “esperado” momento certo de sacar a rolha e provar. E o ousado investimento pode virar vinagre…

A nova geração de consumidores, grupo que é o atual alvo principal dos produtores para manter este mercado com um bom desempenho, já apontou claramente que prefere vinhos do segmento bom e barato e, se possível, orgânicos, naturais, biodinâmicos e assemelhados. Trocam, sem pestanejar, um Champagne por um Pet-Nat ou um Piquette, que é o resultado de uma nova vinificação feita em cima dos bagaços. (pouco comum por aqui)

Para quem se dedica a estudar e pesquisar os diversos rumos que o mundo do vinho nos oferece, a mais nova tendência é uma forte convergência de estilos e formas de comercialização entre produtores do velho e do novo mundo. Paulatinamente se abandonam as grandes classificações, substituídas por regionalizações minúsculas que, por sua vez, representam uma tipicidade muito específica, inspirada no modelo dos vinhos do novo mundo, onde a casta e o terroir passaram a ter uma maior representatividade.

Para o consumidor final fica ressaltado que o mais importante são vinhos feitos com responsabilidade ambiental, não tóxicos e sem defeitos. Passamos a degustar o que queremos e não o desejo dos produtores.

O último e talvez melhor efeito colateral será o esvaziamento dos órgãos normativos da produção vinícola, de cada país, geralmente administrado por pessoas incompetentes e que não são capazes de compreender as nuances mais sofisticadas deste mercado.

Vide o exemplo brasileiro. Com o aumento do consumo nestes últimos tempos, o segmento que mais cresceu foi o das vinícolas boutique, com produções pequenas e dedicadas, muito trabalho e alta qualidade.

Saúde e bons vinhos!

Foto de abertura:

“Napa Valley wine map” por aisforayla está licenciada sob CC BY-NC 2.0

Tão esperando o quê?

Estamos passando por tempos difíceis. Nossa forma de viver, após o fim desta pandemia, será necessariamente diferente. Durante algum tempo continuaremos nos preocupando com novos surtos e com o sempre presente fantasma de algum efeito colateral disso tudo e que seja irreversível…

Um bom exemplo está no grupo de pessoas que perdeu o olfato e o paladar por conta da doença. Poucos recuperaram 100% e alguns ainda sofrem com a anosmia. O que mais escutamos é que “ficou diferente, aromas e sabores não são mais os mesmos”.

Para os apreciadores de um bom vinho esta é uma perda fatal – imagine não ser capaz de degustar aquelas preciosas garrafas diligentemente guardadas para uma ocasião especial.

Pois não imaginem mais, a hora chegou! O que vocês, leitores, estão esperando? Não há mais tempo a perder.

Um saudoso companheiro, o Comandante Navarro, já sabendo que lhe restavam poucos anos de vida, mas ainda cheio de sabedoria e bom humor, tinha uma frase pronta sempre que lhe sugeríamos guardar aquela garrafa, por uns anos, até degustá-la:

“Não estou comprando banana verde para esperar ela amadurecer, vocês querem que eu compre um vinho e espere alguns anos para beber?”

Não muito tempo após sua partida, a jocosa sentença virou uma verdade inquestionável: não podemos mais esperar o dia de amanhã.

Vamos mudar alguns hábitos?

A primeira mudança é degustar logo os seus vinhos mais antigos. Reúnam poucos e bons companheiros e saquem as rolhas. Prefiram ambientes abertos, o que já será mais uma mudança. Nada de locais fechados e sisudos. Somos sobreviventes, em todos os aspectos, e merecemos celebrar com alegria e criatividade. Romper regras será uma diversão a mais.

Outra alteração, muito bem-vinda em nossa opinião, é uma mudança de foco: grandes vinhos passam a ser apenas vinhos (e vice-versa) e o simbolismo de compartilhar uma garrafa ganha dimensões nunca imaginadas.

Seguindo nesta linha, quanto mais informal, melhor. Decantem, aerem, usem desde taças cristal até copos de papel. Se estiver fora da temperatura, uma pedrinha de gelo resolve. O importante, daqui para a frente, é não perderem mais nenhuma oportunidade.

Por último, se nenhum destes argumentos lhes convenceram, imaginem que poderá ser uma ótima oportunidade para renovarem suas adegas. O mercado já está repleto de boas novidades, inclusive de vinhos nacionais de alta qualidade.

Pensem nisso.

Saúde e bons vinhos!

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