Categoria: O mundo dos vinhos (Page 37 of 82)

Bacalhau, peru, presunto, frutos do mar e doces…

Sommelier, Consultor, Wine Writer ou um Enófilo dedicado, todos recebem a mesma questão quando se aproximam as comemorações de fim de ano:

Que vinho eu sirvo?

Não existe uma resposta, mas várias. São tantos detalhes envolvidos que é quase uma missão impossível cravar este ou aquele vinho como a melhor escolha. A condição ideal seria ter mais de uma opção, pelo menos um vinho de sobremesa para harmonizar com rabanadas e tortas ao final da refeição.

Historicamente, seguimos as tradições portuguesas. Bacalhau é quase que obrigatório, mesmo que o preço ande nas alturas. O peru há muito tempo foi substituído pelo Chester. Presunto tender é outra presença habitual, servido com rodelas de abacaxi em conserva, pelo menos. Casas mais modernas optam por receitas mais sofisticadas onde camarão, polvo e outras delícias do mar são os protagonistas.

Algumas ideias.

Uma das soluções é servir um bom espumante do começo ao fim. Funcionam como verdadeiros coringas. Por conta de sua boa acidez, são capazes de harmonizar até com carnes defumadas, o que não é exatamente um cardápio natalino. Na hora das sobremesas abram um espumante de Moscatel. Os produzidos no Brasil são considerados os melhores do mundo.

Bacalhau pode ser acompanhado com um tinto ou um branco, tudo vai depender da receita e do grau de harmonização desejado. Aposta certa são os Vinhos Verdes de boa qualidade. Alvarinho, Loureiro, Trajadura e a tinta Vinhão (Souzão) são escolhas seguras. Bebem-se frios, gelados.

Se o prato principal for camarão, os brancos já citados também podem ser servidos. A essa relação podem ser acrescidos os famosos Sauvignon Blanc sul-americanos, são perfeitos.

Polvo assado ou grelhado pode ser harmonizado com um tinto de boa cepa, como um Malbec argentino. Na gama de brancos, acrescentem o Chardonnay e o Semillon, só para ficar nas castas habituais.

O tender casa bem com um tinto mais leve como um bom Merlot. Os produzidos aqui, no Vale dos Vinhedos, tem ótima relação custo x benefício. Se quiserem ousar, sirvam um Gewürztraminer ou um Viognier.

A macias e brancas carnes, do peru ou do frango, combinam bem com brancos de personalidade e acidez média: Chenin Blanc sul africano ou o versátil Chardonnay são boas opções. Entre os tintos, prefiram os de corpo médio, o já citado Merlot, um Garnacha ou um Sangiovese. Vinhos rosados, uma tendência em todo o mundo, completam esta lista.

No capítulo das sobremesas as possibilidades se multiplicam.

Para as Rabanadas é só preparar a famosa calda de Vinho do Porto (*). Vinhos de sobremesa começam nos bons colheitas tardias brasileiros, argentinos, chilenos e uruguaios, como o famoso Licor de Tannat. Passam pelo Moscatel de Setúbal, encontram os Sauternes bordaleses e chegam na Itália, seja na siciliana ilha de Pantelleria com seus Passitos ou na Toscana e seu Vin Santo.

Recomendações finais

Não é a hora de economizar na bebida. Procurem nas boas lojas e mercados, produtores como Valduga, Ponto Nero, Salton, Chandon, Alma Única, Perrini e muitos outros.

Se a opção for por vinhos importados, os elaborados em Portugal, Itália, França, Argentina e Chile são os mais comuns em nosso mercado. Há mais opções, tudo depende do orçamento de cada um.

Nas lojas especializadas, não hesitem em pedir ajuda.

Saúde, bons vinhos e boas festas!

Estaremos de recesso até Janeiro de 2022.

Foto de abertura:Natal” criado por Timolina para Freepik

(*) Calda de Vinho do Porto para as Rabanadas 

Ingredientes: 
500 g de açúcar 
300 ml de água 
Casca de uma laranja 
1/2 cálice de vinho do Porto 

Preparo
Misture o açúcar e a água com a casca de laranja. Leve ao fogo e ferva por uns 3 minutos. Acrescente o vinho do Porto, espere ferver até o ponto de fio fino. Espere esfriar. 

Hábito, lenda ou mito?

A notícia não é nova: algumas garrafas do famoso Château Petrus foram passar uma temporada no espaço e já retornaram, até onde se sabe, sem problemas. O que há de novo é a volta de uma velha discussão, sobre os efeitos de uma longa viagem nas garrafas de vinhos transportadas.

A recomendação é antiga: deixe repousar as garrafas que viajaram com você antes de degustá-las. A ideia seria permitir que os eventuais sedimentos, revolvidos durante o transporte, decantem naturalmente para o fundo da garrafa ou para um lado, no caso de deixá-las repousando na horizontal.

Como em qualquer outra disputa, lados se formam e defendem seus pontos. Há quem afirme que é possível identificar alterações em várias características como taninos mais agressivos, aromas e sabores fechados e até efeitos sobre o teor alcoólico. No outro lado do ringue está a turma que apenas diz: “isso não passa de sua imaginação” …

Do ponto de vista da ciência, pouca coisa foi estudada até agora. Uma das experiências mais completas trabalhou com 3 grupos de amostras de um mesmo vinho. Uma parte permaneceu fixa, para servir de referência. As outras duas viajaram uma longa distância, por avião ou transporte rodoviário.

Reunidas, foram avaliadas por uma painel de especialistas que não foi capaz de identificar nenhuma diferença que justificasse um alerta, pelo menos. As análises laboratoriais mostram variações, pouco significativas, nos níveis de SO2 e na coloração, principalmente no grupo que viajou de avião, o que implicaria numa maior absorção de oxigênio pelas rolhas.

A viagem e estadia espacial das garrafas do “São Pedro” trazem novas evidências para o debate. Passaram por condições extremas, repousaram um ano em gravidade zero e retornaram em nova e violenta reentrada na atmosfera terrestre.

A experiência tinha outro objetivo, estudar os efeitos da microgravidade nas propriedades químicas e biológicas do vinho. Tudo foi feito dentro de rígidos e extensos protocolos, entre eles, um período de dois meses de readaptação antes de abrir algumas garrafas para uma degustação.

Curiosos com o resultado?

O grupo de especialistas que participou desta prova, às cegas, foi unânime: a única diferença perceptível era um aumento na intensidade das notas florais. Nenhum defeito foi notado.

Será que mais um mito foi detonado?

Cautela e canja de galinha nunca fizeram mal a ninguém, diz a sabedoria popular. Se vocês leram direitinho o texto, perceberam que o nosso vinho astronauta descansou um par de meses antes de ter sua rolha sacada…

Por outro lado, se as forças gravitacionais extremas, velocidade de 30.000 Km/h além vibrações e impactos brutais, não conseguiram estragar um vinho excepcional, por que deveríamos nos preocupar?

As garrafas que eu trouxe da minha recente viajem ainda estão se recuperando. Eu continuo acreditando que este é um bom hábito. Mas os fatos foram expostos. Cabe ao leitor escolher o seu caminho.

Saúde e bons vinhos!

Foto de abertura obtida no Pexels

Enólogo por 1 dia

Não chegou a tanto, “por algumas horas” estaria melhor. Foi uma das atividades mais divertidas e instrutivas pelas quais passei neste imenso mundo dos vinhos.

Tudo começa nestes pequenos tanques, cada um com um vinho semipronto: Trajadura; Loureiro; Avesso; Alvarinho e Arinto. A proposta é aprender as características de cada um e receber alguma informação sobre como se comportam quando misturados. Com tudo isso assimilado e anotado, partimos para o que realmente interessa: cortar o seu próprio vinho.

Para realizar essa tarefa, contamos um conjunto de taças, uma proveta graduada e um rótulo em branco, apenas com o nome da vinícola.

O primeiro passo é degustar cada vinho enquanto um orientador explica as características de cada uva. Em seguida começam os experimentos com as misturas. Uma das recomendações é limitar o número de castas a serem combinadas. Duas seria o normal, três para os aventureiros e mais que isso, “não vai dar certo”. A foto, a seguir, ilustra o momento em que já estava pronto para decidir o que gostaria de misturar e em quais proporções.

Uma das curiosidades ficou por conta da casta Avesso. Nosso mestre explicou que ela se comporta de maneira quase oposta às demais e tende a ser dominante, mesmo em proporções menores. Isso bastou para que eu resolvesse desafiá-la. Só pelo nome, já dava para desconfiar.

O blend inicial é feito com ajuda da proveta. Escolhi a casta Loureiro como base, acrescentei Alvarinho e um toque da rebelde Avesso. O olhar que recebi do professor não foi o de “aprovação” …

Foram necessários uns dois ou três ajustes. Provei a combinação de Loureiro e Alvarinho e fui acrescentando a Avesso até o meu paladar ficar satisfeito. O resultado foi este: 50% Loureiro; 30% Alvarinho; 20% Avesso.

Em seguida o professor calcula as quantidades para encher uma garrafa (750 ml), que nos é fornecida devidamente limpa e esterilizada. Tudo que resta fazer é, pacientemente, encher a proveta algumas vezes, despejando tudo na garrafa. Agora não tem mais volta, alea jacta est.

Mais passos são necessários: arrolhar, encapsular o gargalo, produzir e colar o rótulo. Hora de pagar um mico: como eu era o aluno mais próximo do equipamento, fui convidado a tentar colocar uma rolha na minha garrafa. Primeiro tentei só com um pouco de habilidade e força manual. Como é quase impossível, recebi, para ajudar, um malhete, que também não resultou em nada.

Gargalhadas à parte, e com uma ponta de decepção, sou apresentado à “máquina” arrolhadora, uma relíquia de tempos imemoriais, que funcionou perfeitamente depois de aprender a técnica correta, cheia de pegadinhas: centre a garrafa no apoio, coloque a rolha no receptáculo, ajoelhe no banco com a perna esquerda e faça força na alavanca com o braço direito.

Era assim, antigamente! Uma por uma…

A cápsula não foi difícil, era só escolher a sua cor predileta, colocar no gargalo e usar outra maquininha, aquela vermelha da foto à esquerda, que aquece e cola. Leva poucos segundos. O que vai no rótulo é de livre escolha. Mas ele deve ser colado a “três dedos” acima do fundo da garrafa.

Eis o produto acabado:

Dúvida de todo o grupo que participou dessa experiência: podemos gelar e beber?

A resposta foi: ainda não!

Os vinhos-base estavam em estado bruto. Não foram filtrados, decantados ou mesmo estabilizados. Sugeriu que deixássemos as garrafas de pé, por cerca de 1 semana e só depois estariam adequados para degustar. Podem ser guardados por pouco tempo. O ideal é não esperar muito. Aprendemos, também, que o resultado final pode ter ficado bem diferente do que foi imaginado.

A minha garrafa passou por todas estas recomendações. Viajou até o Rio de Janeiro, onde está repousando. Ainda não decidi quando e com quem vou experimentar este vinho único e que nunca será repetido.

Será que vou pagar outro mico?

Cartas para a redação! (os comentários são sempre bem-vindos)

Saúde e bons vinhos!

Portugal 2021 – resumo da 3a semana

Outra semana movimentada em terras lusitanas. Ainda no ótimo hotel Monverde, participamos da atividade Enólogo por 1 dia. A foto que ilustra este texto mostra o local onde foi realizada. São 5 vinhos que vamos experimentar e depois, seguindo algumas sugestões do instrutor, mistura-los em proporções ao nosso gosto. Quando tudo estiver a contento, engarrafamos, arrolhamos e colocamos um rótulo personalizado. Muito divertido e instrutivo. Para o meu corte usei Loureiro, Alvarinho e Avesso.  

Já devidamente instalados na cidade do Porto, fomos visitar o espetacular World of Wine, em Vila Nova de Gaia. Para os amantes dos vinhos é um programa imperdível. Um parque temático com atrações para todos os gostos, além de lojinhas e uma variada praça de alimentação. Optamos pela Wine Experience, um passeio interativo e interessantíssimo, mesmo para quem já tem um bom nível de conhecimento. 

Outras opções nos levariam pelo mundo das rolhas, dos vinhos rosados, do vinho do Porto, da moda e até uma fábrica de chocolates. Dentro do complexo há ainda uma escola com interessantes cursos. 

Para fechar a semana, um passeio até a simpática Vila do Conde, onde fica o melhor Outlet da região e outro até Aveiro, para visitarmos uma amiga. Ainda houve tempo para uma degustação de vinhos de pequenos produtores no Palácio do Vinho Verde. 

Bons restaurantes e bons vinhos, afinal, este é um blog sobre essa deliciosa bebida. Aqui está a relação da semana: 

Alma D’Ouro branco 2020 

Vinho da casa do bom restaurante Pobre Tolo, em Amarante.  

Terras do Minho Touriga Nacional Rosé 2020 e Quinta da Lixa Trajadura 2020 

Degustados no hotel Monverde. Ambos bem interessantes. O Trajadura foge do estereótipo dos vinhos verdes: muito seco. 

Encosta do Amieiro branco 

Vinho da casa do restaurante Cidade, no Porto. Acompanhou corretamente um bom bacalhau com natas. 

Akménine Sancerre 2016 e Quinta da Lixa Escolha White Blend 2020 

Estes dois foram degustados no domingo de pizza na casa de Tomás e Carol. Ele foi o pizzaiolo. O Sancerre, orgânico, estava na hora de ser consumido. O Escolha é outro bom vinho da Quinta da Lixa. 

Campelo Arinto 2020, Casal da Ventozela Arinto 2020 e Dom Diogo Arinto 2020 

Provados na degustação comparativa no Palácio do Vinho Verde. Vinhos quase exclusivos, pequenas produções. Foi uma ótima experiência, com direito a uma boa aula sobre o Minho e seus vinhos típicos. O favorito foi o segundo. 

Herdade do Peso Reserva 

Provado no jantar, restaurante Flow, Porto. 

.Com Premium branco 

Almoço no restaurante Bronze, em Aveiro/Ilhavo. 

Para terminar, o rótulo do meu vinho, elaborado no hotel Monverde/Quinta da Lixa. 

Neste sábado partimos para a Galícia. 

Saúde e bons vinhos 

El Artista – Bom e barato!

O mercado de vinhos finos é dividido em vários segmentos. Qualidade e preço são dois nichos que se destacam, mas nem sempre andam juntos. Excluindo as extremidades, vinhos ruins e baratos/vinhos ótimos e caros, há uma intensa disputa no miolo destes segmentos, com algumas sobreposições bem interessantes para o consumidor despretensioso, ou seja, a grande maioria.

Há algum tempo, o lançamento de um vinho espanhol, de boa qualidade e ótimo preço, causou uma verdadeira revolução no mercado. Comercializado como um produto de alta gama com um preço que beirava o ridículo de tão barato que era, conquistou igual legião de fãs e detratores.

Elogios e críticas recaiam sobre a qualidade do vinho: enófilos mais exigentes achavam que era fraca, já o grupo que consome vinhos diariamente percebeu logo o objetivo da marca e o adotou. Foi uma boa inovação, principalmente pela pouca penetração dos vinhos espanhóis no nosso país. Aqueles mais curiosos e experimentadores saíram em busca de conhecer mais vinhos de lá e não se arrependeram.

Recentemente Chegou ao mercado mais um bom espanhol para concorrer diretamente no segmento do bom e barato. Um concorrente direto do vinho “mucho loco” e muito barato.

O e-commerce de vinho Wine Duty Free está distribuindo este 100% Tempranillo, que pode ser adquirido em dois estilos:

El Artista Tempranillo 2020

Bodegas Fernando Castro

100% Tempranillo

12% teor alcoólico

Tampa de rosca.

Notas de prova: um vinho bem equilibrado e sem grandes pretensões. Fácil de beber, agradável. Aromas de frutas maduras e/ou secas. Taninos bem controlados, acidez correta. Ótima opção para o dia a dia, um vinho sem compromissos. Vai bem com carnes, massas com molhos vermelhos ou de queijos.

El Artista Gran Reserva D.O Valdepeñas 2012

Bodegas Fernando Castro

100% Tempranillo

18 meses em barricas de carvalho europeu e americano

13% teor alcoólico

Medalha de ouro no Berliner Wein Trophy 2018

Notas de prova: Um vinho mais encorpado que o anterior, mais sério e circunspecto. Muito bem equilibrado e harmônico, com aromas de frutas vermelhas escuras. Taninos no ponto certo para um vinho com quase 10 anos de elaborado. Final de boca longo e persistente. Acompanha pratos de carnes com sabor marcante, molhos encorpados para massas e queijos maduros e aromáticos.

Este vinho poderia ser facilmente comercializado em outro segmento. A Wine Duty Free está com preços promocionais o que torna esta compra uma verdadeira pechincha. Imperdível.

A Bodegas Fernando Castro foi fundada em 1850 e possui um extenso portfólio de produtos. Esses rótulos são elaborados para exportação, exclusivamente.

Agradecemos a Wine Duty Free e a Lucky Assessoria de Comunicação & Marketing Digital pelo envio do Press Kit.

Saúde e bons vinhos!

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