Categoria: Saúde (Page 1 of 3)

Drama ou Comédia?

Existem diversos tipos de enófilos. Alguns têm atitudes muito exigentes, limitando seu campo de opções, outros são tão abertos que acabam degustando qualquer zurrapa que lhes é servida.

Entre estes extremos, encontramos diversas outras “cepas” de apreciadores, algumas risíveis, como os enochatos, ou grupos de pessoas que por opções de vida adotam filosofias como vegetarianismos, veganismo, naturalismo, minimalismo e assemelhados.

Estes consumidores, a cada dia, se tornam mais importantes para os produtores de vinho. Buscam vender seus produtos até para os que nem consomem bebidas alcoólicas. Neste caso, criaram o vinho sem álcool…

Como tudo que é produzido numa sociedade civilizada, a elaboração de vinhos é controlada por normas de produção diversas. Cada país ou região produtora dita suas regras. Acreditem, diferem bastante.

Há limites para tudo: tipos de castas, uso de fertilizantes, métodos de manejo do vinhedo, leveduras etc. Estas informações, que seriam de grande ajuda para a turma da vida natural, nem sempre constam da rotulagem dos vinhos ou mesmo das fichas técnicas.

Já existe um movimento, principalmente dentro da União Europeia, para que rótulos e contrarrótulos sejam mais explícitos, informando sobre presença de glúten, alertando que consumir álcool faz mal à saúde, cálculo de calorias consumidas e outros dados alimentícios. Mas nada dizem sobre produtos de origem animal usados na produção, por exemplo.

Para um leigo, pode parecer estranho que uma bebida elaborada a partir de uma fruta, não seja vegetariana e/ou vegana. Mas é perfeitamente possível.

Em vez de rirmos, deveríamos nos preocupar com este micro drama: como saber se um vinho se enquadra nesta ou naquela filosofia de vida?

Sem fazer qualquer julgamento sobre o estilo de vida adotado por alguém, ou mesmo sugerir que é melhor nem pensar em degustar vinhos, vamos destacar alguns pontos “por trás da cortina”, que mesmo gente tarimbada nem se dá conta.

Tudo começa no vinhedo: fertilização com resíduos animais já é um impeditivo para alguns. Defensivos agrícolas é um capítulo à parte: aqui entraria o conhecido manejo biodinâmico, uma filosofia desenvolvida por Rudolf Steiner em 1920, que está bem aceita e difundida atualmente. Se consta no rótulo, é porque foi certificado por um instituto competente.

Em algumas legislações, é aceita a “Calda Bordalesa” (sulfato de cobre + cal) como produto orgânico. Mas nem sempre o grupo de consumidores mais exigente concorda com isto. Este uso nunca é especificado nos rótulos.

Por mais estranho que pareça, a forma de colher as uvas também pode refletir, negativamente, na vida deste grupo.

Colheitas mecânicas não são seletivas. Podem trazer, junto com as uvas, diversos insetos e pequenos animais. Estes serão removidos numa fase posterior e jamais cairão num tanque de fermentação, a não ser por acidente. Mas o simples contato com o material colhido já vai causar problemas…

Mesmo na fase de elaboração, existem processos que empregam produtos de origem animal. A fase de filtração e clarificação é típica.

Produtos como clara de ovos, caseína, gelatina e cola de peixe vão causar arrepios na turma vegetariana. Por esta razão, a maioria dos vinhos naturais não passa por esta etapa.

Já existem alternativas não animais: lama bentonita, carvão ativado, proteínas 100% vegetais e até mesmo leveduras mortas.

Mas…

Segundo alguns profissionais, há uma mudança sensível em relação ao paladar do vinho. Citam o clássico exemplo da clara de ovo, daí a expressão “clarificação”:

A “clara” além de remover sedimentos quase invisíveis, deixando nosso vinho muito transparente, também age, através de suas cargas iônicas e compostos fenólicos, amaciando taninos muito ásperos.

Só nos resta rir ou chorar.

A escolha é individual.

Saúde e bons vinhos!

Dica da Karina: Cave Nacional Marcelão 2023

Em celebração aos 50 anos do Marcelo, fundador da Cave Nacional, a casa lançou o Marcelão 2023 feito em parceria com a Cave Antiga.

Vinho 80% Marselan safra 2023 e 20% Tannat safra 2022 com 6 e 17 meses de guarda em carvalho francês, respectivamente.

Vinho elegante, de coloração intensa, aroma típico de frutas maduras, especiarias destacando notas de baunilha de intensidade média e toques de tostado pela passagem por carvalho francês. De excelente estrutura e taninos de média intensidade devido ao caráter do corte do Marselan com o Tannat, bem adaptado às condições de solo e clima da Serra Gaúcha.

Para adquirir este vinho, clique no nome ou na foto. A Cave Nacional envia para todo o país.

CRÉDITOS: Imagem de Freepik

Vegetarianismo e o vinho

Pode parecer estranho, mas o vinho não é, necessariamente, um produto estritamente vegetariano e menos ainda vegano, uma filosofia de vida que vai muito além de uma dieta isenta de alimentos de origem animal.

Embora em sua composição só existam uva e leveduras, ambos 100% vegetais, nos diversos processos de elaboração de um vinho podem ser empregados produtos de origem animal. Acreditem, a lista é grande e, em alguns casos, altamente insuspeitos.

Depois de fermentado, o mosto tem aparência muito turva com muita coisa em suspensão no líquido. São restos das cascas das uvas, algumas proteínas decorrentes da reação e resíduos das leveduras que precisam ser removidos para assegurar uma boa aparência e qualidade de aromas e sabores ao final.

Um dos produtos mais simples e antigos usados no processo de clarificação de um vinho é a clara de ovo, que não se enquadra nas regras da dieta vegetal. Além dela, mais subprodutos de origem animal podem ser usados: sangue, medula óssea, gelatina, cola e óleo de peixe, quitosana e caseína.

Todos estes produtos citados cumprem a mesma função: auxiliar na filtração e clarificação do vinho. A escolha fica a critério do produtor.

Existem alternativas que se enquadram nas regras do vegetarianismo e veganismo. A primeira e quase óbvia, é não filtrar o vinho, optando por deixá-lo em repouso por um longo tempo, decantando e sedimentando. Produtores de vinhos naturais seguem esta linha. A aparência pode não ser a mais comercial, mas o vinho está com tudo que lhe pertence dentro da garrafa.

Outra técnica emprega produtos de origem mineral como bentonita, sílica gel, caulim, calcário e de origem vegetal como algas e caseína obtida a partir de plantas. Algumas destas técnicas tem influência direta no preço final do vinho.

Para o grupo que segue a filosofia vegana, ainda há mais pontos a serem considerados. Algumas rolhas de cortiça são produzidas a partir de resíduos aglomerados com uma cola de origem animal. O encapsulamento das garrafas, se feito com cera de abelhas, é mais um item a ser observado. Os que seguem este regime de forma mais restrita se preocupam, também, com o manejo do vinhedo: nada de fertilizantes de origem animal.

Na legislação brasileira não há nenhuma obrigatoriedade de mencionar se um vinho é vegetariano ou vegano. Entretanto, muitos produtores, que já perceberam um bom potencial neste mercado, incluem estas informações em seus vinhos, seja no rótulo ou contrarrótulo.

A Sociedade Vegetariana Brasileira criou, em 2013, o “Certificado Produto Vegano SVB”, um programa de reconhecimento já adotado por boas vinícolas nacionais, que exibem o selo (foto) em seus produtos.

Lojas on line costumam colocar um marcador, ao lado da foto de cada produto, indicando se é adequado para consumo por quem segue uma destas dietas. Nas lojas presenciais, o melhor caminho é perguntar ao vendedor.

Saúde e bons vinhos!

CRÉDITOS:

Foto por Lisa Davies no StockSnap

Aromas e Sabores

Apesar de ser bem comum, abrir uma garrafa de vinho, servir uma taça cumprindo o ritual de examinar a cor, sentir os aromas, provar um pequeno gole e, em seguida, descrever algo como “aromas de morango, amoras e framboesas, taninos equilibrados e boa acidez”, sempre impressiona.

Tudo ganha um ar de mistério quando fazemos o mesmo e o máximo que nos aproximamos da descrição é uma vaga lembrança aromática de “frutas vermelhas”. O resto, passa batido.

A verdade é que nem todo mundo está preparado ou treinado para fazer este tipo de análise, ainda mais, agora, depois desta epidemia que roubou a capacidade de degustar de quem acabou contaminado.

Existem exercícios para treinar ou recuperar o olfato e o paladar perdidos.

Para tirar bom proveito destas técnicas que serão sugeridas é preciso entender que há uma enorme distância entre provar uma fruta e tentar encontrar estas mesmas notas num vinho.

Tomemos um exemplo bem simples: morango. Seu aroma e sabor são bem característicos e ninguém vai ter dúvidas do tipo “pode não ser um morango” ao saboreá-lo. Mas não tem morangos na elaboração dos vinhos. O que acontece é que alguns compostos químicos decorrentes dos processos de vinificação induzem, na nossa memória olfativa e gustativa, sensações que lembram aquelas que obtivemos com a fruta in natura.

Este é um bom ponto para começar a treinar olfato e paladar. Vamos listar algumas frutas que, quase sempre, estão presentes nos vinhos mais conhecidos de todos. O exercício consiste em provar, uma de cada vez e em ocasiões distintas. Isso fará uma novo registro sensorial. Procurem por características que possam não deixar dúvidas sobre o que está sendo degustado. Evitem criar associações com outros sabores.

A segunda parte do treino será tentar identificar em que vinho estas frutas podem aparecer. Não provem a fruta junto com o vinho, apenas imaginem. Tentem lembrar de algum vinho já degustado. A confirmação de sucesso ou fracasso virá quando decidirem fazer uma prova real, degustando um dos possíveis vinhos identificados.

A relação básica das frutas: Amora, Framboesa, Ameixa, Cereja preta ou, se preferirem, uma compota de frutas vermelhas é um bom substituto. Além destas temos: Maçã Verde, Lichia, Pêssego e Melão.

Reparem que são frutas de sabores pouco marcantes. Propositadamente não incluímos nenhuma fruta cítrica nesta relação.

Para os que preferirem saber os tipos de vinhos mais associados a estas frutas é só pedir as respostas por e-mail (tuty@oboletimdovinho.com.br) ou nos comentários.

Taninos, acidez, doçura e teor alcoólico são mais complicados para se treinar, exigindo alguma preparação. Será necessário um pouco de vinho tinto, da sua preferência (brancos não são tânicos), um álcool neutro como Vodca, de boa qualidade, sem aromas e sabores, chá preto em saquinho, limão e açúcar. Necessário também tempo, paciência e disposição.

O que se busca num exercício como este é acentuar, fortemente, cada uma destas características para, novamente, criar ou recriar novos registros sensoriais.

Os quatro exercícios são análogos e sugerimos que sejam feitos separadamente. A técnica é simplesmente fazer a mistura e provar. Quanto menos o olfato for envolvido, melhor.

Tenha sempre uma taça do vinho sem as misturas para servir de referência.

Tanino – dissolva um saquinho de chá preto numa taça de vinho por cerca de 8 a 10 minutos. Prove, deixando a mistura passear por toda a boca. Deve ficar adstringente e amargo.

Acidez – desta vez acrescente um pouco de suco de limão a uma nova dose de vinho. Neste exercício recomenda-se fechar o nariz antes de provar. Procure por novas sensações na cavidade bucal, comparando com as do experimento anterior.

Álcool – vamos acrescentar uma dose de boa Vodca numa taça de vinho e observar o que muda na hora de degustar. Procure não sentir aromas para enfatizar o paladar. Uma das reações mais comuns é sentir um pouco mais de doçura em relação ao vinho de referência.

Doçura – o último experimento é o mais simples, acrescente uma colherada de açúcar numa taça de vinho. Neste treino, libere o olfato e busque por aromas frutados, comparando com o vinho sem misturas.

Em qualquer um deles, faça comparações diretas com o vinho de referência, observando alterações no corpo, picância, sensações de volume e calor. Há muito que observar e aprender.

Estes exercícios foram adaptados de publicações diversas, entre elas o excelente site Wine Folly.

Divirtam-se e apurem olfato e paladar.

Saúde e bons vinhos!

Foto de Julia Volk no Pexels

A culpa não é dos sulfitos!

Uma das virtudes mais apregoadas pela turma que produz vinhos naturais, sobre a ausência de sulfitos na sua composição impedir as famosas dores de cabeça, está caindo por terra. Segundo contam os mais recentes estudos, mais uma lenda está prestes a ser desmistificada.

Vocês já ouviram falar de Aminas Biogênicas?

Elas formam um grupo bastante conhecido, por exemplo, Histamina, Dopamina e Serotonina, entre outras. São consideradas tóxicas e indesejáveis, principalmente em alimentos e bebidas, vinhos inclusive.

A novidade do momento é que a ausência dos sulfitos na produção dos vinhos, um composto conservante, permite que estas aminas estejam presentes no produto final.

E, sim, são elas que causam a dor de cabeça ou a popular ressaca…

Desta forma, os vinhos “sem sulfitos” causam mais problemas do que os vinhos de produção tradicional. E muita gente se converteu a este estilo por esta razão.

O embate entre os dois “trends” anda bem animado. Não se sabe, ao certo, onde teve início a implicância com os compostos sulfurados. Estatisticamente, apenas 1% da população é sensível a eles, o que nem seria um problema para os apreciadores de um bom vinho, natural ou não.

Mas os naturalistas se apegaram a este fato com todas as forças, é quase um mantra. Não é difícil compreender seus motivos, a filosofia por trás desta linha é a da mínima intervenção – tudo que é necessário já está ali: a uva, as leveduras, nada de agrotóxicos, nada mecanizado. Quase que é só colher e deixar fermentar, sozinho…

Não sabemos se por opção ou por desconhecimento, omitem que, mesmo assim, alguns compostos sulfurados surgem durante o processo de fermentação. Quem segue está linha apenas não acrescenta mais nenhum. Por esta razão, os vinhos naturais, principalmente os brancos, não tem uma vida muito longa.

A discussão pode chegar bem mais longe. Um dos pontos mais polêmicos traz de volta, com outra roupagem, o “representar o terroir”. Os naturalistas afirmam que só os seus vinhos têm esta propriedade e que os demais seriam o resultado de uma grande química.

Nem tanto ao mar e nem tanto à terra!

Contrariar a ciência é complicado, ainda mais quando se usa alguma forma de negacionismo como ferramenta de marketing. Já vimos outras disputas como esta, por exemplo, velho mundo contra novo mundo; a “parkerização” dos vinhos; com madeira e sem madeira. Poderíamos fazer um longo texto somente com estas eternas discussões. Mas não chegaríamos a lugar nenhum, há espaços para todos.

Apenas lembrem-se: não julguem um vinho em função de uma possível dor de cabeça no dia seguinte.

Fiquem atentos:

– menos sulfitos implicam em mais aminas e uma chance maior de problemas, principalmente nos brancos;

– relaxe com preocupações como “terroir bem representado”. Tem que ser muito “bico fino” para entender e perceber o que é isso. Entre os apreciadores de vinho, mundo afora, a taxa de pessoas capazes de compreender este aspecto é ainda menor do que os que sofrem por alergia a sulfitos;

– um bom vinho não é definido apenas pelos aditivos que contém ou não. Há muito mais coisas envolvidas. As generalizações são sempre perigosas. Um dos maiores vinhos do mundo, o Romanée-Conti, não permite nenhuma mecanização em seus vinhedos. Cavalos são utilizados até hoje. E nem por isso se vende como “natural”;

– vinho é um produto comercializado da mesma forma que muitos outros que usamos de forma rotineira. Na maioria das vezes, algumas destas verdades mercadológicas não passam de belas embalagens que, quando abertas, estão vazias;

– vocês podem até não gostar, mas um vinho de 100 pontos é de se tirar o chapéu, seja tradicional, natural, esotérico ou do metaverso;

– e não dá dor de cabeça…

Saúde e bons vinhos!

Foto de abertura: Pixabay

O vinho pode combater a COVID?

É quase inacreditável que, ao mesmo tempo em que estamos num período da história onde a alta tecnologia é a grande estrela, tenhamos nos tornados reféns da desinformação.

A situação é tão grave que já há pesquisadores que cunharam a frase “era da desinformação” para que os futuros historiadores classifiquem e comparem com outros períodos da vida humana, como os da era Mesozoica: Triássico, Jurássico e Cretáceo. Qualquer semelhança não é mera coincidência.

A tecnologia tem sua parcela de culpa nisso tudo, afinal, a busca por uma maior facilidade e velocidade para resolver as tarefas do dia a dia foi a grande impulsionadora das chamadas “redes sociais”, um tipo de mal necessário que acabou com o nosso bom senso e a capacidade fazermos uma análise crítica do que nos é oferecido ali.

Há pessoas que acreditam, piamente, que só nestes ambientes é que se encontra a verdade, como um certo Dignitário, lá no Planalto Central: o resto é lixo!

Por ser considerado um especialista quando o assunto é vinho, fui bombardeado com mais de uma centena de cópias, de uma mesma mensagem, junto com as mais curiosas manifestações de aprovação: a de que “consumir vinhos combateria a epidemia de COVID”.

Tudo bem que este “oba oba” certamente proporcionou alguns instantes de pura felicidade para esses leitores. Só que nenhum deles passou da manchete sensacionalista. Ninguém se preocupou em buscar uma fonte original para, pelo menos, ter uma ideia do que se estava falando.

Pior, não deram importância para uma conjugação do verbo poder, na 3ª pessoa do singular do presente do indicativo: PODE.

Copiado de um dicionário da nossa língua:” Ação de poder, de ter capacidade, direito ou autoridade para conseguir ou para realizar alguma coisa”.

Perfeito! Creio que ficou claro, para nossos leitores, que PODE não significa que VAI, não é uma CERTEZA: tem a capacidade, mas outras condições são necessárias.

Esta pesquisa, que começou em 2003, quando da epidemia de SARS, descobriu que, em laboratório, o ácido tânico tinha capacidade para inibir duas enzimas importantes do coronavírus da SARS.

A epidemia passou e a pesquisa foi abandonada.

Recentemente, pesquisadores de um centro médico em Taiwan retomaram esses estudos e confirmaram que o ácido, em questão, agia igualmente no coronavírus da COVID, nas condições obtidas em laboratório.

Aqui começa a confusão que tentarei esclarecer:

– O ácido tânico e taninos não são a mesma coisa;

– Taninos são polifenóis, um composto de origem vegetal que pode ser encontrado em diversos alimentos como nas cascas da banana, caqui, maçã, uva, em sementes como nozes e castanhas e em algumas bebidas como chá e o vinho;

– Taninos contêm quantidades variáveis de ácido tânico e nem todos os taninos são iguais. No caso do vinho, tudo dependerá da casta vinificada, da forma de elaboração, principalmente do tipo e tempo de maceração empregada e, até mesmo, do famoso terroir;

– Inferir que os taninos do vinho PODEM combater a COVID é uma afirmativa, no mínimo, imprecisa;

– Em tese, sabendo que há um pouco de ácido tânico nos vinhos, seria viável supor que um consumo controlado da nossa bebida favorita teria algum efeito terapêutico.

Mas…

1 – Segundo alguns pesquisadores que tentaram responder a essa questão, a quantidade mínima de vinho, altamente tânico, que uma pessoa, com boa taxa de absorção de taninos (varia muito), deveria consumir para obter algum efeito terapêutico seria 1 litro por dia!

Se optarem por esse caminho, aconselho ter, sempre à mão, o endereço da reunião do AA mais próxima de suas residências.

2 – Isso tudo só faria sentido se você estivesse CONTAMINADO – o que não é desejado em nenhuma hipótese. A pesquisa afirma, categoricamente, que “não existe efeito preventivo no consumo desta substância”.

Resumindo: se você desenvolver os temidos e mortais sintomas vai degustar, na veia, uma grande coquetel de medicamentos, mas vinho não será um deles…

Como diz aquele velho jargão, “Melhor prevenir do que remediar”!

Aqui vão os conselhos de sempre:

– Protejam-se – usem máscaras, mantenham um saudável distanciamento, higienizem mãos e objetos que precisem manusear;

– Escolham outras desculpas para degustar vinhos, há uma infinidade delas: tristeza, alegria, boa comida, comida ruim, boas companhias (devidamente distantes) e até mesmo péssimas companhias – troque-as por uma boa taça!

Opções não faltam. Combater o vírus não é uma delas.

Saúde e bons vinhos!

Imagem de abertura: “Ácido Tânico” por Michał Sobkowski sob licença CC BY-SA 4.0

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