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Para onde Vamos? – Enogastronomia

Como todo autor, seja de pasquim, novela ou folhetim, o melhor fica para o final. Visitar uma vinícola não pode ficar só no que interessante ou soltar o clássico “gostei deste”, na hora da degustação. Nosso programa, desta vez, era curtir a Enogastronomia oferecida pelas vinícolas mais importantes, aquelas que visam o segmento de alta gama, onde não se fala em degustar um vinho desacompanhado, seja de boa comida ou de boa companhia. Embora a Finca La Celia tenha nos cativado, não nos ofereceram uma opção de um almoço harmonizado. A pousada só seria inaugurada na semana seguinte à nossa visita. Optamos pela Andeluna Cellars, uma empresa que exporta praticamente tudo que produz. Hoje pertence ao Mr. Lay (é assim mesmo que todos se referem a ele), aquele das batatas fritas. Ali, só vinho top.


Começamos pela arquitetura, uma beleza. Não existe um restaurante, mas uma cozinha, com algumas mesas, preparadas para receber o dono e seus convidados quando estão na terra. Nos intervalos, os pobres mortais podem contratar um almoço, que é preparado de forma exclusiva.

A bossa, neste caso é harmonizar, além dos vinhos, os pães, feitos na hora, com cada prato servido. A seguir, a sofisticação do menu degustado: (tire dúvidas lá no final)
PRIMER PASO
Sopa tibia de maíz, anís estrellado, quinoa, crocante y chips de batatas dulces.
Pan: Tostada de focaccia.
Vino: Andeluna Reserve Chardonnay 2006
 SEGUNDO PASO
Tarta de remolachas asadas, queso azul, ensalada de brotes y pistachos tostados.
Pan: café y pimienta
Vino: Andeluna Merlot 2010
TERCER PASO
Roll de trucha salmonada, queso atuel, verduras de estación asadas, puré dulce de batatas.
Pan: Budín integral con cerezas y semillas de girasol.
Vino: Andeluna Reserva Malbec 2006
CUARTO PASO
MAIN COURS: Pastel de cordero, crocante de parmesano y manzanita com tomillo
Pan: tortita de grasa
Vino: Andeluna Grand Reserve Pasionado 2005
QUINTO PASO
Entre sabores – Pequeño trago.
SEXTO PASO
Postre: Mil hojas de manzanas verdes, arrope de higos y helado de canela ahumada.
Vino: Andeluna Reserva Chardonnay 2006
(o menu pode variar conforme a estação e a disponibilidade de alguns itens).
Embora esteja escrito em espanhol, não é difícil de decifrar. Posso assegurar que foi algo
I.N.E.S.Q.U.E.C.Í.V.E.L!
A foto, a seguir, dá uma ideia da vista. As temperaturas eram baixas e a lareira ajudou a manter tudo num ambiente acolhedor e confortável.

Detalhe da sobremesa e do melhor vinho do almoço: (reparem que está quase vazia…).

Houve outro almoço, no dia seguinte, na vinícola, “Premium”, Terrazas de Los Andes, pertencente ao grupo Chandon. Não vamos entrar em detalhes. A seguir, fotos do local, do cardápio oferecido e de alguns dos pratos. 

Agora só nos resta plagiar, descaradamente, um dos cozinheiros televisivos, o Anonymus Gourmet, que termina seu show com um bordão clássico:

Voltaremos!
Dica da Semana:

Andeluna Malbec 


País: Argentina/Mendoza

Produtor: Andeluna Cellars
Safra: 2009
Rubi intenso com reflexos violáceos. No nariz remete à aromas florais e de frutas, notas de baunilha e toques de doce de leite e chocolate, resultado de sua passagem em barrica de carvalho. Equilibrando estrutura e corpo, apresenta sensações adocicadas com taninos maduros e final de boca muito agradável. Pontuação: 88 Wine Spectator


Pequeno dicionário espanhol – português:
Tíbia – morna
Maíz – milho
Remolacha – beterraba
Brotes – brotos
Budín – pudim, neste caso um pãozinho muito macio
Arrobe – xarope
Helado – sorvete
Pastel – não é a nossa iguaria. A carne do cordero é assada dentro de uma massa, o “pastel” e servida a parte. A massa não é consumida.

Para onde vamos?

Alguns leitores nos escreveram, curiosos, para saber qual o destino da coluna a partir do final da epopeia de produzir um vinho. Uma indagação natural, afinal, parece que fechamos um ciclo. 
Para os apaixonados por vinho, curiosidade, mesmo, é conhecer onde é produzida a nossa bebida predileta. O tema da semana é sobre como conhecer uma vinícola, ou se preferirem enoturismo. 
Este segmento vem crescendo em todo o mundo produtor. Não só ajuda a divulgar os produtos de uma empresa e é uma ótima ferramenta de marketing, como também pode contribuir para o bom rendimento, inclusive financeiro, do empreendimento. Muitos produtores brasileiros já estão preparados para receber visitantes em grande estilo, inclusive com opções de hospedagem. Nossos vizinhos, Chile e Argentina, há mais tempo nesta atividade, se esmeram a cada ano, buscando inovar e cativar mais turistas. Na Europa, a Itália se destaca com as opções de Agriturismo. Espanha, Portugal e França e até mesmo a Grécia, já oferecem programas de visitação e degustação atraentes.
A primeira regra para se decidir sobre um destes destinos é pesar bem o custo x benefício destas viagens. Curiosamente, o nosso turismo interno perde feio para os vizinhos: é mais barato ir a Mendoza do que a Bento Gonçalves, para um morador do Rio ou São Paulo.
Já para visitar uma vinícola europeia, o custo da passagem aérea e hospedagem é alto, o que só seria justificável em caso de um programa mais ambicioso, onde o enoturismo apareceria como uma das atividades.
Como visitar? 
As visitas são sempre agendadas e com horário determinado. Por este motivo, sempre recomendamos que um agente turístico, da cidade que será visitada, seja contratado para organizar o passeio. As opções são múltiplas, além da visita e da degustação básica, pode-se agendar um curso de culinária ou de vinhos, um almoço harmonizado, passeios de bicicleta ou a cavalo pelos vinhedos, participar da colheita, quando for época e, até mesmo, elaborar seu próprio vinho, com rótulo personalizado e tudo.
Cada atividade tem seu custo. Poucas vinícolas oferecem uma visitação gratuita. Mas não é um preço abusivo: eles querem ser visitados e esperam que todos fiquem satisfeitos e comprem seus produtos.
Para deixar os leitores com água na boca, vamos detalhar a visita, realizada recentemente, na Finca La Celia, em Mendoza, Argentina, e o posterior almoço harmonizado feito na vinícola Andeluna.
La Celia
Ao chegar, somos recebidos por um guia da vinícola, neste caso era Federico Colombo, formado em enologia. Ele optou por cuidar da parte turística desta interessante bodega, que está reinaugurando sua pousada e promete, em breve, cursos de fabricação de pães, num antigo curral de criação de cavalos que foi recuperado e convertido para este fim. 

Após as apresentações de praxe, ele nos conta um pouco da história da La Celia, nome da única filha do fundador, Eugenio Bustos, criador de cavalos, que construiu a vinícola em 1890, aproveitando-se de um curioso meio de pagamento vigente, na época, mudas de videira. É a mais antiga da Argentina, hoje, em mãos de capitais chilenos. O logotipo homenageia as duas paixões do Sr. Eugenio: sua filha e os cavalos.
Somos convidados para uma curta caminhada entre os vinhedos, até um pequeno mirante, de onde se descortina toda sua extensão, que chega aos pés da Cordilheira dos Andes.

Todos muito bem cuidados. Infelizmente, nesta época do ano, as videiras dormem e são podadas para entrarem em floração na próxima estação. De volta à sede, vamos conhecer o processo da La Celia. Aqui um fato interessante e importante: o prédio principal, muito danificado num antigo terremoto, foi inteiramente restaurado, ampliado e modernizado. Mantiveram-se as instalações originais, tanques de concreto, mas acrescentando moderna tecnologia. Assim pode-se observar as diferenças entre antigo e novo. Há mesmo uma área não restaurada para que possamos ver como era produzido o vinho antigamente.

Após um percurso pelos meandros do prédio principal, retornamos ao ponto de partida e vamos visitar a futura pousada, que era a casa de D. Celia. Lá também será realizada a degustação contratada. A foto a seguir dá uma ideia do cuidado e carinho com que futuros Hóspedes serão recebidos. O detalhe do chapéu é sensacional!

Já com muita vontade de largar tudo e mudarmos, imediatamente, para lá, passamos à sala de degustação, onde nos aguarda um delicioso espumante, rosé, não só para brindar nossa presença, como preparar nosso palato para os deliciosos vinhos que serão servidos.

Experimentamos 1 branco e 3 tintos. Com as ótimas explicações de Federico, foi possível comparar e entender as sutis diferenças entre os produtos apresentados: Chardonnay, Malbec, Merlot e Cabernet Franc (o melhor). A visita foi finalizada com um belo passeio, de automóvel, pelos vinhedos até chegarmos ao curral, recém-convertido em cozinha de campo.
Despedimo-nos de nosso simpático guia, e rumamos para a Bodega Andeluna, onde contratamos um almoço harmonizado com os vinhos desta importante produtora. Mas esta parte fica para semana que vem… 
Conselhos finais
O ideal é visitar, no máximo, 3 vinícolas num dia – elas são todas muito parecidas e as diferenças estão em pequenos detalhes, muitas vezes técnicos, o que pode não ser do interesse de todos. Há sempre a possibilidade de comprar vinhos e acessórios, a bom preço. Opte pelos produtos diferenciados.
A nossa viagem foi organizada por:
Rojos Divinos – www.divinosrojos.com.ar
Sua dona, María José Machado, é filha de brasileiro e fala muito bem o português. Já está operando no Chile também.
Outras boas operadoras de enoturismo:
Chile
Enotour – www.enotour.cl
Wine travel – http://winetravelchile.com/
Santiago Adventures – http://www.santiagoadventures.com/
Outros destinos
Designer Tours – www.designerstours.com.br (França, Chile, África do Sul e Brasil)
Episode Travel – www.episode-travel.com (Portugal)
Latitudes Viagens – www.latitudes.com.br (grupos capitaneados por enólogos para vários destinos)
Degustadores sem Fronteiras – http://www.degustadoresemfronteiras.com.br/ (idem)

Dica da Semana: 

Finca La Celia Cabernet Franc
Produtor: Finca La Celia
País: Argentina – Mendoza
Uva: Cabernet Franc
Cor: Vermelho profundo e intenso com traços negros. Aroma: Forte presença de madeira, café, tabaco e aromas minerais. Paladar: Taninos fortes e vigorosos. Final de boca longo e intenso.

Compreendendo o Vinho – Final


Um termo muito usado no mundo do vinho é “terroir”, palavra francesa que significa terreno, mas que esconde todo um significado enológico que é considerado primordial: entender a relação do local onde as uvas foram plantadas, e o vinho produzido, com suas características organolépticas. Um conceito complexo e nada fácil de compreender. Estão envolvidos: tipo do solo, condições climáticas, orientação do parreiral, etc..

Podemos perceber melhor esta ideia através de degustações que envolvam vinhos de diferentes regiões ou países produtores. Uma experiência interessante e esclarecedora seria compararmos um Cabernet, produzido na Califórnia, com seus irmãos Australianos, Chilenos, Argentinos e Brasileiros. As cepas internacionais como, Merlot, Syrah e Pinot Noir, são outras boas opções. Entre os brancos, Chardonnay e Sauvignon Blanc. Podemos usar vinhos de um único país desde que haja diferentes regiões produtoras, e que trabalhem as mesmas uvas.
Depois de adquirimos alguma experiência, nestes tipos de provas apresentadas, passamos para uma fase mais séria, mas não menos divertida. São as degustações clássicas: Horizontal e Vertical.
A primeira tem por objetivo compreender a influência de um determinado ano no vinho, comparando caldos de diversos produtores dentro de uma única safra. Mas temos que fixar uma diretriz, estabelecendo alguns parâmetros como a cepa, ou a região ou mesmo um determinado produtor. Para tirarmos algum proveito deste interessante exercício, devemos planejar bem a degustação, pois são tênues as nuances que farão a diferença entre um e outro produto.
Não podemos pensar em “tintos portugueses de 2009”, não teríamos meios de comparar o que vai ser apresentado. Mas “vinhos portugueses de Touriga Nacional, safra 2010”, seria uma prova interessante. A “horizontal” também é boa para compararmos vinhos de corte: diferentes produtores, mesma safra, mesmas cepas. Há uma enorme gama de possibilidades. Uma de suas variações é usada na apresentação dos vinhos de um produtor e pode incluir espumantes, brancos e tintos, num mesmo “flight”.
Na vertical, vamos comparar um mesmo vinho em diferentes anos. Muito importante, pois nos permite conhecer como a bebida evolui ao longo do tempo. Novamente, as varietais tradicionais sobressaem. Mas podemos usar e abusar dos vinhos de corte. Este tipo de prova se torna difícil em dois aspectos: obter garrafas das diferentes safras de um vinho; consegui-las sem pagar um preço absurdo.
Quase sempre organizadas por produtores ou grandes colecionadores, este tipo de degustação é muito valorizado. Em ambos os casos, é praticamente impossível conseguirmos um convite. Só para os “amigos do Rei”. Mas nada impede de realizarmos uma, guardando diferentes safras do nosso caldo predileto.
Se formos capazes de perceber e compreender todos estes detalhes, através das formas de degustação apresentadas, estaremos prontos para outra interessante aventura: uma degustação às cegas, onde os vinhos servidos só terão sua identidade revelada ao fim do evento. O objetivo é identificar o que estamos bebendo, uva, safra, origem, tipo (varietal ou corte), enfim, todas aquelas características que foram citadas anteriormente, sem nenhuma informação a priori, muitas vezes, nem a cor.
Algumas limitações se impõem. Não tem sentido fazer este tipo de comparação com vinhos escolhidos aleatoriamente. A melhor maneira é trabalharmos com temas, por exemplo, uma determinada uva, ou vinhos de uma região ou safra. Podemos “abrir” o tema ou apenas induzi-lo, seja com uma frase “são todos vinhos de uma única cepa”, seja usando o ambiente para passar esta informação, através de um jantar temático.
Este tipo de prova é a única que consegue desmascarar vinhos e degustadores: que tal experimentarmos com um vinho caro e outro barato…
O preparo de uma “às cegas” é importante. Nesta primeira imagem, temos as garrafas colocadas em embalagens numeradas. As fichas de degustação, importantíssimas neste caso, são identificadas por estes números.
Outra forma, um pouco mais restrita, é servirmos os vinhos em taças numeradas, eliminando-se o fator “garrafa”: tamanho, forma e peso podem ser pistas importantes.
Para radicalizarmos totalmente, a segunda imagem diz tudo: uma taça negra, totalmente opaca. Não saberemos nem a cor do vinho a ser provado.
Alguns conselhos finais:
1 – este último tipo de degustação pode ser feito até com um único vinho;
2 – mesmo entre degustadores experientes, o nível de acertos é baixo;
3 – em qualquer tipo de prova, começamos pelos vinhos mais jovens ou leves, subindo na escala;
4 – se houver diferentes tipos de vinhos, começamos pelo espumante, seguindo pelos brancos, rosés e tintos.
Quem vai encarar?
Dica da Semana I – Um vinho espanhol de excelente custo x benefício.
Sabor Real Joven 2008
Produtor: Bodegas Campinã, Castilla Leon, Espanha
Uva: Tempranillo (Tinta del Toro)
Sabor Real Joven foi produzido com videiras de mais de 70 anos de idade”. Cor Rubi escuro, oferece um maravilhoso bouquet de rochas moídas, especiarias, tabaco, lavanda, cereja e amoras. Na boca é um vinho encorpado, com boa fruta, apimentado e concentrado. Final longo e de caráter. Tem um potencial de guarda de 6 anos.
Robert Parker 90 pontos
Dica da Semana II – Jogo do Vinho
Um jogo de tabuleiro vem testar os conhecimentos dos enófilos e ensinar, de maneira descontraída, os iniciantes no universo do vinho. Idealizado por Celio Alzer, sommelier e professor da ABS (Associação Brasileira de Sommeliers) do Rio de Janeiro. Com sua experiência de mais de 20 anos na sala de aula, coletou durante todo esse tempo as mil perguntas que compõem o livro do jogo. “Entre os assuntos destacados estão curiosidades, dicas de harmonização, notas sobre personalidades do mundo do vinho e sugestões de drinques”. O jogo tem tiragem limitada. O jogo vem com um tabuleiro, um livro com mil perguntas e respostas, 30 cartas e quatro peões. O kit traz ainda quatro meias garrafas de tintos selecionadas: o italiano Chianti DOCG Fattoria di Basciano, o chileno Terranoble Cabernet Sauvignon e dois portugueses – Terras de Xisto e Convento da Vila.
Para saber onde encontrar o Jogo do Vinho ligue para (21) 2286-8838 ou (21) 2535-0070.

Montando uma adega

Todo enófilo que se preze tem entre seus objetivos a montagem de uma adega. Não importa o tamanho, o importante é ter, ao alcance da mão, os vinhos que mais aprecia. Se levarmos em conta que uma adega clássica é composta por representantes dos brancos, rosés, tintos, além dos fortificados, doces, espumantes e outras coisinhas, o número de garrafas pode chegar a uma centena.
Este volume, mesmo para um apaixonado por vinhos, pode ser um investimento considerável, sem falar no espaço e climatização necessária. Mas é perfeitamente viável criar uma adega básica, que vai atender principalmente ao nosso paladar. 
O que vamos adegar então? 
Os vinhos que conhecemos e nos dão prazer! 
Apresentaremos, a seguir, uma pequena lista com sugestões para organizar uma adega básica. Não vamos indicar nenhum vinho especificamente, mas somente os tipos de vinhos. 
Espumantes – para uma adega tradicional seria imprescindível um bom Champagne (francês). Nos dias de hoje, dando um caráter contemporâneo a esta coleção, prefiram os Proseccos, são como curingas do baralho ou os espumantes nacionais, fazem bonito em qualquer lugar do mundo (deixe para comprar o Champagne numa ocasião muito especial…). 
Brancos – Chardonnay e Sauvignon Blanc são obrigatórios, seja no perfil clássico ou no contemporâneo. Se o caixa permitir, aposte em mais um varietal. O Torrontés argentino é a bola da vez. Pinot Grigio e Viognier são outras boas escolhas. Para uma linha mais clássica, aposte nos Rieslings e Gerwurztraminers.
Tintos – Estes devem ser a maioria. Tenham, sempre, uma garrafa de um vinho tipo Bordeaux. Pode, perfeitamente, vir da Argentina ou do Chile, escolhas com boa relação custo x benefício. As coleções de tintos atuais trilham o caminho das varietais. Escolham as suas prediletas entre Malbec, Syrah, Merlot, Cabernet Sauvignon, Touriga Nacional, Tempranillo, Sangiovese, etc. 
Um luxo que vale a pena e justifica a existência da adega é adquirir alguns vinhos de guarda. Apostem nos vinhos do velho mundo. Vinhos de 1ª linha, sul-americanos, também se prestam a desempenhar este papel. Para não errar, peçam ajuda na hora de comprar. Nem todo vinho pode ser guardado por longos períodos. 
Fortificados e de Sobremesa – Um bom Porto é essencial, tinto ou branco. Os vinhos de sobremesa, chamados de colheita tardia (late harvest) estão muito comuns hoje em dia, mas raramente são abertos e consumidos. Pensem duas vezes antes de incluir um no estoque. 
Outras sugestões:
– Um Rosé pode ser muito útil naquele momento de indecisão; 
– Para dar um toque bem interessante, acrescente um dos destilados de vinho –  Conhaque, Bagaceira, Grappa, ou assemelhados. Na hora certa, tornam-se coadjuvantes importantes numa boa refeição, mas só para os que vivem em climas frios… 
Onde e como guardar?
Poderíamos chamar este parágrafo de “Protegendo seu Investimento”. Brincando, brincando, o nosso kit básico pode chegar a algo entre 10 a 20 garrafas, dependendo da disposição de gastar de cada um. Aliás, não comprem tudo de uma vez e reponham sempre que consumirem. 
O lugar ideal de guarda deve ser um local seco, arejado e fresco. Em hipótese nenhuma pode pegar sol. As garrafas devem ficar deitadas, molhando a rolha.
Existe uma infinidade de móveis projetados para este fim, o mais comum é na forma de uma treliça onde em cada nicho fica uma garrafa. Se existirem crianças em casa, optem por uma solução com porta ou de difícil acesso. Muito comum hoje são as adegas climatizadas, oferecidas em diversas capacidades. Práticas, mas um luxo nem sempre necessário, além de caras. Exigem o mesmo cuidado como o de uma geladeira comum. Uma alternativa, para aqueles que optarem por este tipo de solução é adaptar um refrigerador velho. Pode ficar muito charmoso e mais em conta.
 
Dica da Semana: Para começar a coleção, um vinho que pode ser tomado hoje ou guardado por até 5 anos.

Casa Lapostolle – Cabernet Sauvignon 2009 – Chile 
Um vinho que já foi eleito simplesmente como o Melhor Best Buy do Ano no mundo todo para a revista Wine Enthusiast, ele é intenso e pleno, um Cabernet com toda a força. Traz uma maturidade e uma qualidade raramente alcançada por outros na mesma faixa de preços, diz a revista. 
Harmonização sugerida – Carnes grelhadas e cordeiros. 
Wine Spectator: 87 pontos (06) 
Wine Enthusiast: 88 pontos (06) 
Best Buy Wine Spectator: 86 (07)

A foto a seguir mostra um pedacinho da adega do Boletim, onde testamos os vinhos da semana. 

Saúde!

Harmonia! Harmonia! – Final

As Combinações Clássicas

Algumas são mais que conhecidas. Nem por isto podem ser consideradas como definitivas. Haverá, sempre, uma nova harmonização a ser descoberta. Então, experimente!

Peixes e Frutos do Mar:

Ostras e Mariscos – Espumante Brut, preferencialmente Champanhe ou um bom Chablis;

Peixes crus,  ou grelhados-

ou com molho suave – brancos jovens frutados, o Sauvignon Blanc e o Chardonnay reinam aqui. Espumante pode ser uma opção interessante;

com molhos pesados – branco maduro, tinto jovem, rosé;

Anchova, Atum, Salmão, Sardinha e peixes levemente defumados – tintos jovens de corpo médio, brancos madeirados ou barricados, rosés com boa estrutura;

Bacalhau (***) – bom branco envelhecido em carvalho, Chardonnay preferencialmente, ou um tinto jovem, de corpo médio. Há ainda uma opção muito sofisticada – Pinot Noir da região de Alto Ádige, Itália.

Carnes Brancas (aves):

Aves Grelhados ou Assado –

com molho suave – espumantes, brancos estruturados ou maduros, tintos jovens;

com molhos pesados – tintos maduros de corpo médios a encorpados;

 Pato, Marreco, aves de caça – tintos maduros de corpo médio a encorpados;

 Arroz de Pato – Pinot da Borgonha;

 Peru – tinto leve a médio ou branco maduro.

 Carnes Vermelhas:

 Grelhados ou Assados

molho suave – espumantes, tintos jovens;

 molhos pesados, caças – tintos encorpados;

 Churrasco – Malbec, Tempranillo, Tannat, Cabernet Sauvignon – quanto mais gorda a carne, mais tanino no vinho;

 Massas:

Em molhos leves ou brancos – espumantes, brancos de boa qualidade, tintos leves e jovens;

Em molhos vermelhos ou condimentados – tintos maduros e encorpados, alguns espumantes. Destacam-se os vinhos italianos como o Chianti, o Barolo ou Nebbiolo;

Alho e Óleo – Prefira um vinho mais leve.

Queijos (muitos leitores vão se surpreender aqui):

Minas Frescal, Ricota, Requeijão, Mozzarela – vinhos leves e jovens, brancos ou tintos;

Brie, Camembert e assemelhados – branco maduro (Chardonnay), tintos;

Emmental, Gouda, Reino, Prato, Saint-Paulin, Tilsit, Port-Salut – tintos maduros e encorpados;

Provolone – branco maduro, tinto de corpo médio;

Roquefort, Gorgonzola e assemelhados – tintos maduros, brancos doces de qualidade, fortificados;

Parmesão, Pecorino – tintos maduros, fortificados.

Patés – brancos doces de qualidade, fortificados doces.

(***) Bacalhau: aqui cabe uma historinha – tradicionalmente este prato era acompanhado por um tinto de Portugal. Existe uma razão; não se faziam bons brancos por lá até algum tempo atrás. Hoje esta regra foi abandonada.

Curiosidade – espumantes, de boa qualidade, combinam com todos estes queijos ou patés.

As Incompatibilidades:

– temperos fortes como curry, azeite de dendê, molho de soja, wasabi;

– alcachofra, aspargos, couve, repolhos etc;

– ovo de galinha, codorna ou pato; vinagre, frutas cítricas como limão, grapefruit (toranja) e similares.

– chocolate – aqui a controvérsia é grande. Há quem afirme que não combina com nenhum vinho. Alguns enogastrônomos harmonizam com Vinho do Porto ou um vinho doce francês chamado Banyuls.

Dentro da estratégia de contrastar, experimentei uma mousse de ricota, canela e chocolate, servida com um potente Malbec, vinho top da vinícola que visitávamos. Simplesmente a combinação perfeita.

Desafio para os leitores: Feijoada combina com vinho? Qual? Garanto que há uma resposta escondida no texto…

Dica da Semana:
Tegole IGT Toscana 2004 Piccini
Produtor: Piccini – Itália
Região: Toscana
Uva: Sangiovese
Um belo Sangiovese, marcante e saboroso, com um bouquet repleto de frutas maduras. Ótimo para acompanhar pratos de carne ou massas.
Saúde!
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