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Os melhores Vinhos de 2015 – Uruguai

Vinhos uruguaios sempre foram muito bons. Existe uma grande tradição vinícola naquele país e, nos moldes de Argentina e Chile, também cultivam uma uva emblemática, a difícil Tannat, que parece ter encontrado seu terroir ideal.
 
Apesar de só estarmos falando de vinhos tintos nestas três ultima colunas, chamo a atenção para os vinhos brancos uruguaios que andam conquistando os paladares mais exigentes mundo afora. Algumas cepas nada comuns no hemisfério sul como a italiana Arneis, a ibérica Alvarinho, as francesas Marsanne, Petit Manseng e Sauvignon Gris, além da alemã Gewurtztraminer, têm produzidos vinhos muito interessantes.
 
Seguindo no estilo das colunas anteriores, apresentamos os melhores vinhos começando pela Tannat, que tem o seu melhor terroir bem na fronteira com o Brasil. Do lado de cá é a conhecida região da Campanha Gaúcha, terra de alguns de nossos melhores tintos.
 
17 vinhos foram laureados, eis os 3 melhores:
 
95 pts – Amat 2009 (R$ 245,00 – eleito o melhor tinto do Uruguai, título que conquista há alguns anos);
 
94 pts – Massimo Deicas Tannat 2008 (indisponível);
 
94 pts – Jano Tannat 2012 (R$ 173,00)
 
As tradicionais Cabernet Sauvignon, Merlot e Cabernet Franc também fazem sucesso, mas foram as assemblages que obtiveram as melhores pontuações:
 
94 pts – Libero Reserva 2011 – Tannat, Nero D’Avola e Sangiovese (R$ 70,00);
 
94 pts – Eolo 2010 – Tannat, Ruby Cabernet (R$ 85,00);
 
94 pts – Primo 2008 – Tannat, Cab. Sauvignon, P. Verdot, Merlot (indisponível)
 
O Brasil voltou ao Guia Descorchados nesta edição, mas só com espumantes e apenas os do Rio Grande do Sul. Destacaram-se entre os 18 melhores:
 
93 pts – Cave Geisse Terroir Nature 2009 (R$ 130,00);
 
92 pts – Adolfo Lona Pas Dose Nature (R$ 80,00)
 
92 pts – Casa Valduga Gran Reserva Nature 2009 (R$ 120,00)
 
Na dica de semana selecionamos mais um bom vinho do Uruguai.
 
Vinhos Verdes no Rio de Janeiro
 
No dia 2 de julho de 2015 a Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes promoveu, no Hotel Pestana – Rio de Janeiro, um evento de apresentação de produtores desta região que buscam representação no Brasil.
Atualmente os Vinhos Verdes são modernos, pouco tendo em comum com alguns tradicionais produtos que ainda encontramos à venda nos mercados. Um vinho que tem características adequadas para ser consumido no nosso clima tropical: são leves, refrescantes, descontraídos e de baixa caloria com um teor alcoólico ligeiramente menor que o encontrado em outros vinhos.
 
 
Oito vinícolas estavam presentes com uma gama de produtos que incluíam brancos, tintos, rosés, espumantes e até um IG Minho de Touriga Nacional, único “não verde” neste evento:
 
Adega Ponte de Lima;
 
Adega Vale de Cambra;
 
Casa das Fontes;
 
Caves Campelo;
 
Quinta da Calçada – Adega do Salvador;
 
SAVAM – Solar de Serrade;
 
VERDECOOPE – União das Adegas Coop. da Região dos Vinhos Verdes;
Vinhos do Norte.
 
A variedade e a qualidade impressionaram. Destaque para alguns espumantes, entre eles o Terras de Felgueiras tinto, bem diferente.
As nossas escolhas ficaram com estes aqui:
 
 
Via Latina Alvarinho;
 
Tapada dos Monges Loureiro;
 
Solar de Serrade Reserva Alvarinho;
 
Dica da Semana: direto da relação “Super-Preço” do Descorchados. Recebeu 92 pts e tem um precinho muito camarada.
 
 
Viñedo de Los Vientos Tannat 2012
Apresenta cor rubi escuro.
No olfato percebem-se frutas negras maduras, notas de cacau e pimenta do reino.
Bem estruturado, taninos firmes, fresco, equilibrado, final persistente.
Harmoniza com: costela bovina no bafo, penne à carbonara, rabada, carne ensopada com polenta mole, lasanha à bolonhesa gratinada, pizza portuguesa.
 
 
 

Os melhores Vinhos de 2015 – Chile

O guia Descorchados teve origem neste país. Seu autor, o jornalista especializado em vinhos, Patricio Tapia, é respeitado internacionalmente sendo frequentemente convidado para compor o corpo de jurados de importantes concursos. Além de escrever para o periódico chileno El Mercurio é um dos editores associados da conhecida revista Wine & Spirits. Por esta razão, o capítulo sobre sua terra natal é particularmente rico.
 
Há uma enorme variedade de vinhos sendo produzidos no Chile, a maior parte para exportação. Embora sua casta mais conhecida seja a Carménère, quem realmente se destaca no cenário mundial são os Cabernet Sauvignon, considerados de igual qualidade ou superiores aos famosos californianos.
 
Diversas listas de melhores do ano foram organizadas por Tapia e seria impossível reproduzir todas. Vamos nos limitar aos mais importantes, bem como apresentaremos algumas indicações da lista de “Super-Preço”.
 
Começamos pela Carménère.
 
 
24 vinhos receberam pontuações entre 92 pts e 95 pts. Eis os três melhores:
 
95 pts – Concha y Toro Terrunyo Lot 1 Carménère 2013 (indisponível)
94 pts – Casa Silva Microterroir Carménère 2010 (R$ 300,00)
94 pts – Concha y Toro Carmin Carménère 2012 (indisponível)
 
Lembramos que estes vinhos ainda demoram a chegar ao nosso mercado. Os preços apresentados são aproximados com base em safras anteriores ainda disponíveis.
 
A listas dos melhores Cabernet Sauvignon é bem mais enxuta, 13 vinhos apenas, com pontuação entre 94 pts e 96 pts. Destacaram-se:
 
96 pts – Cono Sur Silencio Cab. Sauv. 2010 (R$ 800,00)
96 pts – Santa Rita Casa Real Cab. Sauv. 2011 (R$ 350,00)
95 pts – Aquitania Lázuli Cab. Sauv. 2006 (indisponível)
 
Duas outras cepas produzem excelentes vinhos nas terras chilenas: Pinot Noir e Syrah, ambas favoritas dos nossos colunistas. Eis os melhores de cada uma:
 
Pinot Noir
94 pts – Maycas San Julian Pinot Noir 2013 (indisponível)
94 pts – Montsecano Pinot Noir 2013 (indisponível)
94 pts – Tabalí TalinayPinot Noir 2013 (acima de R$ 160,00)
 
Syrah
95 pts – Errázuriz Aconcágua Costa Syrah 2013 (indisponível)
95 pts – Leyda Lot 8 Syrah 2012 (R$ 210,00)
95 pts – Undurraga TH Syrah 2012 (R$ 120,00)
 
O ranking dos melhores cortes apresentou escolhas interessantes:
 
97 pts – Cousiño Macul Lota 2009 (Cabernet Sauvignon e Merlot – indisponível). Escolhido como o melhor do Chile neste ano.
 
96 pts – Clos Quebrada de Macul Domus 2010 (Cabernet Sauvignon, Petit Verdot, Merlot e Cabernet Franc – R$ 350,00)
 
95 pts – Bodegas RE Syranoir 2014 (Syrah, Pinot Noir – indisponível)
 
Na relação de “Super-Preço” há ótimas opções. Uma delas será a nossa indicação da semana:
 
92 pts – Cacique Maravilha Pipeño Pais 2014
92 pts – Maycas Sumaq Pinot Noir 2013
 
Faça uma visita a algumas das vinícolas premiadas:
 
 
 
Dica da Semana: uma boa compra que recebeu 91 pontos neste guia.
 
Trio Cabernet Sauvignon – Shiraz – Cabernet Franc
 
Um vinho de ótimo corpo, estruturado, concentrado e intenso em aromas.
Possui coloração vermelha profunda, aromas de especiarias, cinamomos, frutas vermelhas e tabaco.
Vinho longo e persistente, com taninos suaves. Ideal para acompanhar Carnes, queijos, massa com molho vermelho.
 

Os melhores Vinhos de 2015 – Argentina

A variedade de vinhos disponível no mercado brasileiro ainda é pequena se comparada a outros países, principalmente aqueles que incluem esta bebida na dieta básica. Mesmo o produto nacional de alta qualidade é escasso nas prateleiras das nossas principais lojas e mercados.
 
Por outro lado, encontramos uma grande oferta de vinhos do cone sul, principalmente Argentina e Chile, com, quase sempre, ótima qualidade e preços atrativos. A grande dificuldade é escolher o que vale a pena nesta extensa paleta de opções.
 
Um dos recursos é consultar um guia de vinhos e, quando se trata de sul-américa, a referência é o Descorchados. A edição de 2015 recém saiu do forno e traz algumas interessantes novidades.
 
Apresentamos primeiro os vinhos argentinos, mas vamos nos limitar aos tintos desta vez. Antes de partir em busca de qualquer um deles, devemos observar estes pontos importantes:
 
– a maioria dos vinhos degustados para a elaboração deste guia ainda demora alguns meses para chegar ao mercado;
 
– as maiores pontuações são para os vinhos top de linha, mas isto não significa que sejam únicos. Uma das boas táticas é ficar de olho nos demais produtos das vinícolas premiadas;
 
– como de hábito, evitem comprar vinhos em supermercados. O volume exigido para entrar numa grande rede é imenso, o que significa que há uma sensível redução na qualidade final;
 
– o mercado virtual tem sempre ótimas opções, mas cuidado com os fretes. Se for o caso, procure por promoções e faça uma compra associada com amigos para garantir, por exemplo, um volume mínimo que seja beneficiado por descontos ou transporte por conta do vendedor;
 
– clubes de vinhos estão sempre ligados nos resultados dos grandes guias de todos os países, oferecendo boas compras e escolhas seguras.
 
Em se tratando de Argentina, vamos começar pela casta emblemática da vinicultura de lá, a Malbec:
 
9 vinhos receberam notas entre 96 e 97 pontos, todos muito caros. Apresentamos os 3 melhores classificados:
 
97 pts – Catena Zapata Adrianna Malbec 2012 (acima de R$ 500,00)

 

 
96 pts – Achaval Ferrer Finca Bela Vista 2012 (acima de R$ 400,00)

 

 
96 pts – El Enemigo Malbec 2012 (na faixa de R$ 130,00, boa compra).
 
Neste guia há uma classificação que valoriza a relação custo x benefício, denominada “Super-preço”, onde encontramos estas pechinchas:
 
90 pts – Tilia Malbec 2013, que custa menos de R$ 50,00;

 

 
92 pts – Zorzal Terroir Unico Malbec 2014. A safra de 2013 está à venda por R$ 60,00.
 
Duas outras cepas se destacam neste país: Cabernet Sauvignon e Cabernet Franc, que os hermanos afirmam ser a nêmesis do Malbec. 16 Cab. Franc e 18 Cab. Sauvignon foram ranqueados. Eis os melhores de cada casta:
 
95 pts – Gran Enemigo Cab. Franc Gualtallary (acima de R$ 400,00)

 

 
94 pts – Catena Zapata Alta C. Sauvignon 2011 (indisponível no Brasil)
 
Para terminar, vamos apresentar os cortes melhores pontuados:
 
97 pts – Zorzal Eggo Tinto de Tiza 2013 (Malbec, C. Franc e C. Sauvignon – indisponível)

 

 
96 pts – Cheval des Andes 2010 (Malbec, C. Sauvignon, Petit Verdot – indisponível)

Faça uma visita virtual às vinícolas premiadas:
 
 
 
El Enemigohttp://enemigowines.com/ (em inglês)
 
 
 

Dica da Semana: além de todas estas delícias, algumas com preços exorbitantes, selecionamos esta opção para os leitores.
 
 
Ruca Malen Petit Verdot 2012
 
Rubi com reflexos violáceos intensos e brilhantes.
No olfato apresenta frutas vermelhas combinadas com os aromas de caramelo, baunilha e moca.
Paladar fresco e equilibrado com taninos firmes.
Harmoniza com: Cupim no bafo, virado à paulista, arroz carreteiro, risoto de calabresa, quiche de queijo, legumes gratinados, queijos e embutidos.
91 pontos Descorchados 2015

Uma orquestra afinada

Recentemente assisti a um concerto da famosa Jazz at Lincoln Center Orchestra com Wynton Marsalis, o mais importante trompetista deste gênero na atualidade. O que me chamou a atenção foi a incrível afinação do grupo e a consistência do que os músicos apelidaram de “cozinha”, o trio de piano, baixo e bateria. Houve um momento que os demais músicos se retiraram ficando apenas este trio. Honestamente, parecia que a orquestra toda ainda estava no palco. Embora fosse a grande estrela do espetáculo, Marsalis compunha o naipe de trompetes, como qualquer outro músico, sem estrelismos.
 

Foi a melhor definição de equipe, conjunto ou time que pude assistir: todos em uníssono em prol da boa, ou melhor, excelente música. Para os leitores entenderem melhor do que estamos falando, afinal esta é uma crônica sobre vinhos, assistam a este pequeno vídeo onde a orquestra apresenta um tema bem conhecido: “Jingle Bells”.

 

 
 
Percebe-se facilmente que, se cada instrumento desempenhar bem a sua parte, o resultado, mesmo para uma canção quase banal, pode ser espetacular.
 
Produzir um grande vinho é exatamente isto, reunir a melhor matéria-prima, os melhores equipamentos e grandes vinhateiros. Juntando cada uma destas peças em seu devido lugar o resultado só pode ser igual à música para os nossos ouvidos.
 
Esta busca por vinhos cada vez melhores, que não limitem a capacidade de criar e inovar de seus produtores, tem como meta principal encontrar novos territórios para plantar diferentes castas e obter vinhos únicos.
 
São típicas, hoje em dia, as associações de vinícolas do Velho Mundo com seus pares no Novo Mundo. Muitas já se estabeleceram na Califórnia, Chile, Austrália, entre outros, ou buscam parcerias como o que aconteceu na Argentina entre Nicolas Catena e Paul Hobbs que reinventaram a casta Malbec.
 
Outra parceria, não menos famosa, foi feita entre Robert Mondavi, o mais conhecido dos produtores da Califórnia e a Baronesa Philippine de Rothschild, dona de alguns dos melhores Chateaux em Bordeaux, para produzirem o raro vinho Opus One.
 
Um dos empreendimentos mais interessantes nesta área reuniu sete grandes nomes do vinho na mais promissora área do momento, o estado de Washington, EUA, especificamente na região de Walla Walla, considerada como tendo as melhores uvas do planeta.
 
A vinícola, que se chama Long Shadows (grandes sombras), é uma criação de Allen Shoup que dirigiu por muitos anos o Chateau Ste. Michelle e suas vinícolas associadas, ficando muito famoso por ter forjado parcerias com ninguém menos que Piero Antinori (Itália) e Dr. Ernst Loosen (Alemanha), que passaram a produzir nesta região.
 
Inaugurada em 2003 a Long Shadows foi uma aposta ousada que levou alguns anos sendo maturada. A proposta, ao mesmo tempo tão simples quanto complexa, recrutaria alguns dos maiores nomes do vinho para que utilizassem a excelente matéria-prima da região e produzissem seus vinhos de acordo com as especificações de cada um.
 
Um desafio e tanto, uma senhora orquestra para afinar e apresentar um repertório de sete vinhos fantásticos, um verdadeiro “dream team”.
 
Cada vinhateiro convidado se tornou sócio do empreendimento e produz seu próprio rótulo. Como nem todos podem se dedicar integralmente ao projeto, existe um enólogo residente, o competente Gilles Nicault que comanda todas as vinificações com equipamentos de ponta.
 
Estes são os vinhos e seus produtores:
 
Poet’s Leap Riesling
 
Produzido por Armin Diel, um dos mais aclamados produtores de Riesling da Alemanha, responsável pela vinícola Schlossgut Diel, na região do Nahe.
São produzidas 5.000 caixas por ano.
90 pts Parker em 2013.
É o único vinho branco.
 
 
 
 
Chester-Kidder
 
Um delicioso corte de Cabernet Sauvignon, Syrah e Petit Verdot vinificado pelo enólogo residente, Gilles Nicault, sob estreita supervisão de Alen Shoup, que homenageia seu avô, Charles Chester com este rótulo.
93 pts de Parker em 2011
 
 
 
 
 
Feather Cabernet Sauvignon
 
Elaborado por ninguém menos que Randy Dunn, pai de grandes Cabernet da Califórnia, entre eles o famoso Caymus.
Simplesmente sensacional, oferecendo tudo que se espera de um vinho desta categoria.
94 pts Parker em 2011.
 
 
 
 
Pedestal Merlot
 
Ninguém melhor para elaborar este vinho que o genial Michel Rolland, o rei desta casta e consultor de 10 entre as 10 maiores vinícolas do mundo.
Embora declare ser um Merlot, recebe pequenas porcentagens de Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc e Petit Verdot.
94 pts Parker em 2011.
 
 
 
Pirouette
 
Um corte bordalês com Cabernet Sauvignon, Merlot, Petit Verdot e Cabernet Franc, produzido pelas mãos de Philippe Melka e Agustin Huneeus.
Melka, trabalhou nas principais casas francesas, entre elas Petrus, Haut Brion e Dominus.
Huneeus, teve sob sua responsabilidade a Veramonte, Concha y Toro, Franciscan Oakville Estate e Mount Veeder, entre outras.
É considerado um inovador. 93 pts Parker em 2011.
 
 
Saggi
 
Interessante corte de Sangiovese, Cabernet Sauvignon, e Syrah vinificado pelos toscanos Ambrogio e Giovanni Folonari (pai e filho).
Saggi quer dizer “Sabedoria” e isto não falta a esta dupla: a família produz vinhos desde 1700.
Ambrogio foi presidente da Ruffino, comprada por seu avô em 1912. Produzem alguns dos ícones do Chianti e dos Supertoscanos.
92 pts Parker em 2011.
 
 
 
Sequel
 
Este nome significa “sequência”, nada mais justo segundo seu enólogo o australiano John Duval, responsável pelo formidável Penfolds Grange, um dos grandes vinhos do mundo.
Um é a continuação do outro.
Um corte de 94% de Syrah com uma gota de Cabernet Sauvignon.
94 pts Parker em 2011.
 
 
 Uma orquestra afinadíssima!
Pena que ainda não chegaram por aqui…
 
Dica da Semana: um bom tinto que não faz feio entre estes citados.
 
Von Siebenthal Parcela #7, 2009 
 
No olfato apresenta notas intensas de cerejas em compota e nítidos matizes a alcaçuz.
No palato é de uma concentração completa, com muita intensidade de sabores e em várias camadas.
A textura dos taninos é de bom nível qualitativo e tem excelente equilíbrio.
Harmonização: carne bovina ou suína em molho saboroso. Confit de Pato. Queijos de consistência firme e sabor forte.

Dois bons vinhos

Uma das confrarias que frequento, apelidada de “Diretoria”, é simplesmente minúscula, mas permite aos 3 participantes, ou 4 quando temos um convidado, desfrutar de vinhos top e fazer novos experimentos, sempre acompanhados pela boa comida dos nossos restaurantes preferidos, que nos aceitam de braços abertos.
 
Desta vez não foi diferente, este encontro foi marcado para a Enoteca DOC (https://enotecadoc.com.br). Após algumas deliberações, ficou decido que o Sr. B levaria um Miguel Torres Gran Sangre de Toro 2010 ($), cabendo ao Sr. G, o Barolo Ricossa 2010 ($$$). Ficou sob minha responsabilidade levar um aerador ainda não testado, o Rabbit e, por segurança, uma terceira “ampola”, o Angelica Zapata Cabernet Franc 2006 ($$), que não foi consumida.
 
A proposta era comparar dois vinhos de origens bem diferentes.
Para abrir os trabalhos escolhemos o Gran Sangre de Toro, um corte de Garnacha (60%), Cariñena (25%) e Syrah (15%) oriundo da região da Catalunha e avaliado com 90 pontos Parker.
 
 
A vinícola Miguel Torres é uma das maiores da Espanha. Fundada em 1870 é considerada como muito ousada, exportando seus produtos para mais de 140 países. Tem uma importante filial no Chile, produzindo vinhos de alta qualidade como o Manso de Velasco ou o Conde de Superunda.
 
A marca Sangre de Toro está entre os vinhos mais consumidos pelos espanhóis. Este Gran, que equivale a um reserva, passa por um estágio de 12 meses em barricas de carvalho apresentando uma bela coloração Rubi escuro.
 
Optamos por testar o aerador Rabbit nesta garrafa, uma vez que o Barolo foi colocado num decantador. Embora exigisse uma inclinação pouco comum da garrafa no momento de servir, cumpriu sua função sem problemas. Muito fácil sua limpeza após o uso.
 
 
Nossa avaliação foi unânime, o vinho estava bastante redondo, agradável, destacando-se os aromas de frutas maduras. Quanto à harmonização, foram três pratos bem diferentes:
 
– o Sr. B optou por um risoto de bacalhau;
 
– o Sr. G por lascas de bacalhau;
 
– a minha opção foi um salmão grelhado, molho de alcaparras e risoto siciliano.
 
Talvez a melhor combinação tenha sido a do meu prato, a gordura do molho, a acidez do risoto e a textura do peixe formaram um bom quadro com este vinho. Os pratos à base de bacalhau sempre são mais difíceis. Mas, segundo os demais comensais, a harmonização se mostrou correta. Não houve nenhum comentário negativo.
 
A casa estava muito movimentada neste dia provocando um atraso no serviço. Solicitamos que o Barolo fosse servido ainda durante a refeição, o que não ocorreu. Foi degustado em voo solo.
 
A vinícola Ricossa Antica Casa começou como uma destilaria no final de 1800, num galpão nos arredores de Asti, Piemonte. Pouco a pouco foi evoluindo, passando a produzir excelentes vinhos, sempre premiados, como foi este Barolo, medalha de bronze no Decanter 2014.
 
 
O Barolo é um dos ícones da vinicultura italiana. Produzido com a casta Nebbiolo, disputa com o também piemontês Barbaresco o posto de melhor vinho daquele país, para desespero dos toscanos e seus deliciosos Brunellos.
 
Apesar de estar no 5º ano de vida e ter sido decantado por um bom período, ainda era um vinho jovem. Os taninos estavam muito firmes bem como a acidez, marcante. Mas era delicioso. Pena que já havíamos terminado nossos pratos.
 
Decidimos lhe dar mais tempo deixando-o abrir na taça, sempre agitada para acelerar o processo. Este expediente deu bons resultados e as últimas doses estavam perfeitas. Um vinho que poderia esperar alguns anos ainda sem problemas.
 
No final, concordamos que a melhor escolha deste encontro foi o Gran Sangue de Toro.
 
Dica da Semana: infelizmente os dois vinhos degustados estão escassos no nosso mercado. Restou a opção do vinho não avaliado neste encontro, mas de outra safra…
 
Angelica Zapata Cabernet Franc 2010
 
Este é um vinho raro, elaborado com uvas dos vinhedos Altamira e La Pirámide, de baixíssimos rendimentos.
Mostra um estilo que lembra alguns dos famosos vinhos de St Emilion em Bordeaux, com uma pronunciada elegância.
Um vinho de longa guarda, que deve ficar ainda mais fino após alguns anos em garrafa.
 
 
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