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Uma coluna para o Natal e Ano Novo – 1ª parte

Apesar do nosso clima tropical, as festas de fim de ano são sempre uma boa oportunidade para presentear e consumir bons vinhos. Difícil é acertar uma combinação do que vai ser servido nas tradicionais ceias com sua contraparte enológica ou acertar a lembrancinha para o nosso mais querido enochato. Vamos ajudar! 
Começando bem o dia 
Que tal nos presentearmos com um diferente café da manhã no Natal ou no último dia do ano? Esta receita, apesar de inusitada, vai nos preparar para enfrentar este movimentado dia e servir de introdução para um delicioso assunto: Espumantes! 
Ovos mexidos com salmão defumado, sobre fatias de pão torrado, servido com uma taça de espumante! 
Vamos precisar: 
75g de manteiga amolecida 
2 colheres de chá de massa ou purê de tomate 
2 colheres de sobremesa de ervas (endro, salsa, cebolinha) picadas 
2 colheres de sobremesa de alcaparras drenadas e picadas 
Sal e pimenta do reino a gosto 
4 fatias de pão rústico ou italiano com 2 cm de espessura 
4 ou 5 ovos batidos 
100g de salmão defumado cortado em tiras pequenas 
Preparo: 
1- Separe 50 da manteiga e misture com a massa de tomate, as ervas e as alcaparras. Tempere com sal e pimenta e reserve. 
2– torre as fatias de pão e as mantenham aquecidas. 
3– utilizando uma frigideira em fogo médio/baixo, derreta o restante da manteiga e prepare os ovos mexidos com metade do salmão, de modo que fiquem macios ou baveuse como dizem os franceses. Não deixe secar. 
4 – passe um pouco do creme de manteiga em cada torrada, cubra com os ovos, algumas tiras do salmão e decore com ervas e tomates picados. 
Para acompanhar, uma taça de bom espumante Brut, branco ou rosé. Mas qual? 
Há ótimos vinhos da França, Itália, Espanha, alguns muito caros. Portugal, Argentina e Chile já exportam boas borbulhas também. Mas nem tudo que reluz é ouro. Cuidado com algumas ofertas: nem sempre o barato é bom. 
Os nacionais são excelentes. Procure por linhas que levam as denominações Ouro, Milléssime, Reserva ou Gran Reserva. Algumas sugestões: 

Chandon – sempre entre os melhores 

Casa Valduga – edição especial de 130 anos, delicioso 

Miolo Millésime – outro peso pesado 

Pouco conhecido, o Don Guerrino tem excelente relação custo x benefício 

O Villagio Grando é um ótimo representante da Serra Catarinense 

Presenteando 
Comprar uma boa garrafa de vinho e presentar é a coisa mais fácil do mundo e ainda faz um grande efeito. Para fugir da mesmice, que tal escolher um bom acessório ou mesmo um livro sobre vinhos. Eis algumas sugestões. 
Saca rolhas tipo Sommelier – é aquele que a maioria dos profissionais usa. Prático, fácil de usar e, com os seus 2 estágios, simplifica muito o esforço necessário para tirar uma rolha. 

Um modelo mais sofisticado é o Rabbit, mas só vale a pena para aqueles que abrem muitas garrafas. 

Outras boas sugestões são termômetros, decantadores e taças (sempre 1 par). 

Para incrementar a biblioteca do bom enófilo: 

1001 vinhos para beber antes de morrer – este é imperdível! Até os menos aficionados vão adorar 

Guia Ilustrado Zahar de Vinhos do Mundo Todo – livro de referência, muito bem elaborado e completo.Um must 

A Arte de Fazer um Grande Vinho – interessantíssimo documentário sobre Angelo Gaja, o maior nome do vinho italiano na atualidade e sua obsessão em produzir um grande vinho, o Sori San Lorenzo. Apaixonante. 

Na semana que vem, falaremos da harmonização dos pratos natalinos e mais algumas receitinhas.

Estamos na Itália – Terra do Rei dos Vinhos!

A bota é uma região vinícola surpreendente, com uma diversidade de castas que equivale à de Portugal e uma quantidade de diferentes terroirs equiparável a dos franceses. Algumas das uvas italianas só vinificam bem em solo natal, mesmo tendo sido plantadas nos quatro cantos do mundo. Apaixonados por tudo que fazem, os seus vinhos refletem esta intensidade. Cada pequena cidade tem sua uva e vinho característicos e, haja discussão para saber qual é o melhor. 

Talvez o vinho típico mais conhecido seja o Chianti, obtido com a Sangiovese, aquele da garrafa embrulhada em palha. Produto da Toscana que teve a infelicidade de ser (mal) copiado por produtores inescrupulosos. Chegou a ser considerado um vinho de segunda para desespero dos apreciadores. Após alguns ajustes na condescendente legislação local, existem, hoje, dois tipos de Chianti: o clássico e o DOCG. Apesar da evidente melhora na qualidade, houve uma descaracterização. 
O Brunello de Montalcino, toscano como o anterior, é obtido através da vinificação de um clone da Sangiovese, chamado Grosso ou Brunello. É um dos vinhos mais caros da Itália, por isto mesmo, copiado e falsificado. Com o intuito de aumentar a competitividade no mercado mundial, produtores oportunistas incluíram outras uvas, não italianas, como a Merlot e a Cabernet na sua elaboração. Um escândalo nacional! O Ministro da Agricultura perdeu seu cargo por não ter exercido os controles com a devida autoridade. O vinho adulterado foi rebaixado e rotulado como Rosso de Montalcino. Resultado prático: ficou difícil confiar nos vinhos que estão à venda. 

Uva Nebbiolo 

A grande cepa nacional, Nebbiolo, da região do Piemonte, é tão temperamental e difícil de vinificar quanto a Pinot da Borgonha. Dois fabulosos vinhos são produzidos a partir dela. O mais famoso é conhecido como Rei dos Vinhos há, pelo menos, 200 anos, epíteto cunhado por um francês que foi contratado para vinifica-lo: O Barolo. 
Até o início do século XIX, o vinho produzido na região de Barolo era uma bebida doce ou, na versão mais seca, um vinho amargo e tânico. Coube à Marquesa Giuletta Falletti convidar o enólogo francês Louis Oudart para mudar este quadro. Em pouco tempo estava vinificando uma das maravilhas do mundo dos vinhos. Seu grande divulgador foi o Conde Cavour que o apresentou a realeza. Rapidamente os demais vinicultores do Piemonte copiaram o modelo de Oudart. Nascia a lenda. 

Castelo de Barolo 

Pelo método tradicional, utilizado até hoje, as uvas são colhidas prematuramente, seguida de uma longa fase de maceração e fermentação. O vinho é envelhecido por um longo período, acima de três anos, em grandes dornas de carvalho esloveno. Uma vez engarrafado, é necessário esperar mais alguns anos para domar a acidez e o tanino. O resultado final é surpreendente, com aromas de rosas, notas de alcatrão e sabores inebriantes. 

A Guerra dos Barolos 
Com a expansão dos vinhos feitos no Novo Mundo, este e outros monstros tradicionais da vinicultura europeia, rapidamente perceberam que teriam que se atualizar: esperar mais de cinco anos para colocar um vinho no mercado, mesmo que fosse um produto inigualável, começava a deixar de ser um bom negócio. 

Alguns renomados produtores do Barolo modernizaram técnicas e métodos, adotando o modelo que fazia sucesso: tanques de Inox com temperatura controlada, uvas colhidas no ponto ideal, menor rendimento nos vinhedos, maceração a quente, fermentadores rotativos, enfim, tudo que a moderna tecnologia pode oferecer. O produto final foi, novamente, um vinho maravilhoso. Mas gerou uma verdadeira guerra, de um lado, os tradicionalistas, de outro os modernistas. 

Não há vencedores ou derrotados, talvez, o orgulho ferido de um vinhateiro mais arraigado às tradições. Ganham os consumidores. 
Principais Produtores 
Copiando a vida real onde há tantos títulos da nobreza italiana à disposição de quem se dispuser a pagar por eles, há uma infinidade de Reis do Barolo. Vamos apenas citar alguns. 
Os nomes mais respeitados entre os tradicionalistas são: Giuseppe Rinaldi, Giuseppe Mascarello, Giovanni Conterno, Paolo Conterno, Cavallotto, Bruno Giacosa, Luigi Pira e Vietti. 
Os modernistas são: Scavino, Ceretto, Sandrone, Domenico Clerico, E. Pira, Parusso, Silvio Grasso e Pio Cesare. 
Dois produtores fazem uma fusão destas escolas: Roberto Voerzio e Elio Altare. 
O outro vinho, famoso, produzido com a Nebbiolo é o Barbaresco, que tem como expoente o produtor Angelo Gaja, o nome mais conhecido do moderno vinho italiano. Sua versão do Barolo é o Sperss. Mas esta é outra história… 

Vinhos de Angelo Gaja 

Dica da Semana: Não existem Barolos ou Barbarescos com preços acessíveis aos pobres mortais. Procuramos um vinho de um ótimo produtor, Batasiolo, vinificado com a uva Nebbiolo. 

Batasiolo Langhe Nebbiolo 
Da uva cultivada nos vinhedos da prestigiosa zona de Langhe, obtém-se um vinho tinto grená de sabor pleno e harmonioso. O perfume é intenso e delicado, com traços de fruta madura que muda para um agradável traço de especiarias se o vinho for envelhecido. 
Harmonização: Rondelle de ricota e espinafre com molho ao sugo.

Grandes vinhos do Mundo – uma série interminável…

Fechamos um ciclo no Boletim. As colunas iniciais tiveram um objetivo: apresentar uma parte do universo dos vinhos. Fomos bem longe, entrando até na seara dos destilados. A partir desta semana, vamos apresentar os vinhos icônicos, aqueles que todos sonham em provar um dia. Escolhemos um vinho Português, para começar. 
Portugal já foi o principal exportador de vinhos para o Brasil, lugar ocupado por Chile e Argentina, atualmente. Mas ainda está firme no mercado, lutando, com qualidade, para retornar ao topo do pódio. Dois fatores contribuíram para ofuscar o brilho dos produtos lusitanos: o preço e a qualidade. 
Infelizmente, a busca por um lucro fácil provocou uma enxurrada de vinhos de baixíssima qualidade em nosso mercado, a preços nem sempre convidativos. Mesmo lá na terrinha as coisas não estavam indo bem. Mais preocupados com a quantidade, os produtores não se atualizaram, insistindo em técnicas artesanais e obsoletas enquanto outros países modernizaram vinhedos e vinícolas. 
Portugal é um país com ampla diversidade de uvas, vinhos e regiões produtoras. Há desde os deliciosos Vinhos Verdes até vinhos sérios e encorpados como os das regiões do Douro, Dão e Alentejo. 

A modernização dos vinhos portugueses é recente. Somente a partir da entrada do país na comunidade europeia foi quando grandes investidores aportaram capitais nas principais vinícolas, introduzindo técnicas atuais de manejo do vinhedo, equipamentos de aço inoxidável e controle de temperatura na vinificação. Mas alguns pioneiros já haviam trilhado por estes caminhos. Fernando Nicolau de Almeida, vinicultor da Casa Ferreirinha, uma das mais importantes empresas do Douro, foi um deles. 

O Douro era famosos pelos vinhos do Porto, mas seus tintos, não fortificados, nunca se destacaram. Fernando visitou a região de Bordeaux, em 1940. Voltou encantado com que viu, decidindo produzir um vinho que se equiparasse aos bordaleses. Nascia uma das glórias do vinho português: o mítico Barca-Velha, um excepcional corte das uvas Tinta Roriz, Touriga Nacional e Touriga Franca. 

A primeira safra desta maravilha surgiu em 1952 (só foi comercializado 8 anos depois). Foram selecionados os vinhedos, todos de pequeno porte e localizados na parte mais alta das encostas. Na vindímia, só as melhores uvas eram aproveitadas. A temperatura de fermentação foi controlada com gelo trazido da cidade do Porto, que dista 100 Km. Foi envelhecido em barricas novas de carvalho francês, durante 12 a 18 meses, seguido de um período em garrafa. A ideia era colocar o vinho, no mercado, pronto para o consumo. 
A busca, quase obsessiva, pela qualidade gerou bons dividendos. Só foram comercializadas poucas safras até hoje (15 ou 16): se o vinho não estivesse de acordo com a prova do enólogo, recebia o rótulo de Reserva Especial Ferreirinha e não o de Barca Velha. 
Notas de Degustação do Barca-Velha 1999 
Sabores concentrados de frutas negras e grande frescor. Nos aromas nota-se cedro e baunilha, com toques florais e achocolatados. Um vinho encorpado, vigoroso e de grande elegância. Degustar um Barca Velha exige uma preparação cuidada de acordo com a exigência do momento. Deve ser saboreado com calma, acompanhado por pratos mais cuidados de carne, caça ou mesmo alguns queijos, com sabores requintados e bem integrados. Recomenda-se que seja servido à temperatura de 17º-18º. 
O Barca-Velha moderno 
No início dos anos 90, a casa Ferreirinha foi vendida para o grupo português Sogrape. Apesar de algumas mudanças óbvias, o vinho continua sendo produzido e ainda é muito respeitado. O principal vinhedo que fornecia as uvas para o Barca permaneceu com os descendentes da fundadora, D. Antônia Ferreira. Em 1998, decidiram produzir o seu próprio vinho, com as mesmas uvas, empregando as mais modernas técnicas de vinificação. Este vinho é o Quinta do Vale Meão ou, como preferem alguns, o Barca Nova, sem dúvida o mais espetacular vinho português do momento. 
Para os leitores aventureiros, há garrafas de Barca Velha à venda no Brasil. Procurem em boas e confiáveis lojas de vinho e prefiram as safras mais recentes 1999 ou 2000. O custo é acima de R$ 1.000,00 por garrafa. 

Dica da Semana: um bom português vindo da região do Douro, com as mesmas castas do Barca e com preços mais em conta: 

Cadão Douro Reserva 2005 
Produtor: Quinta do Cadão 
Uvas: Touriga Nacional, Tinta Roriz, Touriga Franca 
De cor granada intensa, tem sabores macios, volumosos e delicados. Nos aromas mostra boa evolução. Harmoniza com carnes de caça, queijos e defumados. 

Mudando o Foco: Derivados do Vinho – 1ª parte

Nas últimas semanas mencionamos as aguardentes vínicas que compõem os fortificados. Hoje, vamos conhecê-las detalhadamente. Surgiram como subproduto do vinho, mas algumas se tornaram tão importantes que passaram a ser produzidas a partir de uma vinificação própria, dedicada. Assim, na Itália, a Grappa; em Portugal, a famosa Bagaceira e a Aguardente Vínica; na França, o Marc, o Cognac e o Armagnac; na Espanha, o sofisticado Sherry Brandy, ou Aguardente de Jerez, e o popular Orujo. No Peru e no Chile, nossos vizinhos, o Pisco. A lista é grande, mas essas são as mais conhecidas. 

O destilador

Para quem nunca visitou um alambique, ou não se lembra mais das aulas de química na época do curso científico, a foto acima dará uma boa ideia sobre esta indústria. Uma vez fermentado, o mosto é colocado nestes curiosos caldeirões, e aquecido fortemente. O vapor é coletado na tubulação superior e conduzido para um sistema de resfriamento. O resultado é um álcool de uva. Só para refrescar a memória, existe álcool de cana de açúcar, de cereais, de legumes e de quase qualquer fruta.

Coleção de aguardentes de diferentes frutas 

Comecemos pelas bebidas obtidas a partir da destilação dos bagaços: Grappa, Bagaceira, Marc e Orujo. Tecnicamente trata-se do mesmo produto. O que os diferencia são as uvas e pequenos detalhes do processo produtivo, alguns obrigatórios por lei. O Pisco sul-americano tem origem semelhante, mas é produzido de outra maneira. 
Grappa 
Existe uma lenda em torno desta bebida, que teria sido obtida, pela primeira vez, por meio de um destilador roubado do Egito, durante o reinado de Cleópatra, e levado para a cidade de Bassano del Grappa, na região do Veneto, nordeste da Itália. Estudos recentes, porém, mostram que somente depois de 1600 é que a tecnologia de destilação sofisticou-se a ponto de permitir a produção. 

Bassano del Grappa 

A União Europeia estabeleceu normas para o seu reconhecimento: 
1 – dever ser originária da Itália, da parte italiana da Suíça ou de San Marino; 
2 – deve ser destilada dos bagaços, isto é, cascas, sementes, polpa e caules das uvas prensadas para a produção vinícola; 
3 – não pode sofrer adições (água, alcool etílico, etc.). 
A destilação exige extremo cuidado, pois a presença das sementes e caules implica na obtenção de metanol, que é tóxico. A legislação italiana é muito severa a este respeito. 

Coleção de Grappas 

A Grappa é uma bebida clara. Alguns produtores, no intuito de sofisticá-la, a envelhecem nos barris usados na vinificação, do que resulta uma bebida de cor escura. No Brasil, além da produção de vinhos, os colonos italianos destilaram uma aguardente conhecida por Graspa, denominação de origem veneziana e conforme o processo do seu país de origem. Alguns adotam a denominação mais comum, Grappa. São servidas como digestivos, após uma lauta refeição, geladas ou na temperatura ambiente. Outra opção deliciosa é adicionar ao café expresso ou fazer como em Veneza: ao terminar o café, lave a xícara com uma dose e beba num só gole. 

Bagaceira 
Para os brasileiros, apreciadores de uma boa cachacinha, a Bagaceira desempenhou papel fundamental. Explica-se: foi a partir do know how português que, nos séculos XVI e XVII, aqui se instalaram as primeiras casas de cozer méis, ou destilarias de cachaça. A técnica original, aprendida com os mouros, era utilizada para produzir a Bagaceira, em Portugal. No Brasil de então, à falta de uvas, destilava-se o fermentado de cana de açúcar 

A lei portuguesa define como Bagaceira a aguardente de vinho com teor alcoólico de 35% a 54% em volume, obtida a partir de destilados alcoólicos simples de bagaço de uva, com ou sem borras de vinhos, podendo ser retificada parcial ou seletivamente. Admite-se o corte com álcool etílico potável, da mesma origem, para regular o conteúdo de congêneres. É justamente esta adição que a torna diferente da Grapa. Assim como sua irmã italiana, a Bagaceira é servida como digestivo, colocada no café ou utilizada na culinária. 

Marc e Orujo 
França e Espanha produzem versões do destilado de bagaços. Embora não tenham conquistado o mundo, são conhecidas e apreciadas regionalmente. O Marc ainda é utilizado na produção do Macvin, vinho fortificado da região montanhosa do Jura. 

O Pisco Peruano e o Chileno 
Nossos vizinhos produzem este delicioso destilado que se tornou famoso por causa de um drinque, o Pisco Sour, quase tão popular quanto a caipirinha. A curiosidade fica por conta da disputa travada entre os dois países pela origem da bebida. 
São duas bebidas na verdade, com o mesmo nome, mas diferentes matérias primas e técnicas de produção. Do ponto de vista histórico, o Pisco se originou no Peru. Os colonizadores espanhóis foram os primeiros a fabricá-lo a partir de vinhas transplantadas das ilhas Canárias. O Pisco chileno é produzido a partir de um vinho; o Peruano, a partir de um suco de uva. Ambos são deliciosos. 

Para quem gosta de se aventurar como Bar Tender, eis uma das muitas receitas do coquetel nacional do Chile e Peru: 
Pisco Sour 
Pisco – 100 ml 
Suco de limão – 100 ml 
Açúcar – 1 colher de chá (ou a gosto) 
Clara de ovo – 1/4 
Essência de rosas – 2 gotas (opcional) 
Gelo picado 
Bata tudo num liquidificador e sirva numa taça, ou copo de boca larga. Salpique canela em pó sobre a espuma. 

Dica da Semana: escolha uma! 

Grappa de Cabernet Sauvignon da Casa Valduga 
Elaborada através da destilação natural de uma das mais finas castas, a Cabernet Sauvignon, pelo processo lento e artesanal em alambiques de cobre. O efeito do solo, a ação do clima, a paciência e a atenção resultaram neste produto exclusivo e de alta qualidade. Produzido no Vale dos Vinhedos Bento Gonçalves, RS. Graduação alcoólica 40,8% vol. 

Aguardente Bagaceira Caves Aliança 
Produzido pela tradicional vinícola Aliança, a partir de uvas selecionadas. Graduação alcoólica 46% vol. 

Pisco Capel (Chile) 
O Pisco mais vendido no mundo. De sabor adocicado, trata-se de um destilado de uvas Moscatel, utilizado na confecção de inúmeros drinques, desde o mais famoso, o Pisco Sour, até a versão chilena do Manhattan, e a caipirinha. O Pisco Capel é produzido na zona pisquera do Valle de Elqui, ao norte do país. Graduação alcoólica 40% vol.

Saúde!

Vinhos Fortificados – Final

O Madeira e outras delícias 
Neste último episódio da série sobre os Fortificados, deixamos a Andaluzia e vamos para o território português da Ilha da Madeira, que batiza o seu vinho emblemático. Ele é o 3º peso-pesado deste grupo sendo tão importante quanto os outros dois. 

A vinificação nesta simpática ilha remonta à Era das Explorações (posterior aos descobrimentos). Sendo um porto obrigatório para os navios que seguiam para o Novo Mundo ou para as Índias, o vinho local abastecia os navios e, para resistirem à longa viagem, eram misturados com aguardente. Os barris ficavam, muitas vezes, no convés, sem proteção contra as altas temperaturas e sendo suavemente agitados pelo balanço das ondas. Em algum ponto não registrado da história, uma sobra da carga de vinhos retornou à Ilha da Madeira. O comerciante que a recebeu resolveu abrir uma das barricas e provar. O sabor havia mudado completamente. Estava descoberta uma nova delícia que traria fama e reconhecimento aos vinicultores locais. 
O Processo Produtivo 
As varietais usadas são: Malvasia ou Malmsey, Boal, Verdelho e Sercial, todas brancas e a Tinta Negra Mole. Cada uma vai gerar um Madeira que poderá ir do seco ao doce, dependendo do processo utilizado. O início é igual a todo e qualquer vinho, as uvas são prensadas e fermentadas. Dependendo do grau de doçura desejado pelo produtor, a fermentação pode ser interrompida pela adição de aguardente vínica. 
Por exemplo: 
Os vinhos de Sercial fermentam até quase o final, produzindo uma bebida mais clara e um pouco mais ácida; 
Os vinhos de Malvasia/Malmsey tem sua fermentação interrompida bem cedo, obtendo-se uma bebida mais escura, doce e grande acidez, o que dá equilíbrio ao excesso de açúcar evitando que se torne enjoativo. 

O que faz a diferença é o processo que segue, chamado de estufagem, quando os produtores tentam reproduzir os efeitos de uma longa viagem em climas tropicais: o vinho será aquecido até temperaturas em torno de 55 graus Centígrados! 
Existem três processos aceitos pelo Instituto do Vinho Madeira. Os vinhos comuns serão aquecidos, por um mínimo de 90 dias, em tanques de aço inoxidável ou concreto – Cuba de Calor. 
Para o vinho de melhor qualidade, emprega-se o Armazém de Calor, um galpão aquecido onde os barris de madeira de grande capacidade são submetidos a um ambiente com vapor d’água, por um período entre seis meses a um ano. 
O terceiro método, usado para os grandes vinhos, é o Canteiro. Tudo aqui é natural. Os barris são tratados ao sol, em pátios especiais. Pode durar de 20 a 100 anos para um 1ª linha ser considerado pronto. 

Canteiro 

Estilos 
O Madeira pode ser classificado pela sua doçura, idade, cor, corpo, colheita e processo de fabricação. Com tantas possibilidades, gera um pouco de confusão. Vamos apresentar uma classificação básica, que nos permitira escolher, com segurança, um bom vinho. 
Reserva – envelhecimento de 5 anos; 
Reserva Especial – 10 anos de envelhecimento e aquecimento natural;
Colheita – vinho de uma única safra com mais de 10 anos de envelhecimento; 
Frasqueira – 20 anos, no mínimo de envelhecimento. 
Segundo o teor de açúcar podem ser: seco, meio seco, meio doce e doce
Harmonização 
O Instituto do Vinho, Bordado e Artesanato da Madeira faz as seguintes sugestões: 
As combinações gastronômicas possíveis de se fazer com Vinho da Madeira são imensas e variam também em função do seu grau de doçura. Os secos, vinhos mais refrescantes, podem ser acompanhados com peixes defumados ou sushi, enquanto os mais doces combinam na perfeição com frutos secos, bolo de mel, chocolate escuro ou de leite. Os meio secos são muito agradáveis com consommé e sopa de cebola gratinada, ou ainda, com fois gras de pato ou ganso, enquanto o meio doce combina bem com suflês de queijo ou de frutos silvestres. 
Outras delícias 
A Península Ibérica é muito rica em vinhos fortificados, Portugal, por exemplo, ainda nos brinda com o excelente Moscatel de Setúbal. Da França vem o fabuloso Banyuls que é uma denominação controlada e os Macvin da região do Jura. O Marsala, da Sicília, que foi muito importante, hoje está desprestigiado. Quase todos os produtores do novo mundo fazem algum tipo de vinho licoroso: EUA, Austrália, África do Sul, Brasil e Argentina, entre outros. Alguns adotam os nomes de Porto e Madeira, o que é proibido. Caso típico brasileiro são os vinhos da marca Isidro, muito usados na culinária. O Instituto do Vinho do Porto os considera como uma fraude. No link abaixo há coleção de produtos piratas: 
http://www.ivdp.pt/pagina.asp?codPag=96&codSeccao=6&idioma=0 
(role a tela para as fotos) 
Uma interessante curiosidade vem da Argentina. A vinícola Família Zuccardi produz uma linha de vinhos fortificados, muito saborosos, mas que não teve o sucesso esperado entre os argentinos. Resultado – passaram a denominá-lo Malamado. No estilo mais seco é usado para fazer caipirinha… 

Finalizando 
Muitos leitores escreveram para esta coluna quase sempre colocando os vinhos fortificados como doces, o que não é verdade. Talvez por terem sido apresentados logo após as colunas sobre os de sobremesa, tenha gerado a confusão. Para dirimir quaisquer dúvidas, compilamos este resumo: 
Fortificados Secos e Ácidos 
Jerez dos tipos Fino, Manzanilla e Amontillado 
Madeira das cepas Sercial e Verdelho 
Fortificados Escuros, que variam de meio doce a doce 
Jerez Oloroso e Pedro Ximenez 
Porto, safra tardia, vintage 
Madeira das cepas Malvasia/Malmsey e Bual 

Dica da Semana: 

Ferraz Medium Rich Madeira 
Produtor: Madeira Wine Company País: 
Portugal /Ilha da Madeira 
Este Madeira Medium Rich é elaborado pela famosa F.F. Ferraz & Cia, responsável por alguns dos melhores vinhos Madeira de toda a história. Mostra muita tipicidade, com um agradável e típico bouquet, um palato levemente doce e excepcional relação qualidade/preço.

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