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Os Vinhos da Anakena, Chile

No dia 16 de outubro, a convite da Winebrands, participamos da apresentação dos vinhos da Viña Anakena. O evento aconteceu no restaurante Mira, anexo à Casa Daros em Botafogo, no Rio de Janeiro.
 
 
A apresentação foi feita pelo Gerente Comercial Nicolás Saelzer e pelo Enólogo Gavin Taylor, de origem sul- africana, radicado no Chile. A vinícola, relativamente jovem, foi fundada por dois amigos de infância, Felipe Ibañes e Jorge Gutiérrez, em Alto Cachapoal, com o objetivo de produzir vinhos de alta qualidade e com uma personalidade que distinguisse esta inovadora empresa.
 
Com uma enorme variedade de terroirs, 145 hectares em Alto Cachapoal, 125 hectares em Leyda, 43 hectares em Peumo e 44 hectares plantados no Vale de Colchagua, tem seus vinhos consumidos em mais de 50 países, recebendo as melhores críticas de seus consumidores.
 
Sua linha de produção está dividida em diferentes filosofias, que começam nos Varietais, vinhos jovens que enfatizam as características das cepas. O próximo degrau, a linha ENCO tem por objetivo oferecer boa relação custo x benefício. Os TAMA buscam representar as características de todos os terroirs da empresa, sendo a linha que oferece o maior número de produtos. Os vinhos da categoria ONA, já considerados como “top”, são inovadores e audaciosos, enquanto os ALWA são únicos, o melhor que se pode obter. O ótimo portfólio se completa com um expressivo Late Harvest.
 
Chama a atenção o cuidado com a apresentação de seus produtos. Os rótulos são elegantes e trazem uma representação icônica das denominações de suas linhas que remetem à história dos povos que habitaram estas regiões antes de existir o Chile com um país.
 
O próprio nome é uma homenagem ao “homem-pássaro” da cultura Rapa Nui, uma bonita lenda:
 
Anakena seria a caverna deste homem pássaro, o Tangata Manu, uma metáfora da gaivota da Ilha de Páscoa, que depositava seu ovo neste local secreto. Todo ano, bravos guerreiros nadavam desde Rapa Nui até a ilhota de Moto Nui em busca do precioso ovo. Aquele que conseguisse trazê-lo intacto era outorgado com o título de Homem-Pássaro, recebendo honrarias e fortuna.
 
 
Foram servidos oito vinhos, numa sequência que crescia dentro da filosofia de produção.
 
O 1º foi o Anakena Varietal Sauvignon Blanc 2012. Jovem, fresco, boa fruta e fácil de degustar. Com um custo muito competitivo, abaixo de R$ 50,00, se torna uma opção para dias de calor. (preços de 2013)
 
 
Subindo um degrau na escala, o próximo vinho degustado foi o Anakena Enco Reserve Chardonnay 2012. Muito bem elaborado, com boa acidez e permanência. Outro bom companheiro para o dia a dia no quente verão do Rio de Janeiro. Preço ligeiramente acima dos R$ 50,00.
 
 
A próxima degustação foi uma boa surpresa: o Anakena Tama Vineyard Selection Pinot Noir 2011 chamou a atenção de todos. Um vinho refinado, muito aromático e que passa por madeira. Boa acidez e perfeitamente balanceado com seus taninos. Ótimo! Custo na faixa de R$ 80,00.
 
 
Seguimos com os tintos. Voltando ao segmento ENCO, provamos o interessante Anakena Enco Reserve Carménerè 2011. Este vinho, obtido com a casta emblemática do país foi elaborado com um cuidado todo especial para fugir a características que enfatizam sabores “verdes” típicos da casta. A colheita foi deliberadamente atrasada obtendo-se uma fruta com qualidade ímpar para a vinificação. O resultado é perfeitamente sentido em aromas e sabores. Delicioso. Na mesma faixa de preço do Sauvignon Blanc. Ótima compra.
 
 
O 5º vinho apresentou uma casta diferente: Anakena Tama Vineyard Slection Carignan 2010. Uma uva algo rara no mercado, mas que tem bons resultados nas mãos do competente Gavin Taylor. Premiado com boas notas de diversos críticos (90 pontos ou mais) é uma bebida equilibrada, com boa acidez, maduro e um quase dulçor muito agradável. Uma alternativa a ser considerada. Seu custo acompanha o de outros produtos da mesma linha.
 
 
Em seguida, até para permitir uma comparação direta, for servido o Anakena Tama Vineyard Selection Cabernet Sauvignon 2010, outro produto premiado. Esta uva tem uma adaptação perfeita em território chileno, produzindo vinhos de classe mundial. Este é um deles. Generoso, intenso, taninos suaves e longa permanência em boca. Companheiro ideal para carnes de sabor marcante. Pela faixa de preço será difícil encontrar concorrentes à altura.
 
 
Os dois últimos vinhos representam o que há de melhor desta empresa. O Anakena Ona Special Reserve Red Blend é um sofisticado corte de cabernet Sauvignon (55%), Carménerè (25%) e Syrah (20%) que passa de 14 a 16 meses em barricas de carvalho. Um vinho sofisticado que combina a potência do Cabernet, a delicadeza da Carménerè e a complexidade da Syrah. Bem estruturado e complexo, chama a atenção por sua cor clara, ao contrário do que se espera. Excelente! No mercado do Rio de Janeiro será vendido na faixa de R$ 90,00. Uma pechincha.
 
 
O Anakena Alwa 2009 é realmente um vinho único, só produzido em safras ideais. Um corte de Cabernet Sauvignon, Carménerè, Syrah, Carignan e a branca Viognier. Premiado nesta safra com Medalha de Ouro no Concurso Nacional do Chile é autêntico, elegante e muito equilibrado entre seus taninos e acidez. Um produto de luxo que não deixa a desejar. Ainda assim, fica numa faixa de preço cara, mas não absurda (R$ 200,00), valendo cada centavo pago.
 
 
Foi uma tarde instrutiva e agradável. Só tenho que agradecer ao amigo Menandro Rodrigues, da Winebrands, pela lembrança do convite.

Dica da Semana: vamos respeitar as tradições chilenas.
 
Anakena Enco Reserve Carménère 2011
 
Vermelho-rubi profundo, com reflexos violetas. No aroma revela notas de frutas negras, chocolate amargo e especiarias. Em boca apresenta médio corpo, frutadas e especiarias bem mescladas e taninos macios.
Harmonização: Ideal para acompanhar carnes guisadas, massas, lasanha e queijos.
 
 
 Winebrands – www.winebrands.com.br

Um Convite Irrecusável!

Uma das melhores coisas que pode acontecer com um enófilo, como eu, é ser convidado para uma prova de avaliação de novos vinhos. Esta, em particular, foi especial.
 
Começou com o local, a agradável adega e restaurante Enoteca DOC, anexa à tradicional Chapelaria Esmeralda, situada no centro do Rio de Janeiro. Os atuais donos, Fabio Soares e sua esposa Christiane Faria, entraram neste negócio quando Chris herdou a chapelaria, propriedade de sua família desde 1920. Ouvindo os clientes que comentavam que “ficariam por ali se houvessem charutos e vinhos à venda” promoveram uma alinhada reforma dividindo a loja em dois charmosos segmentos. De um lado a renovada loja de chapéus que funciona de 9:00 às 18:30. Do outro a adega com ênfase em vinhos e cervejas que atende seus clientes de segunda a sexta a partir das 11:00 até as 21:00.
 
 
Marcada para às 15h, ao chegar já encontrei Fabio, José Paulo Gils e Alexandre Ventura, da importadora DOCG, finalizando uma garrafa de um belo tinto português que não deu nem para sentir o gostinho. O confortável e aconchegante ambiente do andar superior da casa pedia que fosse aberto mais um vinho. Desejo realizado! Alexandre propôs que enquanto aguardávamos os demais participantes, derrubássemos uma garrafa de um dos seus melhores vinhos, um excelente tinto do Douro, o Mapa.
 
 
Este nome foi inspirado pelos mapas da região do Douro elaborados pelo Barão de Forrester, um empresário inglês radicado em Portugal que promoveu importante reforma no comércio de vinhos em 1831.
 
Sua morte, em condições no mínimo curiosas, aconteceu num naufrágio em 1861. Relatos de época dão conta que ele teria sido “arrastado para o fundo por causa do cinto com dinheiro que levava consigo, nunca tendo sido encontrado o seu corpo. Nessa derradeira viagem, fez-se acompanhar por D. Antónia Adelaide Ferreira, mais conhecida como “Ferreirinha”, que segundo reza a história, não se afogou porque as saias de balão que então vestia, a fizeram flutuar até à margem do Rio Douro”.
 
Fácil perceber que este vinho é cheio de referências, a mais importante delas a região (e as famílias) onde era produzido o aclamado vinho Barca Velha, ícone da vinicultura portuguesa. O MAPA é um projeto pessoal de Pedro Garcias, jornalista e crítico de vinho do Jornal Público.
 
Começou a ser desenhado há cerca de uma década, com a compra das primeiras terras em Muxagata, Vila Nova de Foz Côa, na mesma região da famosa Quinta do Vale Meão que forneceu, durante muitos anos, as uvas para a elaboração do Barca Velha. Hoje a Quinta produz seu próprio vinho, homônimo, carinhosamente apelidado de Barca Nova.
 
O MAPA é no mínimo excepcional!
 
Um corte de Touriga Nacional, Touriga Franca, Sousão e Tinta Roriz, passa 20 meses em barricas de carvalho francês. São produzidas apenas 2.900 garrafas. Joia rara. Para harmonizar optamos por pequenos pedaços de queijo tipo Grana Padano regados levemente com um Vinagre Balsâmico de Modena 18 anos, um luxo.
 
 
Isto nos criou um pequeno problema. A degustação seguinte seria para avaliar um Champagne que, em breve, será trazido para o Brasil pelas mãos de Soraya Vasconcelos. Embora de origem francesa, as garrafas são exportadas para a Califórnia onde recebem um acabamento em malha de cobre, obtida com reciclagem de materiais. Muito interessante, vejam a foto.
 
 
Nosso palato precisava ser ‘limpo’ para apreciarmos corretamente as duas “Beau Joie”, uma Rosé e outra Brut. A solução foi degustar uma cerveja. A escolhida foi a “Blanche de Bruxeles”.
 
 
Devidamente preparados, partimos para as duas garrafas que restavam.
 
Este Champagne tem uma trajetória bem diferente. Concebida para ser um produto de alto luxo, é produzida em Epernay pela Maison Bertrand Senecourt. Exportada para os EUA, recebe um revestimento em malha de cobre que tem múltiplas funções. Funciona como a armadura de um cavaleiro dos tempos medievais. Segundo seu produtor norte americano, esta era a época de Reis, Rainhas e seus Cavaleiros, onde se valorizava o romance, o amor, a honra e as paixões. A ideia por trás desta rica embalagem é nos remeter a estes tempos, como uma mágica. Além disto, a malha por ser feita com cobre (reciclado) é ótima condutora do frio ajudando a manter a garrafa na temperatura ideal por mais tempo e aumentar a segurança no manuseio. Um programa especial deste produtor reutiliza os revestimentos de garrafas usadas.
 
A Brut é um corte de 60% Pinot Noir e 40% Chardonnay, sem dosagem de licor de expedição (sem adição de açúcar) garantindo sabores marcantes desde o primeiro gole. Alguns degustadores deste painel acharam que a amostra estava levemente oxidada, o que não comprometia em nada o produto. O perlage era perfeito, acidez equilibrada, como deve ser um Champagne seco.
 
A Rosé foi a que mais agradou. Com um corte em partes iguais das duas castas já citadas, tem uma bela e sedutora coloração, suave como pétalas de rosa. Perfeitamente equilibrada com um delicioso sabor frutado. Ideal para ocasiões muito especiais. Bom perlage e boa acidez.
 
Um produto único e para poucos, sua produção não é grande. Mas o espetáculo visual é incrível. Torcemos para que Soraya consiga vencer todos os entraves burocráticos deste nosso país e traga este produto com preços competitivos.
 
 
A foto abaixo foi tirada ao final da prova. Em pé estão Chris e Soraya, sentados, da esquerda para a direita Luis Miguel Duarte, da Duaber, José Paulo e eu.
 
 
Só nos resta esperar…

Dica da Semana: mais que um vinho, um investimento. Vale cada centavo. Melhor: podemos guardá-lo para grandes ocasiões.

 
MAPA Reserva Tinto 2009

CLASSIFICAÇÃO: Douro DOC CASTAS: Touriga Nacional, Touriga Franca, Sousão e Tinta Roriz. VINIFICAÇÃO: Desengace total seguido de pisa a pé. Estágio de 20 meses em barricas novas de carvalho francês. De cor vermelho carregado, apresenta uma boa paleta aromática e um buquê intenso e convidativo. Na boca, taninos presentes, boa acidez. O teor alcoólico (14,5%) induz alguma sensação de doçura.

Importado pela DOCG Vinhos.
 
Enoteca DOC – Fabio Soares – Av. Marechal Floriano, 32 – Centro.

Tel.: (21) 2516-4220 – www.enotecadoc.com.br

 
DOCG Vinhos – Alexandre Ventura – www.docgvinhos.com.br

Tel.: (21) 3936-321

Um Evento Formidável!

Na semana passada José Paulo e eu fomos convidados para uma degustação de vinhos em Niterói, algo bem fora da nossa “zona de conforto”. Já foi o tempo que os cariocas, sempre bairristas, achavam graça em afirmar que o melhor da cidade do outro lado da “poça” seria a vista (deslumbrante…) do Rio de Janeiro. Não é mais assim. Apesar de estarem separadas por uma ponte, são duas culturas bem distintas e, desta vez, me pareceu que a cidade de Arariboia tem uma qualidade de vida bem superior.
 
A prova de vinhos, Wineshow 2013, foi organizada pelo Grupo Paludo, com o apoio de diversas empresas parceiras e fornecedores. O local escolhido foi o restaurante Família Paludo, em São Francisco, umas das ‘joias da coroa’ desta organização que inclui os restaurantes Ícaro, Queen e Paludo, todos excelentes.
 
As boas surpresas começaram na organização. Fomos recebidos pelo simpático Anderson Ribeiro, Coordenador Comercial. Como havíamos chegado um pouco cedo, nos acomodou numa mesa na varanda enquanto aguardávamos o início dos trabalhos. Logo recebemos uma pulseira de identificação que nos dava direito a uma taça de degustação personalizada e acesso ao salão onde estavam distribuídas as mesas dos expositores.
 
 
Só 1ª linha: Ana Import, Asa Gourmet, Decanter, Hannover, Ilha de Baco, Interfood, Miolo, Mistral, World Wine. Completava o salão uma mesa da Água das Pedras, um variado e delicioso Buffet de queijos, frios e pães e uma degustação de queijos de cabra artesanais a cargo da Queijaria Rancho dos Sonhos (www.queijariaranchodossonhos.com.br).
 
Impecável!
 
Todo enófilo sonha com um evento de degustação ideal: boa localização, vinhos que sejam relevantes no cenário enogastronômico, a participação de pessoas interessantes e interessadas, bom serviço de vinhos e um ambiente agradável que convide para esta experiência.
 
De nada adianta apresentar produtos de alta gama, caríssimos, que gravitam no mundo dos sonhos e na hora de servi-los, retirar a garrafa debaixo da mesa, como se fosse um favor (e para poucos). Muito melhor o que aconteceu aqui, com excelentes vinhos, acessíveis, e servidos sem nenhuma restrição. Mais um ponto a favor do Wineshow 2013.
 
 
Difícil saber por onde começar com tantas boas opções. A técnica tradicional é iniciar por um espumante para preparar o palato. Seguem os brancos e depois os tintos. Preocupados em voltar para o Rio em segurança, optamos por participar logo no primeiro horário e talvez este tenha sido o nosso pecado: os espumantes ainda não estavam no ponto de serem servidos.
 
Partimos para os brancos. Chamou a nossa atenção o ótimo Sauvignon Blanc, da vinícola chilena William Cole, oferecido pela Ana Import. Outro branco interessante e diferente foi o Gewurtztraminer Premium da vinícola Casa Valduga. No capítulo dos espumantes lá estavam os bons nacionais da Valduga, Miolo e Pericó enfrentando com galhardia a concorrência de italianos e espanhóis.
 
 
Após um breve descanso, passamos aos tintos e boas surpresas nos aguardavam. Ponto alto para o Petite Fleur da vinícola argentina Monteviejo, que está adotando a marca Lindaflor, e para os nacionais Quinta do Seival Castas Portuguesas e Vinhas Velhas Tannat, ambos da Miolo.
 
 
Nem a chuva que caiu copiosamente ao final da tarde tirou o brilho do Wineshow 2013. Estamos aguardando ansiosamente a próxima versão.
 
Parabéns ao Grupo Paludo pela ousada iniciativa.
 
Nossa zona de conforto ganhou novos contornos!

Dica da Semana: com as temperaturas subindo, nada como um bom branco refrescante que descobrimos nesta degustação.
 
William Cole Mirador Selection Sauvignon Blanc, 2011
Notas de maracujá, maçã verde, abacaxi e pêssegos, acompanhadas por notas cítricas tipo limão em um fundo herbáceo, tudo bem integrado, agradável, que expressa de excelente maneira o terroir do vale de Casablanca.
Ataca com muito frescor, de corpo leve e médio e sua acidez é intensa e fresca. Harmoniza com frutos do mar e pratos leves.

Portugal e as novas denominações vinícolas da EU – Final

Região de Lisboa 
 
Embora não seja uma nova região, apenas uma troca de denominação, desde o tempo que era conhecida como Estremadura tornou-se uma das regiões mais importantes no cenário vitivinícola de Portugal, com seus vinhedos cultivados há muitos séculos e uma enorme contribuição cultural com vinhos históricos.
 
 
Em termos de volume de produção é a mais importante região do país. Está subdividida em nove sub-regiões, todas classificadas como DOC ou DOP segundo as novas regras. Vejam a ilustração acima:
 
1 – Encostas de Aire;
2 – Lourinhã;
3 – Óbidos;
4 – Torres Vedras;
5 – Alenquer;
6 – Arruda;
7 – Colares;
8 – Carcavelos;
9 – Bucelas.
 
Com uma desconcertante variedade de vinhos produzidos por diversas castas, destacam-se as brancas Arinto, Fernão Pires, Malvasia, Seara Nova e Vital. Entre as tintas encontramos Aragonês, Castelão, Tinta Miúda, Touriga Franca, Touriga Nacional e Trincadeira. Em termos de terroirs há um pouco de tudo, desde vinhedos plantados à beira-mar até solos mais interioranos.
 
Alguns produtores são famosos e bem conhecidos no Brasil, por exemplo, Bacalhoa Vinhos de Portugal e Quinta da Chocapalha. Mas algumas regiões são de importância histórica como Bucelas, Carcavelos e Colares.
 
O vinho branco de Bucelas é produzido desde o tempo dos Romanos. Coube ao Duque de Wellington levá-lo para o Reino Unido onde se tornou um vinho de muito sucesso. Hoje a produção é bem pequena, mas a qualidade deste vinho obtido com a casta Arinto se mantém entre as melhores de Portugal.
 
A sub-região de Colares recebeu sua denominação protegida em 1908, embora a produção vinícola remontasse a 1255 quando D. Afonso III fez a doação do “Reguengo de Colares”. Seus tintos são especiais, muito escuros e encorpados, características decorrentes da peculiar localização e terreno dos vinhedos: junto à costa em solos muito arenosos e soltos. As castas estão plantadas diretamente na areia, sem enxertos. Foi uma das poucas regiões que nunca sofreu com a Filoxera.
 
O “Vinho de Carcavelos” é um vinho generoso, muito famoso e raro nos dias de hoje. Sua história remonta ao Reinado de D. José I (1750 a 1777) quando, por influência do Conde de Oeiras e Marquês de Pombal, este vinho produzido na Quinta de Oeiras conquistou fama internacional sendo enviado até para Pequim. O mesmo Duque de Wellington, já citado, foi outro apreciador e divulgador das qualidades deste ‘licoroso’.
 
Atualmente esta região está dentro de áreas urbanas (grande Lisboa e Estoril) quase impossibilitando sua produção. Desde 1977 grandes esforços tem sido feito no sentido de recuperar as áreas produtivas e assegurar uma maior produção desta preciosidade. Como estratégia de marketing, a nova marca comercial deste vinho é “Conde de Oeiras”.
 
Cito o nosso leitor Laureano Santos, morador de Oeiras: “Dificilmente encontrará à venda aqui em Portugal, pelo que no Brasil”…
 
Região do Tejo
 
Outra região que apenas mudou sua denominação. A antiga era Ribatejo. Subdivide-se em Almeirim, Cartaxo, Chamusca, Coruche, Santarém e Tomar. Tem como característica importante uma legislação mais frouxa que permite, sem muitas restrições, o plantio de castas ‘estrangeiras’ junto com castas locais.
 
Brancas: Arinto, Fernão Pires, Tália, Trincadeira das Pratas e Vital, às quais se juntam Chardonnay e Sauvignon Blanc;
 
Tintas: Castelão e Trincadeira, além de Aragonez, Touriga Nacional, Cabernet Sauvignon e Merlot.
Conscientemente deixamos de mencionar as regiões mais conhecidas e outras que nos últimos anos deixaram de ser importantes neste cenário. Em breve voltaremos a escrever sobre o fantástico mundo dos vinhos de Portugal.

Dica da Semana: vamos homenagear os bons tintos da região do Douro.

 

Crasto Douro DOC
Castas: Uvas: Tinta Roriz, Tinta Barroca, Touriga Franca e Touriga Nacional.
Localizada na margem direita do rio Douro, a meia distância entre a Régua e o Pinhão, a Quinta do Crasto já figurava no mapa do Barão de Forrester. Este vinho revela um aroma muito vigoroso de frutos vermelhos, com boas notas de especiarias. Na boca mostra uma boa estrutura, com taninos firmes e uma acidez equilibrada. Quinta do Crasto Douro foi ligeiramente filtrado antes de ser engarrafado.

Vinhos Verdes: um esclarecimento

Há cerca de duas semanas, quando publicamos um glossário sobre os termos usados na descrição dos vinhos, houve uma interessante troca de e-mails entre esta coluna e o leitor Laureano Santos que reside em Oeiras, Portugal, distante 5Km da capital, Lisboa.
 
Com muita propriedade ele chamou a atenção para uma possível confusão entre um dos verbetes, ‘Verde’, algumas vezes empregado para definir um vinho que ainda não está próprio para consumo, com ‘Vinho Verde’, um dos mais típicos e deliciosos vinhos de Portugal. E ele está com toda a razão por um fator muito importante: Vinhos Verdes são produzidos para serem consumidos jovens!
 
Vamos conhecer um pouco mais sobre esta delícia da ‘terrinha’.
 
Esta denominação protegida, uma das mais antigas de Portugal (1908), só pode ser produzida numa região específica utilizando castas típicas de lá. Existem Espumantes, Tintos, Rosados e Brancos, estes últimos os mais conhecidos.
 
A Região demarcada ocupa o noroeste do país, histórica Província do Minho que foi extinta em 1976 e algumas áreas adjacentes. A denominação atual é Entre-Douro-e-Minho. Vinhos desta região foram citados por romanos como Plínio e Sêneca. Pesquisas de documentos mais recentes demonstraram que houve exportação deste produto, no século 12, para a Inglaterra, Alemanha e Bélgica.
 
 
Curiosamente foi a introdução do milho na agricultura daquela região que transformou tudo. As vinhas foram quase banidas dos campos para dar lugar à nova cultura, obrigando os vinhateiros a cultivar suas parreiras como se fossem trepadeiras em árvores mais altas. Posteriormente evoluiu para uma estrutura em treliça. Para colher as uvas era preciso usar escadas! Atualmente este antigo sistema convive com técnicas modernas de plantio.
 
 
A Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes estabelece:
 
“Questões de ordem cultural, microclimas, tipos de vinho, encepamentos e modos de condução das vinhas levaram à divisão da Região Demarcada dos Vinhos Verdes em nove sub-regiões”: Amarante; Ave; Baião; Basto; Cávado; Lima; Monção e Melgaço; Paiva; Sousa.
 
Com relação às castas, são estas as principais reconhecidas pela comissão: 
 
Brancas: Alvarinho; Avesso; Azal; Batoca; Loureiro; Arinto (Pedernã); Trajadura; 
 
Tintas: Amaral (Azal Tinto); Borraçal; Alvarelhão (Brancelho); Espadeiro; Padeiro; Pedral; Rabo-de-Anho (Rabo-de-Ovelha);Vinhão.
 
Existem outras 20 castas secundárias que são utilizadas.
 
Vinhos Verdes brancos são muito saborosos e refrescantes apresentando uma característica levemente frisante, resultado da fermentação malolática realizada na garrafa.
 
O que é um defeito nos vinhos comuns torna-se um importante diferencial neste produto: é desejável. Mas impunha uma curiosa condição: as garrafas deveriam ser escuras, mesmo para os brancos, para esconder uma pequena turbidez decorrente desta segunda fermentação.
 
Modernamente, a Malolática já está sendo feita antes do engarrafamento. O efeito efervescente é obtido mediante a injeção, posterior, de gás carbônico, como se faz em refrigerantes.
 
Os Tintos são de coloração muito escura e com fortes taninos. Os rosados se assemelham aos brancos.
 
No Brasil os Vinhos Verdes sempre foram muito apreciados devido ao baixo teor alcoólico e por suas características organolépticas. Combinam muito bem com o clima e culinária nacional. Ficaram célebres marcas como Casal Garcia, Acácio, Gatão e Calamares com suas garrafas ovais.
 
 
Estes vinhos de antigamente não têm mais o mesmo encanto. Como tantos outros produtos, o Verde também mudou, fruto da necessidade de novos mercados e de experimentações de grandes produtores como Anselmo Mendes, Soalheiro e Quinta do Ameal.
 
Este vinho moderno tem como característica um maior teor alcoólico, mas continuam apresentando uma refrescante acidez, aromas e sabores frutados. São produzidos dentro das mais recentes técnicas e apesar de tradicionalmente serem consumidos jovens, não há nenhum problema em armazená-los por 6 ou 7 anos descobrindo-se uma nova experiência ao consumi-los já adultos, São vinhos incríveis!
 
Vinho Verde: a qualquer hora, em qualquer lugar.
 


Dica da Semana: um bom verde.

QG Colheita Selecionada 2009

Produtor: Quinta de Gomariz
Castas: Alvarinho, Loureiro e Trajadura
Coloração palha de média intensidade, cristalina. Intensamente frutado com tangerina, melão maduro e pétalas de rosas. Ligeiro de corpo, impressiona pelo balanço, pela enérgica e prazerosa juventude frutada. Ótima persistência no fim-de-boca.
Harmoniza com Ceviche; Queijo de cabra; Massa com frutos do mar.
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