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Esta última cepa é a base para um extraordinário produto da vinícola Craggy Range, localizada em Hawke´s Bay: Syrah Block 14 Gimble Gravels Vineyard.
O nome original foi simplificado para Gimblett Gravels Vineyard Syrah. No fim da década de 1980, um empresário australiano investiu em terras neozelandesas para a produção de um vinho. Não um vinho qualquer, queria criar algo lendário. Comprou um dos últimos espaços disponíveis na baía de Hawke, ao longo da estrada Gimblett. Gravels, em inglês, significa cascalho indicando o tipo de solo da região.
Na época, foi considerado o maior investimento em vinicultura do país. As parreiras utilizadas eram clones das mudas trazidas há cerca de 150 anos. O vinho produzido de suas frutas tem características peculiares e representam o terroir perfeitamente. Sua vinificação é feita em tanques de aço inoxidável, com controle de temperatura, usando somente os frutos (nenhum engaço). O amadurecimento passa por barris de carvalho francês, 25% de primeiro uso, durante 16 meses.
Notas de degustação da Safra de 2005, a mais famosa:
Com uma coloração púrpura profunda e aparência viscosa, sugere um vinho potente, porém se mostra leve no palato. Os aromas presentes remetem a especiarias como tradicionalmente encontrado em rótulos congêneres. Na boca apresenta taninos vivos, com textura de cetim, sem nenhum vestígio de ardência ou álcool exagerado, típico dos tintos neozelandeses. Um excelente vinho! Perfeito para acompanhar pratos condimentados de carnes.
Recebendo sempre notas muito boas dos críticos (Parker 93 pontos), não é um vinho caro tendo ótima relação custo benefício. No Brasil, é importado pela Decanter com preço de catálogo de R$ 172,00 (em 2012). Outro bom investimento para um ocasião especial. A vinícola produz uma série de outros vinhos, brancos e tintos, inclusive um sofisticado corte denominado Le Sol, que já foi comparado com o mítico Cheval Blanc.
Dica da Semana: Assim com os brancos, os tintos da NZ são caros no Brasil. Para contrastar com o vinho apresentado, selecionamos um Merlot típico.
One Tree Merlot
País: Nova Zelândia / Hawke’s Bay
Castas: 88% Merlot, 10% Cabernet Franc, 1% Malbec, 1% Cabernet Sauvignon
Coloração vermelho rubi intenso com reflexos granada. Aromas de frutas escuras maduras (cereja e amora), sândalo, chocolate amargo e tomilho. Paladar seco, boa acidez, encorpado, taninos finos e macios com retrogosto de frutas. Amadurecimento em barricas de carvalho francês por 15 meses antes do engarrafamento.
Harmonização: ideal para carnes vermelhas, carnes de caça e massa com molho untuoso.
A partir de 1980 começou uma grande revolução neste setor que mudaria o perfil do vinho uruguaio: grandes vinícolas iniciam a produção de vinhos finos, de alta qualidade. Vale a pena conhecer este processo que, na verdade, aproveitou uma boa base instalada como a Escola de Agronomia (1906), a Escola Industrial de Enologia (1940), e o Sistema de Controle de Pragas (1957) – ao contrário de Chile e Argentina, a Filoxera fez grandes estragos no país.
O passo decisivo foi a criação, em 1987, do Instituto de Vinhos do Uruguai, com objetivos simples e metas que todos os produtores podiam alcançar:
a) difusão e promoção dos vinhos no exterior;
b) aumento da produção de vinhos de qualidade;
c) promoção do turismo enológico.
Criou um sistema de classificação muito simples e extremamente efetivo, sendo considerado, por muitos, uma dos mais perfeitos: duas categorias apenas:
- Vino de calidad preferente (VCP) – deve ser obtido obrigatoriamente a partir de uvas viníferas e só podem ser comercializados em garrafas de 750 ml ou menores;
- Vino común (VC), ou tradicional vinho de mesa vendido em garrafões, tetra pack e embalagens similares. Em geral um vinho rosado. Os vinhos não podem receber nomes estrangeiros.
Com estas regras simples, a produção vinícola cresceu de forma segura atingindo as metas propostas. São mais de 100.000 hectares de vinhedos plantados com Tannat (36%), Merlot (10%), Chardonnay (7%), Cabernet Sauvignon (6%), Sauvignon Blanc (6%), Cabernet Franc (4%) além das variedades não viníferas para produção do vinho comum. Existem 270 vinícolas, muitas já se destacando no cenário internacional. Todas com uma excelente relação qualidade x preço nos seus produtos.
Refletindo sua própria história de lutas e conquistas para se tornarem um país independente, os produtores uruguaios enfrentaram uma série de fatores adversos para atingirem o nível de qualidade de hoje. Uma pergunta comum é saber o que os diferenciam da Argentina e do Chile: o clima é semelhante, geograficamente estão no mesmo paralelo de outras regiões produtoras, a cultura de consumo de vinho se equivale. Perdem, apenas, as defesas naturais proporcionadas pelos Andes, mas compensam com trabalho sério e dedicado, o que chamou a atenção dos principais consultores internacionais que já estão atuando na região.
As principais empresas e seus vinhos de ponta
Os vinhos do Uruguai têm personalidade própria, não pretendendo ser isto ou aquilo, o que os tornam únicos. Quase sempre baseados na uva Tannat, conhecida localmente como Harriague, de origem europeia e perfeitamente adaptada ao terroir local. Muito tânica e de complexa vinificação, produz vinhos de cor intensa e muito encorpados, com aromas herbais e frutas negras. Bem vinificado, seus taninos são aveludados e se presta a cortes com outras uvas como Cabernet Sauvignon, Merlot, Cabernet Franc e Syrah.
Destacam-se as vinícolas Pisano, Bouza, Juanicó, Filgueira e J. Carrau, que é considerada a primeira a produzir vinhos finos. Estabelecida desde 1930, quando plantaram seus primeiros vinhedos, passou por várias fases, tendo inclusive produzido bons vinhos no Brasil, entre eles o conhecido Chateau La Cave. Em 1976 iniciaram um projeto de vinhos de alto nível capazes de competir com os melhores do mundo. Fundaram a Vinos Finos Juan Carrau, plantando novos vinhedos na região de Rivera, junto à fronteira com o Brasil, além das plantações existentes em Canelones, próximo à capital Montevidéu.
Um dos seus vinhos mais conhecidos é o AMAT, elaborado com 100% de Tannat dos vinhedos em Cerro Chapéu, Rivera. Colhidas e selecionadas manualmente, o mosto é fermentado em tanques abertos com remonta manual evitando-se qualquer tipo de bombeamento mecânico. Amadurecido por 20 meses em barris novos de carvalho francês e americano (50% e 50%) é engarrafado sem filtração e descansa por 1 ano antes da comercialização.
Notas de Degustação:coloração intensa e muito encorpado. Aromas concentrados de frutas vermelhas, ameixa seca e alcaçuz. A madeira aparece em discretas notas de coco e tabaco, domando os taninos que são finos e aveludados o que se traduz em grande elegância e longevidade. Um vinho para ser guardado e apreciado no futuro. Potente, é ideal para acompanhar assados, queijos fortes, embutidos, etc. Recebeu diversos prêmios internacionais. O mais importante foi a medalha de prata na difícil competição International Wine Challenge de 2003, com a safra 1999.
Como se isto tudo não bastasse, tem uma excelente relação custo x benefício. Na Zahil, seu importador exclusivo:http://www.zahilrj.com.br/vinhos/uruguai/678.aspx Custa menos de R$ 150,00 (dados de 2012). Vale cada centavo!
Dica da Semana: Para começar a gostar e entender os segredos destes deliciosos vinhos.
Las Brujas Tannat Reserva
Safra: 2009
Produtor: Gimenez Mendez
Região: Las Brujas, Canelones.
Uva: 100% Tannat
Envelhecimento: 3 meses em carvalho americano
Vinho tinto uruguaio. Excelente equilíbrio entre a acidez, a fruta e os taninos. Sua coloração é vermelha escura com reflexos pretos. Um vinho com estilo, equilibrado e estruturado. Sabores que lembram marmelada, ameixas pretas e que preenchem o paladar. Ótimo acompanhamento para carnes de caça e carnes vermelhas bastante condimentadas.
Vamos apresentar uma simplificação do que é importante em Bordeaux.
A Geografia
Tudo gira em torno de três rios, o Dordogone e o Garone que se juntam para formar o Gironde. As áreas vinícolas estão separadas por eles: margem esquerda e margem direita do Gironde e Entre-Deux-Mers a região limitada pelos outros dois rios. O mapa ajuda a visualizar esta divisão.
Margem Esquerda – aqui estão situadas, além da cidade de Bordéus, as seguintes regiões e suas subdivisões:
– Medoc (Bas Medoc e Haut Medoc) onde se destacam as comunas de St.-Estèphe, Pauillac, Margaux e St.-Julien
– Graves – Pessac-Léognan
– Sauternes e Barsac (vinhos doces)
– Cérons
Aqui brilha a uva Cabernet Sauvignon que se adaptou ao solo de cascalhos (graves) desta área.
Margem Direita – aqui estão situadas as seguintes regiões e suas subdivisões:
– Saint-Émilion
– Pomerol
– Lalande-de-Pomerol
– Fronsac e Canon-Fronsac
– Côtes de Blaye
As castas predominantes são a Merlot e a Cabernet Franc perfeitamente adaptadas aos solos de calcário, argila e areia desta região. Vale a pena ressaltar que tanto em St. Emilion como em Pomerol estão os terrenos mais valorizados da França, com preços estratosféricos por hectare.
Entre-Deux-Mers– nesta região são produzidos os vinhos mais simples de Bordeaux, dentro da AOC (denominação de origem controlada). Existem oito sub-regiões:
– Loupiac
– Saint-Croix-Du-Mont
– Saint-Foix-Bordeaux
– Cadillac
– Côtes de Bordeaux St.-Macaire
– Premieres Côtes de Bordeaux
– Graves de Vayres
– Entre-Deux-Mers – brancos secos de excelente qualidade
As diversas classificações e os Monstros Sagrados
Em 1855 surgiu a Classificação Oficial do Vinho Bordalês elaborada a partir do preço de venda. Contemplou a região do Medoc. A partir da década de 1950, Graves e Saint Emilion adotaram suas classificações. Curiosamente, a região de Pomerol, onde são produzidos os vinhos mais valorizados, nunca recebeu uma classificação oficial.
Esta divisão criou os grandes vinhos, que estamos chamando de Monstros Sagrados:
1er Cru do Medoc
– Château Lafite-Rothschild
– Château Margaux
– Château Latour (100 pts 2009)
– Château Mouton Rothschild
1er Cru de Graves
– Château Haut-Brion (Pessac–Léognan) (100 pts 2009)
1er Cru A de Saint Emilion
– Château Ausone
– Château Cheval Blanc
Pomerol
– Château Pétrus (100 pts 2009)
– Château Le Pin (100 pts 2009)
Observações importantes:
1 – esta classificação engloba os vinhos tintos;
2 – existe uma classificação exclusiva para os brancos;
Apesar de serem todos vinhos maravilhosos, não são os únicos vinhos de Bordeaux que merecem respeito e admiração. A melhor prova disto são as notas 100 obtidas pela safra de 2009. Naquela relação já apresentada, aparecem apenas quatro dos grandes vinhos, o que demonstra que a classificação de 1855 está ultrapassada. Os demais são vinhos classificados como Deuxième Cru, ou Grand Cru Classe, existindo um Cinquième Cru, entre eles, o fabuloso Pontet Canet de Pauillac.
Na próxima coluna vamos apresentar o Château Petrus, um ícone francês tão importante quanto o Romanée-Conti e um dos vinhos mais falsificados do mundo. As fotos a seguir foram obtidas no que poderíamos chamar de laboratório de um falsário recentemente encarcerado. Elas falam por si…
Dica da Semana: um Bordeaux branco, para variar
Château Timberlay Branco
País: França / Bordeaux
Uva: Uva: Semillon, Sauvignon Blanc
Teor alcoólico: 12%
Um vinho que se destaca por seus intensos aromas cítricos, de peras e maçãs, com notas florais. Delicado e fresco, com ótima persistência. Acompanhamento perfeito para peixes e frutos do mar.
Ainda não havíamos falado sobre este país vinícola encravado na França. Citamos a Borgonha e deixamos, conscientemente, a região de Bordeaux para uma segunda visita. Aqui nasceram os grandes vinhos do mundo, desenvolveram-se as mais sofisticadas técnicas de viticultura e vinificação e criou-se um modelo copiado por todos: não há um enólogo na face da terra que não sonhe em incluir um corte bordalês no seu portfólio. Quase uma reverência aos deuses da enocultura.
Um pouco de história
A produção de vinhos nesta região data de 48 DC, durante a ocupação romana de St. Emilion, quando foram implantados os primeiros vinhedos com a finalidade de produzir bebida para as tropas de Roma. No ano 71 DC já havia diversos vinhedos produtivos em Bordeaux, embora estudos tenham encontrado, na região do Languedoc a presença da uva desde 122 AC.
O vinho ali produzido era de agrado dos franceses e raramente exportado. A partir do século XII estes vinhos ganham o mundo, através do casamento de Henry Plantagenet, que se tornaria o Rei Henrique II da Inglaterra e Eleanor d’Aquitaine, incorporando a província da Aquitânia ao território inglês e absorvendo a produção vinícola. Este quadro só seria alterado ao final da guerra dos 100 anos quando a província foi reincorporada à França.
Apesar de guerras e pragas, os vinhedos foram se expandido obrigando à introdução de regiões demarcadas a partir de 1725, para que os consumidores pudessem identificar as diversas origens dos vinhos. O Instituto das Denominações Controladas, foi criado para coibir falsificações, determinando que só os vinhos de Bordeaux ostentassem esta indicação em seus rótulos.
A classificação de 1855
Não é possível compreender estes vinhos sem conhecer a legislação sugerida pelo Imperador Napoleão III. Ele exigiu uma forma de classificação para os grandes vinhos que seriam expostos e negociados na Exposição Universal de Paris. A seleção levou em conta a reputação do Château e o preço de venda, o que era diretamente relacionado à qualidade.
Basicamente os tintos são enquadrados como Premier Crus até Cinquièmes Crus, com ligeiras variações entre as regiões do Medoc, St. Emilion e Graves.
Os brancos foram divididos em Premier Cru Superieur, Premier Cru e Deuxième Cru.
Houve apenas duas alterações nesta classificação até hoje, a mais significativa foi a reclassificação do Château Mouton Rothschild, em 1973, de segundo para Primeiro Cru.
Os 20 vinhos de 100 pontos: (nome seguido da região produtora)
Tintos: (todos Château)
– Beausejour Duffau Lagarrosse – St. Emilion
– Bellevue Mondotte – St. Emilion
– Clinet – Pomerol
– Clos Fourtet – St. Emilion
– Cos D’Estournel – Saint Estephe
– Ducru Beaucaillou – Saint Julien
– L’Evangile – Pomerol
– Haut Brion- Pessac – Léognan
– Latour – Medoc
– Leoville Poyferre – Saint Julien
– La Mission Haut Brion – Pessac – Léognan
– Mondotte – St. Emilion
– Montrose – Saint Estéphe
– Pavie – St. Emilion
– Petrus – Pomerol
– Le Pin – Pomerol
– Pontet Canet – Pauillac
– Smith Haut Lafitte – Pessac – Léognan
Branco:
– Pape Clément – Pessac – Léognan
Todos ótimos vinhos, entre eles grandes ícones que confirmam suas lendas. Mas… Caríssimos! Os 1er Crus são considerados os mais caros vinhos do mundo. Depois dos 100 pontos, o céu é o limite.
Curiosidade:
– após 30 anos criticando vinhos, Parker deu poucas notas 100. Foram 224 rótulos, muitos distinguidos em várias safras. O interessante é a divisão destas notas por região produtora: 30% vinhos do Rhone, 24% de Bordeaux (não computadas as atuais notas), 20% da Califórnia e 1,3 % da Itália. Os restantes 24,7% estão distribuídos entre outros países.
Na semana que vem, um pouco mais sobre Bordeaux.
Dica da Semana: um Bordeaux bom, bonito e barato (será que existe?)
CHÂTEAU SAINTE MARIE ROUGE 2006
Produtor: Château Sainte Marie
País: França / Bordeaux
Uva: 64% Merlot, 28% Cabernet Sauvignon e 8% Cabernet Franc
Utilizando práticas raríssimas na região de Entre Deux Mers, como cultivo orgânico e colheitas totalmente manuais, conseguem elaborar um vinho bastante superior aos normalmente encontrados nesta denominação. Os vinhedos antigos, com mais de 35 anos, e a maturação de 12 meses em barricas de carvalho, contribuem para deixar o vinho ainda mais complexo e atraente. Uma bela surpresa! Harmoniza com carnes grelhada, confit de pato, magret e carnes assadas.