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ENÓFILOS UNIDOS JAMAIS SERÃO VENCIDOS!

Estamos no meio de uma guerra que está sendo travada em diversos fronts. Quem iniciou as escaramuças foi o IBRAVIN quando encaminhou petição ao Governo Federal solicitando salvaguardas para o vinho nacional, ou seja, novos impostos e cotas de importação que onerarão, ainda mais, o consumidor final. 
Rapidamente, os grandes importadores, chefes de cozinha dos mais renomados restaurantes do país, críticos especializados, entre outros, partiram para um rápido contra-ataque e a discórdia se instalou. 

Vamos aos fatos: 
1 – O IBRAVIN, Instituto Brasileiro do vinho tem por objetivo promover e ordenar institucionalmente o setor vitivinícola, notadamente nas questões concernentes à produção de uvas, de vinhos, de suco de uva e de qualquer outro produto derivado da uva e do vinho, em todos os seus âmbitos. É mantido com recursos públicos estaduais (RS) e Federais, alem da taxa paga pelas vinícolas associadas. 
2 – Como todo órgão financiado por recursos públicos, sua gestão é feita ou por indicação do governo ou por um colegiado com representantes das vinícolas nacionais que, por sua importância, controlam indiretamente este instituto: Miolo, Aurora, Salton, Valduga, Aliança, etc. 
3 – A ideia retrógrada de controlar o mercado de vinhos, formando um oligopólio não é nova, era prática comum na era do nacionalismo exacerbado e nos deixou com um quase irrecuperável atraso tecnológico até os dias de hoje, mesmo depois da abertura do mercado para importações. Não é difícil perceber que os nossos automóveis ainda são umas carroças e a lei da informática nos deixou na rabeira do mundo moderno. Querem fazer o mesmo com o vinho de qualidade. 
4 – Em recente entrevista, Luiz Zanini, da vinícola Valontano afirmou: “Por que o IBRAVIN não pede o SIMPLES para o pequeno produtor? Por que o IBRAVIN não pede o fim das normativas que limitam a produção artesanal? Por que o IBRAVIN não pede a dispensa do SELO FISCAL para quem produz até 50.000 litros de vinho? Por que o IBRAVIN não luta para baixar os tributos de nossos vinhos, ou cria um regime especial para os pequenos produtores? Isto seria a salvaguarda para a sobrevivência da diversidade do vinho brasileiro. Ao contrário disto, o IBRAVIN que, diga-se de passagem, não possui representantes de pequenas vinícolas, está se especializando em burocratizar o Setor. Estamos caminhando para a era da industrialização em massa, estamos dando aval ao vinho commodities em detrimento da diversidade. Nosso vinho está sendo conduzido para a morte, e terá apenas uma sobrevida nas gôndolas de supermercados de terceira categoria, isto é degradante. Não posso compactuar com isto, por isso eu sou radicalmente contra quaisquer iniciativas que não sejam discutidas de forma ampla e democrática, com todos os personagens envolvidos. As empresas que representam a minoria poderosa (que dominam as entidades que compõem o IBRAVIN) agora começam a sofrer retaliações por parte da mídia, dos jornalistas, dos formadores de opinião, dos editores de revistas, dos proprietários de restaurantes, dos supermercadistas e dos sommeliers – são estas as pessoas que trabalham pelo vinho brasileiro – e que estão indignadas com os rumos da politicagem do vinho no Brasil. Quem deve abrir a cabeça”? 
5 – Num exemplo simples, o IBRAVIN financiou, no carnaval deste ano, a Academia de Samba União da Tinga que ganhou o carnaval de Porto Alegre com um enredo sobre o vinho. Além disto, o Instituto montou um fabuloso camarote para seus convidados Vips, onde espumantes eram servidos a rodo, com a desculpa de propor a substituição da cerveja por este vinho… 
6 – Fica claro que a manobra proposta tem por objetivo principal engordar o caixa desta instituição e ajudar a formar o cartel dos grandes produtores. 
A indignação foi geral e rapidamente divulgada nos principais meios de comunicação. Ciro Lilla, um dos mais importantes importadores (Mistral e Vinci) publicou uma Carta Aberta aos seus clientes

http://vinhosdecorte.com.br/carta-aberta-de-ciro-lilla-contra-adocao-de-salvaguardas-para-proteger-vinho-nacional/

Os Chefes Roberta Sudbrack, Felipe Bronze e Alex Atala, entre muitos outros, rapidamente retiraram os vinhos brasileiros de suas cartas, dando início a uma forma de protesto, o boicote, pouco usual neste país, mas de grande efeito. 

O estrago foi enorme. Algumas vinícolas pequenas se apressaram em esclarecer que eram contra as novas medidas: Adolfo Lona, Angheben, Cave Geisse e Vallontano. Entre as grandes, apenas a Salton se pronunciou contra as salvaguardas. 
Qual a nossa posição? 
Embora o colunista José Paulo Gils não acredite neste tipo de protesto, “há sempre algum outro interesse não declarado por trás disto tudo”, o boicote iniciado pelos restaurateurs foi efetivo e parece ser um caminho fácil de ser seguido: simplesmente vamos nos abster de consumir vinhos nacionais. 

Existe, pelo menos, uma petição pública contra este movimento. Para conhecer e participar acesse: http://www.peticaopublica.com.br/PeticaoListaSignatarios.aspx?pi=P2012N22143 

Curiosamente, vinhos do Chile, Argentina e Uruguai, os mais fortes concorrentes aos nacionais, escapariam destas medidas por força de outros acordos… 

Para saber mais, acesse esta excelente reportagem de Alexandre Lalas no site Wine Report: http://www.winereport.com.br/winereports/a-salvaguarda-da-discordia/1866 

Dica da Semana: desculpem-nos, mas o vinho azedou! Fica para a próxima semana.

Retomando o tema Grandes Vinhos – O Novo Mundo

Simbolicamente, vamos cruzar o Atlântico e iniciar uma jornada pelo continente americano. Esta segunda etapa vai abranger, também, África e Oceania. Antes de partir e para aproveitarmos bem esta aventura, são necessários alguns importantes esclarecimentos. A coluna de hoje é sobre isto. 
A dispersão das videiras 
Talvez tenha sido Cristovão Colombo quem trouxe as primeiras mudas para as Antilhas em sua viagem de descoberta em 1493. Mas foram os missionários que pregavam a fé cristã que as levaram a todos os países das Américas. O propósito era produzir um vinho de comunhão usado nos ritos religiosos. 

Colombo
No Brasil, coube a Martin Afonso de Souza introduzir as primeiras videiras na capitania de São Vicente em 1532. O primeiro vinho seria produzido por Brás Cubas, em Piratininga, no ano de 1551. 

Na maioria das vezes, estes empreendimentos não tiveram o resultado esperado. Diversos fatores contribuíram, desde o desconhecimento sobre as condições ideais de cultivo até o ataque por diversas pragas, até então inexistentes no continente Europeu. Como existiam uvas nativas, estas foram usadas, com algum sucesso, na produção destes vinhos simples. 
Aclimatação 
A Norte-América chegou a ser chamada de Vinholândia, pelos europeus, face ao enorme número de uvas autóctones encontradas. Vinhos seriam produzidos, regularmente, a partir de 1560, com as uvas locais. Mas o sabor não era, em nada, parecido ao que os colonizadores estavam acostumados. Em 1619 começam as primeiras tentativas sérias de adaptar as viti-viníferas europeias ao continente americano. Muitos problemas foram enfrentados e a solução ideal foi descoberta por acaso: um agricultor da Pensilvânia plantou uvas europeias no meio de um parreiral nativo (1683) dando origem a uma uva híbrida, por cruzamento natural, a Alexander, usada até hoje na produção comercial de vinhos. 
Filoxera e Lei Seca 
A partir desta descoberta acidental, a indústria vinícola na América floresceu rapidamente. Seguindo este modelo de uva híbrida, as videiras foram sendo distribuídas ao longo do continente. Os padres Franciscanos as levaram para a Califórnia onde estabeleceram a 1ª vinícola em 1769. Mas a qualidade do vinho ainda não era o esperado. Novas mudas europeias são trazidas para a costa oeste onde, finalmente, na Califórnia, começam a produzir bons frutos. 
Dois novos fatores iriam alterar de forma drástica este quadro e dar início a uma revolução que mudaria, para sempre, o mundo do vinho: a Filoxera e a Lei Seca nos EUA. 

A Filoxera é uma praga que ataca as raízes das parreiras. Originaria dos Estados Unidos, teria sido levada para a Europa nas mudas, norte-americanas, de uvas híbridas, nas últimas décadas do século XIX. O minúsculo pulgão se espalhou, rapidamente, dizimando os vinhedos europeus. Não havia solução: arrancavam-se as plantas e as queimavam, numa tentativa, desesperada, de evitar a propagação. Como as espécies do novo mundo eram imunes, gerou a única solução conhecida até o momento: replantar os vinhedos enxertando as uvas europeias em raízes vindas das Américas (tecnicamente, não existem mais pés-francos na Europa). 

A Proibição ou Lei Seca, que vigorou em território americano por 14 anos (1920 – 1933) produziu um desastre para a vinicultura local. Como não era mais um bom negócio, a maioria dos vinhedos foram erradicados e replantados com outras culturas. Mesmo depois de cair o veto à produção e consumo do álcool, a indústria vinícola estava quebrada, nada de qualidade seria produzido até a década de 60, quando surgem novos nomes neste cenário. 

O Vinho Moderno 
A recuperação da indústria vinícola norte-americana foi lenta e gradual, mas muito bem conduzida. Da Universidade de Davis, na Califórnia, que se tornaria um dos maiores centros de referência sobre a vinicultura, surgiriam as diversas técnicas que são empregadas, universalmente, no plantio de uvas e produção vinícola. O vinicultor americano transformou a arte de fabricar vinhos num negócio lucrativo. Isto mudaria tudo! 
Argentina e Chile 
A introdução das uvas viníferas nestes dois países se deu de forma semelhante. Entretanto, além do trabalho dos missionários religiosos, foi igualmente importante a introdução da cultura do vinho nas refeições, trazida pelos imigrantes europeus, principalmente italianos e espanhóis. 
A região de Mendoza, Argentina, começou a ser colonizada em 1553. O primeiro religioso a se estabelecer por lá trouxe mudas de uva. Exatamente como no norte, as primeiras experiências com castas europeias não frutificaram, mas rapidamente passaram a vinificar com a uva criolla, que resultava num vinho de sabor muito característico e que, até hoje, agrada ao paladar dos nossos Hermanos. 
Coube ao Chile a primazia de criar a primeira indústria de vinhos finos da América do Sul, em 1850, usando castas europeias nobres, algumas em pé franco, que haviam se adaptado perfeitamente ao clima e terreno junto a cordilheira dos Andes. Foram imigrantes franceses que escreveram esta parte da história. A ideia de vinhos varietais (uma só casta) surgiu ali. 
O que mudou e quem foram estas importantes pessoas? 
As técnicas adotadas no novo mundo foram abrangentes e influenciaram, definitivamente, a produção vinícola mundial. Na agricultura, estabeleceram parâmetros para a condução das videiras, observando a influência dos microclimas locais. Adotaram a irrigação por gotejamento, com excepcionais resultados inclusive na preservação do meio ambiente. As uvas do continente americano atingem um ponto de maturação que jamais será igualado no continente europeu, obtendo-se vinhos com surpreendente qualidade. Na área industrial, surgem técnicas e equipamentos que permitem a maceração e a fermentação com controle de temperatura, amadurecimento em barris de menor volume, uma enorme gama de testes e análises durante o processo e uma infinidade de equipamentos auxiliares. 
Entram em cena grandes vinhateiros, até então pouco conhecidos, como o russo radicado nos EUA, André Tchelitscheff, formado em enologia na França; Robert Mondavi o grande incentivador na busca por um vinho de melhor qualidade; Warren Winiarski que deixa de lado sua profissão de cientista político em Chicago para trabalhar e aprender na adega de Mondavi, até fundar sua própria vinícola. Uma decisão acertada: um de seus vinhos, o Stag´s Leap, derrotou os grandes vinhos franceses no famoso Julgamento de Paris. 
Mais recentemente, Paul Hobbs, um dos mais famosos “flying winemakers” (consultores internacionais) que, junto com Nicolas Catena, seria o responsável por introduzir as modernas técnicas, na Argentina, para produção de vinhos finos. Não existem vinhos icônicos como os do velho mundo, ainda. Mas há uma coleção de produtores que estão, sem nenhum favor, entre os melhores do mundo. Basta ver as notas dos principais críticos do setor. 
O mundo do vinho nunca mais foi o mesmo! 
Dica da Semana: Para começar bem o ano, vamos homenagear outro país produtor, o Uruguai. 
Rio de los Pájaros Merlot / Tannat 2008 
Produtor: Pisano /Uruguai 
Tinto saboroso, frutado e macio, elaborado com as castas Merlot e Tannat, a grande estrela do Uruguai. A Merlot, macia e redonda, ajuda a amaciar a tanicidade da Tannat. O bouquet é intenso e concentrado, com bastante fruta. Na boca, é macio, acessível e frutado, bem saboroso. Combina bem com massas, carnes e pizza.

Harmonia! Harmonia! – 1ª parte

 

 

O leitor já está imaginando que a coluna desta semana será sobre Escola de Samba, afinal, Harmonia é um dos quesitos julgados no espetacular desfile, definido como a perfeita igualdade do canto do Samba-Enredo, pelos componentes da Escola….
E o que isto tem a ver com vinho?
Harmonizar uma refeição, alimentos x bebidas, tem a mesma definição do quesito descrito acima, guardada as devidas proporções: a perfeita igualdade….
Não pensem que é fácil. Alguns alimentos não combinam com nenhum vinho, enquanto outros podem ser acompanhados por vários tipos de bebidas.
Existe uma regra que é quase uma lenda, a que combina a cor dos alimentos com a cor do vinho a ser servido: carnes vermelhas, vinhos tintos, carnes brancas, vinho branco. Este é um conceito, apesar de imperfeito, bastante popular. Em linhas gerais, funciona.
Vamos complicar as coisas um pouco: qual o tipo de vinho tinto deve ser servido num churrasco ou numa macarronada, por exemplo?
A solução deste enigma nos leva a outra regrinha, a que sugere harmonizar um vinho originário do país (produtor) com suas comidas típicas. O churrasco, comum na Argentina ou Uruguai, seria muito bem complementado com um Malbec ou Tannat. Mas outros vinhos cumpririam esta missão, o espanhol Tempranillo e o internacional Cabernet são opções conhecidas.
Então qual é a regra certa?
Para sermos muito honestos com os leitores a melhor resposta seria não existe. Mas podemos apontar alguns caminhos a serem seguidos.
O problema todo esbarra em diferenças culturais. Paladares são subjetivos e pessoais. Um mesmo vinho pode ser classificado de forma diametralmente oposta por duas pessoas de nacionalidades ou sexo diferentes.
Para tentar contornar esta diferença, alguns autores demonstram que o casamento entre determinado alimento e um vinho é regido por um fator bem conhecido: o corpo do alimento e do vinho.
Corpo, numa refeição, significa forma de cozimento (ou não), textura, quantidade de gordura e sabores predominantes, enquanto que, no vinho, estamos nos referindo ao teor alcoólico, acidez, taninos e açucares.
Assim, à primeira vista, parece confuso. Mas não é. Trocando isto em miúdos, esta explicação acima pode muito bem ser traduzida por:
Comidas pesadas – vinhos encorpados
Comidas leves – vinhos leves.
Na próxima semana vamos mostrar como se classificam os vinhos por seu corpo, e abordaremos as duas estratégias básicas: combinar e contrastar.
Enquanto isto, para acompanhar a macarronada de domingo, eis a dica da semana:

Sangiovese di Toscana 2009 – Bonacchi
País: Itália
Região: Toscana
Uva: Sangiovese
Um tinto fresco e agradável, elaborado com uvas Sangiovese plantadas nos mesmos terrenos que dão origem aos Chianti. Ótimo para acompanhar massas, carnes e aves.
Saúde!

Espumantes, Brancos, Rosés, Tintos, Doces e Fortificados


Fortificados? Será que alguém construiu uma fortaleza só para guardar vinhos?
Vamos deixar todos com curiosidade, mas não existe nenhuma muralha em torno dos vinhos fortificados. Só por uma questão de tradição, os deixaremos por último. Para começar, como manda o ritual de uma degustação, vamos abrir um espumante.
Nesta categoria de vinhos, os Champanhes reinam absolutos. E só os que são produzidos na região de Champagne, na França, podem receber esta denominação. O resto é espumante.
Mas e os maravilhosos Proseccos, não são champanhes? Não! Aliás, desde a introdução no nosso mercado deste simpático e refrescante espumante italiano, a expressão tomar um prosecco virou sinônimo de tomar um espumante. Um engano curioso: prosecco é a uva a partir da qual se faz o borbulhante vinho. Existem vinhos brancos tranquilos (os que não espumam) com a mesma uva e a mesma denominação.
Vinhos espumantes são fabricados em diversos países e, acreditem, alguns podem ser melhores que os endeusados Champãs, como gostava de grafar o saudoso Ibrahim Sued. No Brasil são produzidos excelentes espumantes, apreciados por degustadores internacionais. Na Espanha, espumantes são conhecidos como Cavas, na Alemanha denominam-se Sekts, pouco apreciados por aqui. Na Itália, além do já citado, vamos encontrar o Lambrusco e o Asti, entre outras. Na França fazem espumantes em outras regiões adotando a expressão Cremant.
As castas mais tradicionais na produção destes vinhos são a Chardonnay e a Pinot Noir.
Um detalhezinho: espumante que se preze é Brut, que se traduz como seco. Bebe-se gelado, em torno de 9° C.
Além dos espumantes, a uva Chardonnay produz os melhores vinhos brancos, na opinião de muitos enófilos. A referência, como sempre, são os vinhos da Borgonha, França. Mas não reinam mais sozinhos e podem mesmo, ter perdido a majestade. Os chardonnays Norte-Americanos tem simplesmente arrasado a concorrência, aliando qualidade a um preço imbatível. A perfeita relação custo x benefício.
Outras uvas brancas desafiam a nossa Rainha (Chardonnay). Sauvignon Blanc, Semillon, Pinot Gris, Riesiling, são algumas das castas que produzem vinhos fantásticos, principalmente no novo mundo. Existem, também, brancos feitos a partir de uvas tintas. Nenhuma mágica nisto, basta remover as cascas no processo de fermentação. A Pinot Noir, classuda e complexa uva tinta, costuma ser vinificada em branco para compor os champanhes. A expressão blanc des blancs indica os vinhos feitos unicamente com uvas brancas.
Já adivinharam qual seria a casta que reina nos tintos? Pinot Noir é uma delas. Mas não é a única. Dependendo do paladar de cada um, e isto é extremamente significativo, os melhores tintos poderão ser das castas Cabernet Sauvignon, Nebbiolo, Sangiovese, Syrah ou Merlot. Isto sem levar em conta as sul-americanas Malbec (Argentina), Carménère (Chile) e Tannat (Uruguai), cujo reconhecimento e consumo mundiais aumentam espetacularmente.
Os Tintos são vinhos sérios, para serem bebidos com certa circunstância. Existe mesmo um rito para aprecia-los. Mas não sejam tão precisos assim, um cálice de tinto nas refeições não só as tornam mais saborosas como traz ótimos benefícios à saúde. Mas sem exageros OK?
Vinho tinto é o maior mercado vinícola e será objeto de uma coluna só para eles.
E o Rosé? É simplesmente uma mistura de tinto com branco?
Não é bem assim. Sua agradável coloração é obtida controlando-se o tempo que as cascas da uva tinta permanecem em contato com o mosto em fermentação. O Rosé é descompromissado, refrescante, para ser degustado informalmente. É ideal para o verão brasileiro. Boa companhia para uma praia ou piscina. Bebe-se quase como uma cerveja – bem gelado. Para os enochatos a temperatura indicada é cerca 12° C. (boa pra um branco também)
Acredito que os leitores já estão impacientes: e o tal fortificado?
Posso afirmar, com segurança, que todos nos já provamos um fortificado. Vinho do porto, por exemplo. Outros da mesma categoria são o Madeira, o Jerez e o Marsala. Junto com os vinhos doces, também chamados de sobremesa, formam uma categoria à parte.
Neste segmento dos adocicados, pensados para acompanhar uma sobremesa, reinam o Tokai, produzido na Hungria, e o Sauternes, francês. No Novo Mundo, são comuns vinhos de sobremesa produzidos a partir das castas Gewurztraminer e Riesiling. Tintos doces são raros, mas deliciosos. Um exemplo dos mais conhecidos é o Vin Santo italiano.
Vinho do Porto é a referência entre os chamados fortificados. Recebem esta denominação porque são misturados com aguardente vínica, processo que permite que estes vinhos durem mais de 100 anos. Assim como os doces, completam uma refeição tendo a fama de serem digestivos. Mas há que os beba como aperitivos.
Saca Rolhas em punho!

Montes Chardonnay 2009 (Viña Montes)
País: Chile
Tipo: Branco Seco
Ótimo branco elaborado com a nobre uva Chardonnay. É fermentado parcialmente em carvalho, o que confere esse agradável toque de baunilha bem equilibrado com as frutas exóticas. Encorpado, rico, cremoso e de moderada acidez. Apresenta uma excelente relação qualidade/preço.
Saúde !

Rótulos e Mais Rótulos


Um dos conhecimentos mais importantes é saber ler um rótulo. De acordo com as diferentes legislações dos países produtores, informações relevantes devem ser impressas de modo claro, permitindo ao consumidor saber o que vai adquirir.

Sem nenhuma pretensão de esgotar o assunto, vamos mostrar, num rótulo francês (*), as informações que um bom enófilo deve saber.

1 – Região, neste caso Bordeaux: Apellation Bordeaux Contrôlée. Por favor, vamos lembrar-nos das aulas da Mme. Margaridá no colégio – Je m’apelle… Apellation significa Denominação.

2 – Teor alcóolico, pode variar de 12% até 15%.
3 – Produtor ou engarrafador: deve haver um endereço ou nome de empresa completo.
4 – País de origem.
5 – Volume de líquido.
6 – Número do lote.
Além destas informações, aparece a safra (1996) e poderia haver a indicação do tipo de uva, no caso de um vinho varietal, por exemplo, Cabernet, Merlot, Chardonnay, etc.
Existem desde rótulos mais simples até outros extremamente complexos. Alguns, enigmáticos, como se o comprador já soubesse tudo sobre aquele produto – basta o nome!
O que importa realmente são alguns detalhes. O primeiro é o país de origem. Os principais produtores do Velho Mundo, França, Itália Portugal, Espanha e Alemanha, produzem vinhos em diversas regiões de seu território, cada um com suas particularidades. Surgem deste fato as denominações ou regiões controladas, que indicam e até mesmo garantem a qualidade do vinho. Alguns exemplos clássicos são as appellations francesas e os DOC e DOCG italianos. O que é isto? Fácil!
DOC – denominação de origem controlada
DOCG – denominação de origem controlada e garantida.
Nos países produtores do Novo Mundo, Chile, Argentina, Uruguai, Austrália, Nova Zelândia África do Sul e Estados Unidos, só recentemente algumas regiões vinícolas foram demarcadas recebendo, pelo menos, uma classificação IGT (indicação geográfica típica).
Vinhos cujos rótulos ostentam estas siglas são de melhor qualidade. A vinícola, para receber este selo, é obrigada a cumprir com normas de produção rigorosas.
O segundo detalhe é o tipo do vinho, Não estamos falando de tinto ou branco, mas de cortes ou varietais. Você já deve estar se perguntando: Corte? Do que estamos falando?
Corte ou assemblage, em oposição ao vinho varietal ou monocasta, é um caldo composto de sucos provenientes de diversas uvas viníferas. Os vinhos de corte mais famosos são os franceses de Bordeaux. O corte Bordalês é sempre composto das seguintes uvas: Cabernet Sauvignon e Merlot. É permitido acrescentar, em quantidades menores, Cabernet Franc, Petit Verdot e Malbec.
Este corte é copiado por toda vinícola do mundo que produza um bom vinho. É quase um cartão de visita.
Quanto aos varietais, é certo afirmar que o céu é o limite. Tradicionalmente os vinhos da região da Borgonha, França, produzidos a partir da uva Pinot Noir, são considerados os grandes vinhos deste segmento. Já a Itália, reivindica este título para o seu Barolo, feito com a uva Nebbiolo, ou para o Brunello, vinificado a partir da Sangiovese.
Nos vinhos do Novo Mundo, a guerra é franca e aberta. As castas chegam mesmo a serem consideradas ícones nacionais, embora todas elas tenham sido trazidas do velho mundo. Quando se fala em Malbec, é Argentino, Carmenére é Chileno, Pinotage é Sul Africano e por aí afora.
O terceiro detalhe a ser considerado é a safra. Tecnicamente, ela indica o ano da colheita e produção do vinho. Isto não significa que ele esteja pronto para consumo. Os bons vinhos passam por um longo estágio de envelhecimento e amadurecimento antes de serem colocados no mercado. Fica fácil deduzir que quanto mais antiga a safra, mais caro é o vinho. Mas é preciso ter muito cuidado com estas antiguidades, se não foram bem guardadas…
Os Espumantes nem sempre declaram a safra. Quando o fazem, é sinal de alta qualidade. Os melhores, aqueles realmente excepcionais, recebem a denominação Millésimé (pronuncia-se ‘milesimê’).
Analogamente, vinhos de safras recentes, tintos ou brancos, são chamados jovens e podem esconder delícias, principalmente os do Novo Mundo. Existem, ainda, vinhos não safrados, produzidos a partir de sobras de vinificação ou mesmo de mistura de uvas que não são consideradas Premium. Na maioria das vezes recebem uma denominação vinho de mesa. Cá entre nos, não se interessem muito por eles…
Deu secura na garganta? Eis a dica da semana:

 

EA Tinto 2008 – 750ml e 1.500ml
País: Portugal
Produtor: Fundação Eugénio de Almeida
Teor alcoólico: 13,0%
Castas: Alicante Bouschet, Aragonez, Castelão, Trincadeira
Com aromas de frutos jovens e frescos, boa densidade, notas de vegetal seco. Paladar macio e com uma ligeira adstringência, característica da juventude. Bons taninos, pronto para beber.
 
Saúde !
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