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Vinhos de corte – de volta ao básico

Vinho de corte, blend, assemblage ou coupage são diferentes denominações para um mesmo produto: um vinho produzido com mais de uma casta.

Alguns dos vinhos mais famosos do mundo são elaborados assim. Um leitor mais atento vai lembrar do onipresente corte bordalês, que produz joias como Chateau Ausone, Chateau Cheval Blanc, Chateau Margaux, entre outros. Sempre uma composição entre Cabernet Sauvignon, Merlot e mais alguma outra entre limitadas e permitidas opções.

Curiosamente, quase nunca nos damos conta que existem outros vinhos, tão ou mais famosos que os de Bordeaux, que são elaborados “blends”. O Champagne é um deles. Tradicionalmente é vinificado a partir de um corte de Pinot Noir, Chardonnay e Pinot Meunier. Outros dois ícones do mundo do vinho que seguem este estilo são o Porto e o Madeira.

O objetivo de cortar um vinho é fazê-lo melhor. A cada safra, as uvas mudam algumas de suas características básicas, como teor de açúcar, presença de polifenóis etc. que influenciam diretamente no produto da vinificação. Uma das mais poderosas ferramentas que um enólogo dispõe para contornar estas variações é misturar ou cruzar, com outras outras vinificações, corrigindo acidez, taninos, aromas, sabores e até mesmo teor alcoólico.

Vários tipos e corte são possíveis, desde uma simples mistura de diferentes castas vinificadas separadamente, a combinação de vinhos de diferentes safras, de uma mesma casta ou de várias e, ainda, a cofermentação, onde várias uvas são processadas ao mesmo tempo.

Em Portugal vamos encontrar vinhedos com várias castas plantadas juntas, num arranjo chamado de “field blend” ou corte do campo. Este conceito pode ser estendido para o uso de frutos de diferentes vinhedos ou mesmo de parcelas de diferentes áreas. As possibilidades de combinações são múltiplas.

As proporções entre cada casta num corte ficam por conta do Enólogo. Durante o processo serão realizadas diversas provas que vão definir as dosagens de cada vinho. Apenas no caso dos “field blend” a proporção já vem definida.

Além dos cortes citados, alguns outros se destacam neste nosso universo vínico:

– GSM – iniciais de Grenache, Syrah e Mouverdre. Típico da região do Rhone, França. Um destaque vai para o Châteauneuf-du-Pape, que pode receber até 14 tipos de uvas na sua elaboração;

– Chianti – o típico vinho da Toscana, em sua versão original, é um corte entre Sangiovese (70% no mínimo), Canaiolo, Colorino, Ciliegiolo, Mammolo e a branca Trebbiano. Atualmente estas castas estão sendo pouco usadas e deram lugar a outras, mais europeias, como Cabernet e Merlot, originando os “supertoscanos”. A legislação mudou para aceitar estas uvas no corte deste clássico vinho;

– Na Austrália há um corte muito comum e bem aceito pelo mercado – Cabernet Sauvignon e Shiraz (Syrah). Alguns autores já apelidaram de “corte australiano”;

– Na Califórnia, alguns produtores se dedicaram a encontrar um vinho de corte que tipificasse a região e fosse uma alternativa aos varietais. Um vinhateiro, Dave Phinney, com o seu “The Prisoner”, estabeleceu uma tendência, pelo menos. Um complicado corte entre as duas mais famosas uvas da região, Cabernet Sauvignon e Zinfandel, com coadjuvantes como Charbono (Bonarda), Syrah e Petit Syrah, algumas delas plantadas num “field blend”.

Para finalizar, um lembrete: tecnicamente um vinho de corte é um produto de melhor qualidade, desde que bem elaborado. Existe outro tipo de “corte”, assim mesmo, entre aspas, aquele em que um produtor inescrupuloso estica sua litragem produzida misturando, sabe-se lá o que, no seu vinho base.

Seu objetivo?

Aumentar o faturamento…

Saúde e bons vinhos!

Imagem de nattynati por Pixabay 

Vinhos do velho e do novo mundo

Este tema é uma questão fundamental para aqueles que realmente desejam compreender o mundo dos vinhos. Uma simples divisão entre dois continentes, inicialmente, que mais tarde foi ampliada para outras regiões, formou legiões de apreciadores e/ou detratores de um estilo “europeu”, caracterizado pelo “corte bordalês”, ou de um estilo “americano”, caracterizado pelos vinhos varietais.

No final das contas, todos são vinhos, foram elaborados a partir das mesmas castas e, em alguns casos, vinificados pelas mesmas pessoas. Muda, apenas, o endereço ou, no nosso jargão, o terroir. Ainda assim, não é explicação suficiente, dúvidas persistem, algumas muito diretas como “este vinho é melhor que o outro” que, na verdade, se resume a uma questão de gosto pessoal.

Um ponto muito importante nesta discussão é compreender as diferenças entre as diversas normas de elaboração dos vinhos em cada país produtor. Saber ler e interpretar um rótulo é a chave para esclarecer muitas destas dúvidas.

Na França, os vinhos são comercializados enfatizando em seus rótulos as regiões produtoras. As castas utilizadas nem sempre são citadas, cabendo ao consumidor saber, por exemplo, que um Pouilly-Fuissé é um Chardonnay da Borgonha, enquanto um Pouilly-Fumé é um Sauvignon Blanc do Vale do Loire.

Neste link da Wikipedia, há uma extensa lista, em inglês, das regiões que podem aparecer nos rótulos dos vinhos franceses. Ainda assim, é necessário um conhecimento mais detalhado para alguns casos. Bordeaux é o melhor exemplo: são várias sub-regiões, as mais famosas estão nas margens esquerda e direita do rio Garonne. São terroirs bem característicos distribuídos ao longo delas. No caso dos tintos, cada Chateau tem seu corte próprio com as conhecidas castas: Cabernet Sauvignon, Merlot, Cabernet Franc, Petit Verdot, Malbec e, eventualmente, Carménère. Nada mais é permitido!

Em 1976, um evento ocorrido em Paris chamou a atenção para os vinhos elaborados na Norte América, até então pouco conhecidos na Europa. O chamado “Julgamento de Paris” foi uma belíssima degustação comparativa entre vinhos dos dois países, com um amplo domínio dos americanos, que se apresentavam de forma direta, sem rodeios: nos rótulos estavam destacadas as castas utilizadas, quase sempre, uma só. Um dos vencedores foi o Chardonnay do Chateau Montelena. Vejam a foto a seguir:

Novamente, as normas de elaboração de vinhos têm papel preponderante no que pode ou deve aparecer nos rótulos. Atualmente, nos EUA, basta que o vinho tenha 75% de uma casta dominante para ser considerado um “varietal” …

Fica fácil entender a razão dos atuais vinhos 100% de uma só casta.

São dois estilos de vinhos muito mais calcados no binômio clima e terreno do que em simplificações como cortes e varietais. Em ambos os continentes, os consumidores se cansaram das tipicidades tradicionais ou dos altos preços de alguns vinhos icônicos. Nas Américas, os cortes estão ficando mais populares, com misturas muito inovadoras que cruzam diversas influências. Na Europa, principalmente na França, os caríssimos vinhos bordaleses e similares vão ganhando novos companheiros, menos sisudos e mais palatáveis no bolso. Até mesmo a rígida regra das “castas permitidas” aqui e acolá está sendo dobrada.

Antigos e tradicionais países produtores no Velho Continente, que caíram no ostracismo, estão sendo redescobertos trazendo de volta alguns prazeres quase esquecidos. São antigas uvas dadas como extintas, técnicas de produção milenares que estavam abandonadas que, agora, estão sendo atualizadas e novas formas de embalar e de consumir a nossa bebida favorita.

No Novo Mundo, as inovações que sempre caracterizaram o estilo de vinhos continuam evoluindo, não esquecendo as inspirações vindas do outro continente. Novos países produtores se valem destas técnicas para trazer ou reviver novas castas e técnicas que resultam em vinhos surpreendentes.

As diferenças são menores a cada nova safra. Quem ganha é o consumidor que souber “ler” corretamente o que tem em mãos: novo mundo é velho mundo e vice-versa.

Saúde e bons vinhos!

Créditos:

Mapa mundi – Imagem criada por macrovetor para Freepik

Chateau Montelena – foto por ayako – Flickr: a bottle from my birth year, CC BY 2.0

Castas Nobres: de volta ao básico

São apenas seis, três tintas e três brancas. Cinco são francesas e uma, alemã: Pinot Noir, Cabernet Sauvignon, Merlot, Chardonnay, Sauvignon Blanc e Riesling.

Fica uma grande questão: Por que nobres? E as demais 1300 castas que podem ser vinificadas, como tratá-las? Plebeias?

Para começo de conversa, nenhuma delas nasceu nobre. Nada de reis, rainhas e castelos. Nobre é um apelido e existe uma boa explicação para terem criado esta alcunha.

Um teste rápido: qual a casta predominante no seu primeiro vinho, aquele que despertou sua preferência por esta deliciosa, bebida?

É uma das seis, certo?

Estas varietais são as mais comuns em todos os países que produzem vinhos. Adaptam-se aos mais diversos tipos de solo e clima e produzem bons vinhos desde que elaborados por gente que sabe o que faz. Podemos entender como um porto seguro – se querem entender sobre vinhos, comecem aqui. Um bom corte bordalês com Cabernet e Merlot, pelo menos, é básico e vai servir de referência para balizar e apreciar outros vinhos.

Na série branca, a dobradinha Chardonnay e Sauvignon Blanc, embora nunca andem juntas, serve de contraponto às demais vinificações.

Não podemos negar a força do marketing francês embutido nestas uvas, inclusive na única branca, de origem alemã, que é vinificada de forma excepcional na Alsácia.

No nosso imaginário, a França sempre foi o centro do mundo quando se fala em luxo, sofisticação e prazeres da mesa. “Vinho é francês” ainda é uma colocação muito comum. Hoje em dia, caracteriza quem pouco aprecia um bom vinho e quem ainda acha que o dinheiro compra tudo, inclusive felicidade.

Se há um tipo de vinho que pode ser chamado de nobre é o espumante, especialmente o Champagne. Para quem não se lembra, é um corte de Chardonnay e Pinot Noir, este, vinificado em branco.

Nada mais justo o apelido de nobre, embora já não haja mais um consenso. Castas como a Syrah, Nebbiolo, Sangiovese, Malbec, Tempranillo, entre outras, já podem ser incluídas neste rol. Muito por seus vinhos serem fáceis de beber terem se tornados bem aceitos em todo o mundo.

O Malbec, argentino, talvez seja o melhor exemplo. Uma casta até então coadjuvante no corte bordalês e pouco apreciada em sua região de origem, Cahors: uma lenda diz que seu nome derivaria de “bico errado” (mal bec). Ressurge na América do Sul, é vinificada por um californiano “rei do Cabernet” e se torna uma das estrelas do moderno mundo do vinho. Nada mais nobre…

As nossas seis estrelas continuam fortes. Uma das grandes aventuras desse imenso universo vínico é passear pelos diferentes estilos de cada uma delas, mundo afora. Comecem pela Cabernet. Depois dos franceses, experimentem pelo menos os da Califórnia e Chile.

A Chardonnay é vinificada em estilos completamente distintos dentro da própria França, na Borgonha. Cada um é uma aula. Depois, provem o estilo californiano, com muita madeira.

Sauvignon Blanc, que na França, produz joias como os Pouilly-Fumê ou os Sancerre, tem na Nova Zelândia e no Chile concorrentes que são considerados superiores aos originais.

Opções não faltam. É um fantástico passeio e a oportunidade de aprender na prática, escolhendo, provando e criticando.

Saúde e bons vinhos!

Créditos: foto “Fazenda Durante O Pôr Do Sol” obtida no Pexels

O dia da uva Cabernet Sauvignon. Será?

Parafraseando o personagem Pedro Pedreira, da eterna Escolinha do Prof. Raimundo: “Há controvérsias” …

E não são poucas!

Tudo teria começado em 2009 no Napa Valley, EUA, uma região que produz alguns dos melhores Cabernet do mundo. Rick Bakas, um conhecido Sommelier e marqueteiro, organizou um evento nas redes sociais para agregar apreciadores desta casta e trocarem notas sobre suas degustações. O evento foi um sucesso e vem se repetindo desde então. Dúvida recai sobre a data: uns dizem que foi num 29 de agosto, outros adotam o dia seguinte, 30 de agosto. O objetivo era divulgar as vinícolas do Napa Valley e seus ótimos vinhos. Portanto, um evento regionalizado e com um objetivo bem definido.

No Chile, outro grande produtor da uva Cabernet e seus vinhos, adota uma variante destas datas para comemorar o seu dia: a última 5ª feira de agosto, que em 2021 caiu no dia 26/08.

Para fechar o quadro, existe um International Cabernet Day (#CabernetDay), onde são comemoradas castas e vinhos “Cabernet”: Sauvignon e Franc.

Honestamente, essa icônica casta não precisaria ser lembrada.  Segundo estimativas da OIV (Organização Internacional do Vinho e da Vinha) datadas de 2017, a área plantada com esta uva seria de 317.000 hectares, o que a torna a mais cultivada vitis vinífera.

Começando por Bordeaux, seus vinhos são os mais famosos e, ao mesmo tempo, referência para qualquer outro produtor mundial. É quase impossível encontrar um vinhateiro que não sonhe em produzir um bom Cabernet. É um cartão de visitas, um rito de passagem que todos querem cumprir.

Nem sempre são bem sucedidos: há Cabernets e cabernets…

Ninguém discutia a superioridade dos emblemáticos cortes bordaleses até que aconteceu a conhecida degustação comparativa entre vinhos franceses e norte-americanos, apelidada de “Julgamento de Paris”. Os vinhos californianos passaram a dominar amplamente esse segmento do mercado.

Mas já não reinam sozinhos. O Chile, outra importantíssima peça neste tabuleiro, tem produzidos maravilhosos Cabernet, inclusive com vinhas de pé franco, que já não existem mais no velho mundo. Seu vizinho, do outro lado dos Andes, depois de um longo período apostando na Malbec, jogou suas fichas na “Cab” produzindo pequenas e deliciosas joias.

Não se iludam, um bom Cabernet é caro, às vezes muito caro. Para realmente entendermos a mágica dessa casta temos que prová-la, em todo o seu esplendor, nem que seja uma única vez. Procedendo assim, poderemos, finalmente, separar o joio do trigo.

Há alguns rótulos de preço proibitivo aqui no Brasil: os Châteaux da margem esquerda do Gironde; Opus One, Screaming Eagle, Caymus, entre outros estupendos vinhos da Califórnia; ícones chilenos como o Almaviva, Don Melchor ou Seña.

Existe um gama, que vamos chamar de intermediária, que é perfeitamente acessível aos nossos bolsos e os vinhos são excelentes, a ponto de, em determinadas safras, superarem os grandes mitos.

Anotem, decorem e quando encontrarem à venda, nem pestanejem:

Terrazas de los Andes Reserva Cabernet Sauvignon, Argentina

Francois Lurton Gran Lurton Cabernet Sauvignon, Argentina

Viña Chocalán Cabernet Sauvignon, Chile

Santa Rita Medalla Real Cab. Sauvignon

Outras boas opções vêm de produtores australianos, sul africanos e dos EUA, mas são raras no nosso mercado.

Arrisquem, degustem e se juntem ao sempre crescente grupo dos apreciadores dessa que é comumente chamada de rainha das uvas tintas.

IMPORTANTE: a partir desta coluna e pelos próximos 60 dias, a frequência de publicação será outra, podendo não ocorrer. Estaremos nos aventurando pela Península Ibérica. Eventuais novas matérias acontecerão ao sabor da disponibilidade de tempo, acesso a um computador e a Internet.

Saúde e bons vinhos!

Foto: “Chateau Margaux Cabernet Sauvignon vines.jpg” por Megan Mallen está licenciada sob CC BY 2.0

Uma casta, um vinho – Pinot Noir

O mundo do vinho está repleto de reis, rainhas, príncipes e outros títulos nobiliárquicos. Estamos falando desde produtores, muitos deles autointitulados rei de alguma coisa, passando por regiões produtoras e estilos de vinhos, onde até podemos encontrar um “Rei dos vinhos” e um “Vinho dos Reis”, chegando até a raiz de tudo, nas castas, onde a disputa é feroz. Existe uma lista de “castas nobres”, amplamente dominada por varietais típicas da França.

A Pinot Noir é uma delas. Talvez seja a mais temperamental de todas, difícil de ser trabalhada, exigindo muita dedicação de seus produtores. Em compensação, produz alguns dos mais fantásticos, e caros, vinhos do planeta. Uma afirmação que ninguém questiona.

A origem desta videira é muito antiga. Estima-se que exista há mais de 600 anos. Muitas teorias sobre sua história ainda são discutidas. Vão desde a domesticação de uma videira silvestre até o surgimento por polinização cruzada entre duas outras espécies, hipótese não muito aceita. Acredita-se que o seu berço seja a região da Côte de Beaune, na Borgonha, especificamente em Chassagne-Montrachet. Os primeiros registros datam de 1383.

Até para explicar o seu nome há inúmeras versões. Pinot decorreria de “pin”, pinho em francês, devido à semelhança do cacho com uma pinha. Noir, negro em francês, se deve a escura coloração dos seus frutos. Há uma extensa lista de denominações regionais para esta uva.

Uma das discussões mais interessantes a este respeito tem origem em um dos seus mais antigos sinônimos: Morrillon. A etimologia dessa palavra pode sugerir muita coisa. Uma linha de pesquisa afirma que este termo deriva da palavra Mouro (Maures), o povo do norte da África, de pele escura. Outro grupo defende a teoria que o termo se originou das expressões francesas “mours” e “mouret” que significam “cereja negra”, numa alusão ao formato e cor das bagas da Pinot Noir. Há, ainda, um terceira linha de pesquisa que se debruça sobre uma palavra do Latim, “maurus”, significando marrom escuro.  No final das contas, historiadores admitem que Morrillon derivou do nome de um rio da região da Ile de France, La Morée, onde esta casta era abundantemente plantada. Um registro de 1375 informava que uma quantidade de vinho “Pinot vermeil” (feito com Morrillon) estava senda enviado para a Bélgica.

Vinicultores de todo o mundo replantaram esta casta obtendo vinhos bem diferentes entre si, cada um deles um belo retrato dos diferentes terroirs e métodos de elaboração. Não é um uva para os fracos, é preciso de muita dedicação, conhecimento e paciência para obter os bons resultados que tornaram esta casta uma unanimidade, indiscutível.

Alguns dos melhores Borgonhas levam 15 anos, ou mais, para chegar ao mercado!

Uma uva extremamente versátil que produz, em mãos competentes, desde sonhados tintos, como o conhecido Romanée-Conti, até os Champagnes – é uma das principais uvas. Entre suas estrelas borbulhantes, o Krug Clos d’Ambonnay Blanc de Noirs Brut, 100% Pinot Noir, pode atingir preços com 5 dígitos…

A família desta casta é extensa e muito importante no cenário vinícola. Além da Noir, vamos encontrar a Pinot Gris, a Pinot Blanc, a Pinot Meunier e outros clones menos importantes. O cruzamento espontâneo da Pinot (genérica) com a Goauis Blanc produziu uma extensa série de descendentes, entre elas a não menos famosa Chardonnay, companheira da Pinot Noir na Borgonha e em Champagne.

Os grandes Pinot borgonheses são facilmente identificados por sua coloração leve, quase um rosado, num curioso contraponto com a pele escura de seus frutos. No paladar apresenta-se muito frutado, com os “sabores do bosque”. São vinhos fáceis e beber, deliciosos e muito complexos, quando estão prontos. Vinhos jovens podem ser simplesmente intragáveis.

Por ser uma casta que se adapta às condições climáticas de cada local onde está sendo cultivada, o Pinot da Borgonha não consegue ser imitado. Cada região tem o seu estilo de vinho. Os da Califórnia ou do Oregon, por exemplo, são escuros e bem mais tânicos que os franceses.

A nossa escolha para representar esta fabulosa casta vem da Itália, um Pinot Nero.

Alois Lageder – Pinot Noir Alto Adige 2018

Elaborado com frutos plantados em altitude, tem boa tipicidade. Bela coloração vermelho rubi leve. Combina notas de frutas vermelhas, violeta, especiarias e de ervas com um toque defumado. Ótima persistência. Harmoniza com carnes grelhadas, carnes brancas, pato e queijos. Para ter sempre na adega, o preço é bem camarada.

Saúde e bons vinhos!

Foto de abertura:

“Pipers Brook Vineyard The Lyre Pinot Noir” por PBVmedia licenciada sob CC BY 2.0

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