Categoria: Castas (Page 6 of 9)

Dia Mundial do Cabernet Sauvignon

Foto produzida por wirestock / Freepik

Comemora-se, anualmente, na última quinta-feira do mês de agosto.

Neste nada usual ano de 2020 caiu no dia 27/08.

Há muito o que comemorar, sem dúvidas. Uma das mais versáteis uvas viníferas que produz, em terroirs e mãos competentes, vinhos da mais alta qualidade.

Parafraseando um cozinheiro televisivo que tinha como um de seus bordões “levaria um liquidificador para uma ilha deserta” (Anonymus Gourmet), um Enófilo de boa cepa trocaria este nobre eletrodoméstico por umas mudas de Cabernet Sauvignon.

As principais regiões produtoras do mundo falam por si: Bordeaux, Napa Vale, Vale de Maipo, Vale do Uco, Bolgheri, Sul da Austrália, entre muitos outros, inclusive o Brasil, onde algumas vinícolas boutique estão elaborando pequenas joias.

Celebrar este dia é muito simples e sempre delicioso: abra um bom Cabernet e o compartilhe com familiares e amigos, nem que seja de modo virtual.

Não seja econômico nesta hora. Nada de comprar aquela garrafa esquecida no fundo da prateleira no mercado ali da esquina. Esta uva e o seu vinho são um dos principais fatores responsáveis pela difusão desta bebida pelo mundo: não há enófilo que não conheça o que é um “Cab”.

Vamos homenageá-la condignamente.

Relembrando a época das “Dicas da Semana”, aqui estão três sugestões bem fáceis de encontrar nas boas lojas. Representam muito bem os diferentes terroirs sul-americanos:

1 – Brasil – Dal Pizzol Cabernet Sauvignon

2 – Chile – Gran Reserva Cabernet Sauvignon Tarapacá

3 – Argentina – Luigi Bosca Cabernet Sauvignon

Procurem por safras mais antigas, 2015 a 2018.

Sugestões de harmonização para os que não querem fazer um voo solo:

Carnes vermelhas na brasa, grelhadas ou ensopadas;

Cordeiro assado;

Queijos duros.

Para saber mais sobre esta casta, cliquem aqui:

Uma casta, um vinho – Cabernet Sauvignon

Saúde e boas celebrações!

Uma casta, um vinho – Pinot Grigio/Gris

Fonte: https://glossary.wein-plus.eu/pinot-gris

Grigio, em italiano ou Gris, em francês, significa cinza. Sua origem decorre de uma mutação de cor, na Pinot Noir. Ocorreu em diferentes locais e em diferentes épocas, notadamente em França e Alemanha.

A primeira menção confiável, sobre esta casta, vem do Palatinado Renano. Em 1711 teria sido descoberta, por Johann Seger Ruland, crescendo livremente num jardim da cidade de Speyer. Ruländer é um dos 150 sinônimos desta uva.

Existem algumas lendas sobre esta varietal, relatando suas origens e como chegou a uma determinada região. Historicamente é aceito que foi encontrada quase ao mesmo tempo na Alemanha e na Borgonha.

Uma das histórias mais curiosas relata que, em 1375, o Imperador Carlos IV, do Sacro Império Romano-Germânico, teria levada algumas mudas desta planta para a Hungria. Monges Cisterianos as cultivaram nas colinas ao redor do Lago Balaton. Ficou conhecida como Szürkebarát ou Monge Cinza.

Somente em 1568 teria sido trazida de volta à França, para a região da Alsácia, onde ganhou o discutível apelido de Tokay. Existem algumas versões sobre esta mudança de nome. A mais aceita sugere que o nome foi adotado para se beneficiar da fama do vinho húngaro, Tokaji.

Apesar dos protestos dos produtores húngaros, o nome alsaciano só foi abandonado a partir de 1984. Primeiro, os produtores franceses passaram a rotular seus vinhos como Tokay Pinot Gris. A partir de 2007, é abolido o apelido Tokay.

Na Itália existem registros de cultivo da Pinot Grigio desde 1838, na região do Vale de Aosta, com a denominação Malvoisie. Só mais tarde chegou ao Piemonte.

Atualmente essa casta está plantada em diversos países. A cor de sua casca pode variar de intensidade conforme o terroir. É uma planta vigorosa e de baixa produtividade. Amadurece mais cedo e é susceptível a Botrytis.

Seus vinhos podem ser uma maravilha ou uma enorme perda de tempo. Rótulos de Pinot Grigio inundam supermercados mundo afora, sendo classificados quase como água: incolores, inodoros e insípidos.

Mas para os verdadeiros connaisseurs, dois estilos são considerados como a glória dos vinhos brancos: os alsacianos e os italianos das regiões de Alto Adige, Veneto e Friuli. Na Lombardia, é usado na produção de espumantes.

O estilo alsaciano é delicioso. Forma o famoso trio de especialidades com os Riesling e os Gewürztraminer. Apresentam um viés adocicado, lembrando mel, que harmoniza perfeitamente com pratos mais temperados. Os principais produtores são Trimbach, Weinbach e Zind-Humbrecht.

O estilo italiano é bem diferente. Quando é vinificado por mãos competentes são excelentes vinhos: frescos, encorpados e com muita personalidade. Perfeitos para acompanhar frutos do mar grelhados. Muita atenção na hora de escolher suas garrafas. Pinot Grigio é um dos rótulos mais exportados da Itália. Já sabemos que quantidade não é amiga de qualidade. Os principais produtores são: Vie di Romans, Alois Lageder e Franz Haas.

Em 2002, os irmãos Lurton, de Bordeaux, trouxeram mudas de Pinot Gris para a Argentina, onde mantêm uma vinícola. Os resultados foram ótimos e já há quem fale que um novo estilo desta casta foi criado ali.

O vinhos escolhido para representar esta casta é um italiano.

SANTA MARGHERITTA PINOT GRIGIO ALTO ADIGE D.O.C.

Apresenta uma coloração amarelo palha, com aromas intensos de flores e frutas. No paladar destaca-se o sabor de maçã Golden. Um vinho muito versátil e que harmoniza corretamente com queijos frescos, frutos do mar, massas com molhos leves, risotos, suflês e carnes brancas.

Não acredite nos detratores desta deliciosa uva e de seus vinhos. Apenas usem um bom “filtro” na hora de comprá-los. Fujam do lugar comum.

Saúde e bons vinhos!

Fonte consultada: Wine Grapes: A Complete Guide to 1,368 Vine Varieties, Including Their Origins and Flavours, por Jancis Robinson, Julia Harding, Jose Vouillamoz.

Uma casta, um vinho – Cabernet Sauvignon

Iniciamos esta série sobre as principais uvas viníferas apresentando a Sauvignon Blanc. Num segundo episódio, foi a vez da Cabernet Franc.

Há uma razão para isto: o cruzamento, espontâneo, destas duas variedades deu origem ao que muitos classificam como a mais importante uva vinífera, nossa personagem de hoje, a omni vinificada Cabernet Sauvignon.

Uma casta 100% francesa, com raízes em algum lugar na região do rio Gironde. A data deste nascimento ronda os meados do século XVIII.

A descoberta de sua linhagem foi quase por acaso e somente ocorreu em 1996, o que nos leva a uma grande questão: de onde surgiu o seu nome?

Algumas características morfológicas, entre estas castas, sempre foram bastante evidentes para os Ampelógrafos, o que poderia explicar a denominação. O que é aceito, atualmente, é que o nome decorre da semelhança de seu tronco e folhas com as da Sauvignon Blanc.

A identificação da genética da “Cab” foi um marco na história da viticultura. Foi a 1ª vez que, com o auxílio da análise de DNA, se identificou os progenitores de uma cepa. Antes desta importante descoberta, os estudiosos não admitiam que uma uva branca pudesse gerar uma uva tinta.

Já foi chamada por vários apelidos, alguns deles bem conhecidos até hoje: Bidure, Vidure, Carbonet, Carmenet, entre muitos outros. Por parte de pai (Cabernet Franc) seria uma prima da Merlot e da Carménère.

É uma casta muito vigorosa e capaz de se adaptar a diferentes solos e condições climáticas. Esta é uma das razões por ser tão difundida entre as regiões produtoras. Para os vinificadores, produzir um bom vinho com base nesta uva é quase que um rito obrigatório. Muitos enófilos julgam a qualidade de uma vinícola por seu Cabernet, seja corte ou varietal.

O seu cartão de visitas são os vinhos de Bordeaux, preferencialmente os da margem esquerda: Medoc e Graves.

Mas não podemos nos esquecer do famoso Julgamento de Paris, onde surgiu a maior força entre os vinhos feitos 100% com esta cepa: Napa Valley, EUA.

O Chile também entrou para este distinto grupo com seus  famosos cabernets da região de Puente Alto.

Os vinhos desta uva são cheios de personalidade e facilmente identificados numa degustação às cegas. Sua coloração é profunda, os taninos predominam e têm boa acidez o que os fazem muito agradáveis de provar.

Uma uva chamada de nobre e que produz, em mãos competentes, vinhos nobres e com características que tendem a se repetir em todos os terroirs: aromas de groselha negra e cedro (nem sempre muito evidentes).

Não são vinhos para serem apreciados em sua juventude. Os grandes cabernets precisam de tempo para domar suas características mais ásperas e a madeira é uma eterna aliada. Bem vinificados e armazenados, podem durar por décadas e até séculos.

Para deixar bem claro: Cabernets jovens e baratos talvez não valham o investimento.

Escolher um exemplar para representar, em nossas páginas, esta estupenda casta é tarefa árdua. Existe uma enormidade de opções passando pelos mais diversos países: França, EUA, Chile, Argentina, Itália, Austrália…

Contrariando uma regra não escrita do jornalismo, a que o autor deve evitar citar suas preferências, principalmente na área esportiva, sob pena de ser chamado de parcial, fiz uma escolha pessoal, endossada por uma plêiade de críticos internacionais.

Caymus Special Selection Cabernet Sauvignon

Um dos grandes representantes do Napa Valley. Segundo o renomado Robert Parker, um vinho muito difícil de ser igualado. Premiadíssimo, com uma média de pontos, nos últimos 10 anos, acima de 95 pts.

Um dos melhores vinhos que já degustamos. Poderíamos classificá-lo como “inesquecível”.

Não é um vinho barato, é caro em sua origem, com preços ao consumidor na ordem da centena de dólares. No nosso país, multiplique por 10…

Notas de degustação da safra 2011:

Profunda coloração rubi. Característicos aromas de groselha negra e amora que se combinam em notas complexas de alcaçuz, anis e cassis. No palato, oferece um grande e amplo leque de sabores como “subois” (chão do bosque), especiarias escuras, tabaco e frutas negras maduras, com um final de boca interminável. Um vinho opulento, aveludado e rico. Taninos perfeitamente equilibrados com a acidez. Delicioso!

Meu conselho: beba sozinho e no escuro. Não atrapalhe esta maravilha com nenhuma harmonização.

Saúde e bons vinhos!

Fonte consultada: Wine Grapes: A Complete Guide to 1,368 Vine Varieties, Including Their Origins and Flavours, por Jancis Robinson, Julia Harding, Jose Vouillamoz.

Uma casta, um vinho – Cabernet Franc

Num texto anterior, comentamos a casta Sauvignon Blanc, que junto com a Cabernet Franc são os ‘pais’ da mais que famosa e importante Cabernet Sauvignon.

Por sua vez, a Cabernet Franc, pode ser considerada como uma espécie progenitora muito ativa. Dentro de sua linha genealógica vamos encontrar a não menos famosa Merlot e a Carménère, hoje uva símbolo do Chile.

Sendo uma casta muito antiga e de grande importância na região de Bordeaux, sua origem nunca havia sido questionada até recentemente. Modernas investigações genéticas apontam que esta uva teria como local de origem o País Basco.

Numa igreja em Roncesvalles, muito utilizada como pouso para os peregrinos que caminhavam até Santiago de Compostela, os padres mantinham alguns vinhedos que se estendiam até a cidade francesa de Irouléguy, A principal uva era a casta local Achéria, nome em basco para Cabernet Franc, considerada como a forma morfológica mais primitiva da nossa uva tema.

Destes vinhedos, levados por peregrinos, estas parreiras migraram até Bordeaux e para o Vale do Loire, onde é conhecida como Breton.

A denominação Cabernet só surgiria por volta de 1823. Admite-se que seja uma evolução do Latim ‘carbon’ ou ‘carbonet’, por sua escura pele.

Seus vinhos são menos escuros e encorpados que os da Cabernet Sauvignon. São mais aromáticos e com um paladar mais suave. Muito fáceis de beber.

Embora seja um coadjuvante em Bordeaux, é no Vale do Loire que se torna um importante protagonista. Chinon e Bourgeil são as duas denominações mais conhecidas.

Itália, Espanha e Portugal são outros países produtores onde esta casta está presente, quase sempre sendo usada para produzir versões locais do onipresente ‘Corte Bordalês’.

O mesmo se pode afirmar com relação a Austrália, Nova Zelândia e África do Sul.

No continente americano vamos encontrar vinhedos nos EUA e no Canadá, onde alguns vinhos, calcados nesta casta, têm se destacado. Estatísticas recentes demonstram, por outro lado, que a área plantada se mantém constante ou com pequenas reduções.

Já na América do Sul o panorama é bem diferente. Uruguai, Chile, Brasil e Argentina tem investido muito no desenvolvimento desta cepa, com excelentes resultados.

Um dos melhores exemplos destes vinhos tão especiais vem de Mendoza, terra do Malbec:

Rutini Cabernet Franc, Single Vineyard, Gualtallary

Elaborado pelo competente Enólogo Mariano Di Paola, passa por fermentação Malolática e amadurece por 12 meses em barricas de carvalho francês (50% de 1º uso e 50% de 2º uso).

Apresenta coloração púrpura intensa e vibrante. Marcantes aromas de compotas de frutas vermelhas frescas, com notas de mentol, tabaco e baunilha, decorrentes da passagem por madeira.

No paladar é muito elegante, com taninos suaves e quase doces. Retrogosto interminável.

Muito versátil, pode ser o companheiro perfeito para pratos tradicionais de aves, caças e outras carnes.

Saúde e bons vinhos!

Fonte consultada: Wine Grapes: A Complete Guide to 1,368 Vine Varieties, Including Their Origins and Flavours, por Jancis Robinson, Julia Harding, Jose Vouillamoz.

Novas castas Bordalesas

Preocupadas com a alardeado aquecimento global, as vinícolas de Bordeaux, representadas por sua entidade de classe, aprovaram a inclusão de 7 (sete) novas castas, tintas e brancas, que poderão ser utilizadas na região.

Ainda há muitos trâmites legais a serem cumpridos antes que isto se torne uma realidade. O mais importante deles seria a aprovação pela INAO (Institut National de l’Origine et de la Qualité), órgão que controla as Denominações de Origem e a qualidade dos vinhos franceses.

Por enquanto, somente os rótulos classificados como Bordeaux e Bordeaux Supérieur podem utilizar as novas castas. As AOC’s tradicionais devem se manter como sempre foram, por exemplo Graves, St. Emilion, Medoc.

Regras adicionais limitam a quantidade de cada nova uva no corte e o número de garrafas que podem ser produzidas.

Parece uma grande novidade, mas apenas reflete a posição de alguns viticultores que já vinham plantando uvas que não são típicas da Região.

Procuram por alternativas, principalmente para a Merlot, casta mais plantada e a mais suscetível a climas muito quentes: a concentração final de açúcares é muito alta aumentado o teor alcoólico, o que não é desejável.

Na relação de novas castas, duas uvas portuguesas chamam a atenção: Alvarinho nas brancas e Touriga Nacional nas tintas, uma das varietais mais utilizadas na quente região do Douro.

Eis a relação completa:

Brancas: Alvarinho, Petit Manseng e Liliorila, que é um cruzamento entre as uvas Barroque e Chardonay. Vão somar às tradicionais Semillon, Sauvignon Blanc e Muscadelle.

Tintas: Touriga Nacional, Marselan, Castets e Arinaroa, que é um cruzamento entre a Tannat e Cabernet Sauvignon.

Apenas para refrescar a memória, as tintas tradicionais bordalesas são: Merlot, Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Petit Verdot, Malbec e Carménère, que começa a reaparecer entre alguns produtores.

Fica uma última pergunta:

Quando poderemos degustar um Bor-Douro?

Saúde e bons vinhos!

Vinho da Semana: Participamos do evento Vinhos do Brasil onde degustamos alguns dos vinhos premiados no Wines of Brazil Awards.

Selecionamos este campeão:

Malgarim Tempranillo 2017 – $$

Um vinho tinto rústico e robusto. Aromas complexos, frutas negras, chocolate, couro… Sabor de frutas vermelhas.

Elaborado para apreciadores de vinhos encorpados, com estrutura marcante, com aromas de madeira bem incorporada ao vinho.

Produzido na região de São Borja, Rio Grande do Sul.

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