Categoria: Castas (Page 9 of 10)

Pinot Grigio e Pinot Gris

Num recente encontro do Camarão Magro, ativa confraria comandada pelo nosso eterno comparsa José Paulo Gils, a estrela foi um Pinot Grigio da região do Veneto, servido na abertura dos trabalhos.

Ao se referir a este vinho, ele usou “Pinot Gris”, versão francesa da mesma uva. Grigio ou Gris significam a mesma coisa: cinza.

Afinal, quais as diferenças entre uma e outra?

As duas castas são mutações da Pinot Noir, clássica uva da Borgonha. Existe, ainda, uma Pinot Blanc ou Bianca, que seria o clone mais longínquo. A coloração das cascas é a responsável pelas denominações:

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A partir da esquerda temos a Noir, Gris e Blanc.

Estas mutações são normais e muito comuns no reino vegetal. As diversas colorações de flores, como as rosas, são um bom exemplo. Do ponto de vista científico, o que diferencia cada uma destas variedades é a quantidade de antocianinas presentes.

Características mais marcantes vão ser notadas nos vinhos elaborados na Alsácia (Pinot Gris) e na região do Vêneto (Pinot Grigio). Esta casta é uma das que melhor reflete o terroir, preferindo climas mais frios e encostas suaves. Por estas razões se adaptou tão bem nestas regiões mencionadas.

O vinho francês tem um valor de mercado maior que o italiano. É leve e fresco com notas cítricas, herbáceas e de mel.

O italiano é um vinho muito suave e muitas vezes mal compreendido. Mas é muito refrescante com aromas de peras, maçã verde, acidez equilibrada e paladar levemente salgado.

Estas diferenças se devem não só às características de solo e clima como nos processos de vinificação. Na Alsácia buscam vinhos mais encorpados, de produção limitada, quase sempre passando um curto tempo por madeira, enquanto na Itália fazem um vinho de larga produção para conseguir um custo mais baixo, o que não significa que não existam os Grigio de ponta, inclusive madeirados e preços bem mais altos.

Quando colhida mais tarde, são transformadas em excelentes vinhos de sobremesa.

Uma degustação comparativa destes dois vinhos é uma das melhores formas de se aprender sobre os diferentes terroirs e processos de vinificação.

Para não deixar nenhuma ponta solta, a Pinot Blanc trilha um caminho diferente. Muito empregada em cortes de vinhos brancos, principalmente com a Chardonnay, aparece com frequência na elaboração do Champanhe e de outros espumantes como o Franciacorta e o Crémant d’Alsace. Quando vinificada sozinha, produz um vinho com notas defumadas e levemente amaras. É o vinho do dia a dia na Alsácia.

A família das Pinot se espalhou por todos principais países produtores de vinho. Mas a fama dos vinhos elaborados na Alsácia e Alto Ádige ainda não foi superada.

Saúde e bons vinhos!

Vinho da Semana: para começar a degustação comparativa.

p-2Anterra Pinot Grigio

Bouquet delicado e frutado. Sabor elegante, com equilíbrio refinado entre doçura e acidez. Muito gastronômico. Harmoniza com: Camarão, Caranguejo, Carne de porco com ervas, Espaguete ao creme, Peixe empanado e frito, Carne de vitela, Massas ao alho e óleo, pesto e al burro, Peixe de carne branca e fina, Massas à Carbonara, Matriciana e Putanesca.

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Uvas Viníferas e Uvas de Mesa

Já passou pela cabeça de muitas pessoas algo como ir ao mercado, comprar alguns quilos de uvas e tentar fazer um vinho, em casa. Pode até resultar num tipo de bebida parecida, mas se a uva utilizada não for do tipo Vitis Vinífera, o resultado desta empreitada nunca poderá ser chamado de vinho. Uvas viníferas não são vendidas em mercados. Uvas de mesa, dos tipos Vitis Labrusca e Vitis Rotundifolia, sim.

Existem algumas diferenças entre elas.

Para começo de conversa, são cultivadas de formas bem diferentes. Enquanto as uvas de mesa são plantadas num sistema de condução chamado Latada (foto esquerda), buscando alta produtividade, as viníferas são plantadas em Espaldeiras e seu rendimento é cerca de 3 vezes menor, comparados os volumes, numa busca por qualidade que pode resultar em volumes ainda menores.

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Na produção das uvas de mesa, a preocupação é obter grandes bagos, cheios de sumo. Na uva para a produção de vinhos busca-se a concentração de açúcares e sabores, portanto, grãos pequenos.

Esta quantidade de açúcar é o ponto mais importante, permitindo uma boa fermentação natural (conversão do açúcar em álcool) sem a necessidade de aditivos, quase uma exigência quando se vinifica uva de mesa comum.

Para a elaboração de vinhos, as uvas devem apresentar entre 20% a 30% de açúcares no momento de sua colheita enquanto a comum basta ter 10% a 15%. Embora seja um a vantagem na hora de fermentar, este maior teor também significa que a sua deterioração é muito mais rápida. Não se pode esperar muito tempo antes de iniciar o processo, mesmo com a ajuda de refrigeração e outras técnicas.

Outra marcante característica das viníferas é a espessura de suas cascas, notadamente nas uvas tintas. Sem isto, não teríamos os taninos adequados e nem a coloração correta. Uvas de mesa têm a casca fina para serem facilmente mordidas, liberando todo o suco.

Resumindo:

Uva vinífera é mais doce, tem casca mais espessa, grãos pequenos e rendimento baixo;

Uvas de mesa são produzidas em grande quantidade, com grãos grandes e cheios de sucos, sendo menos adocicados.

Pode-se fazer vinhos com elas?

Sim, o mercado está cheio deles, vendidos como “vinhos de mesa”, conforme a legislação brasileira específica. Os vinhos elaborados com Vitis Vinífera são vendidos como “vinhos finos”.

Saúde e bons vinhos (finos)!

Vinho da Semana: grandes novidades para os leitores. Firmamos uma parceria com o Vinho Site e Vinho Clube:

Sempre que possível vamos indicar um vinho das ofertas semanais, com um bom desconto, válido até a próxima 3ª feira.

Quem se associar ao Vinho Clube  terá mais vantagens.

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Dance Del Mar Tempranillo Merlot 2014

Dairo Crianza 2011

Château Florie Aude Bordeaux Rouge 2014

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Pechincha!

A Variedade é o Tempero da Vida

Um dos mais assíduos leitores desta coluna, Sergio Pirilo, de Vitória, ES, colocou uma interessante questão, a propósito dos temas Outras Castas Sul Americanas e Sobre o Nome das Uvas. Reproduzo, a seguir, um pequeno trecho de seu comentário:

“Já entendi que a mesma uva, em diferentes terroirs e com diferentes vinificações têm sabores diferentes. Isso não provaria uma tese que um amigo insiste em tentar provar: o que importa não é a uva e sim o processo de vinificação?”

Para responder com exatidão seria necessário entrar em temas muito técnicos que não são o escopo destes textos sobre o vinho. Vários e importantes conceitos estão envolvidos nesta questão que abrangem desde o cultivo de uma determinada casta, passando pelos diversos métodos de vinificação e terminando no que o enólogo pretende atingir ao fim de todo o processo. Vamos tentar simplificar.

Para início de conversa, a tese do amigo de Sergio Pirilo está errada. Para explicar de modo simples, vou usar um axioma da informática, outro assunto que dominamos e sobre o qual escrevemos, por um bom tempo, para O Boletim.

A pequena sigla, GIGO, abreviatura para a expressão, em inglês, Garbage In, Garbage Out, é usada para explicar falhas no desenvolvimento de um sistema: se os seus dados são ruins, o seu resultado também será.

Isto vale para uvas e vinhos também: se a matéria-prima não tem qualidade, o produto final também não terá. Pode manipular à vontade, nunca será nada de qualidade que, na nossa opinião, possa receber o rótulo de Vinho.

Tudo começa no vinhedo, ou como preferem alguns autores, “terroir”, um conceito de difícil entendimento englobando solo, clima, meio ambiente, e outras características locais, atualmente sendo muito questionado.

Um dos mais famosos enólogos, Emilie Peynaud (Bordeaux) acreditava que o homem não fazia parte do “terroir”, mas a combinação dos dois gerava um grande vinho.

Por esta razão, nenhum Enólogo trabalha sozinho, há sempre um Agrônomo como seu “ala”, que vai ajudar na primeira e mais importante decisão a ser tomada na hora de vinificar: a uva está no ponto de ser colhida?

A resposta vai depender do que se deseja obter como produto final, por exemplo: colhe-se mais cedo para produzir um espumante e bem mais tarde para se obter um vinho licoroso. Entre um ponto e outro, uma mesma cepa pode produzir vinhos de características bem diferentes. Tudo vai depender de ajustes nas principais etapas do processo de vinificação.

Já estamos vendo leitores perguntando: não basta fermentar e pronto?

Não!

Além da escolha do ponto de colheita da uva, sempre associada ao resultado pretendido, o vinho passa por diversos processos: separação ou não dos bagos, prensagem ou outro método que rompa os grãos, maceração, fermentação, conversão malolática, etc.

Vamos explorar apenas um destes processos, a Maceração, de onde os vinhos tintos obtêm cor e tanino (compostos fenólicos e antocianinas). Macerar significa deixar cascas, sementes e talos em contato com o mosto, por um determinado tempo.

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Três diferentes métodos estão em uso atualmente: Longa, a Frio e Carbônica. (Existem outros)

Cada um produzirá resultados diferentes e deve ser feito antes ou durante o processo de fermentação. Para encerrar esta etapa basta remover as cascas, sementes e os talos.

O processo longo, muito tempo de contato inclusive durante a fermentação, é o mais tradicional. Sua versão curta é usada, por exemplo, para os vinhos rosés.

A denominada “a frio”, sempre precede a fermentação e é usada para permitir ao Enólogo, total controle sobre o que vai resultar: a baixa temperatura (-12ºC) inibe a atuação das leveduras.

A Carbônica é um processo bem diferente. Os cachos, inteiros, são submetidos a um ambiente saturado de dióxido de carbono (CO2) forçando o início da fermentação através de enzimas próprias da uva, de dentro do grão para fora.

O importante é compreender que um destes processos é o ideal para determinada casta e para o tipo de vinho que se deseja obter, e não o oposto como sugere a tese exposta no início. As receitas são únicas e não tem sentido usar a casta A com a receita da casta B: GIGO

Se as uvas forem deixadas sozinhas, seu produto será vinagre, se o homem intervir corretamente, será vinho.

A variedade, de castas e vinhos, é o tempero da vida.

Saúde!

Vinho da Semana: um bom tinto italiano.

Centine IGT 2013

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Aromas de frutas vermelhas e negras maduras, toques minerais e defumados. No paladar o vinho possui médio corpo, com taninos redondos e sedosos, além de bom frescor e final de boca macio e persistente. Acompanha bem carnes vermelhas grelhadas ou assadas com molhos médios. Massas e legumes (principalmente berinjela) com molhos à base de tomate e queijos de média maturação.

Sobre o nome das uvas (algumas)

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Este texto decorre do comentário do leitor Aloisio Mancini, de Florianópolis, postado no site do O Boletim, na semana passada. Em poucas palavras, ele questiona qual a origem do nome das castas mais conhecidas. Haveria alguma razão em especial?

Assim como a origem das atuais uvas viníferas ainda é uma incógnita que vem sendo dissecada por diversos centros de pesquisa, a etimologia de seus nomes segue o mesmo caminho, muito difícil de trilhar, por onde se misturam lendas, sabedoria popular e verdades.

Até onde conseguimos pesquisar, a maioria das castas que conhecemos hoje e apreciamos seus vinhos tem mais de um nome, às vezes dentro de uma mesma região. O normal é que uma determinada planta ganhe novos apelidos conforme vai sendo plantada em outras regiões. Mas algumas poucas variedades se mantêm fiéis ao nome que as tornaram famosas, Cabernet Sauvignon e Merlot, por exemplo.

No século XVII a Cabernet era conhecida como Vidure ou Bidure e às vezes Biturica (este talvez tenha sido o vinho produzido com ela). Estudiosos como Jancis Robinson acreditam que este termo seja uma deturpação de “vigne dure” literalmente “parreira dura”, numa alusão ao rígido tronco desta planta.

A mudança para o nome atual teria surgido por uma razão específica: os aromas eram semelhantes aos da Cabernet Franc e aos da Sauvignon Blanc, fato que seria confirmado, em 1976, através de testes de DNA.

A Merlot ganhou seu nome por semelhança a um pássaro, o Melro, tão preto quanto a casa desta uva. Literalmente Merlot é um diminutivo de Melre (francês). Dependendo da região onde está plantada, recebe 60 outros apelidos, todos girando em torno do pássaro ou por semelhança com outras castas.

Isto sugere uma regra básica: a maioria destas denominações tem origem na cor, na forma, no tempo de amadurecimento, na região onde florescem, etc…

Um dos exemplos mais interessantes é a casta Tempranillo, que vem de “temprano” ou cedo em espanhol: ela amadurece precocemente, antes das outras uvas plantadas nas mesmas regiões. Na própria Espanha ganha outros nomes: Tinto Madrid; Tinto de La Rioja; Tinta del País; Tinto de Toro e Tinto Aragónes. Uma corruptela deste último nome, Aragonês, é um dos nomes como é conhecida em Portugal na região do Alentejo. O outro nome é Tinta Roriz, no Douro. Na Califórnia é Valdepenas e na Itália se chama Negretto.

Outra casta que foi batizada por ser precoce é a italiana Primitivo (que vem primeiro…). Mas não tem nenhuma relação com seu nome original, na Croácia, Crljenak Kaštelanski (Uva Tinta de Castela) ou a denominação californiana, Zinfandel, atualmente reduzida para “Zin”.

Outro exemplo formidável é a uva icônica da Itália, a Sangiovese. Seu nome vem do latim, “sanguis Jovis”, livremente traduzido como “Sangue de Júpiter”. Esta denominação teria sido cunhada pelos monges da comunidade de Santarcangelo di Romagna, atual província de Rimini, na Emilia-Romagna.

Dependendo da região italiana onde está plantada recebe diferentes nomes, eis alguns deles: Sangiovese Grosso, San Gioveto, Prugnolo, Brunello, Calabrese, Uvetta, Montepulciano etc…

Quando se trata de uvas autóctones, Portugal é o campeão dos nomes e apelidos. Há casos icônicos como o da uva branca Fernão Pires, uma das mais plantadas no país nas regiões do Tejo, Lisboa e Setubal, mas, quando chega na região da Bairrada muda de nome (e sexo) passa a ser chamada de Maria Gomes.

Outra lenda deliciosa se refere a uva Antão Vaz, importante casta branca alentejana. Segundo alguns historiadores, um antigo fazendeiro da região de Vidigueiras, era frequentemente questionado por um dos seus empregados sobre uma uva branca sempre esquecida: Por que não fazemos vinho destas uvas?

E isto se repetiu por muitos anos até que, um dia, o fazendeiro já cansado de tanta arenga respondeu: “Então faz”! (Lembrem-se do sotaque…)

Anedótico, sem dúvidas, mas um perfeito espelho de como são apelidadas as castas viníferas.

Bons vinhos e saúde!

Vinho da Semana: um belo rose para o Dia das Mães

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Hecht & Bannier – Côtes de Provence 2014

Os rosados da Provence, de coloração leve e de sabor profundo, são os mais festejados da França. Esta interpretação é simplesmente deliciosa. Fresco e repleto de notas de frutas é uma das escolhas mais charmosas.

Castas: Grenache, Cinsault e Syrah

Harmonização: Aperitivos, massas leves, peixes e frutos do mar.

Outras Castas Sul Americanas

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Malbec, Carménère e Tannat são mais que conhecidas por qualquer enófilo, seja iniciante ou experiente. São as estrelas dos tintos da América do Sul, verdadeiros ícones em seus polos produtores: Argentina, Chile e Uruguai.

Sempre em busca de novos caminhos, as principais vinícolas do cone sul começaram, curiosamente, a olhar para trás para desenhar um novo futuro. Castas que foram as mais plantadas, 100 anos atrás, e andavam esquecidas, ganharam uma nova vida, na mão de hábeis agrônomos e enólogos, entregando vinhos muito interessantes: País, Bonarda e Cariñena.

A casta País, também chamada de Mission, Criolla Chica e Negra Peruana, foi a primeira vitis vinífera trazida para o continente americano em 1520, segundo alguns autores, por Hernán Cortés. Ainda no século 16, missionários que a plantaram no México com o propósito de produzir o vinho de missa, expandiram suas fronteiras tanto para o norte (EUA) quanto para o sul (Peru, Chile e Argentina).

Durante muitos anos foi a uva mais plantada no Chile até ser suplantada pela Cabernet Sauvignon, já no final do século XX e início do século XXI. Esta varietal sempre produziu um vinho rústico, com pouco corpo e baixa acidez. Típico vinho de garrafão.

O seu renascimento se deve aos vinicultores que decidem reviver antigas técnicas de vinificação, empregando metodologias modernas, processo apelidado de “natural”: agricultura orgânica, um mínimo de intervenções em toda a elaboração e produções minimalistas. Resultou em alguns vinhos dignos de atenção: notas rústicas de frutas e aromas florais. Outros produtores preferiram empregar as mesmas técnicas de elaboração do Beaujolais, obtendo ótimos resultados.

A Miguel Torres, importante vinícola chilena, elabora um excelente e premiado espumante com esta casta, o Santa Digna Estelado Rosé.

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A casta Bonarda, conhecida em outras regiões como Charbono, Corbeau ou Douce Noir, também já foi a mais plantada, neste caso na Argentina, até ser deixada para trás por outras variedades, principalmente a Malbec.

A origem desta uva é muito antiga, existem registros do seu plantio pelos Etruscos há cerca de 3.000 anos, na região da Savóia, Itália. Chegou ao nosso continente pelas mãos dos imigrantes italianos: queriam fazer seu próprio vinho. Com o passar dos anos, foi relegada a segundo plano produzindo, apenas, vinhos de baixa qualidade vendidos em garrafões.

Vinificada da mesma forma que sua irmã maior, a Malbec, entregava vinhos com sabores marcantes, intensos e frutados, quase uma geleia. Foi preciso ajustar os processos de vinificação para que se obtivesse vinhos mais sérios e que atraíssem o consumidor final.

Macerações mais curtas utilizando cachos inteiros produziram vinhos mais leves e elegantes, perfeitos para o dia a dia. Plantada em terroirs selecionados, como o Vale do Uco, e vinificada nos modernos ovos de concreto, resultou em vinhos de alta qualidade e muito disputados, apesar de sua pequena produção e preço elevado.

Assim como a País, também produzem um bom espumante com a Bonarda. Mas o destaque fica para os vinhos de ponta, Zorzal Eggo Bonaparte Bonarda, El Enemigo Bonarda e Zuccardi Serie A Bonarda.

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A casta Carignan ou Cariñena é muito conhecida na Espanha e na França onde se junta com as uvas Grenache, Syrah e Mourvedre para produzir os famosos vinhos do Langedoc-Roussillon. A curiosidade fica por conta da sua existência no Chile, Argentina e Uruguai onde começam a se destacar com vinhos interessantíssimos.

No Chile foi plantada, originalmente, para dar mais estrutura aos vinhos elaborados com a País. São cerca de 700 hectares. Na Argentina encontramos apenas 80 ha e no Uruguai 485 ha.

Tipicamente uma uva usada em cortes, em 1995 o enólogo chileno Andrés Sanchez, da Gillmore, colocou no mercado um varietal e logo foi seguido por outras vinícolas. Para ajudar na divulgação deste novo estilo de vinhos, formaram o Clube da Carignan, reunindo as vinícolas Odjfell, De Martino, Torres, Valdivieso, Undurraga, Meli, Bravado Wines, Santa Carolina, Via Wines, Garage Wine, Canepa, Covica, Gillmore e Morandé, com o objetivo de elaborar vinhos de 1ª linha.

São vinhos especiais, de pouca produção e preços elevados, sejam eles varietais ou cortes onde predomina a Carignan. Argentina e Uruguai utilizam esta casta em cortes, mas já começam a aparecer alguns vinhos Premium com 100% desta preciosa uva.

Bons vinhos, saúde!

Vinho da Semana: um Carignan chileno com boa relação custo x benefício.

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Aromas complexos com frutas vermelhas e negras maduras, notas de baunilha e especiarias. Paladar rico, elegante, com estrutura firme, final longo e persistente.

Harmonização: Risoto de cogumelo fresco, pato assado com molho de ameixa, massas recheadas com molho rôti, queijos fortes e cordeiro.

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