Categoria: Castas (Page 9 of 11)

O tal gosto metálico

“Mme. C”, minha esposa, participa de uma confraria feminina, cujo objetivo é celebrar alguma data importante, como um aniversário. Mensalmente há uma reunião e o grupo é muito ativo, escolhendo lugares diversos para seus encontros. Nem todas são enófilas e degustar um vinho não é uma obrigação.

Num último encontro, quando foram conhecer um novo e simpático restaurante carioca, com foco em coisas do mar, ocorreu um interessante episódio que serve de pano de fundo desta coluna.

Para desfrutar das delícias que estavam no cardápio, optaram por pedir diversas entradas. Cada uma que chegava à mesa era provada, e quando não havia mais nada para beliscar, encomendavam uma nova opção.

Neste meio tempo, algumas comensais decidiram por uma garrafa de um bom tinto italiano, elaborado com a clássica Sangiovese.

Quase que simultaneamente, pedem um croquete de camarão ao aioli de limão, uma variante da maionese.

A combinação, pelo menos para o apurado paladar de “Mme. C”, resultou num desagradável sabor metálico.

O fato curioso se deu quando as amigas foram consultadas sobre este estranho retrogosto e nenhuma delas notou qualquer alteração de sabor…

A combinação de taninos, frutos do mar e molhos com base em limão sempre foi incompatível. Some-se a Sangiovese, reconhecidamente tânica, e o gosto metálico aprece com força total.

A explicação científica é bem simples: a proteína dos frutos do mar não reage bem com o tanino do vinho.

Nada que um pouco de água e pedaços de pão não possam resolver.

A discussão mais interessante fica por conta da não percepção do problema pelas amigas que desfrutavam das mesmas escolhas. Algumas explicações são possíveis.

Aqui vai uma pergunta bem ampla: Quantos sabores os leitores desta coluna conseguem identificar ao consumir um alimento ou bebida?

O sabor metálico está entre eles?

Se analisarmos com atenção, objetos metálicos não têm aroma ou sabor e não é algo que se consuma numa dieta regular. Então, como surge este sabor em questão?

Sem querer entrar em discussões científicas ou filosóficas, este sabor metálico existe por associação de ideias. Por exemplo, vamos ao dentista e reclamamos de um sabor anormal. Ele pergunta, “metálico”?

Pronto, foi feita a associação de ideias.

O mesmo pode ser dito para um outro gosto muito discutido entre enófilos, o sabor mineral. Acho que ninguém comeu pedra ou raspa de metal para comprovar que sabores são estes.

Muitas pessoas não têm um paladar mais desenvolvido e nem sempre são capazes de associar um determinado sabor fora da curva normal com alguma coisa, digamos, menos comum.

Em situações como esta, acham o sabor estranho ou desagradável, não lhe dando a mesma importância que um enófilo experimentado daria. Simples assim.

Vida que segue…

Saúde e bons vinhos!

Vinho da Semana: um belo branco italiano de uma casta deliciosa.

Masso Antico Fiano di Salento 2017 – $

A casta Fiano é uma uva de alta qualidade usada extensivamente no sul da Itália. Usada principalmente como varietal, seus vinhos são cremosos, com toques amendoados.

Gastronômico, é excelente para acompanhar crustáceos grelhados, com molhos leves, ou com queijos frescos. Delicioso também como aperitivo.

Calábria, DOC Cirò, Gaglioppo

Volta e meia acontecem pequenas coisas no dia a dia que me trazem à memória ótimas recordações. Abri a caixinha de vinhos que recebo mensalmente e descubro que uma das garrafas é um Cirò DOC, pouco conhecida denominação de origem da Calábria.

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Num encontro recente degustamos alguns ótimos vinhos brancos e tintos, culminando com um dos melhores Pinot Noir norte-americanos, o emblemático Belle Gloss. Só que a turma ainda não estava satisfeita.

Já se havia esgotado a sequência original, apelidada de “off Borgonha”, e não havia nada mais que pudesse ser servido. A saída seria partir para um vinho bem diferente, que fugisse completamente do padrão experimentado. Abrimos um classudo Cirò que acabou sendo a grande surpresa da noite, principalmente por não ser algo previsto ou programado.

Elaborado a partir da casta Gaglioppo (o “g” é mudo), tida por muitos especialistas como a mais antiga vinífera ainda em produção, sua origem, até bem pouco tempo, era bem controversa. Considerava-se que era uma casta de origem grega que fora levada para a Itália. Há uma lenda que afirma que os vencedores das modalidades olímpicas eram convidados a celebrar com uma taça do vinho Krimisa, do qual o Cirò seria um descendente.

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Estudos mais recentes, com a confirmação de DNA e outras bossas, demonstraram que a Gaglioppo resultou da polinização cruzada entre a Sangiovese e a Mantonico di Bianco. Portanto uma uva genuinamente italiana, com uma origem muito semelhante à da Cabernet Sauvignon: uma uva tinta e outra branca.

Não é uma uva fácil de cultivar e vinificar, sendo tão temperamental quanto a grande uva do Piemonte, a Nebbiolo, o que lhe valeu o apelido de “Nebbiolo do Sul”. Por amadurecer tardiamente, apresenta altos teores de açúcar o que produziria vinhos muito alcoólicos. Sua colheita é feita mais cedo, permitindo que durante os processos de vinificação se tenha maior controle.

Esta casta prefere climas mais frios e os melhores vinhedos estão nas regiões mais elevadas. Os vinhos ficam mais suaves, florais e com boa acidez contribuindo para o equilíbrio final. Os vinhedos de planície produzem vinhos mais tânicos que exigem um longo tempo de maturação para serem domados.

Na gastronomia é considerado um vinho muito versátil, com harmonizações que vão desde as típicas comidas com carne de porco e seus embutidos, peixes e frutos do mar, vegetais e massas. Sua textura suave, acidez marcante e taninos comportados, tudo sublinhado por uma sutil doçura, o fazem um vinho perfeito para qualquer momento. Uma das coisas mais deliciosas que se pode fazer com um Cirò é bebê-lo bem gelado no verão.

Os principais produtores desta quase obscura joia são Librandi e Ippolitio. Cada produtor tem seu estilo. Normalmente encontramos algumas variações como Ciró Rosso, Rosado, além de um Reserva, geralmente produzidos a partir de um único vinhedo.

Existe um Cirò Bianco que é obtido a partir das castas Greco Bianco e Trebbiano Toscano (max. 10%).

Saúde e bons vinhos!

Vinho da Semana: este não pode deixar passar.

vinho-minCirò Rosso Liber Pater – $$

Aromas de frutos vermelhos, violetas e especiarias. Boa estrutura e grande personalidade. Taninos macios, em perfeito equilíbrio

Harmonizações: cabrito ensopado com molho de tomate, carne de porco cozida com tomate e pimenta, bouillabaisse, atum calabrês cozido em molho agridoce, risoto com carne e embutidos, massa com molho de tomate e Carne.

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Foto: Fabio Ingrosso (Flickr: Grappolo d’uva Gaglioppo in Calabria) [CC-BY-2.0 (http://creativecommons.org/licenses/by/2.0)], via Wikimedia Commons

Pinot Grigio e Pinot Gris

Num recente encontro do Camarão Magro, ativa confraria comandada pelo nosso eterno comparsa José Paulo Gils, a estrela foi um Pinot Grigio da região do Veneto, servido na abertura dos trabalhos.

Ao se referir a este vinho, ele usou “Pinot Gris”, versão francesa da mesma uva. Grigio ou Gris significam a mesma coisa: cinza.

Afinal, quais as diferenças entre uma e outra?

As duas castas são mutações da Pinot Noir, clássica uva da Borgonha. Existe, ainda, uma Pinot Blanc ou Bianca, que seria o clone mais longínquo. A coloração das cascas é a responsável pelas denominações:

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A partir da esquerda temos a Noir, Gris e Blanc.

Estas mutações são normais e muito comuns no reino vegetal. As diversas colorações de flores, como as rosas, são um bom exemplo. Do ponto de vista científico, o que diferencia cada uma destas variedades é a quantidade de antocianinas presentes.

Características mais marcantes vão ser notadas nos vinhos elaborados na Alsácia (Pinot Gris) e na região do Vêneto (Pinot Grigio). Esta casta é uma das que melhor reflete o terroir, preferindo climas mais frios e encostas suaves. Por estas razões se adaptou tão bem nestas regiões mencionadas.

O vinho francês tem um valor de mercado maior que o italiano. É leve e fresco com notas cítricas, herbáceas e de mel.

O italiano é um vinho muito suave e muitas vezes mal compreendido. Mas é muito refrescante com aromas de peras, maçã verde, acidez equilibrada e paladar levemente salgado.

Estas diferenças se devem não só às características de solo e clima como nos processos de vinificação. Na Alsácia buscam vinhos mais encorpados, de produção limitada, quase sempre passando um curto tempo por madeira, enquanto na Itália fazem um vinho de larga produção para conseguir um custo mais baixo, o que não significa que não existam os Grigio de ponta, inclusive madeirados e preços bem mais altos.

Quando colhida mais tarde, são transformadas em excelentes vinhos de sobremesa.

Uma degustação comparativa destes dois vinhos é uma das melhores formas de se aprender sobre os diferentes terroirs e processos de vinificação.

Para não deixar nenhuma ponta solta, a Pinot Blanc trilha um caminho diferente. Muito empregada em cortes de vinhos brancos, principalmente com a Chardonnay, aparece com frequência na elaboração do Champanhe e de outros espumantes como o Franciacorta e o Crémant d’Alsace. Quando vinificada sozinha, produz um vinho com notas defumadas e levemente amaras. É o vinho do dia a dia na Alsácia.

A família das Pinot se espalhou por todos principais países produtores de vinho. Mas a fama dos vinhos elaborados na Alsácia e Alto Ádige ainda não foi superada.

Saúde e bons vinhos!

Vinho da Semana: para começar a degustação comparativa.

p-2Anterra Pinot Grigio

Bouquet delicado e frutado. Sabor elegante, com equilíbrio refinado entre doçura e acidez. Muito gastronômico. Harmoniza com: Camarão, Caranguejo, Carne de porco com ervas, Espaguete ao creme, Peixe empanado e frito, Carne de vitela, Massas ao alho e óleo, pesto e al burro, Peixe de carne branca e fina, Massas à Carbonara, Matriciana e Putanesca.

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Uvas Viníferas e Uvas de Mesa

Já passou pela cabeça de muitas pessoas algo como ir ao mercado, comprar alguns quilos de uvas e tentar fazer um vinho, em casa. Pode até resultar num tipo de bebida parecida, mas se a uva utilizada não for do tipo Vitis Vinífera, o resultado desta empreitada nunca poderá ser chamado de vinho. Uvas viníferas não são vendidas em mercados. Uvas de mesa, dos tipos Vitis Labrusca e Vitis Rotundifolia, sim.

Existem algumas diferenças entre elas.

Para começo de conversa, são cultivadas de formas bem diferentes. Enquanto as uvas de mesa são plantadas num sistema de condução chamado Latada (foto esquerda), buscando alta produtividade, as viníferas são plantadas em Espaldeiras e seu rendimento é cerca de 3 vezes menor, comparados os volumes, numa busca por qualidade que pode resultar em volumes ainda menores.

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Na produção das uvas de mesa, a preocupação é obter grandes bagos, cheios de sumo. Na uva para a produção de vinhos busca-se a concentração de açúcares e sabores, portanto, grãos pequenos.

Esta quantidade de açúcar é o ponto mais importante, permitindo uma boa fermentação natural (conversão do açúcar em álcool) sem a necessidade de aditivos, quase uma exigência quando se vinifica uva de mesa comum.

Para a elaboração de vinhos, as uvas devem apresentar entre 20% a 30% de açúcares no momento de sua colheita enquanto a comum basta ter 10% a 15%. Embora seja um a vantagem na hora de fermentar, este maior teor também significa que a sua deterioração é muito mais rápida. Não se pode esperar muito tempo antes de iniciar o processo, mesmo com a ajuda de refrigeração e outras técnicas.

Outra marcante característica das viníferas é a espessura de suas cascas, notadamente nas uvas tintas. Sem isto, não teríamos os taninos adequados e nem a coloração correta. Uvas de mesa têm a casca fina para serem facilmente mordidas, liberando todo o suco.

Resumindo:

Uva vinífera é mais doce, tem casca mais espessa, grãos pequenos e rendimento baixo;

Uvas de mesa são produzidas em grande quantidade, com grãos grandes e cheios de sucos, sendo menos adocicados.

Pode-se fazer vinhos com elas?

Sim, o mercado está cheio deles, vendidos como “vinhos de mesa”, conforme a legislação brasileira específica. Os vinhos elaborados com Vitis Vinífera são vendidos como “vinhos finos”.

Saúde e bons vinhos (finos)!

Vinho da Semana: grandes novidades para os leitores. Firmamos uma parceria com o Vinho Site e Vinho Clube:

Sempre que possível vamos indicar um vinho das ofertas semanais, com um bom desconto, válido até a próxima 3ª feira.

Quem se associar ao Vinho Clube  terá mais vantagens.

Para começar, um belo trio de ótimos vinhos.

Kit da Semana – $$$

trio

Dance Del Mar Tempranillo Merlot 2014

Dairo Crianza 2011

Château Florie Aude Bordeaux Rouge 2014

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Estes vinhos podem ser comprados individualmente, mas neste Kit cada garrafa sai por menos de R$ 60,00.

Pechincha!

A Variedade é o Tempero da Vida

Um dos mais assíduos leitores desta coluna, Sergio Pirilo, de Vitória, ES, colocou uma interessante questão, a propósito dos temas Outras Castas Sul Americanas e Sobre o Nome das Uvas. Reproduzo, a seguir, um pequeno trecho de seu comentário:

“Já entendi que a mesma uva, em diferentes terroirs e com diferentes vinificações têm sabores diferentes. Isso não provaria uma tese que um amigo insiste em tentar provar: o que importa não é a uva e sim o processo de vinificação?”

Para responder com exatidão seria necessário entrar em temas muito técnicos que não são o escopo destes textos sobre o vinho. Vários e importantes conceitos estão envolvidos nesta questão que abrangem desde o cultivo de uma determinada casta, passando pelos diversos métodos de vinificação e terminando no que o enólogo pretende atingir ao fim de todo o processo. Vamos tentar simplificar.

Para início de conversa, a tese do amigo de Sergio Pirilo está errada. Para explicar de modo simples, vou usar um axioma da informática, outro assunto que dominamos e sobre o qual escrevemos, por um bom tempo, para O Boletim.

A pequena sigla, GIGO, abreviatura para a expressão, em inglês, Garbage In, Garbage Out, é usada para explicar falhas no desenvolvimento de um sistema: se os seus dados são ruins, o seu resultado também será.

Isto vale para uvas e vinhos também: se a matéria-prima não tem qualidade, o produto final também não terá. Pode manipular à vontade, nunca será nada de qualidade que, na nossa opinião, possa receber o rótulo de Vinho.

Tudo começa no vinhedo, ou como preferem alguns autores, “terroir”, um conceito de difícil entendimento englobando solo, clima, meio ambiente, e outras características locais, atualmente sendo muito questionado.

Um dos mais famosos enólogos, Emilie Peynaud (Bordeaux) acreditava que o homem não fazia parte do “terroir”, mas a combinação dos dois gerava um grande vinho.

Por esta razão, nenhum Enólogo trabalha sozinho, há sempre um Agrônomo como seu “ala”, que vai ajudar na primeira e mais importante decisão a ser tomada na hora de vinificar: a uva está no ponto de ser colhida?

A resposta vai depender do que se deseja obter como produto final, por exemplo: colhe-se mais cedo para produzir um espumante e bem mais tarde para se obter um vinho licoroso. Entre um ponto e outro, uma mesma cepa pode produzir vinhos de características bem diferentes. Tudo vai depender de ajustes nas principais etapas do processo de vinificação.

Já estamos vendo leitores perguntando: não basta fermentar e pronto?

Não!

Além da escolha do ponto de colheita da uva, sempre associada ao resultado pretendido, o vinho passa por diversos processos: separação ou não dos bagos, prensagem ou outro método que rompa os grãos, maceração, fermentação, conversão malolática, etc.

Vamos explorar apenas um destes processos, a Maceração, de onde os vinhos tintos obtêm cor e tanino (compostos fenólicos e antocianinas). Macerar significa deixar cascas, sementes e talos em contato com o mosto, por um determinado tempo.

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Três diferentes métodos estão em uso atualmente: Longa, a Frio e Carbônica. (Existem outros)

Cada um produzirá resultados diferentes e deve ser feito antes ou durante o processo de fermentação. Para encerrar esta etapa basta remover as cascas, sementes e os talos.

O processo longo, muito tempo de contato inclusive durante a fermentação, é o mais tradicional. Sua versão curta é usada, por exemplo, para os vinhos rosés.

A denominada “a frio”, sempre precede a fermentação e é usada para permitir ao Enólogo, total controle sobre o que vai resultar: a baixa temperatura (-12ºC) inibe a atuação das leveduras.

A Carbônica é um processo bem diferente. Os cachos, inteiros, são submetidos a um ambiente saturado de dióxido de carbono (CO2) forçando o início da fermentação através de enzimas próprias da uva, de dentro do grão para fora.

O importante é compreender que um destes processos é o ideal para determinada casta e para o tipo de vinho que se deseja obter, e não o oposto como sugere a tese exposta no início. As receitas são únicas e não tem sentido usar a casta A com a receita da casta B: GIGO

Se as uvas forem deixadas sozinhas, seu produto será vinagre, se o homem intervir corretamente, será vinho.

A variedade, de castas e vinhos, é o tempero da vida.

Saúde!

Vinho da Semana: um bom tinto italiano.

Centine IGT 2013

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Aromas de frutas vermelhas e negras maduras, toques minerais e defumados. No paladar o vinho possui médio corpo, com taninos redondos e sedosos, além de bom frescor e final de boca macio e persistente. Acompanha bem carnes vermelhas grelhadas ou assadas com molhos médios. Massas e legumes (principalmente berinjela) com molhos à base de tomate e queijos de média maturação.

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