Categoria: Harmonização (Page 3 of 13)

De volta ao básico – Vinhos doces

Muita gente, principalmente no nosso país, torce o nariz para este tipo de vinho, muito por conta do vinho de garrafão, “suave”.

Não é sobre este tipo de bebida que vamos escrever.

Vinhos doces, de alta qualidade, são deliciosos, sofisticados e muitas vezes caros. Têm seu lugar na gastronomia mundial. Os mais conhecidos são brancos, mas existem deliciosos tintos, rosados e espumantes.

Sua forma de elaboração exige alguns cuidados adicionais e podemos dividi-los de acordo com a técnica utilizada.

São cinco tipos:

– Colheita tardia;

– Uvas pacificadas (Passito);

– Uvas Botritizadas (podridão nobre);

– Ice Wines (uvas congeladas)

– Vinhos Fortificados.

Vinhos doces têm um alto conteúdo de açúcar residual e baixos teores alcoólicos. São popularmente conhecidos como “vinhos de sobremesa”, um apelido que não faz jus à importância deste estilo e que vai muito além de ser o final de uma refeição. Muitos deles podem ser degustados como aperitivo ou mesmo acompanhando uma tábua de queijos.

COLHEITA TARDIA

Esta é a técnica básica para se obter um vinho adocicado: deixar as uvas amadurecerem além do ponto ótimo, aumentando o teor de açúcar na fruta. Vinhos como os brancos alemães com predicados, Spatlese e Auslese, os franceses rotulados como “Vendange tardive” e, os bem conhecidos, “Cosecha Tardia” estão nesta categoria. Devem ser servidos resfriados e em taças menores.

UVAS PASSIFICADAS

Este seria o passo seguinte para se obter um vinho mais sofisticado. As uvas, de colheita tardia, são colocadas em ambientes especiais para que ressequem, obtendo-se uma quantidade de açúcar ainda maior. Alguns dos vinhos, assim elaborados, são muito famosos, como o Passito, o Vin Santo, o Jerez Pedro Ximenes e o Recioto della Valpolicella. Esta mesma técnica produz um tinto seco espetacular e considerado como um dos melhores vinhos italianos, o Amarone.

UVAS BOTRITIZADAS

“Botrytis cinérea” é um fungo que, dependendo de condições climáticas muito específicas, “ataca” os cachos de uva promovendo o que se chama, vulgarmente, de “podridão nobre”. O fungo extrai o líquido da fruta, deixando-a extremamente doce e mantendo a acidez, o que é desejável.

Esta condição só ocorre em determinadas regiões e numa combinação de temperatura e umidade corretas. Alguns dos mais famosos “doces” como os Sauternes e os Tokaji são elaborados desta forma. Nem sempre é possível obter a matéria-prima ideal, o que os tornam raros e caros.

É possível inocular o fungo nas videiras e muitos produtores se valem deste recurso.

Outros vinhos doces nesta categoria: os brancos alemães com predicados, Beerenauslese e Trockenbeerenauslese, além de Barsac, Ausbruch, Bonnezeaux, Quarts de Chaume, Coteaux de Layon, Sélection des Grains Nobles.

ICE WINES

Esta outra técnica difere um pouco das anteriores, que tinham por base deixar as uvas amadurecerem. O objetivo é colher as uvas já congeladas e iniciar, simultaneamente, sua prensagem. A água congela e o açúcar, não. O mosto obtido é muito doce.

Obviamente, é um vinho típico de regiões muito frias, embora técnicas de criogenia possam ser utilizadas para obter um resultado semelhante.

Os produtos mais icônicos desta categoria são os alemães “eiswein” e os “ice wines” produzidos no Canadá. Aqui no Brasil a vinícola catarinense Pericó foi pioneira neste estilo.

VINHOS FORTIFICADOS

Este último grupo é onde vamos encontrar alguns grandes vinhos apreciados por todos, como Porto, Madeira, Jerez e outros.

Para obter a sua doçura característica, estes vinhos têm sua fermentação interrompida por adição de aguardente vínica. Como nem todo o açúcar foi convertido em álcool, o resultado é um vinho doce.

Todos estes vinhos são longevos: a maior quantidade de açúcar funciona como uma forma de preservação.

Geralmente são servidos resfriados e em quantidades menores, muitas vezes em cálices.

Algumas harmonizações se tornaram clássicas, como chocolates com Porto, e queijos de mofo azul com vinhos de uvas Botritizadas ou de colheita tardia.

Experimentem!

Saúde, bons vinhos!

Dica da Karina – Cave Nacional

Cave Poseidon – Minimal Peverella 23

Fundada pelo dentista e vinhateiro Carlo de Leo, Cave Posseidon é uma micro-vinícola instalada em uma casa na região de Porto Alegre, que busca produzir vinhos artesanais de mínima intervenção. A Peverella, a primeira uva branca vitis vinífera trazida pelos imigrantes italianos no século XIX, aqui é resgatada para produzir um vinho no estilo laranja, macerado com as cascas por 150 dias. O vinho possui aromas cítricos e leve picância e demonstra-se leve e agradável, de acidez média, taninos perceptíveis, pouco amargor e sem oxidação. A Cave Nacional envia para todo o Brasil.

CRÉDITOS: foto licenciada no Adobe Stock.

Lentilha e Cotechino (Codeguim)

Mais uma tradição italiana para as festas de fim de ano. Na verdade, são duas, a lentilha e o Codeguim, uma enorme linguiça feita com a pele e os cortes secundários de um suíno.

Cada uma destas peças tem um sentido e, ao juntar as duas num delicioso prato, tudo que se espera é um novo ano cheio de prosperidade.

Nos tempos dos Romanos, era comum presentear amigos e familiares com a “Scarsella”, uma pochete cheia de lentilhas. A ideia era associar o formato desta leguminosa, similar a pequenas moedas, com o dinheiro. Quando cozidas, seu tamanho aumenta consideravelmente, como se a fortuna crescesse. Imaginava-se que poderiam se transformar, magicamente, em moedas de ouro.

Olhando para outras tradições, não era costume servir aves na ceia de final de ano: “ciscam para trás”, o que poderia atrasar a vida de todos, um ano ruim.

Já os suínos, “fuçam para frente”, o que significa um bom avanço na vida, um ano cheio de coisas boas e muita sorte.

O Cotechino, um tradicional embutido italiano, é produzido no Brasil, mas é difícil encontrá-lo nos grandes mercados. São praticamente artesanais. Outra possibilidade é um “primo”, o Zampone, obtido recheando as patas de um porco, mantendo o couro como invólucro. Infelizmente, é mais complicado achar esta especialidade por aqui.

Mas existem outros embutidos suínos que podemos usar como alternativa, entre elas, algumas das nossas deliciosas linguiças. O ideal é que sejam bem grossas e possam ser cortadas como pequenas moedas. Vejam a foto ilustrativa.

Como não poderia deixar de ser, há um rito, um momento certo para degustar este rico prato: logo depois da 12ª badalada do relógio, desejando fortuna, sorte e prosperidade. Quanto mais comermos, maiores as chances. Mas não exagerem.

Vinhos não podem faltar nesta mesa farta. O mais tradicional companheiro deste cozido é o Lambrusco, um saboroso frisante, com origem na região da Emilia-Romagna.

Existem versões em branco, rosado e tinto, sendo esta última a mais indicada. Com baixo teor alcoólico e servido gelado, é uma ótima opção para os dias mais quentes.

Para os que preferem vinhos mais sérios, duas castas italianas, a Barbera e a Bonarda, produzem bons vinhos. Podem ser servidos refrescados.

Pinot Noir e Merlot completam o leque de possibilidades. Interessante notar que alguns dos nossos melhores tintos são baseados na Merlot.

Para encerrar este 2024, bem ao estilo deste blog sobre vinhos, aqui vai uma curiosidade quase esquecida: a festa de Ano Novo também reverencia um Santo, neste caso, São Silvestre.

31 de dezembro de 335 DC foi o dia de falecimento do Papa Silvestre I. Atribui-se a ele, a conversão do Imperador Constantino I, trazendo uma época de paz na Igreja Católica.

Saúde, bons vinhos e um grande 2025 para todos!

Dica da Karina – Cave Nacional

Area 15 – Corte Bordalês – Cuvée

A Vinícola Boutique Area 15 localiza-se no Vale dos Vinhedos e tem como missão produzir vinhos e espumantes diferenciados buscando uvas de parceiros. O Área 15 Corte Bordales é um blend de uvas e safras, sendo Cabernet Sauvignon de Pinheiro Machado – RS (30%), Cabernet Sauvignon de São Joaquim – SC (20%), Cabernet Franc de Monte Belo do Sul – RS (30%) e Merlot de Antonio Prado – RS (20%). Um vinho harmonioso entre a robustez da Cabernet Sauvignon, a elegância da Cabernet Franc e a suavidade da Merlot. Uma minuciosa combinação entre variedades e safras, para proporcionar aromas intensos. Especiarias, frutas e aromas terciários. Como cravo da índia, baunilha, couro e amêndoas. No paladar taninos vivos, equilíbrio entre álcool e acidez, toque de madeira presente com elegância. Ótimo potencial de guarda.

A Cave Nacional envia para todo o Brasil.

CRÉDITOS: Cotechino por Popo le Chien está licenciada sob CC BY-SA 3.0.

Harmonizando com Panetone

A mesa de Natal dos brasileiros é uma verdadeira celebração das diversas culturas que ajudaram a construir a nossa nação.

Abraçamos, sem muita cerimônia, tradições portuguesas, espanholas, italianas, francesas e até africanas. São delícias atrás de delícias.

Uma das peças que não podem faltar é um belo Panetone, aquele bem tradicional com as frutinhas cristalizadas. Tudo bem que existem outras diversas versões, mas o assunto de hoje é o clássico.

A origem deste pão doce, de massa muito leve e alveolada é cercada de várias lendas, segredos e poucas certezas. Uma delas é a cidade onde começou a ser produzido, Milão. Isto ninguém questiona.

Acredita-se que o nome derive de “Panetto”, palavra italiana para designar “um pãozinho”. Ao acrescentar o sufixo aumentativo “-one”, muda o sentido, podendo ser traduzido como “grande pãozinho”.

Há uma curiosa fábula, bastante aceita na Itália, que Panetone vem de “Pan di Toni”, nome de um hipotético criador desta receita.

Harmonizar esta sobremesa não é uma tarefa difícil, ela é muito versátil e, pelo caráter pouco doce, pode ser combinada com diferentes estilos de vinho.

Naturalmente, as opções vindas da Itália são as mais comuns. Os vinhos elaborados com a casta Moscato (Moscatel), como o celebrado Moscato d’Asti, são considerados como o par perfeito, tanto na versão tranquila ou como um espumante.

A casta Moscatel é uma das uvas mais difundidas no mundo. Vamos encontrar versões de seus vinhos em diversos países produtores, inclusive aqui no Brasil, onde elaboramos premiadíssimos espumantes “demi-sec” com ela.

Portugal nos oferece mais opções de harmonização, desta vez com um bom Vinho do Porto: um Tawny ou um LBV são boas escolhas. Experimentem molhar a sua fatia com um pouco de Porto: é do outro mundo …

Para a turma que gosta de pensar “fora da caixa”, temos mais sugestões. A primeira delas seria um delicioso Moscatel de Setúbal, um dos grandes vinhos portugueses de sobremesa. Nesta mesma linha se encaixam o francês Sauternes, o húngaro Tokaj e o Vin Santo, italiano.

Para não deixar a França fora desta harmonização, um Champagne “Demi-sec” ou mesmo “Doux”, combina com perfeição.

Continuando na linha dos espumantes, o Panetone harmoniza muito bem com um Prosecco Brut, acreditem. Podem apostar, também, em outros borbulhantes bem secos, como o da Dica da Karina de hoje.

Feliz Natal para todos os leitores com muito Panetone e harmonizações perfeitas.

Dica da Karina – Cave Nacional

Cristofoli – Espumante Cristo Redentor Brut

A Vinícola Cristofoli, comandada pela família Cristofoli, é formada por viticultores que vivem na região de Faria Lemos há mais de 135 anos e faz parte da Rota Turística Cantinas Históricas e Vale do Rio das Antas, em Bento Gonçalves. O Cristofoli Espumante Brut – Cristo Redentor é elaborado exclusivamente com a variedade Chardonnay. Este espumante é produzido pelo Método Tradicional com 6 meses de guarda em cave, o que o mantém leve, refrescante e jovial, com uma ótima cremosidade e uma boa persistência. De coloração amarelo palha com perlage intensa e delicadas notas de pão fresco, flores brancas e aromas frutados, destacando-se a pera. O Cristofoli Espumante Brut – Cristo Redentor é um produto oficial do Santuário Cristo Redentor e a cada venda contribui-se para a continuidade dos trabalhos sociais desenvolvidos pelo santuário, que atende centenas de famílias em situação de vulnerabilidade social. Saiba mais no site do Santuário Cristo Redentor e nas mídias sociais @cristoredentoroficial.

A Cave Nacional envia para todo o Brasil.

CRÉDITOS: Foto de kate rumyantseva na Unsplash

Vinho e massas: qual a melhor harmonização?

A pauta do dia bem que poderia ser a famosa macarronada da Mama. Mais do que isto, este alimento composto de farinha, água e algumas vezes ovos, se tornou um símbolo da Itália.

Embora historiadores aleguem que a origem do macarrão é chinesa, com a receita trazida para a “Bota” por Marco Polo, foram os italianos que a elevaram aos altos níveis da gastronomia, criando diversos formatos, molhos e recheios.

Pasta, como preferem muitos, é basicamente neutra. Fica sem sentido uma abordagem, como nos textos anteriores a este, criando grupos e as respectiva harmonizações.

Quem vai comandar este show são os preparos mais clássicos desta fantástica gastronomia. Um deles, o popular molho à bolonhesa fica de fora. Harmonizem como se fosse um prato de carne.

Pasta al Pomodoro

O mais clássico e, aparentemente, mais simples de todos: massa, tomates e manjericão.

A receita original pede os famosos San Marzano, condimentos, azeite de oliva de altíssima qualidade e folhas de Basílico colhidas na hora. Cozimento lento, em fogo fátuo …

A primeira harmonização é a regional, um belo Chianti Clássico. Um vinho de corpo médio e com a acidez necessária para contrabalançar os sabores ricos e adocicados dos tomates.

Outra joia italiana, ou sua versão californiana, o Primitivo/Zinfandel, seriam escolha perfeitas.

Opções mais exóticas poderiam ser um bom Syrah ou Sauvignon Blanc.

Pasta al Pesto

Pesto, basicamente, significa algo que foi triturado num pilão e almofariz, “pestello e mortaio”, em italiano.

A receita mais conhecida é a do Pesto genovese, mistura de alho, sal, folhas de manjericão, pinoli e azeite.

Muito cuidado com este alho. A receita original pede uma pequena quantidade deste forte condimento. Para usá-lo corretamente, é preciso dividi-lo ao meio, no sentido longitudinal e remover o seu miolo.

Os vinhos brancos dominam esta harmonização: Vermentino, Sauvignon Blanc e uma casta pouco conhecida a Grechetto.

Para os que gostam de experimentar outras possibilidades, pensem num Grüner Veltliner austríaco ou num Cabernet Franc.

Carbonara

Talvez o prato de massa mais popular, nos restaurantes ditos típicos, aqui no Brasil. Com uma origem bastante controversa, a lenda mais aceita liga esta preparação às rações dos soldados norte-americanos na 2ª guerra.

Discussões à parte, é uma receita deliciosa. Para complicar um pouco, existem diversas versões deste prato. Giram em torno de bacon, pancetta ou guanciale, além dos queijos, Parmesão, Pecorino, Grana Padano e Ricota.

Procurem por tintos com mais personalidade: Dolcetto, Valpolicella ou um Cru de Beaujolais. Entre os brancos, Pinot Gris ou Pinot Bianco.

Pasta Caccio e Pepe

Esta receita com 2 ingredientes bem comuns, queijo Pecorino ou Parmesão e pimenta moída, é extremamente difícil de executar. Acertar o ponto da emulsão entre o queijo ralado bem fino, a pimenta e a água de cozimento do macarrão é só para os mestres cucas de primeira linha. São muitas varáveis a serem controladas: temperatura, granulometria do queijo e, principalmente, a origem dele. Pecorino Romano é o produto original.

Mas quando tudo se acerta é um sabor incrível. Entre os tintos, Morellino di Scansano ou um Chianti simples. Se a opção for por um branco, pensem num Verdicchio, Pinot Grigio ou Chardonnay.

Pasta ai Frutti di Mare

Dentro da gastronomia da “Bota”, este é um universo a parte. São tantas possibilidades que é praticamente impossível listar todas. Ficamos nas mais conhecidas: camarões, lulas, vieiras, mariscos e as sempre presentes ameijoas (vôngole).

Escolham um branco, sempre. Não há nada que combine melhor. Pode ser Sauvignon Blanc, Riesling, Garganega, Pinot Grigio ou Bianco.

Caso a proteína seja polvo, podemos harmonizar com um tinto. Um bom Pinot Noir vai brilhar neste caso.

Saúde e bons vinhos!

Dica da Karina – Cave Nacional

Pizzato – Legno – Chardonnay Barricado – 2023

A Pizzato acaba de lançar mais uma safra do seu icônico Chardonnay, o Pizzato Legno. Fermentado e amadurecido em barris Perle Blanche (feitos com os melhores carvalhos e com tostagem sutil) o vinho apresenta toda a riqueza e predicados relacionados à delicadeza dos Chardonnay do Vale dos Vinhedos, enriquecido pelos traços de amadurecimento em barris de carvalho, que respeitam a origem do vinho. A safra 2023 é a última lançada pela vinícola.

Para comprar este vinho, clique no nome ou na foto. A Cave Nacional envia para todo o Brasil.

CRÉDITOS: Imagem de vecstock no Freepik.

Vinho e carne: qual a melhor harmonização?

Vinhos tintos, com certeza, diriam muitos. Será? Questionariam uns poucos enófilos.

Não vamos comprar esta briga, vinhos tintos dominam esta cena, principalmente se a harmonização for com cortes bovinos. Neste texto, não vamos comentar aves, suínos ou ovinos. Ficam para outra ocasião.

Fazendo um paralelo com o texto anterior a este, onde foi possível agrupar e harmonizar peixes, podemos usar os diversos cortes mais comuns no nosso país para sugerir vinhos mais adequados.

Esta classificação será baseada no teor de gordura de cada tipo de corte.

Magros:

Filé Mignon;

Maminha (da Alcatra);

Patinho;

Lagarto.

Gordos:

Picanha

Fraldinha

Costela

Alcatra

Contrafilé

Cupim

Peito de boi

A regrinha, induzida por esta simples separação é bem direta: quanto mais gorduroso o corte, mais tânico deve ser o vinho, para ajudar a limpar o nosso palato após cada garfada.

Começamos pelas carnes gordas.

O Brasil, assim como dois nossos vizinhos, a Argentina e o Uruguai, é um campeão tanto na produção de carnes, como no seu consumo. Nos outros países citados, além de terem gado de excelente qualidade, produzem vinhos que, na concepção de muitos especialistas, são a combinação perfeita para carnes gordas: Malbec e Tannat.

Se existe um vinho que poderíamos chamar de “pau para toda obra” é o Malbec argentino. Esta uva, de origem francesa, se adaptou de forma espetacular no terroir sul-americano, tornando-se um ícone mundial.

Mas já não está voando sozinha. Brasil, França (Cahors), EUA, Chile e alguns outros, elaboram ótimos vinhos com esta casta.

A Tannat, de origem meio francesa e meio espanhola (região dos Pirineus), também se adaptou por aqui. Tem como principal característica produzir vinhos muito tânicos. Daí vem o seu nome. Além dos vinhos do Uruguai, nossas vinícolas, principalmente as da região da Campanha gaúcha, já elaboram excelentes Tannat.

Prefiram vinhos que sejam elaborados de forma mais atual, com madeira muito discreta ou nenhuma, apresentando notas mais frutadas e perfumadas. Picanhas e Alcatras agradecem ao Malbec, enquanto Costela e Cupim se rendem ao Tannat.

Mas não podemos ficar só nisso. Antes do surgimento deste novo clássico argentino, as “grelhas” eram dominadas pelo não menos famoso Cabernet Sauvignon. Esta uva francesa, originária de Bordeaux, rodou o mundo e talvez seja um dos estilos de vinho mais fáceis de encontrar em qualquer loja ou supermercado.

Além dos franceses, Chile e EUA são os grandes produtores desta casta/vinho. Não precisam ser varietais 100%, corte com predominância da Cabernet está totalmente correto.

Outras opções a considerar: Syrah/Shiraz, Touriga Nacional.

Para as carnes mais magras, entre elas o sempre nobre Filé Mignon, os vinhos devem ser um pouco menos tânicos e com maior acidez. O Pinot Noir é uma boa primeira opção. Um tipo de vinho que também é “all around”, indo além dos cortes bovinos.

Outras castas a serem consideradas: Tempranillo, principalmente os riojanos, Chianti clássico, Zinfandel, Gamay como nos Beaujolais Villages, Garnacha e Merlot.

Este segundo grupo de cortes bovinos são servidos, comumente, em preparações mais elaboradas ou com molhos mais ricos, que vão influir, diretamente, na escolha do vinho.

Estamos falando de Sauce Bernaise, au Poivre ou o sul-americano Chimichurri. Os vinhos, em linha gerais, serão os mesmos já citados. O Sirah/Shiraz, neste caso, se torna muito versátil.

Para os molhos mais condimentados, escolham vinhos com maior acidez, alguma madeira e teor alcoólico mais baixo.

Para não deixar dúvidas, é possível se obter boas combinações com alguns brancos e rosados. Mas se impõem certas condições:

– Devem ser bem encorpados e com muita personalidade.

A lista não é longa. Busquem um Chardonnay mais maduro e com passagem por madeira. Entre os rosados, optem pelos mais escuros, como os espanhóis feitos com a Garnacha, os italianos elaborados com Aglianico ou os sul-americanos obtidos a partir de Malbec, Merlot ou Syrah.

(Para a sobremesa, a dica de hoje, da Karina, é imperdível!)

Saúde e boas harmonizações!

Dica da Karina – Cave Nacional

Casa Marques Pereira Cachos Temporões – Licoroso tinto doce 2023

A Vinícola Casa Marques Pereira produz uvas viníferas desde 2004 e em 2015, passou a ter vinhedo próprio na cidade de Monte Belo do Sul, Rio Grande do Sul. O vinho Cachos Temporões safra 2023 é um licoroso fortificado com Brandy e amadurecido em barris de carvalho francês. Límpido, de coloração rubi brilhante e intensidade média, possui notas de mirtilo, ameixas, tabaco, groselha e cedro. Apresenta taninos leves, com textura fina, acidez e corpo médios e final adocicado. Harmoniza com macarons de frutas, queijo azul, cheesecake de chocolate, palha Italiana.

Para adquirir este vinho, clique no nome ou na foto. A Cave Nacional envia para todo o Brasil.

CRÉDITOS: Imagem de abertura obtida no Freepik

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