Categoria: O mundo dos vinhos (Page 14 of 82)

Antes só do que mal acompanhado, ou não?

Tem gente que prefere provar um vinho num momento “solo”. Tem gente que precisa degustar assim para corretamente avaliar um vinho e escrever sua resenha. Tem gente que não abre mão de uma boa refeição para acompanhar um vinho.

Existem diversos subgrupos dentro destas linhas gerais descritas acima. Um dos mais curiosos é o da turma que sempre degustam vinhos com os mesmos acompanhamentos: “porque mudar se o time está ganhando”?

De certa forma, preferem não sair de sua zona de conforto, talvez influenciados por dois mitos muito arraigados, que fazem as cabeças de enófilos menos tarimbados: “vinhos devem sempre ser harmonizados” e “existem alimentos que nunca harmonizam com o vinho”.

Honestamente, estas duas regrinhas estão mais para “fake news” do que para “fato confirmado”.

Harmonizar vinho e alimentos não é uma ciência. Tudo se baseia e experimentações na linha do “erro e acerto”. São tantas combinações possíveis que é humanamente inviável provar todas elas. Algumas já estão consagradas, o que ajuda muito na hora de tomar uma decisão, mas há um longo caminho a percorrer, ainda.

Quem já passou por um bom Curso de Vinhos, em algum momento ouviu falar que certos alimentos são impossíveis de harmonizar ou de outros, que só combinam com um determinado vinho, por exemplo, chocolates com Vinho do Porto.

Aspargos, alcachofras e couve de Bruxelas são alguns vilões habituais. Apesar da negativa dos “especialistas” estes itens são perfeitamente passíveis de combinarem corretamente com vinhos, basta “sair da caixa” que limita, eternamente, nossas escolhas.

Um bom Grüner Veltliner, vinho clássico da Áustria, é perfeito com alcachofras.

Aspargos na manteiga? Combinem com um Chardonnay ao estilo californiano e suas notas láticas bem marcantes.

Vinhos brancos elaborados com a Viognier, uva típica do Vale do rio Ródano, é perfeita com a temida couve de Bruxelas, com repolho, couve-flor e outras verduras com tonalidades verde escuro.

Nada é impossível.

A ideia de combinar vinho e comida tem uma base muito forte: as tradições.

A mesa familiar nos principais países produtores como França, Itália, Portugal, Espanha e Alemanha, para citar alguns, sempre teve o vinho como mais um alimento presente. Decorre, deste fato, a mais simples regra de harmonização, aquela que liga o vinho à origem do alimento: culinária italiana, vinhos italianos; culinária francesa, vinhos franceses, e assim por diante.

O viés cultural é muito importante.

Por outro lado, até que ponto, nestes casos, estamos realmente apreciando o vinho?

Críticos ou Sommeliers, que dependem de uma correta avaliação de um vinho preferem fazer degustações “solo”. Alguns especialistas adotam uma prova em dois tempos: com e sem alimentos. Afirmam que conseguem fazer uma análise mais abrangente.

Há um outro lado nesta forma de apreciar um vinho que pode ser muito positiva para o enófilo do dia a dia: a praticidade.

Não há nada mais simples do que tirar a rolha de um belo vinho e apreciá-lo, no momento que bateu aquela vontade. Nada de pratos requintados, harmonizações complicadas e outros parâmetros desnecessários.

Apenas uma boa taça e um ambiente confortável que será ditado pela sua conveniência. Se tiver uma boa companhia, talvez seja a hora transformar este voo solitário em algo mais gregário.

Pensem nisto.

Saúde e bons vinhos!

Dica da Karina – Cave Nacional

Cherry Bomb Pinot Noir – 2022

Um vinho clarete da Garbo Enologia Criativa, um projeto de 3 enólogos brasileiros que buscam produzir vinhos fora do padrão convencional, como este aqui.

As uvas vêm de Monte Belo do Sul e dão origem a esse vinho que, como nome diz, é uma bomba de frutas silvestres, acidez marcante e uma linda cor cereja brilhante. Um vinho que acompanha pratos frescos e leves como ceviche, carpaccio, frutos do mar, mas pode também tranquilamente ser bebido gelado sozinho.

Para adquirir este vinho clique na foto ou no seu nome. A Cave Nacional envia para todo o Brasil

CRÉDITOS: Imagem de abertura por Freepik

Você sabe degustar um Vinho do Porto?

Acreditem, o inverno chegou neste atípico ano de 2024. Para os enófilos de países de clima tropical, como o Brasil, é sempre um motivo de grandes expectativas. Será que finalmente vai ter um friozinho para a gente poder degustar um vinho mais sério e encorpado?

Não podemos perder a esperança. Está na hora de fazer o inventário do que está em estoque e descobrir quais garrafas devem ser consumidas, sob pena de virarem um bom vinagre.

Devemos olhar, também, para os vinhos generosos que estão no nosso acervo. Certamente existe uma garrafa de Porto meio esquecida lá fundo da adega. Embora sejam vinhos longevos, que tal aproveitar um dia com temperaturas mais baixas e, finalmente, abrir esta preciosidade?

Para que esta experiência seja completa, precisamos, antes de tudo, conhecer um pouquinho sobre este famoso vinho. Depois, dependendo do que estiver em nossa mão, alguns ritos se fazem necessários.

Nas boas lojas do ramo vamos encontrar alguns tipos de Porto, o que pode causar dúvidas. O tradicional é o tinto, que pode ser vendido em quatro estilos. Há o branco, que pode ser seco ou suave e para fechar o quadro, existe um raro Porto rosado.

Cada um tem o seu momento, temperatura adequada, forma de servir e harmonização. Comecemos pelos tintos:

Porto Ruby – o mais jovem de todos. Um vinho mais frutado e bem alegre. Não é tão longevo quanto os demais;

Porto Tawny – sempre envelhecido em carvalho. O tempo de amadurecimento deve sempre aparecer no rótulo, 10, 20, 30 anos ou mais. Quanto mais velho, mais caro. Sabores característicos dos vinhos que passaram por madeira, como nozes, castanhas, e notas de caramelo;

Porto LBV – são vinhos de uma mesma safra que foram “deixados para trás” e engarrafados mais tarde. Muito tempo de amadurecimento. Geralmente são ótimas opções de compra dentro do critério “custo x benefício”;

Porto Vintage (safrados) – estes seriam os topos da gama, só elaborados nas grandes safras, que devem constar nos rótulos. Os melhores Portos sempre. Muito longevos, podem durar mais de 100 anos. São muito caros, ou seja, para poucos. Quem já provou um destes os descrevem como oníricos.

O Porto branco, que pode ser seco ou doce, funciona muito bem como aperitivo, podendo ser usado em coquetelaria.

O Porto rosado, uma novidade introduzida pela Croft em 2008, tem sabores muito frutados e delicados. Foi criado para atender um público mais jovem. Funciona muito bem como alternativa ao branco, na coquetelaria.

Estes vinhos devem ser servidos mais frescos. Aqui está uma tabelinha para facilitar a vida de todos. Podem gelar o Vinho do Porto se for necessário:

Brancos e rosados – entre 6º e 10º

Ruby, Tawny e LBV– entre 12º até 15º

Vintage – entre 16º e 18º

Existem taças específicas para o Porto, mas não são obrigatórias. São semelhantes às taças de degustação ISO, que lembram uma pequena tulipa. Uma boa taça, que seja bojuda e tenha a boca mais estreita, é perfeita para estes vinhos. Apreciar seus aromas únicos é um dos grandes prazeres.

Eventualmente podemos decantá-los, principalmente os Vintage, ou qualquer outro que já apresente borras no fundo da garrafa. Preferencialmente, decantem para uma bonita garrafa de cristal com boa tampa. Mesmo depois de abertos, os bons Portos ainda duram um bom tempo em condições e consumo. Mas não exagerem.

Na hora de harmonizar, há um amplo leque de opções. Os brancos vão muito bem com queijos de cabra, azeitonas, castanhas e assemelhados.

O Ruby é o famoso vinho que acompanha chocolates. Se forem com morangos, melhor!

O Tawny pode ser servido com pratos de carne de caça ou sobremesas pouco doces ou carameladas. Bem versátil.

O Vintage é um bom vinho de meditação. Pode ser acompanhado por queijos de sabor marcante.

O ritual de degustação é o padrão:

Observem as diferentes nuances das cores. Sintam os aromas que só este tipo de vinho pode proporcionar. No palato, goles pequenos, deixando o líquido passear por toda a boca. Vamos notar, de uma forma quase exclusiva, taninos, doçura, acidez e o corpo do vinho.

Um espetáculo!

Mas não exagerem. Vinhos do Porto são muito alcoólicos, na faixa de 18º até 25º. Qualquer exagero pode ser fatal…

Saúde e bons vinhos!

Dica da Karina – Cave Nacional:

Torcello Personalita Merlot, safra de 2020

Torcello, uma vinícola excepcional localizada no Vale dos Vinhedos, Bento Gonçalves que produz varietais e cortes de uvas típicas da Serra Gaúcha, assim como espumantes. Vinícola inaugurada em 2000 e cujos primeiros vinhos produzidos foram na safra de 2005. Recomendo não apenas os seus vinhos, mas também a visita para aqueles que estiverem no Vale dos Vinhedos.

Rápida passagem por barril de carvalho americano. Após amadurecido na garrafa, permanece armazenado em caves de envelhecimento.

Apresenta coloração violácea, vinoso no aroma lembra amora vermelha, baunilha e notas de frutas escuras.

Na boca mostra-se encorpado, taninos jovens maduros e boa persistência gustativa. Vinho encorpado, intensamente frutado, complexo e equilibrado. Seu paladar é rico, sedoso e de grande classe.

Para adquirir este vinho, clique no nome ou na foto. A Cave Nacional envia para todo o país.

CRÉDITOS – Imagem de abertura:

Color of port wine” por Topi Pigula está licenciada sob CC BY-SA 4.0.

Você já reclamou de um vinho?

Provar um vinho e não gostar dele é uma situação muito comum. O quadro fica mais complexo quando se pede ajuda a um profissional, para escolher um vinho, seja numa loja ou num restaurante, e ele não era o que se esperava.

Devemos reclamar ou não?

Vamos destrinchar esta questão passo a passo.

Se o vinho selecionado estiver com defeitos, por exemplo, “bouchonée” (aromas de mofado), ou com sabores azedos, acidulados ou, ainda com coloração muito “atijolada”, deve ser devolvido imediatamente.

Esta garrafa está estragada e deveria ser obrigação do Sommelier saber disto, principalmente num restaurante.

Existem outras situações em que o vinho está tecnicamente perfeito, mas não agradou ao consumidor. Neste caso, dentro de certos limites, também podemos reclamar e devolver esta garrafa.

Alguns exemplos são clássicos: alta tanicidade ou acidez muito intensa e até mesmo se ele for exageradamente madeirado ou frutado. Em suma, o estilo não agradou.

A oportunidade para podermos reclamar começa na escolha deste vinho, sempre auxiliada por um profissional do ramo.

“Ça va sans dire”, esta conversa com o Sommelier ou vendedor deve ser bem direta. Um enófilo sempre deverá ser capaz de descrever o vinho que lhe agrada. Lembrem-se que o degustar será um momento de prazer e não de aborrecimento.

Imaginemos uma compra hipotética: queremos um vinho de corpo médio, taninos suaves, jovem e com um final frutado e persistente.

Ao receber a indicação e antes de fechar negócio, observe estas regrinhas de ouro:

  • Leia, atentamente, rótulo e contrarrótulo. Há muita informação boa ali. Dependendo do seu grau de conhecimento, muitas dúvidas serão esclarecidas. Caso contrário, pergunte e discuta com o vendedor.

Liguem o sinal de alerta para vinhos que não deixam claro a origem das uvas, quem e onde foi produzido e, igualmente, onde foi engarrafado. Olho também em produtos que se dizem “veganos”, “orgânicos”, “biodinâmicos” ou frases similares.

Na maioria das vezes são meramente citações mercadológicas. Os vinhos orgânicos verdadeiros recebem, sempre, algum tipo de certificação que deve constar dos rótulos;

  • Não se assustem se o produto indicado for de uma região pouco conhecida. Há muita coisa boa acontecendo fora do circuito mais tradicional, com ótima qualidade e preços bem atrativos;
  • Nas boas lojas, sempre há a possibilidade de provar um vinho que está em oferta. Habituem-se a aproveitar estas chances. Se cair no gosto, negócio fechado.

Se com todas estas sugestões, ainda assim o vinho não agradou, é a hora de reclamar. No restaurante será mais fácil, apenas diga que o vinho, em questão, não correspondeu ao que você pediu. Por exemplo, “tem muito tanino” ou “o sabor não está agradável”, e até mesmo, “não está harmonizando com o prato escolhido”.

Caso a compra tenha sido feita numa loja especializada, rearrolhre a garrafa e retorne ao local da compra assim que for possível. Talvez não aconteça nada, mas vamos riscar este fornecedor da nossa lista.

Saúde e bons vinhos!

Dica da Karina, Cave Nacional:

Viapiana Exótico Laranja, safra de 2022.

Viapiana é uma vinícola localizada em Flores da Cunha, região de Altos Montes, Rio Grande do Sul. A família Viapiana, de origem italiana, fundou a vinícola no final da década de 80 e foi então que iniciou a produção de vinhos tranquilos e espumantes que se tornaram referência em qualidade.

O Exótico é um vinho produzido com a uva Gros Manseng e passa 14 meses estagiando em barricas de carvalho francês. É um vinho de coloração dourada com reflexos laranjas. Aroma de frutas secas e folhas secas, chá de camomila e cera de abelha. Encorpado com boa carga tânica devido ao contato com as cascas, seco, com acidez marcante e refrescante. O final de boca é longo é complexo.

Neste link do YouTube, Karina nos dá uma aula sobre este vinho:

Canal Bebericando

Para adquirir, clique na foto ou no nome do vinho.

#comprevinhogaúcho

CRÉDITOS:

Imagem de abertura por Freepik

Vinhos com indicadores de origem são melhores?

Responder está questão não é uma tarefa fácil. Cada país produtor tem suas próprias normas no que diz respeito às Indicações Geográficas (IG), Denominação de Origem Controlada (DO; AOC; DOCG …) e algumas outras indicações que estão mais para um bom marketing do que uma regra a ser respeitada.

Existem algumas razões por trás destas indicações, as mais significativas são determinadas garantias, tanto para o produtor quanto para o consumidor.

A qualidade de um vinho é variável com o tempo, mudando de acordo com a natural evolução da vida social onde é produzido. Métodos de cultivo e manejo das uvas, processos de vinificação e até mesmo o meio ambiente, são dependentes da qualidade da mão de obra envolvida. Este talvez seja o fator mais direto a influir na qualidade final.

Quando um vinho recebe uma designação, significa que há uma especificidade: este produto, ou qualquer outro com esta mesma denominação, cumpre uma série de requisitos para receber a autorização de imprimir uma destas siglas em seu rótulo.

Esta é a melhor garantia: “O que está no rótulo, está na garrafa”.

É uma enorme diferença, mas não o suficiente para afirmarmos que é um vinho de qualidade.

Para os produtores há mais garantias e proteções em jogo. Uma boa norma de designação de origem deve incluir desde os princípios básicos sobre a quantidade de videiras por área plantada, quais castas podem ser cultivadas, a proporção utilizada por volume de produção e muito mais.

Nem sempre cumprir todos estes requisitos é uma tarefa simples. O que se busca é manter uma diferenciação desta ou daquela região, que seu produto seja homogêneo, ou seja, que tradições sejam mantidas. Evitam-se, assim, aventureiros, oportunistas, falsários e outros “espertos” que engarrafam qualquer coisa, colam um bonito rótulo e esperam pelo lucro fácil.

Existem alguns exemplos que ajudam a fixar esta ideia:

1 – Historicamente, atribui-se à região do Douro, em Portugal, onde é produzido o Vinho do Porto, o título de “primeira região demarcada do mundo”. Foi instituída em setembro de 1756 por alvará de D. José I.

Por trás deste alvará estava a influência do seu Secretário de Estado, Sebastião José de Carvalho e Melo, o Marquês de Pombal, que aproveitou a oportunidade para incluir umas terras de sua propriedade, em Oeiras, próximo a Lisboa e lhe permitir produzir um vinho fortificado, por lá…

Em dezembro de 2001, a UNESCO classificou parte da região como “Patrimônio Mundial”, sob o nome de Região Vinhateira do Alto Douro.

2 – Talvez a denominação mais conhecida seja a francesa AOC ou “Appellation d’Origine Controlée”. Curiosamente, a primeira AOC foi instituída em 1411 para proteger o queijo Roquefort.

As regras para a indústria do vinho aparecem a partir de 1905. Em 1935 é criado o CNAO, “Comité National des Appellations d’Origine” para administrar a concessão das AOC.  Após a Segunda Guerra, sua área de atuação foi ampliada, se tornando o INAO, “Institut National des Appellations d’Origine”.

Este conjunto de normas é muito abrangente e rigoroso. Para receber a certificação, os vinhos devem ser produzidos em terroirs delimitados e satisfazer a normas de produção muito estritas, definidas por decreto. Há limites de rendimento, um grau mínimo de alcoolização e as condições de envelhecimento.

Atualmente, naquele país, existem pouco mais de 400 vinhos de denominação de origem controlada.

Interessante notar que o importante conceito de “terroir” tem, como base, este conjunto de regras de produção.

Ao final, podemos perceber que a qualidade de um vinho, sua superioridade ou, usando um adjetivo mais amplo, sua singularidade, decorrerá da forma como as regras de elaboração sejam cumpridas. Todas as ferramentas para que seja um grande vinho estão ali.

Mas gosto não se discute.


Temos novidade no site.

Dica da Cave Nacional:

Depois de um longo tempo hibernando, volta a indicação semanal de um vinho. Pedimos ajuda para a Karina Bellinfanti, proprietária da Cave Nacional, uma loja especializada em vinhos brasileiros, no Rio de Janeiro.

Caetano Vicentino Cabernet Sauvignon – Merlot

A Caetano Vicentino é uma vinícola de Nova Pádua, região de Altos Montes, no RS.

Este vinho é um blend de Cabernet Sauvignon safra 2022 e Merlot safra 2021. Passam 12 meses por barrica de carvalho, francês para o Cabernet e americano para o Merlot, todas de primeiro uso.

É um vinho límpido, brilhante, de coloração rubi profunda. Aromas de frutas vermelhas maduras, mirtilo, notas balsâmicas, cravo e alcaçuz. Acidez equilibrada, tanino e corpo médio – mais. Sabores que lembram cassis, tabaco, cacau e muita fruta. Final persistente.

Harmoniza maravilhosamente com carnes e pratos à base de cogumelos.

A Cave Nacional envia para todo o país. Para adquirir este vinho, clique no nome.

Saúde e bons vinhos!

#comprevinhogaúcho

CRÉDITOS:

Foto por Tomas Williams no StockSnap

O Julgamento de Londres

No dia 24 de maio de 1976, há 48 anos atrás, aconteceu o famoso Julgamento de Paris, cujo inesperado resultado mudou, significativamente, a indústria de vinhos no mundo.

Steven Spurrier, um dos nomes icônicos do mundo do vinho, encantado com o que havia havia provado na Califórnia, organizou uma degustação comparativa com grandes vinhos franceses. Convidou importantes nomes para serem os juízes.

Ao final, os vinhos norte-americanos foram os vencedores, apesar dos protestos de alguns dos jurados, sob diversas alegações. Pelo menos dois vinhos ficaram muito famosos, Cabernet Sauvignon Stag’s Leap e o Chardonnay Château Montelena, ambos safra 1973.

Julgamento de Paris foi o apelido dado pelo único jornalista presente no evento, George Taber, que publicou uma notinha na poderosa revista Time.

Não poderia imaginar o impacto disto tudo no mundo do vinho. Para quem se interessar em conhecer esta fascinante história, Taber publicou um livro homônimo. O filme Bottle Shock (O Julgamento de Paris, no Brasil, ou O Duelo de Castas, em Portugal), apresenta uma versão romanceada desta degustação.

Na London Wine Fair deste ano, resolveram reviver este evento, com uma roupagem diferente: vinhos europeus versus vinhos do resto do mundo.

A degustação aconteceu no dia 21 de maio. Foram 32 vinhos, provados em pares, por 21 julgadores criteriosamente escolhidos entre “Master of Wines”,  “Master Sommeliers” e nomes renomados dentro deste universo.

A Curadoria foi feita por Sarah Abbott MW e Ronan Sayburn MS. Escolheram, sem dúvida, vinhos formidáveis. Só cabe uma pequena crítica: foi um evento muito dirigido para o consumidor inglês.

Adotaram uma dupla contagem do resultado, para evitar distorções. Escolheram um sistema simples, de 10 pontos. A nota final de cada vinho, seria a soma do que foi atribuído por cada avaliador. Em paralelo, foi feita uma “Contagem de Borda”, uma contagem ranqueada, procurando fugir de decisões fora da curva.

O resultado, obtido somando-se todas as notas, não foi uma surpresa como o do Julgamento de Paris: os vinhos europeus obtiveram 2.621,5 pontos e o resto do mundo somou 2.604,5 pontos. Em termos gerais, houve um empate técnico.

Aqui estão os vinhos, apresentados na ordem em que foram degustados. A título de ilustração, acrescentamos, entre parêntesis, a nota “Vivino” de cada um. Algumas provas foram feitas em dois flights.

Curiosamente, o melhor vinho do certame foi o Pegasus Bay Riesling, Bel Canto 2011, da Nova Zelândia.

Riesling
Mundo: Polish Hill Riesling, Grosset, Clare Valley, Australia 2012 (3,9)
Europa: Trimbach, Riesling Clos St Hune, Alsace, France 2008 (4,3)
Chardonnay 1
Europa: Cervaro Della Sala, Marchese Antinori, Umbria, Italy 2018 (4,4)
Mundo: Kistler Chardonnay, Les Noisetiers, Sonoma, USA 2018 (4,4)
Chardonnay 2
Europa: Corton Charlemagne Grand Cru, Maison Louis Jadot, Burgundy, France 2017 (4,1)
Mundo: Felton Road Chardonnay Block 6, Central Otago, New Zealand 2017 (4,1)
Corte branco
Mundo: Au Bon Climat Hildegard, Santa Maria Valley, USA 2020 (4,3)
Europa: Terre Alte, Livio Felluga, Friuli, Italy 2020 (4,3)
Sauvignon Blanc
Europa: Château Smith Haut Lafitte, Grand Cru Classé, Pessac Léognan, Bordeaux, France 2017 (4,3)
Mundo: Peter Michael Winery Sauvignon Blanc, L’Apres Midi, Sonoma, USA 2014 (4,4)
Texturados brancos 1 (grande impacto no palato)
Mundo: Pegasus Bay Riesling, Bel Canto, Waipara, North Canterbury, New Zealand 2011 (3,9)
Europa: Franz Hitzberger, Grüner-Veltiner Singerriedel, Wachau, Austria 2019 (4,1)
Texturados brancos 2
Europa: Quinta dos Roques Encruzado, Dão, Portugal 2014 (3,8)
Mundo: David & Nadia Chenin Blanc, Skaliekop, Swartland, South Africa 2019 (4,2)
Vale do Ródano
Mundo: Viognier, Tahbilk, Nagambie Lakes, Australia 2011 (3,6)
Europa: St Joseph Blanc Les Oliviers, Pierre Gonon, Rhône, France 2020 (4,4)
Pinot Noir 1
Mundo: Storm Pinot Noir, Ridge, Hemel-en-Aarde, South Africa 2019 (4,2)
Europa: Bonnes Mares Grand Cru, Domaine Dujac, Côtes de Nuits, France 2017 (4,6)
Pinot Noir 2
Europa: Spätburgunder, Weingut Mayer-Näckel, Ahr Valley, Germany 2019 (3,8)
Mundo: Hirsch Vineyards Pinot Noir, San Andreas, Sonoma, USA 2019 (4,4)
Cabernet Sauvignon 1
Mundo: Promontory, Harlan Estate, Napa Valley, USA 2019 (4,7)
Europa: Château Mouton Rothschild, Pauillac, Bordeaux, France 2009 (4,7)
Cabernet Sauvignon 2
Europa: Château Léoville Las Cases, St Julien, Bordeaux, France 2009 (4,5)
Mundo: Viñedo Chadwick, Maipo Valley, Chile 2015 (4,6)
Syrah
Mundo: Homage Syrah, Trinity Hill, Hawkes Bay, New Zealand 2018 (4,1)
Europa: Hermitage Rouge, Jean Louis Chave, Rhône, France, 2012 (4,6)
Texturado tinto
Europa: Saperavi Qvevri, Quevri Wine Cellar, Kakheti, Georgia 2019 (4,1)
Mundo:  Clonakilla Syrah, Canberra, New South Wales, Australia 2015 (4,5)
Grenache/Garnacha
Mundo: Torbreck Hillside Vineyard Grenache, Barossa Valley, Australia 2016 (4,1)
Europa: Clos Magador, Priorat, Spain 2019 (4,5)
Cabernet Franc
Europa: Saumur Champigny, Clos Rougeard, Loire, France 2018 (4,5)
Mundo: Gran Enemigo, Cabernet Franc, Gualtallary, Argentina 2018 (4,6)

Saúde, bons vinhos!

#COMPRE VINHO GAÚCHO!

CRÉDITOS:

Imagem de freepic.diller no Freepik

Fonte: London Wine Fair (em inglês)

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