Categoria: O mundo dos vinhos (Page 2 of 72)

Lidando com os Enochatos

Tudo na vida tem uma origem e os Enochatos não são uma exceção.

O vinho, desde os tempos bíblicos, é uma bebida do dia a dia. Sempre fez parte da mesa em diversas culturas do velho mundo. Imaginem que, em determinadas eras, era mais seguro bebê-lo do que água!

Ao longo da linha do tempo, o vinho foi se sofisticando até se tornar uma bebida dos ricos e cultos. Degustar uma taça passou a ser um símbolo de status. Para apreciar corretamente esta preciosidade, é preciso passar por um treinamento e ter uma boa dose de conhecimento sobre esta bebida.

A culpa é nossa!

Vamos fazer um curioso paralelo com a mais antiga competição entre barcos à vela do mundo, a Copa América, que disputa neste ano de 2024, a sua 37ª edição. A primeira regata ocorreu em 1851, em águas inglesas.

Sua história, além de bonita e interessante, traz um importante subsídio para compreendermos as razões da sofisticação do vinho. O objetivo desta regata, disputada originalmente entre barcos mercantes, era descobrir qual seria o mais rápido.

Existe mesmo uma lenda relatando que o desafio de dois mercadores, cada uma afirmando que seu veleiro era o melhor, foi a verdadeira origem desta disputa esportiva.

Partindo do “meu barco é mais veloz que o seu”, fica fácil perceber que, em algum momento, um vinhateiro levantou a mesma dúvida: “meu vinho é melhor que o seu” .

Para resolver esta questão, surgiram os primeiros especialistas em provar vinhos, talvez o protótipo do “enochato”. Sua função era dirimir a dúvida.

Pode parecer estranho, mas os primeiros membros desta aborrecida classe de apreciadores foram os críticos e suas pontuações. Os vinhateiros passaram a se preocupar mais com as notas recebidas do que com o público consumidor.

O mundo do vinho nunca mais seria o mesmo. Desde então, o que interessa é saber “quantos pontos eu tenho na taça”.

Múltiplos desdobramentos vêm ocorrendo, por exemplo, as diferentes safras destes “doutores” em perturbar a boa ordem, até um preocupante afastamento, por parte das novas gerações, que trocam o vinho por outras bebidas “menos complicadas”. Esta atitude, está refletindo na produção vínica, quando grandes produtores como França, Espanha e Itália estão erradicando vinhedos para diminuir a produção e segurar os preços de venda.

Culpa dos enochatos.

Tudo bem que existem diversas versões destes “mala sem alça”. Alguns são bem toleráveis, enquanto outros, principalmente aqueles que optam por criticar quem, na sua visão, consome o vinho de forma errada, são insuportáveis.

Estão sempre atrás de pequenos erros, que todos cometem, para nos chamar a atenção e soltar um daqueles velhos e conhecidos chavões.

Se formos espertos, podemos deixá-los falando sozinhos. Aqui estão umas boas dicas para contra-argumentar:

1 – “Você não examinou o vinho antes de provar”.

Não é preciso seguir o habitual rito ao degustar um vinho – olhar a cor, sentir os aromas, aerar e provar. Pergunte se ele precisa saber ler uma pauta musical para apreciar uma orquestra sinfônica;

2 – “Estas taças não são adequadas”.

Neste caso, chute o balde e indique o local da compra, por exemplo, no mercado da esquina. A taça não faz diferença;

3 – “Sua taça está muito cheia, não há espaço para o vinho respirar”.

A melhor resposta seria um “gostei do vinho e estou com sede”. Se você não é da turma que segue o rito, não tem o menor problema. Só cuidado para não derramar o precioso líquido num movimento brusco.

4 – “Este vinho custa $ no supermercado”

Não é um argumento válido. Há vinhos caríssimos que não nos agradam, enquanto vinhos mais modestos podem acertar em cheio. Um dos rótulos de maior sucesso na Espanha, atualmente, é um produto exclusivo de uma rede de supermercados e custa 4 Euros. 95 pontos Parker;

5 – “Não está na temperatura ideal”

Na verdade, não existe uma temperatura ideal, cada vinho é um caso, seja ele tinto, branco ou rosado. Existem recomendações. Se achar que é necessário esfriar ou esquentar um vinho, existem muitos recursos para tal. Dentro de certos limites, vale até colocar uma pedra de gelo na taça. O ideal é ter algumas uvas congeladas, ou cubos metálicos que são vendidos para este fim. Não diluem a bebida;

6 – “Que rótulo feio ou que garrafa esquisita”

Outra grande bobagem. A qualidade de um vinho não é medida pela beleza da sua embalagem. Com a preocupação sobre as mudanças climáticas, o vidro virou um vilão. Novas formas de embalar o vinho estão em uso e a qualidade do que está dentro não mudou. Já existem garrafas 100% de papelão reciclado, outras de alumínio e, finalmente, os grandes produtores se curvaram para a sempre preterida “bag in box” (vinho em caixa de papelão revestido). São embalagens muito econômicas.

Agora que vocês já têm ferramentas para se livrar dos Enochatos, fiquem com a Dica desta semana.

Saúde e bons vinhos!

Dica da Karina – Cave Nacional

Villa Bari – Doppio Cabernet Franc e Sauvignon 2013

O vinhedo da Villa Bari está localizado nas colinas de Porto Alegre, no Estado do Rio Grande do Sul. Nessa região do Brasil, o clima subtropical, caracterizado por chuvas bem distribuídas durante todo ano, e por verões quentes e invernos frios, é apropriado para o cultivo de uvas. O produtor Luiz Barichello é neto de italianos do Vêneto, que chegaram ao Sul do Brasil em 1885 e fundaram a cidade de Garibaldi, reconhecida por sua produção de vinhos e espumantes. Cresceu envolvido no ambiente da vinicultura e aprendeu com seu pai e com seu avô a cultivar a paixão pelos vinhedos e pelo vinho, formando, assim, uma memória olfativa e sentimental que agora procura reproduzir em seus próprios vinhos. O Villa Bari Doppio 2013 é elaborado com as variedades Cabernet Franc e Cabernet Sauvignon produzidas na Villa Bari.  De coloração vermelho rubi com nuances alaranjados e ótimo brilho.  Apresenta aromas complexos, com presença de frutas como ameixa e compota de morango.  Em boca, equilibrado, com uma acidez perceptível além de boa intensidade e persistência.

Para comprar este vinho, clique no nome ou na foto. A Cave Nacional envia para todo o Brasil.

CRÉDITOS: Imagem de abertura por Pixabay

Degustamos 6 Pinot Noir brasileiros

A Cave Nacional, uma empresa especializada em vinhos brasileiros aqui no Rio de Janeiro, promove regularmente degustações comparativas muito interessantes.

Nesta oportunidade, prepararam um “flight” com vinhos elaborados com a Pinot Noir, contemplando seis “terroirs” diferentes: cinco do Rio Grande do Sul e um de Santa Catarina. Além das diferentes regiões, cada produtor optou por um método de elaboração.

Chama a atenção a escolha desta casta, tida por todos como a mais importante e temperamental varietal tinta. Com ela são produzidos os famosos vinhos da Borgonha, entre eles o icônico Romanée-Conti, bem como os melhores Champagnes do mundo, quando é vinificada em branco.

Para os menos atentos, pode parecer exótico que esta uva seja produzida no nosso país. Mas é fácil entender as razões: também produzimos ótimos espumantes!

Implantada, aqui, nos anos 70, esta casta é de difícil manejo e adaptação ao nosso clima mais úmido. Mesmo assim, mestres da vinificação conseguiram dominá-la, elaborando produtos de alta qualidade.

Apresentamos os vinhos degustados e nossos comentários, na ordem em que foram servidos.

1 – Peruzzo 2022 (Campanha Gaúcha)

Ficha técnica resumida: “Um Pinot de boa complexidade. Traz no nariz os aromas de frutas vermelhas como morango e cereja seguindo com especiarias como pimenta preta e cravo além de notas terrosas. Na boca acidez marcante e taninos bem macios trazendo um final de eucalipto.”

Este vinho não passa por madeira. As notas frutadas sobressaem no olfato e no paladar. Perfeito para uma degustação informal.

2 – Pericó Basaltino 2021 (SC)

Ficha técnica resumida: “Elegante, com notas expressivas de amora, ameixa, mirtilo e cereja e notas discretas de pimenta rosa e baunilha, que se entrelaçam com os taninos macios devido à permanência em barricas francesas, tornando-o um vinho envolvente e harmônico.”

Um dos vinhos que mais agradou aos participantes deste evento. Os descritores mencionados são percebidos com facilidade. Muita mineralidade devido ao solo basáltico, que dá nome ao vinho.

3 – Antônio Dias Crespim 2022 (Alto Uruguai)

Ficha técnica resumida: “Aromas de frutas secas, chocolate e especiarias. Na boca, apresenta-se leve, com taninos macios. Amadureceu por 4 meses em barris de carvalho francês de primeiro uso.”

Escolhido ao final da degustação como o melhor de todos. Muito bem vinificado, com excelente tradução do terroir onde é produzido.

4 – Casa Eva 2023 (Flores da Cunha)

Ficha técnica resumida: “Apresenta complexo aroma de frutas vermelhas, como cereja e ameixa passa, com leves notas de damasco e especiarias como o cravo. Em boca tem bom volume, com taninos macios e acidez sutil, retrogosto longo e marcante. 6 meses em barricas de carvalho francês e americano (50%/50%).”

Uma verdadeira bomba de frutas no olfato e no paladar. Foi o vinho mais criticado, com observações como ‘bala tutti-frutti’ ou ‘gelatina de framboesa’. Apesar das críticas, é um vinho bem elaborado. Talvez sua juventude tenha influído no resultado. Alguns anos em garrafa lhe farão muito bem.

5 – Torcello 2022 (Vale dos Vinhedos)

Ficha técnica resumida: “Aroma de frutas vermelhas como cereja, framboesa e morango mescladas com um leve toque de caramelo e chocolate. Em boca apresenta-se em harmonia, com acidez equilibrada e taninos elegantes.”

Um vinho bastante atípico para as características tradicionais desta casta. A coloração mais fechada já era um primeiro sinal. Esta vinícola tem como método de trabalho usar barricas de carvalho americano. A presença de madeira era evidente, mascarando outras notas típicas da Pinot.

6 – Manus 2023 (Encruzilhada do Sul)

Ficha técnica resumida: “Notas terrosas, frutas vermelhas como cereja, framboesa, também chocolate amargo, notas de baunilha e especiarias. Em boca é persistente, equilibrado, com taninos macios e excelente acidez.”

Este foi o vinho que mais nos impressionou. Apesar da safra recente, suas notas aromáticas eram muito difíceis de serem percebidas. Demorou muito para “abrir”. A grande surpresa estava no palato, um delicioso leque de sabores que surpreendeu a todos. Um belo investimento para quem aprecia este estilo.

Foi uma grande oportunidade para aprender mais um pouco sobre a Pinot Noir, os diferentes “terroir” e métodos de elaboração em uso no Brasil. Não havia dois vinhos iguais ou parecidos. Cada um tinha sua personalidade, dividindo as opiniões dos presentes. Todos com muita qualidade.

Entre os melhores o Antônio Dias teve o maior número de votos, seguido pelo Torcello. A única unanimidade foi o Casa Eva.

Saúde e bons vinhos!

Dica da Karina – Cave Nacional

Antônio Dias Crespim – Pinot Noir 2022

ANTÔNIO DIAS CRESPIM, é uma homenagem ao patriarca da família, que inspirou o nome da Vinícola. Este vinho vem para enaltecer a história da família e a expressão do terroir do Alto Uruguai.

De coloração rubi de média intensidade, característico desta uva. Aromas de frutas secas, chocolate e especiarias. Na boca, apresenta-se leve, com taninos macios.

Amadureceu por 4 meses em barris de carvalho francês de primeiro uso.

Produção: Foram elaboradas 1.332 unidades.

Para comprar este vinho, clique no nome ou na foto. A Cave Nacional envia para todo o Brasil.

Vinho e massas: qual a melhor harmonização?

A pauta do dia bem que poderia ser a famosa macarronada da Mama. Mais do que isto, este alimento composto de farinha, água e algumas vezes ovos, se tornou um símbolo da Itália.

Embora historiadores aleguem que a origem do macarrão é chinesa, com a receita trazida para a “Bota” por Marco Polo, foram os italianos que a elevaram aos altos níveis da gastronomia, criando diversos formatos, molhos e recheios.

Pasta, como preferem muitos, é basicamente neutra. Fica sem sentido uma abordagem, como nos textos anteriores a este, criando grupos e as respectiva harmonizações.

Quem vai comandar este show são os preparos mais clássicos desta fantástica gastronomia. Um deles, o popular molho à bolonhesa fica de fora. Harmonizem como se fosse um prato de carne.

Pasta al Pomodoro

O mais clássico e, aparentemente, mais simples de todos: massa, tomates e manjericão.

A receita original pede os famosos San Marzano, condimentos, azeite de oliva de altíssima qualidade e folhas de Basílico colhidas na hora. Cozimento lento, em fogo fátuo …

A primeira harmonização é a regional, um belo Chianti Clássico. Um vinho de corpo médio e com a acidez necessária para contrabalançar os sabores ricos e adocicados dos tomates.

Outra joia italiana, ou sua versão californiana, o Primitivo/Zinfandel, seriam escolha perfeitas.

Opções mais exóticas poderiam ser um bom Syrah ou Sauvignon Blanc.

Pasta al Pesto

Pesto, basicamente, significa algo que foi triturado num pilão e almofariz, “pestello e mortaio”, em italiano.

A receita mais conhecida é a do Pesto genovese, mistura de alho, sal, folhas de manjericão, pinoli e azeite.

Muito cuidado com este alho. A receita original pede uma pequena quantidade deste forte condimento. Para usá-lo corretamente, é preciso dividi-lo ao meio, no sentido longitudinal e remover o seu miolo.

Os vinhos brancos dominam esta harmonização: Vermentino, Sauvignon Blanc e uma casta pouco conhecida a Grechetto.

Para os que gostam de experimentar outras possibilidades, pensem num Grüner Veltliner austríaco ou num Cabernet Franc.

Carbonara

Talvez o prato de massa mais popular, nos restaurantes ditos típicos, aqui no Brasil. Com uma origem bastante controversa, a lenda mais aceita liga esta preparação às rações dos soldados norte-americanos na 2ª guerra.

Discussões à parte, é uma receita deliciosa. Para complicar um pouco, existem diversas versões deste prato. Giram em torno de bacon, pancetta ou guanciale, além dos queijos, Parmesão, Pecorino, Grana Padano e Ricota.

Procurem por tintos com mais personalidade: Dolcetto, Valpolicella ou um Cru de Beaujolais. Entre os brancos, Pinot Gris ou Pinot Bianco.

Pasta Caccio e Pepe

Esta receita com 2 ingredientes bem comuns, queijo Pecorino ou Parmesão e pimenta moída, é extremamente difícil de executar. Acertar o ponto da emulsão entre o queijo ralado bem fino, a pimenta e a água de cozimento do macarrão é só para os mestres cucas de primeira linha. São muitas varáveis a serem controladas: temperatura, granulometria do queijo e, principalmente, a origem dele. Pecorino Romano é o produto original.

Mas quando tudo se acerta é um sabor incrível. Entre os tintos, Morellino di Scansano ou um Chianti simples. Se a opção for por um branco, pensem num Verdicchio, Pinot Grigio ou Chardonnay.

Pasta ai Frutti di Mare

Dentro da gastronomia da “Bota”, este é um universo a parte. São tantas possibilidades que é praticamente impossível listar todas. Ficamos nas mais conhecidas: camarões, lulas, vieiras, mariscos e as sempre presentes ameijoas (vôngole).

Escolham um branco, sempre. Não há nada que combine melhor. Pode ser Sauvignon Blanc, Riesling, Garganega, Pinot Grigio ou Bianco.

Caso a proteína seja polvo, podemos harmonizar com um tinto. Um bom Pinot Noir vai brilhar neste caso.

Saúde e bons vinhos!

Dica da Karina – Cave Nacional

Pizzato – Legno – Chardonnay Barricado – 2023

A Pizzato acaba de lançar mais uma safra do seu icônico Chardonnay, o Pizzato Legno. Fermentado e amadurecido em barris Perle Blanche (feitos com os melhores carvalhos e com tostagem sutil) o vinho apresenta toda a riqueza e predicados relacionados à delicadeza dos Chardonnay do Vale dos Vinhedos, enriquecido pelos traços de amadurecimento em barris de carvalho, que respeitam a origem do vinho. A safra 2023 é a última lançada pela vinícola.

Para comprar este vinho, clique no nome ou na foto. A Cave Nacional envia para todo o Brasil.

CRÉDITOS: Imagem de vecstock no Freepik.

O vinho precisa respirar?

Sim! O vinho precisa respirar, todos eles, tintos, brancos, rosados, laranja, espumantes e fortificados. Alguns mais, outros menos.

Não é nada complicado e nem precisamos de acessórios de laboratório, como sugere a foto que ilustra este texto.

A forma, mais simples e conhecida, é agitar a sua taça, simplesmente. Se ainda não fazem, comecem a treinar. Uma vez servida a taça, deixe-a sobre uma superfície plana e faça movimentos circulares com a base, de modo muito suave e sem provocar respingos.

Não se trata de girar a taça sobre o seu eixo, mas deslocar todo o conjunto, desenhando um pequeno círculo na superfície que o apoia.

Vai levar um tempo, mas em algum momento seremos capazes de fazer este elegante movimento sem precisarmos de nenhum apoio extra.

Não é de graça que qualquer apreciador de vinho faz este pequeno exercício. O vinho fica suficientemente aerado, apresentando de forma clara os seus melhores aromas e sabores. No nosso jargão: “o vinho abriu”!

Alguns vinhos são mais empedernidos, exigindo uma ação mais enérgica para abrir. São aqueles tintos mais encorpados, de coloração bem escura, vinificados para serem “de guarda”. Muitos enófilos usam uma regrinha de algibeira com estes rótulos: quanto mais velhos, mais tempo precisam.

Outra boa manobra, perfeita para situações, como a descrita acima, é abrir a garrafa com boa antecedência. Em certos casos, até 24 horas antes. Deixem a garrafa desarrolhada em local fresco, livre de odores estranhos e coloque uma gaze ou pano fino sobre a boca para evitar a presença de insetos.

Se for necessária uma artilharia pesada, dois acessórios devem fazer parte do arsenal de todos os apreciadores desta deliciosa bebida: um decantador e/ou um aerador.

Modelos não faltam e os preços podem variar de muito baixos até valores estratosféricos. Houve um tempo, quando surgiram os primeiros aeradores, que estes só ajudavam na oxigenação dos vinhos. Os decantadores, embora fossem mais trabalhosos, separavam os sólidos em suspensão, além de deixar o líquido respirar.

Aeradores, modernos, já fazem as duas funções, sem problemas, sendo mais fáceis de limpar, armazenar e usar. Também costumam ter um custo mais acessível.

Os vinhos mais complicados para respirar são os espumantes. Qualquer movimentação mais acentuada e lá se vai o desejado “perlage”. O que era para ser uma deliciosa (e cara) sensação no paladar, pode se tornar uma coisa insossa.

Podemos agitar uma taça de espumante, champagne inclusive, mas com suavidade extra no movimento.

Os denominados “sur lie” (sobre as borras) devem ser decantados, ao seu modo. Aqui está o truque:

– Antes de abrir, deixem a garrafa na posição vertical por, pelo menos, 1 dia antes de servir. Pode ser dentro da geladeira ou no balde de gelo. Ao servir, cuidado redobrado e muita atenção para não servir os resíduos.

Saúde e bons vinhos!

Dica da Karina – Cave Nacional

Tramarin Merlot 2022

Tramarin Vinhos lança seus primeiros vinhos na safra de 2022. Pelas mãos do enólogo

William Heissler são vinhos sem passagem em madeira que buscam explorar a melhor expressão do terroir. Esse clássico brasileiro é proveniente do Sudeste Gaúcha.

Região com solo granítico (similar aos solos do Dão e Rhône), que aliado ao clima temperado, fornece uvas com aromas minerais, morango e frutas vermelhas. A utilização do processo de maceração estendida forneceu a este vinho mais corpo, acidez e taninos mais presentes. Um vinho frutado e muito elegante devido a maturação ideal da uva, não apresentando a fruta muito madura.

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CRÉDITOS: Imagem de tohamina no Freepik

Você está armazenando o seu vinho corretamente?

Guardar ou colecionar vinhos é uma daquelas atividades que ficam no limite entre ser um enorme prazer ou uma grande dor de cabeça.

Num primeiro momento parece muito simples: é só comprar e guardar.

Na visão de um expert, são várias pequenas armadilhas que devem ser contornadas para, ao final, chegar naquele desejado momento de desarrolhar uma destas relíquias e atingir o nirvana.

A primeira delas é: o que vale a pena guardar?

Existem vinhos que foram elaborados para serem consumidos jovens que, obviamente, não devem ser colecionados. No outro extremo, os conhecidos vinhos de guarda são vendidos para este propósito. A gente compra, guarda por uns 10 anos e um dia degusta.

Entre um extremo e outro há muita coisa boa que pode e deve ser guardada, por um período. Três características são fundamentais no momento da escolha: acidez, taninos e teor alcoólico. Algumas destas informações estão nos rótulos, outras são encontradas nas fichas técnicas publicadas pelas vinícolas. Uma ótima fonte de informação são as revistas especializadas e suas análises críticas, guias de vinhos incluídos.

Aqui se junta uma quarta característica: paciência. Cada vinho tem uma curva de vida, assim como qualquer ser humano. Nascemos, crescemos, atingimos um ponto ideal de maturação e envelhecemos.

Vinhos adegados devem ser consumidos perto deste “ponto de maturação”, o que é bem difícil de acertar. Esta é uma das razões para comprarmos mais de uma garrafa do vinho que vamos guardar. Depois de um período, abrimos a primeira. Se estiver boa, degustamos as demais. Caso contrário, esperamos mais um tempo.

A segunda pegadinha é: como guardar?

Qualquer vinho tem inimigos mortais: temperaturas altas, baixa umidade e luz solar ou iluminação forte. Já notaram como são as lojas de vinho?

Apenas como indicadores ou pontos de partida, as temperaturas de armazenamento devem estar entre 12ºC e 18ºC e a umidade entre 70% e 80%. O local deve ter pouca iluminação, bem protegido de aparelhos que gerem calor e total ausência de odores estranhos…

Dependendo da sua cidade, isto pode ser muito fácil de obter ou um grande problema. Aqui no Rio de Janeiro, a temperatura média anual fica em torno dos 24ºC, o que quase obriga a termos um eletrodoméstico só para guardar vinhos.

Desaconselhamos usar geladeira ou condicionadores de ar. A primeira trabalha com temperaturas abaixo de 5ºC. O segundo consegue, em condições muito boas, manter um ambiente a 20ºC.

Não é o ideal, mas por um período curto pode funcionar.

A última pedra do caminho é a posição de guarda.

Aqui a coisa fica bem interessante. A regra básica é: vinhos tranquilos devem ser armazenados na posição horizontal, com a rolha sendo umedecida pelo líquido. Espumantes, com rolha, também se beneficiam da posição deitada, mas os elaborados pelo método ancestral, que são fechados com “chapinha” devem ser guardados na vertical, principalmente para se obter uma boa decantação dos sedimentos em suspensão.

Já que estamos falando disto, outra coisa a ser evitada são movimentações bruscas das suas garrafas que estão guardadas. Tudo deve ser muito suave e cuidadoso, mesmo na hora de consumir. Sacudir uma garrafa, inclusive de espumantes, pode mudar a estrutura molecular do vinho.

Vocês não vão querer beber isto.

Saúde e bons vinhos!

Dica da Karina – Cave Nacional

Monte Sant’Ana – Moscato Giallo 2023

Produzido pela Monte Sant’Ana, uma vinícola familiar localizada no município de São Marcos, no coração da Serra Gaúcha, esse vinho branco é um coringa para dias leves e quentes. Da uva Moscato Giallo, é um vinho de aspecto brilhante de coloração amarelo-palha com reflexos esverdeados. Com aromas intensos e envolventes, destacam-se notas florais e frutadas como banana madura, pêssego amarelo e toques cítricos. Em boca, apresenta frescor e um bom equilíbrio entre acidez e álcool.

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CRÉDITOS: Imagem de abertura obtida no Adobe Stock

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