
São ingredientes simples e corriqueiros. De um lado uma tradicional combinação da culinária italiana. Do outro, um dos mais populares vinhos da região de Bordeaux.
O que poderia dar errado?
Existem diversas maneiras de olhar para esta combinação. A mais simples delas, entender que isto é apenas um embate entre Itália e França, talvez não seja o melhor ponto de partida.
Comecemos pelos tomates, cuja acidez obtida no molho será a peça-chave para equilibrar esta harmonização: não são genuinamente italianos.
Foram trazidos para a Europa no século XVI, pelos conquistadores espanhóis. A então exótica planta, originária das Américas central e do sul, se adaptou perfeitamente em solos italianos e espanhóis.
O macarrão tampouco é 100% italiano. Apesar da lenda que mistura China e Marco Polo, a “pasta”, inclusive nos formatos longos, tem suas verdadeiras origens fincadas no povo árabe.
Já o encontro que resultou no prato em questão, só foi acontecer no final dos anos 1800, na região da Campanha, provavelmente em Nápoles ou Avelino. Coube a um famoso cozinheiro, Ippolito Cavalcanti, publicar a primeira receita desta delícia em 1837: ”vermicelli al pomodoro”.
O nosso caldeirão cultural começa a ferver.
Sobre o vinho, não há dúvidas com relação às origens da casta Merlot: é francesa. Mas ela se difundiu pelo mundo afora e hoje é a segunda uva mais cultivada por produtores de vinho. Existem mais de 40 estilos destes vinhos.
Isto torna a nossa harmonização um pouco mais complicada: não é qualquer Merlot que vai dar certo.
O caldeirão, agora, está em franca ebulição.
Apesar de ser cultivada por toda a Itália, onde produz alguns grandes vinhos, esta combinação não seria a primeira escolha de um nativo.
Levando em consideração as características muito aromáticas deste prato, por conta do “basílico”, a acidez do molho e o perfil levemente adocicado do macarrão, a escolha ideal seria um vinho branco seco, muito aromático e saboroso, fresco, delicado e sedoso, para equilibrar a acidez e harmonizar com o espaguete.
Como esta receita se originou na Campanha, o clássico Fiano di Avellino é a indicação número 1.
Outras possibilidades entre os brancos: Greco di Tufo, Verdicchio dei Castelli di Jesi DOC, Frascatti Superiore Secco e Soave Superiore.
Existem algumas possibilidades entre os tintos: Chianti Classico DOCG, Barbera d’Asti DOCG e Dolcetto d’Alba DOC.
Todos italianíssimos; e o nosso Merlot não entrou nesta pequena lista. Para descobrirmos se existe uma combinação possível com ele, precisamos avaliar alguns diferentes perfis de produtores ao redor do mundo.
Bordeaux é a referência. São vinhos bem estruturados, com taninos presentes, mas domados, com notas mais terciárias: tabaco, alcatrão, madeira. O mesmo pode ser dito, com pequenas variações, sobre os elaborados na Itália e no Chile.
Um outro estilo, apelidado de “vinho de clima temperado”, é o encontrado nos vinhos da Argentina, Califórnia e Austrália. São muito frutados, com taninos sedosos, corpo médio e uma acidez desejável. Fáceis de degustar e uma boa opção para esta harmonização.
Um destaque especial para os nossos Merlot. Embora ainda não sejam reconhecidos internacionalmente, são vinhos com boa personalidade e bem adequados para acompanhar pratos com base em molho de tomates. (vejam a dica de hoje)
Quem diria que tem tanta história por trás de um “simples” Espaguete ao Molho de Tomate”.
Saúde e bons vinhos!
A nossa querida parceira, Cave Nacional, está completando 10 anos. Para comemorar está lançando um vinho, o Decave, e promovendo diversas Masterclasses sobre o vinho nacional.
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Dica da Karina – Cave Nacional
Berkano – Merlot Barricas 2022

O projeto da Berkano Premium Wines começou há 10 anos, com estudos de mercado, parcerias e castas. Foi gestado com personalidade e total destaque para a tipicidade da região. Os rótulos produzidos pela vinícola são resultado da maturidade, do tempo e do estudo: uma homenagem ao terroir da Serra Gaúcha. A vinícola possui receptivo em Pinto Bandeira.
O Berkano Merlot Barricas safra 2022 amadurece por 12 meses em barricas de carvalho francês e americano. De cor vermelho rubi, apresenta um equilíbrio entre a fruta e a madeira, com aromas que remetem a cereja, ameixa, framboesa, mentol, baunilha, chocolate, café, caramelo, tostado, especiarias e tabaco.
Na boca, é um vinho macio, redondo, encorpado e persistente, com taninos suaves e acidez moderada. Harmoniza perfeitamente com carnes vermelhas, massas com molhos vermelhos ou cremoso, queijos maduros e pratos condimentados.
A Cave Nacional envia para todo o Brasil.
CRÉDITOS: Imagem de abertura obtida por IA












