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Guardando vinhos: o que você deve ou não fazer…

Guardar vinhos pode ser uma atividade muito recompensante. Mas, se alguns procedimentos básicos não forem seguidos, pode se transformar numa tremenda dor de cabeça.

Vamos abordar alguns pontos chaves para que tudo seja um sucesso.

– Podemos guardar todo e qualquer vinho?

Sendo muito objetivo, a resposta é não. Há vinhos que devem ser guardados, há vinhos que foram elaborados para serem consumidos “jovens” e, como se isso não bastasse, há vinhos em que podemos arriscar guardar por um período.

– Como saber quem é quem?

Antes de mais nada, para iniciar uma coleção de vinhos é preciso ter uma boa base de conhecimentos sobre o assunto, um local adequado ou uma adega climatizada e um mínimo de organização.

Algumas castas se prestam mais a serem adegadas do que outras. Isso também é válido com relação à origem do vinho (região e produtor) e a forma como foi elaborado, informação que consta das fichas técnicas de produção, disponíveis nos sites das boas vinícolas.

Vinhos clássicos, como os franceses de Bordéus ou da Borgonha, ícones italianos como o Barolo, Brunello e Amarone ou grandes rótulos espanhóis e portugueses, são comercializados com essa ideia: compre e guarde…

Vinícolas do Novo Mundo preferem indicar determinados rótulos como “vinho de guarda”, o que dispensa maiores comentários. Por último, temos que levar em conta o fator preço. Nesse caso, inverta o raciocínio: os vinhos mais baratos não se prestam a isso.

– Como e onde guardar?

Aqui vale o bom senso: evite locais quentes e úmidos. Prefira ambientes com pouca incidência luminosa e bem ventilados. Outro detalhe que passa despercebido é evitar trepidações, por exemplo, decorrentes de motores de bomba de água, elevadores ou mesmo de ferramentas usadas em reformas de imóveis como marteletes e assemelhados.

Vinhos tranquilos devem ser guardados na posição horizontal enquanto os espumantes devem ficar na posição vertical.

– O que não devemos fazer?

A luz ultravioleta é o grande inimigo dos vinhos. Não é à toa que os grandes vinhos estão acondicionados em garrafas escuras, inclusive alguns brancos e os principais champagnes e espumantes. Nunca deixe suas garrafas ao sol ou as submeta a calores acima da média.

Não abandone sua adega. Visite-a periodicamente observando o estado das cápsulas e das rolhas. Manuseie cuidadosamente cada garrafa, examinado o gargalo contra a luz de uma lanterna. Procure por vazamentos, sinais de ressecamento e odores estranhos.

– Como organizar a adega?

O método mais simples é separar os vinhos por regiões e ordená-los por safras. Por exemplo, vinhos mais jovens ficam mais ao alto, enquanto vinhos mais velhos na parte inferior. Assim é mais fácil localizar uma garrafa específica ou pegar um vinho para o dia a dia.

Faça uma anotação esquemática da sua arrumação num caderno de notas ou use algum sistema de identificação em cada garrafa. Na foto que ilustra a matéria é possível perceber uma etiqueta colocada no gargalo. Ali estão, de forma clara, nome do vinho, safra e data em que foi adegado.

Por quanto tempo podemos guardar?

Vinhos brancos e rosados são os que menos se beneficiam de guardas prolongadas: 3 anos é um bom período, nas condições ideais. Vinhos tintos, dependendo de suas origens, podem começar a ficar interessantes após 10 anos de guarda. Na média, 4 a 6 anos já acrescentam novas e intrigantes camadas de aromas e sabores.

Um conselho final: mesmo que sua coleção não ultrapasse umas poucas garrafas, considerem investir numa adega climatizada. É uma tranquilidade que permite cometer alguns exageros, como os vinhos da foto: um Barolo de 18 anos e um Pinot Noir de 14 anos.

Saúde e bons vinhos!

Vinhos não safrados

Qualquer enófilo experiente está sempre ligado nas informações sobre as safras. São importantes, sem dúvidas. No mínimo ajudam e definir qual a melhor compra na hora de escolher este ou aquele rótulo. Para alguns, a safra é o fator decisivo até na hora de tirar a rolha – vira quase uma religião.

Em 2015, publicamos uma matéria sobre o tema, cujo link está abaixo. Mas atenção: ainda não foi revisada e a indicação de uma tabela de safras, ao final, não funciona mais.

A Safra do vinho é relevante?

O tema desta semana é quase uma antítese: vinhos que não são safrados. Existem, são bastante comuns e, muitas vezes, famosos.

Lembraram de algum?

Um dos mais conhecidos são os vinhos espumantes, o Champagne entre eles. Se um vinho dessa categoria receber o ano de sua safra no rótulo significa que são vinificações especialíssimas e caras.

Outro tipo de vinho que quase nunca é safrado são os fortificados: Porto, Madeira, Jerez etc. Novamente, a menção de uma safra valoriza muito o rótulo em questão

Mas também existem vinhos tranquilos sem safra. São mais raros, mas valem a pena.

Serão sempre um corte ou assemblage, pelo menos entre vinificações elaboradas em diferentes anos. Nada impede que se usem outras castas, diferentes origens e até mesmo vinhos que não são da mesma cor.

Existem inúmeras razões que levam um produtor a elaborar um corte que resultará numa combinação de safras. Uma das mais comuns é dar uma refrescada em vinhos bem antigos que ainda não foram para o mercado. Outra é corrigir algumas vinificações que não renderam o esperado. Procedendo assim, o vinhateiro pode acrescentar características como cor, corpo, fruta, tanino…

Por outro lado, é sempre uma boa oportunidade de elaborar um vinho único, com características excepcionais.

Antes de se aventurarem em busca de uma espacialidade destas, é bom ter mais uma dose de informações. Como em quase tudo no mundo, há quem se aproveite desse estilo informal para empurrar os seus piores e encalhados vinhos.

Para escapar de armadilhas, escolham produtores de renome. Provavelmente vão lançar um vinho como este em datas comemorativas ou homenageando algumas figuras que lhes são importantes. Terão, sempre, alguma alusão a isso nos seus rótulos.

Um hábito bastante saudável é ler atentamente o contrarrótulo. Lá devem estar todas as informações necessárias, como as castas utilizadas, as safras, notas sobre amadurecimento e indicações para a degustação.

Numa rápida pesquisa, encontramos dois rótulos brasileiros bem dentro dessas características.

Innominabile, da vinícola catarinense Villagio Grando.

Atualmente está no Lote VIII. É descrito como “o maior símbolo de uma nova era nos vinhos brasileiros”. Um delicioso vinho com a seguinte ficha técnica:

Safra: lote VIII – 2004, 2005, 2006, 2007, 2008, 2009, 2012, 2014 e 2018

Teor Alcoólico: 12,4% – Época da Colheita: Abril e Maio

Fermentação: Aço Inox – Idade dos Vinhedos: 21 anos

Volume: 750ml – Lote: Único

Maceração: 18 dias – Sistema de Condução: Espaldeira – KG por Hectare: 4.000

Uvas: Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Merlot, Mabec, Marselan, Petit Verdot e Pinot Noir

Temperatura de Serviço: 16 °C – Número de Garrafas: 6.200

Para saber mais acesse: https://www.villaggiogrando.com.br/produtos/innominabile-lote-viii/

Luiz Valduga, da vinícola gaúcha Casa Valduga.

Apresentado como o vinho mais expressivo da história da vinícola, elaborado a partir de safras e varietais secretos, em edições limitadas, tem a seguinte ficha técnica:

Tipo: Vinho Tinto Seco – Corte: Incógnito – Terroir: Solo Brasileiro

Temperatura de serviço: 16º a 20ºC – Guarda de 15 a 20 anos, desde que seja mantido em condições adequadas para a plena evolução.

Decantar por 20 a 40 minutos.

Para saber mais, acesse: http://www.casavalduga.com.br/produtos/luiz-valduga/

Saúde e bons vinhos, como esses!

Foto de abertura por Arnold Dogelis em Unsplash

Demais imagens: site das vinícolas.

Produtores chilenos investem nos orgânicos

Ninguém duvida mais da força dos orgânicos, denominação que abrange vinhedos e vinhos que seguem os princípios de técnicas como as biodinâmicas, naturais e algumas outras. A ideia é partir para um cultivo menos dependente de fertilizantes e pesticidas químicos, buscando uma visão de agricultura sustentável.

A nova geração de consumidores já demonstrou que é esse o tipo de produto que os agrada. Nesse conturbado período da pandemia, o consumo de vinhos elaborados dentro dessas filosofias cresceu muito, servindo de alerta para os grandes produtores.

Algumas vinícolas do Chile, que já haviam convertido seus vinhedos para um desses sistemas, com grande sucesso, estão formando uma associação para promover seus produtos orgânicos, seguindo o modelo da “Vinhateiros Orgânicos da Nova Zelândia” (OWNZ), segundo Jaime Valderrama, Diretor da Miguel Torres, em entrevista publicada no site The Drink Business.

Uma delas, a Emiliana, já se tornou uma referência no assunto. Tem sido premiada constantemente não só por seus excelentes vinhos, mas também pela completa conversão de seus vinhedos para o sistema biodinâmico. Outros nomes que já seguem por esse caminho são Odfjell, Koyle, Antyal, Matetic, Araucano (Lurton), Tipaume, Lapostole, Montesecano e a Miguel Torres, considerada a marca mais admirada em 2021. Além do Chile, também trabalha com os sistemas orgânicos em sua matriz espanhola.

Só podemos desejar sucesso!

Curiosamente, mais um movimento dentro destas filosofias vem se destacando nesse sempre inovador mundo dos vinhos: a agricultura do “não faça nada”.

Este peculiar método, proposto por Masanobu Fukuoka, um agricultor e microbiólogo japonês, vem se contrapor às técnicas biodinâmicas, orgânicas e regenerativas, consideradas, por ele, muito intervencionistas.

Ousado!

Também conhecida como cultivo selvagem, já conquistou um pequeno grupo de adeptos espalhados por diversas regiões produtoras. O risco é alto, mas já existem histórias de relativo sucesso, principalmente entre micro vinhateiros com reduzida capacidade de investimento em modernas tecnologias.

Por enquanto são experimentos. A proposta original de Fukuoka era sobre o plantio de arroz e frutas cítricas. Até chegar numa vinha, o caminho ainda é incerto e tortuoso.

Apenas para o registro, podemos encontrar vinhedos manejados assim nos vales do Willamette, Oregon, do rio Struma, Bulgária, do rio Ródano, França, de Los Cinti, Bolívia e na ilha de Maiorca, Espanha.

Nada mau!

Não deixa de ser intrigante. É uma proposta fora do comum que trouxe lembranças de um grande amigo, que já se foi. Tinha como mote a seguinte frase:

“Na dúvida, não faça nada”!

Saúde e bons vinhos!

Uma ótima notícia!

Um dos piores efeitos colaterais para os que foram contaminados com a COVID-19 é a perda do olfato e, consequentemente, do paladar. Profissionais que vão desde a perfumaria, enologia e gastronomia, até os que apenas apreciam bons vinhos, charutos ou cafés, todos perderam sua principal ferramenta de trabalho ou capacidade de continuar desfrutando de seus pequenos prazeres.

Vem de Portugal uma das inciativas pioneiras para ajudar na recuperação do olfato perdido por conta desta terrível epidemia. Uma associação entre o grupo SOGRAPE, que detém marcas como Sandeman, Mateus Rosé, Casa Ferreirinha (Barca Velha), entre outras, com a Universidade do Aveiro, desenvolveu uma solução eficaz para o tratamento de desvios olfativos.

Chamado de kit TOP COVID – Treino Olfativo Paciente COVID-19, é composto por um conjunto de cinco discos de aromas, obtidos a partir de matérias-primas 100% vegetais e sem qualquer tipo de conservante, como pó de alecrim, pó de casca de tangerina com pó de bagaço da uva Baga, pó de bagaço da casta Touriga Nacional com grãos de erva doce, pó de gengibre com pó de bagaço da uva Baga e folhas de oréganos.

Nesta primeira fase, foram produzidos 100 kits, entregues ao hospital do Baixo Vouga, Distrito de Aveiro, que irá conduzir um teste clínico para avaliar a eficácia no treino de estimulação e regeneração do epitélio olfativo. Há uma grande possibilidade que este kit passe a ser comercializado em larga escala, brevemente, dependendo do sucesso deste ensaio.

Excelente iniciativa!

Portugal é um dos países que valoriza muito um de seus mais importantes produtos, o vinho, bem como o enoturismo. A base instalada atualmente, que conta com belíssimas Quintas, paisagens deslumbrantes, vinhos únicos e exclusivos, alta gastronomia e boa rede de hotelaria, é considerada como uma das melhores do mundo.

Pena que no nosso país, onde o lema de nossa bandeira deveria ser reescrito como “Desordem e Retrocesso”, as inciativas vindas de nossos vinhateiros são as mais preocupantes possíveis, sempre de cunho protecionista, buscando beneficiar uns poucos apaniguados que preferem enxergar mitos e palhaços do que enfrentar a realidade onde os demais vivem.

Embora seja louvável a inciativa de reduzir impostos dos vinhos brasileiros, associam esse pedido a criação de uma “zona franca” exclusiva dos municípios gaúchos produtores de vinhos, fingindo que não existe vinificação fora daquele estado.

Um absurdo!

Que os excelentes produtores do Paraná, Santa Catarina, São Paulo, Minas Gerais, Vale do São Francisco e outros locais, se posicionem contra mais esta aberração e defendam seus interesses.

Este tipo de atitude já vem de algum tempo com as frustradas tentativas de criar salvaguardas, cotas protecionistas e outros artifícios. São sempre os mesmos que estão à frente deste movimento: Argenta, Miolo, RAR…

Para refrescar a memória dos nossos leitores, acessem estas duas matérias:

1 – Enófilos Unidos jamais serão vencidos;

2 – Se não der certo, a gente tenta de novo.

Uma lástima que o cidadão brasileiro ainda não compreendeu que somos nós, consumidores, os reguladores do mercado. Com sutis mudanças nos nossos padrões de compras, somos capazes alterar toda a escala de produção. Podemos derrubar desde meios de comunicação até os grandes grupos industriais: basta não comprar o que nos é oferecido por eles. Sempre há opções à nossa volta. Um pouco de atenção e de força de vontade é tudo que precisamos.

Boicote neles!

Saúde e bons vinhos, de outros produtores, por favor.

Créditos: foto copiada do site da Universidade do Aveiro

Com um toque de classe

Acessórios como bolsas, sacolas ou maletas tem dupla função: a primeira é a sua utilidade para transportar objetos e a segunda é uma forma de caracterizar quem as usam. O exemplo mais clássico e fácil de ser entendido é a famosa, e muitas vezes temida, maleta do médico.

Na infância, carregávamos pastas e maletas também, uma para os livros e cadernos e outra para o lanche. Bons tempos…

Alguns desses acessórios se tornaram icônicos, como as “007”. Quem não tinha uma estava fora da moda.

Enófilos de classe valorizam muito suas wine bags. Cada modelo, desde os mais simples até os altamente sofisticadas, funciona como um verdadeiro cartão de visita, passando preciosas informações para um observador atento. Nada é mais estiloso do que chegar na reunião de sua confraria ou em uma comemoração, carregando seus preciosos vinhos elegantemente acondicionados.

Até bem pouco tempo atrás, o mercado nacional era muito fraco neste segmento. As bolsas de vinhos mais comuns eram brindes oferecidos por importadoras ou distribuidoras. Eventualmente eram usadas como embalagens mais resistente e que poderiam ser reutilizadas por um par de vezes, apenas.

Com a chegada dos Eco Bags, muito enófilos as adaptaram para o transporte de seus vinhos. São muito práticas podendo levar mais de uma garrafa, acessórios e até taças, desde que bem protegidas. Para os brancos ou espumantes, que precisam ficar gelados, bastava vesti-los com uma capa térmica. Rapidamente o mercado percebeu a tendência e passou a decorá-las com frases espirituosas ou imagens alusivas a este universo.

São descoladas, mas muito informais. Não caberiam numa ocasião que demandasse um pouco mais de circunstância.

Vinhos sérios pedem uma bolsa mais adequada, desenhada para esse fim, algo que não só cumpra a função de proteger as garrafas como também dignificar quem as estão transportando. Tem que haver uma identidade, uma harmonização. Plagiando um antigo professor, “o ambiente também traz uma série de valiosas informações”.

Atualmente não faltam opções, para todos os bolsos. A imagem a seguir apresenta algumas possibilidades de arrumação para um dos modelos mais sofisticados de porta vinhos.

Além de práticas e elegantes, esse tipo de bolsa tem revestimento interno térmico e divisórias para diminuir o atrito entre as garrafas ou taças. Pode-se incluir facilmente um saca rolhas e outros apetrechos.

Querem se destacar? Este acessório é imprescindível.

É um investimento que se paga em pouco tempo. E se vocês nunca passaram por este problema, com certeza vão enfrentá-lo, algum dia.

É melhor estar preparado desde já.

Lembrando que este Blog sobre vinhos é 100% independente, vamos apresentar, a título de utilidade pública, algumas sugestões e links onde bolsas, como estas, podem ser adquiridas. Não temos qualquer associação comercial com as empresas mencionadas:

1 – Pesquisem em sites de busca na Internet com as palavras “porta vinhos”; “wine bag” ou “bolsa para vinhos”;

2 – Momentus Winebags – https://www.momentus.com.br/

3 – Professional Chef – https://www.professionalcheff.com.br/wine-bag-bolsa-para-vinhos/p

4 – Pacco – https://www.paccoby.com.br/cat/63/bottle-bags

Para a turma que gosta de viajar e trazer vinhos, o link, abaixo, é um achado:

5 – https://maladevinho.com.br/

As melhores lojas de vinhos costumam oferecer boas opções de bolsas para vinhos. Procurem na opção “Acessórios”.

Saúde e bons vinhos, agora com toque de classe!

Foto de abertura:

“Safe” por DominiquePelletier.ca está licenciada sob CC BY-ND 2.0

– Demais fotos obtidas nos sites mencionados.

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