Categoria: O mundo dos vinhos (Page 35 of 72)

Decanter World Wine Awards 2020

Neste mês de agosto, reuniram-se 116 dos melhores experts de vinhos do mundo para degustar, às cegas e cercados por todas as medidas de prevenção possíveis, 16.518 amostras de vinho enviadas dos quatro cantos do planeta.

Selecionaram os 50 melhores vinhos deste concurso além de galardoar 178 medalhas de Platina, 537 de Ouro, 5.234 de Prata, 7.508 de bronze e inúmeras recomendações.

No grupo dos 50 melhores coube à França o maior número de rótulos premiados, seguido por Itália, Austrália e Portugal.

Alguns vinhos brasileiros foram premiados, o que já não é mais nenhuma surpresa.

Antes de mostrar estes resultados, gostaríamos de ressaltar que este concurso é aberto a qualquer produtor de vinho desde que preencha umas poucas condições, pague as taxas correspondentes e envie a quantidade de amostras solicitadas. Seus vinhos devem estar amplamente distribuídos no mercado e ter uma produção, mínima, de 600 litros por ano.

Sessenta e dois vinhos nacionais receberam medalhas ou recomendações.

A Serra Gaúcha recebeu o maior número de prêmios: 5 pratas; 21 bronzes e 9 recomendações.

As demais regiões foram: Campos de Cima da Serra, Campanha, Serra do Sudeste (SP), São Roque (SP), Serra da Mantiqueira (SP e MG), Sul de Minas e Paraná.

Com relação aos tipos temos:

Tintos – 16; Brancos – 15; Espumantes brancos – 27; Espumantes rosados – 4.

Destacamos:

Storia Merlot 2015 da Casa Valduga;

Fumé Blanche 2019 (Sauvignon Blanc) da Vinícola Ferreira, que fica na Serra da Mantiqueira;

Tempos de Goes Reserva Sauvignon Blanc 2019 da Vinícola Goes em São Roque.

Entre os espumantes:

Moscatel da Vinícola Aurora;

Prosecco Rosé Brut da Cooperativa Vinícola Garibaldi;

Cult Brut da Ponto Nero;

Prosecco Brut da Salton;

Neste link, a página da Decanter, em inglês, com todos os vinhos brasileiros premiados:

Vinhos do Brasil

Saúde e bons vinhos!

É tempo de mudanças

Há quem chame de “novo normal”, há quem afirme que “nada será como antes” e, claro, existem os eternos negacionistas para quem nada vai mudar.

O mundo do vinho está passando por várias modificações. Não podemos qualificar se para melhor ou para pior, mas uma coisa é certa: estamos nos readaptando.

Uma das mudanças que mais chamou a atenção foi o fim, temporário, esperamos, da tradicional “pisa a pé” para a produção do Porto e de outros vinhos portugueses. Alegam os técnicos que a possibilidade de contágio seria muito alta.

Muitos produtores já não praticavam mais esta técnica, adotando alguns equipamentos robóticos para obter o mesmo efeito. Vejam um exemplo nessas imagens, a seguir, obtidas na Quinta do Seixo e na Quinta do Noval, um dos mais premiados produtores.

Aquele conjunto de hastes ao fundo são os pisa a pé mecânicos.

Numa recente “live”, Adrian Bridge, o principal executivo da tradicionalíssima Taylor’s, confirmou que a empresa vai adotar a pisa mecânica, suspendendo um dos mais longos e tradicionais ciclos de pisa humana.

Uma série de reflexos decorrentes desta decisão vão produzir um efeito cascata, abrangendo basicamente toda a mão de obra, que será diminuída sensivelmente. Algumas de suas quintas não vão mais produzir devido ao alto custo de conversão: os lagares antigos não servem para a pisa mecânica e teriam que ser refeitos.

Outra mudança muito interessante decorre diretamente da combinação isolamento social e compras on line: os supermercados tiveram que mudar sua postura com relação à qualidade dos vinhos oferecidos.

Essa mudança já era aguardada há muito tempo e agora se consolidou. Na cidade do Rio de Janeiro pelo menos três grandes redes já haviam contratado curadorias para vinhos e para azeites também: Zona Sul, Pão de Açúcar e Mundial, este com um dos melhores estoques de vinhos portugueses.

Mesmo os mercadinhos de bairro estão mais atentos a esta mudança de comportamento dos consumidores, reforçando seus estoques de bons vinhos, a bebida que parece ter sido a melhor opção neste momento de ficar mais em casa.

Dados da ABRAS indicam que o setor de supermercados representa 70% do volume de vendas de vinhos no país. Observaram um crescimento de 35% em relação a 2019. Sinal que o brasileiro está mais identificado com a nossa bebida favorita.

As principais importadoras e distribuidoras oferecem treinamento para os atendentes, melhorando em muito a relação com os clientes, que agora encontram as gôndolas muito bem localizadas, arrumadas e setorizadas, facilitando a nossa compra.

Experimente ficar uns instantes em frente a uma prateleira de vinhos em uma grande rede. Logo logo vai aparecer um house sommelier oferecendo ajuda.

Como diz um velho ditado, “há males que vem para o bem”.

Saúde e bons vinhos!

Prof. Celio Alzer – inesquecível

Nos deixou, neste 7 de setembro de 2020.

O mundo do vinho fica desfalcado de uma de suas grandes personalidades. Mais que um professor, um Mestre, assim mesmo com esse “M”, maiúsculo, que o separa de nós outros, meros enófilos.

Ele sabia, conhecia e vivia, como ninguém, este incrível “eno-universo”. Ensinou a todos, muita gente boa passou por suas mãos. Quem teve a felicidade de frequentar uma de suas aulas na ABS, ou seus ótimos cursos sobre Queijos e Vinhos e sobre os magníficos vinhos italianos, ficou com um registro indelével na memória.

Jornalista, radialista, escritor e influenciador, deixa uma extensa obra que inclui livros considerados como básicos para quem vai se iniciar neste mundo. Eterno parceiro de Danio Braga, lançou as bases para fundar a ABS (Associação Brasileira de Sommeliers), que presidiu entre 1992 e 1994.

Uma de suas mais interessantes criações foi o Jogo do Vinho, um divertido passatempo com cerca de 1000 perguntas sobre vinho. Jogar e aprender.

Um apaixonado pelos vinhos da Itália. Seu conhecimento sobre este tema era incomparável. Deixa uma lacuna que será difícil preencher.

Para fazer uma justa homenagem a este inesquecível Mestre, vamos abrir um ótimo Chianti e acompanhá-lo com salume tutto pepe, Pecorino e pane.

Saudade!

Uma lista de seus livros e outras atividades:

– Falando De Vinhos. A Arte De Escolher Um Bom Vinho

– Tradição, conhecimento e prática dos vinhos

– O Passo A Passo Da Degustação: Um Guia Prático Para Aprender A Provar Vinhos

– Feitos um Para o Outro: os Vinhos Perfeitos Para Combinar com 1.327 Pratos

Cartas de vinho:

Bazzar, em Ipanema;

Torninha (Niterói);

Pátio Havana e Estância Don Juan (Búzios);

Picolino (Cabo Frio);

Desacato, no Leblon (ganhou a edição do Comida di Buteco 2019).

Produziu e apresentou um programa radiofônico sobre Jazz, a sua preferência musical.

Vejam este raro recorte de 1979, gentileza de José Paulo Gils:

Saúde e bons vinhos!

Qual a importância do Sommelier?

“Sommeliers” por ztij0 está licenciada sob CC BY-SA 2.0

Profissão regulamentada no Brasil pela Lei 12.467 de 2011, é definida pelo seguinte texto:

Art 1º – Considera-se sommelier, para efeitos desta Lei, aquele que executa o serviço especializado de vinhos em empresas de eventos gastronômicos, hotelaria, restaurantes, supermercados e Enoteca e em comissariaria de companhias aéreas e marítimas.

Art. 3º São atividades específicas do sommelier:

I – Participar no planejamento e na organização do serviço de vinhos nos estabelecimentos referidos no art. 1º desta Lei;

II – Assegurar a gestão do aprovisionamento e armazenagem dos produtos relacionados ao serviço de vinhos;

III – Preparar e executar o serviço de vinhos;

IV – Atender e resolver reclamações de clientes, aconselhando e informando sobre as características do produto;

V – Ensinar em cursos básicos e avançados de profissionais sommelier.

Aqui limitou-se sua atuação a um único produto, o vinho, ao contrário de outros países que ampliaram seu escopo de atuação incluindo outras bebidas alcoólicas, armas, pães e até charutos.

Já é aceito por aqui, de modo informal, um conceito mais amplo sendo comum alguém se apresentar como Sommelier de Cervejas, de Saquê ou Água Mineral.

Sem problemas…

Como o nosso tema é o vinho, o Sommelier é uma figura que pode desempenhar diversos papeis na imaginação de um Enófilo. Por exemplo, podem ser amigos fiéis e bons conselheiros ou críticos impiedosos. Em qualquer situação, merecem nosso respeito.

A missão de um Sommelier não é fácil: passar segurança e tranquilidade ao cliente, fazê-lo se sentir feliz e, ao mesmo tempo, deixar seu patrão satisfeito.

A face mais conhecida e muitas vezes temida é a do profissional que nos atende num restaurante, com uma frase, muitas vezes enigmática:

“Gostariam de escolher um vinho”?

Para quem ainda não domina este tipo de diálogo, que envolve algumas variáveis bem subjetivas, vamos passar algumas dicas muito úteis.

1 – Por melhor que um Sommelier tenha sido treinado e conheça detalhadamente a carta de vinhos do restaurante onde trabalha, não tem nenhuma informação sobre o nosso nível de conhecimento, não sabe qual é a preferência do nosso paladar ou que tipo de alimentos estamos pensado em consumir e até mesmo quanto estamos disposto a gastar.

A conversa com o Sommelier deverá passar, obrigatoriamente, por estes tópicos.

2 – Os leitores mais experientes, quase sempre, têm uma ideia do vinho que gostariam de degustar naquele momento. Vamos supor que não conste da carta de vinhos.

O correto seria informar o que você está buscando, perguntando qual seria a alternativa indicada neste caso.

3 – Outra situação bastante comum é você não ter ideia sobre qual vinho deveria acompanhar a refeição encomendada.

Informe que tipo de vinho você está habituado, mesmo que não seja o ideal para este momento. Por exemplo, “gosto de Cabernet”, ou “prefiro vinhos mais leves e menos tânicos”, ou qualquer outra pista para balizar a atuação do Sommelier.

Um profissional responsável vai sugerir um par de alternativas, pelo menos, mostrando o custo de cada uma, a safra e uma breve descrição de sua avaliação destes vinhos.

Cabe ao cliente a escolha final.

4 – Para os mais aventureiros talvez seja a hora de fazer algumas experiências, com segurança, ouvindo a opinião do “Somm”. Eis algumas ideias de como se dirigir a ele:

– Gostaria de provar um vinho da seguinte casta… O que você recomenda?

– O que há de mais interessante na sua carta de vinhos no momento?

– Qual a sua melhor sugestão de um vinho até este valor…?

– Escolhi um prato de carne vermelha, mas não quero um tinto. O que você sugere?

Além destas regrinhas básicas de diálogo, existem algumas regras de etiqueta que devem ser seguidas. Por exemplo:

– A garrafa solicitada será sempre mostrada a quem escolheu o vinho. Certifique-se que é a sua escolha. Reclamar depois de aberto não é elegante;

– Não se envergonhe e verifique a temperatura da garrafa. Se não estiver no seu padrão peça para ser corrigida;

– Ao receber a prova em sua taça, observe a coloração e os aromas, girando a taça. Se nada estranho for percebido, faça a prova e aceitando ou não o vinho. Se encontrar algum defeito, não hesite em apontar a falha e recuse a garrafa. Seja firme neste momento.

– Não devolva uma garrafa apenas porque não gostou do vinho.

Isso ressalta a importância de um bom diálogo com o Sommelier. Aproveite o momento para tirar todas as suas dúvidas e escolher um bom vinho.

No Brasil comemora-se o Dia Nacional do Sommelier em 29 de agosto, para lembrar a data de publicação de Lei que regulamenta a profissão. Também é celebrado, por aqui, o Dia Internacional do Sommelier, em 3 de junho.

Para saber um pouco mais sobre esta profissão, veja esta matéria que publicamos em 2016:

“Sommelier, Escanção”

Saúde e bons vinhos!

– Um esclarecimento: a coluna anterior a esta comemorava o Dia Mundial do Cabernet Sauvignon que, segundo alguns autores, cai na última quinta-feira de agosto. Ocorre que não há um consenso sobre esta data. Há sugestões que a data correta poderia ser 30 de agosto, 3 de setembro ou mesmo uma vaga referência à “véspera do dia do trabalho”, que nem sempre é celebrado no dia 1º de maio, como no nosso país.

Outras fontes listam diferenças semânticas como Dia da Uva Cabernet, Dia do Vinho Cabernet e, ainda, Dia Nacional do Cabernet.

Acreditamos que o importante não seja uma data, mas a casta e seu vinho. Então ficamos assim: na última semana de agosto e na primeira de setembro, estamos livres para comemorar e degustar estes formidáveis vinhos.

Dia Mundial do Cabernet Sauvignon

Foto produzida por wirestock / Freepik

Comemora-se, anualmente, na última quinta-feira do mês de agosto.

Neste nada usual ano de 2020 caiu no dia 27/08.

Há muito o que comemorar, sem dúvidas. Uma das mais versáteis uvas viníferas que produz, em terroirs e mãos competentes, vinhos da mais alta qualidade.

Parafraseando um cozinheiro televisivo que tinha como um de seus bordões “levaria um liquidificador para uma ilha deserta” (Anonymus Gourmet), um Enófilo de boa cepa trocaria este nobre eletrodoméstico por umas mudas de Cabernet Sauvignon.

As principais regiões produtoras do mundo falam por si: Bordeaux, Napa Vale, Vale de Maipo, Vale do Uco, Bolgheri, Sul da Austrália, entre muitos outros, inclusive o Brasil, onde algumas vinícolas boutique estão elaborando pequenas joias.

Celebrar este dia é muito simples e sempre delicioso: abra um bom Cabernet e o compartilhe com familiares e amigos, nem que seja de modo virtual.

Não seja econômico nesta hora. Nada de comprar aquela garrafa esquecida no fundo da prateleira no mercado ali da esquina. Esta uva e o seu vinho são um dos principais fatores responsáveis pela difusão desta bebida pelo mundo: não há enófilo que não conheça o que é um “Cab”.

Vamos homenageá-la condignamente.

Relembrando a época das “Dicas da Semana”, aqui estão três sugestões bem fáceis de encontrar nas boas lojas. Representam muito bem os diferentes terroirs sul-americanos:

1 – Brasil – Dal Pizzol Cabernet Sauvignon

2 – Chile – Gran Reserva Cabernet Sauvignon Tarapacá

3 – Argentina – Luigi Bosca Cabernet Sauvignon

Procurem por safras mais antigas, 2015 a 2018.

Sugestões de harmonização para os que não querem fazer um voo solo:

Carnes vermelhas na brasa, grelhadas ou ensopadas;

Cordeiro assado;

Queijos duros.

Para saber mais sobre esta casta, cliquem aqui:

Uma casta, um vinho – Cabernet Sauvignon

Saúde e boas celebrações!

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