“It’s five o’ clock somewhere”, ou “já são cinco horas em algum lugar” foi um bordão criado pelo comediante norte-americano, Red Skelton, para justificar o início dos trabalhos etílicos em qualquer hora do dia (nos EUA o expediente é de 9:00 às 17:00). Poderíamos adaptar, sem problemas, mudando o horário de final de expediente adotado por aqui.
Brincadeiras à parte, será que existe um momento ou hora específica do dia para se consumir bebidas alcoólicas, vinhos inclusive?
Qualquer Enófilo que se preze sabe da importância dos ritos envolvidos na degustação de um vinho: pesquisar, comprar, adegar, abrir, decantar ou não, servir, olhar, cheira, provar…
Ufa!
E alguns entusiastas acreditam que um determinado horário pode melhorar ou piorar esta experiência…
Temos antecedentes na nossa cultura. Algumas gerações foram tocadas com os famosos comandos “menino/menina tá na hora disto ou daquilo”, que poderia variar desde o temido “estudar”, passando por “tomar banho” e encerrando o dia com “dormir”.
Perguntamos, novamente: depois desta pequena nostalgia, o leitor aceita que exista um “tá na hora do vinho”?
Creio que o denominador comum para entendermos esta colocação está no que significa, verdadeiramente, degustar um vinho. Poderíamos dissertar por várias hipóteses, mas é bem claro que se trata de um prazer. Ninguém abre uma garrafa de vinho por obrigação, nem mesmo os profissionais de serviço do vinho em um restaurante.
Estabelecida esta relação de prazer, resta saber como vamos justificá-la, por exemplo, para compensar um bom ou um mau dia.
Atribuem a Napoleão Bonaparte uma famosa frase, sobre o Champagne:
“Na vitória é merecido, na derrota, necessário!”
Deixando citações de lado, o mais simples é descomplicar e assumir que vamos provar este ou aquele vinho porque estamos com vontade, com desejo, não importando, muito, hora e local. Regras básicas, apenas.
No atual tempo pandêmico há um complicador: não podemos mais dividir nossas descobertas enológicas com os amigos.
É temporário, esperamos!
Mas nos remete, de volta, ao tal horário ideal. Reuniões de confrades são altamente controladas: dia, hora local e tema, pelo menos.
Há quem desfrute um bom vinho em todas as refeições e até um vinho generoso, antes de encerrar o dia.
Há quem só tire a rolha de uma garrafa em ocasiões muito especiais.
Bons Enófilos vão encontrar qualidades mesmo nos vinhos mais simples.
Enochatos vão criticar até os melhores vinhos.
Harmonizadores escolhem o vinho de acordo com o prato.
Os demais, degustam o vinho, com qualquer alimento.
Depois analisam…
Assim é a vida.
Escolham suas turmas e embarquem nelas.
Um último chavão: “A variedade é o verdadeiro tempero da vida, que lhe dá todo o seu sabor!” (William Cowper).
Saúde e bons vinhos!