Categoria: O mundo dos vinhos (Page 7 of 82)

De volta ao básico – Compreendendo o “Terroir”

Um bom vinho começa no vinhedo. Esta é uma das grandes verdades dentro deste nosso universo.

Lembrando os tempos das aulas de matemática, existe um importante “corolário”: um bom vinhedo significa um bom “terroir”.

Esta temida expressão francesa, muito citada e pouco compreendida, assusta até mesmo um experiente enófilo, quando instado a explicar o que isto significa.

Não existe uma explicação simples e direta, ao contrário, são diversas formas possíveis de interpretar ou entender este conjunto de fatores que vão definir o vinho que, um dia, será elaborado a partir dos frutos ali obtidos.

Na França, seu significado é de extrema importância. Refere-se a uma extensão de terra, limitada, sob a ótica de sua aptidão para o cultivo agrícola. No nosso caso, produção de uvas. É a base do sistema de “Appellation d’Origine Contrôlée” (AOC).

Fica claro que este conceito, “terroir”, não é restrito ao vinho. Outros produtos como café, chá, queijo, legumes, verduras etc., podem ser incluídos nesta ideia.

Para defini-lo, devemos observar e compreender uma série de elementos: clima, tipo de solo, topografia, cultivares vizinhos, ação do homem, irrigação, drenagem, fauna, flora e manejo do vinhedo.

O grau de complexidade é muito elevado. Alguns cientistas chegam a afirmar que, por tudo isto, este conceito não passa de um mito. A discordância entre estes professores é conhecida e, muitas vezes, citadas em formas anedóticas.

O que consideramos como um mito é a existência de um “terroir” perfeito. Simplesmente não existe.

Cada caso deve ser compreendido de uma forma. Não há um melhor ou um pior. Eles são apenas diferentes, como serão os vinhos elaborados a partir de cada um.

Reparem na foto que ilustra este texto.

Cada retângulo plantado representa um micro terroir, cuja soma será o “gran terroir”. Há vinhas em encostas, no topo das colinas, no fundo do vale e até num minúsculo trecho plano.

Cada um destes frutos tem sua personalidade, definida pela insolação recebida, quantidade de água que consegue captar, ventos incidentes e muito mais.

Complexo, sem dúvida.

Controlar tudo isto é para Agrônomos e Enólogos. Para o Enófilo, que é o consumidor final, basta entender que isto tudo existe e deve ser manejado por mãos habilidosas e competentes.

Obviamente, alguns destes “terroirs” se tornaram famosos. Podemos citar vários: Bordeaux e Bourgogne, na França; Piemonte e Toscana, na Itália; Douro e seus socalcos, em Portugal; Vale dos Vinhedos e Planalto Catarinense, aqui no nosso país.

É fácil perceber que este seria o DNA de cada vinho, sua impressão digital, única. Alguns especialistas, grandes Sommeliers e “Master of Wines”, que se dedicaram e estudaram, com muito afinco, a influência de cada território em seus vinhos, afirmam serem capazes de identificar estas características apenas pelo olfato e o paladar.

Não precisamos ir tão longe.

Saúde, bons vinhos!

Dica da Karina – Cave Nacional

Larentis Gran Reserva – Merlot Sta Lucia 2020

A família Larentis se estabeleceu na Serra Gaúcha no século 19. Em terras brasileiras a família se tornou uma das primeiras a cultivar as variedades Chardonnay e Cabernet Sauvignon no final da década de 70, e Merlot em Espaldeira no final da década de 80 na região dos vinhedos. Naquela época, a produção era destinada a outras vinícolas. Atualmente são 14 hectares divididos em dois vinhedos. A propriedade está dividida em 23 parcelas. Cada uva, proveniente de cada parcela, origina um vinho com personalidade singular.A

Merlot Sta Lúcia carrega o selo da Denominação de Origem do Vale dos Vinhedos (D.O.). Maturação em barricas de carvalho francesas por 15 meses e envelhecimento em garrafas na cave subterrânea. Visual vermelho rubi. Aroma frutas vermelhas maduras e notas delicadas provenientes do envelhecimento em barrica. Estruturado, com taninos macios e acidez equilibrada, retrogosto agradável.

A Cave Nacional envia para todo o Brasil.

CRÉDITOS: foto de abertura mostra trechos da região de Barolo, no Piemonte.

De volta ao básico – Decantando vinhos

Em algum momento da história dos vinhos, jarras ou garrafas decantadoras foram acessórios considerados essenciais.

Naquele tempo, os vinhos não eram tão límpidos, como hoje, e sua elaboração ainda era bastante artesanal. O produto, quase sempre, tinha muitos sólidos em suspensão o que poderia ser facilmente notado pela sua cor turva e quase opaca.

Antes de degustar, vertia-se o conteúdo da garrafa num destes curiosos recipientes e se aguardava, pacientemente, algumas horas, muitas vezes alguns dias, até que um espesso depósito acumulasse no fundo do decantador. Só então estaria pronto para ser servido.

Decantadores nunca saíram de moda. Ainda é um dos presentes de casamento mais comuns. Para nosso espanto, quem não sabe a real finalidade deste objeto, acaba usando como vaso de flores, colocado no centro da mesa de jantar.

Usar corretamente um decantador não é nenhum mistério, mas tem suas pegadinhas. O líquido deve ser vertido, lentamente, sempre contra uma das paredes do vaso, observando-se atentamente quando começam a surgir os primeiros indícios de resíduos sólidos. É o momento de parar, deixando o decantador em repouso.

Modernamente, poucos vinhos necessitam passar por esta operação. Os processos de elaboração atuais incluem diversas etapas de filtração e estabilização do vinho, minimizando qualquer outro tipo de ação posterior. Excetuam-se os vinhos envelhecidos, com borras perceptíveis no fundo da garrafa.

Embora seja uma ação de muita elegância e charme, os enófilos mais experientes sabem que um efeito semelhante pode ser obtido apenas deixando a garrafa em repouso, na posição vertical, depois de aberta. Exigirá um pouco mais de atenção ao servir, evitando que resíduos caiam nas taças.

Um decantador tem uma importante função secundária, que passa despercebida por uma maioria de apreciadores desta deliciosa bebida: aerar o vinho!

Devido à sua curiosa forma bojuda, a superfície do vinho que fica exposta ao ar é bem maior, facilitando a incorporação de oxigênio. Alguns profissionais, muito habilidosos, conseguem fazer um suave movimento de oscilação da jarra decantadora, sem alterar o depósito de sólidos ao fundo.

Como alternativa, já existem à venda inúmeros tipos de “aeradores”, que são colocados no gargalo da garrafa. Funcionam perfeitamente.

Para os aficionados mais requintados, principalmente quando vão servir um grande vinho, por exemplo, um renomado bordalês ou um clássico Barolo, é preciso que seja servido a partir da mítica garrafa, com o rótulo bem destacado. Faz parte do “mis en scène”.

A solução para este dilema é uma operação denominada “Dupla decantação”: consiste em devolver o vinho, já decantado, de volta para a sua garrafa de origem, com o auxílio de um especial funil que contêm uma fina malha para reter mais sólidos suspensos.

Uma questão que sempre gera debates é: Quais vinhos devem ser decantados?

Seguramente, tintos e brancos envelhecidos devem ser decantados. Além destes, devemos decantar qualquer vinho que, na primeira prova, esteja muito fechado, não demonstrando todo seu potencial. Neste caso, o decantador funcionará como um aerador.

Por fim, há um tipo de vinho que nunca deve ser decantado: os espumantes.

Saúde e bons vinhos!

Dica da Karina – Cave NacionalSOZO – Sangiovese Clarete 2023

Sozo é um projeto familiar que possui vinhedos próprios na região de Campos de Cima da Serra, RS. Campos de Cima da Serra possui espetacular terroir, a 980m de altitude, em solo basáltico e contanto com alta amplitude térmica.

O Sozo Sangiovese Clarete é vinicifado com 80% Sangiovese e 20% Chardonnay, sendo que uma parcela do vinho Sangiovese teve breve passagem de 3 meses por carvalho francês. Primeiro projeto colaborativo entre as Vinícolas SOZO e Don Affonso: um Clarete de Sangiovese da safra 2023, elaborado com uvas proveniente dos vinhedos da Família Sozo, nos Campos de Cima da Serra.

Um vinho de coloração vermelho granada. Aroma elegante e complexo, remetendo a cereja, framboesa, rosas e com leve nota de carvalho. Apresenta acidez equilibrada, taninos macios e bem integrados, bom volume de boca e ótima persistência aromática.

CRÉDITOS: Imagem de abertura por Freepik

Vinhos Premium, vinhos sem álcool e outras mutretas

Existe uma boa razão para abordarmos os vários aspectos sugeridos no título acima. Está ficando muito complicado administrar todas estas “proibições” criadas a partir de diversas descobertas, científicas ou não, mas que para as antigas gerações começam a não fazer nenhum sentido.

Cito um exemplo, mesmo sabendo que vão alegar “1001” razões que comprovam que estamos errados: o tal leite sem lactose.

Para quem não sabe, o leite materno “tem lactose” …

Tem outros, a relação é longa. Vamos apelidá-los de “sem, sem”: sem gosto e sem graça.

Em seguida, entram em cena as novas “religiões”, assim mesmo, entre aspas, que pregam uma vida ascética. A lista do que não se deve fazer é centenas de vezes maior do que a das coisas permitidas, encabeçada por “pagar o dízimo”.

Estas novas influências conquistaram, definitivamente, as cabeças das mais novas gerações, criando estranhos paradoxos, um deles se refere ao consumo de álcool. A venda de vinhos teve uma extraordinária queda nos últimos anos.

A resposta dos produtores foi de glamorizar, ainda mais, esta bebida, criando uma classe premium, só para quem tem alto poder aquisitivo.

Um total contrassenso: se já não estão vendendo vinho como antes, não há razão para aumentar o preço dele. Ao contrário, deveriam barateá-lo e simplificar a nossa relação com esta importante bebida.

Quase como uma vingança, surgem as bebidas sem álcool, inclusive vinhos.

Será que podemos chamar esta preparação de vinho?

Os produtores dizem que sim, afinal, é feita uma fermentação alcoólica e, posteriormente, processada para que o álcool seja removido. Existem vários métodos.

Neste caso, o vinho se torna um “ultraprocessado”, coisa que também é alvo de várias restrições. Vai entender!

O principal paradoxo acontece quando esta turma, que não quer degustar nem cerveja com álcool, se inebria com maravilhosos coquetéis elaborados com Gin (50% teor alcoólico), Tequila (55%) ou Mezcal (55%).

Fica a sensação de que o real problema é o baixo teor da Cerveja (5%) ou do vinho (12%).

Ou então, tudo não passa de uma grande hipocrisia, o que justificaria, plenamente, estes movimentos de “neo temperança”.

“Live and let die” é uma curiosa expressão da língua inglesa, que já foi usada como título de livros, músicas e filmes.

Seu significado, um tanto enigmático, sugere que devemos continuar vivendo a nossa vida, mesmo quando o nosso entorno comete erros fatais.

Grosso modo, equivale ao brasileiríssimo “que se danem”.

Nada contra quem prefere os “sem, sem”. Mas por favor, arranjem outros nomes para pão sem, leite sem, café sem, cerveja sem e vinho sem.

Nós não vamos trafegar na contramão. Continuaremos apreciando nossos vinhos, com álcool e preços justos, cheios de aromas, sabores, taninos, acidez e corpo, como devem ser.

Para os demais, “Live and let die”.

Saúde, bons vinhos!

Dica da Karina – Cave Nacional

O Avvocato nasceu em 2013 da paixão por vinhos do advogado carioca Ralph Hage e sua amizade com a família da vinícola Viapiana, situada na Serra Gaúcha. Em 2017 foram lançadas as primeiras garrafas da parceria. Em 2022, Ralph adquire vinhedos e inicia a construção de sua sede, em Monte Belo do Sul – RS.

O Avvocate Espumante Sur Lie é produzido com 75% Vermentino e 25% Chardonnay Nature Sur Lie, com 12 meses de autólise na garrafa. O Sur Lie é um espumante que não passou pelo processo de degorgement, ou seja, continua com as leveduras dentro da garrafa mesmo após o término da segunda fermentação.

Possui coloração amarelo palha, média intensidade, perlage fina e persistente, levemente velado pelo Sur Lie. Nariz intenso e delicado, com notas de levedo e frutas secas, além de toques de ervas finas e frutas tropicais de polpa branca. Em boca é equilibrado, cremoso, acidez equilibrada, persistente e retrogosto longo e frutado.

A Cave Nacional envia para todo o Brasil.

CRÉDITOS: Imagem de kues1 no Freepik

De volta ao básico – IP, DO e mais

Recentemente, recebemos a boa notícia relatando a implementação de mais uma Indicação de Procedência para os nossos vinhos. Desta vez, a região agraciada foi o Sul de Minas, por conta dos já consagrados “vinhos de dupla poda” ou de “colheita de inverno”.

Para muitos, esta notícia passaria quase despercebida, afinal, qual a verdadeira importância disto?

Decidimos abordar este tema justamente para esclarecer sobre estas diversas indicações, nos rótulos dos vinhos, mundo afora. Não é uma exclusividade brasileira, ao contrário, estamos aproveitando as boas ideias de países produtores e, paulatinamente, aperfeiçoando a nossa legislação vinícola.

Certamente, já degustamos vinhos que continham em seus rótulos, siglas como IP, DOC, Appellation d’origine contrôlée (AOC) ou alguma outra.

São as chamadas “indicações” ou “denominações”, que se aplicam a determinadas regiões produtoras. Para receber um selo destes, os produtores devem seguir algumas normas, por exemplo, que regulam e delimitam as regiões onde tal vinho deve ser elaborado, as castas permitidas, bem como o volume máximo de aproveitamento e alguns outros aspectos mais técnicos.

Cada país adota suas regras, não existindo uma universalização. A Espanha tem o melhor conjunto de normas, segundo a maioria dos especialistas, enquanto a França é considerada, pelos produtores, a que tem as regras mais inflexíveis.

Já na Itália, durante um longo período, as normas não eram muito respeitadas, o que obrigou a publicação de novas determinações. Por lá, ainda convivem a DOC (Denominazione di Origine Controllata) e a DOCG (Denominazione di Origine Controllata e Garantita).

O que nos leva a pensar a razão deste “Garantita” …

Aqui no Brasil já temos 13 indicações para vinhos, 11 IP (indicação de procedência) e 2 DO (denominação de origem):

IP Farroupilha
IP Monte Belo
IP Altos Montes
IP Pinto Bandeira
IP Vales da Uva Goethe
IP Altos de Pinto Bandeira
IP Campanha Gaúcha
IP Vinhos de Altitude de Santa Catarina
IP Vale do São Francisco
IP Vinhos de Bituruna
IP Sul de Minas – Vinhos de Inverno

DO Vale dos Vinhedos
DO Altos de Pinto Bandeira

Qual a diferença entre uma IP e uma DO?

Ambas limitam uma região produtora, suas características como “terroir”, densidade das plantações, castas típicas, entre outras regras de elaboração. A IP é mais abrangente enquanto uma DO é mais restrita, muitas vezes considerando, apenas, uma pequena região e o tipo de vinho ali elaborado.

Estes selos são uma indicação de qualidade?

Sim, deveriam ser, mas nem tudo pode ser controlado a ponto de certificar 100% que este vinho é superior a um outro. Esta é a ideia que está por trás destas indicações.

Mas, num país onde uma vírgula fora do lugar anula a condenação de um réu confesso, com a desculpa de “prejuízos irreparáveis ao sistema judiciário”, temos que olhar para as nossas indicações com muito cuidado e, sempre, associá-las aos produtores que, sabidamente, são reconhecidos por seguirem as “boas práticas”.

Saúde, bons vinhos!

Dica da Karina – Cave Nacional

Foppa e Ambrosi – Insólito Corte VI

Lucas Foppa e Ricardo Ambrosi, aos seus 21 anos, em 2017, começaram a elaborar vinhos no porão de casa. Partiram de uma produção artesanal para uma vinícola de excelência, localizado em Garibaldi, Rio Grande do Sul.

O Foppa e Ambrosi Insólito Corte VI é um blend de Merlot, Tannat e Cabernet Sauvignon com média de 18 meses em barricas de carvalho francês e americano de 225L.

O vinho apresenta uma coloração rubi profunda, com reflexos violáceos. Aromas intensos e complexos revelam camadas de frutas vermelhas e negras maduras, como ameixa, amora e cassis. Essas notas são complementadas por especiarias, tabaco e toques sutis de baunilha e chocolate amargo, provenientes da maturação em barricas de carvalho.

Na boca, é potente e estruturado, com taninos firmes, mas bem integrados, conferindo um excelente potencial de guarda. A acidez equilibrada traz frescor, enquanto os sabores de frutas negras maduras se fundem com notas de pimenta preta, café torrado e carvalho. O final é longo e persistente, com retrogosto de especiarias e um leve toque herbáceo.

A Cave Nacional envia para todo o Brasil.

CRÉDITOS: Foto de abertura obtida no site Brasil de Vinhos

De volta ao básico – erros e acertos

Prezados leitores.

Antes de entrar no tema da semana, temos um pedido muito especial.

Já está aberta a “Consulta Pública” para o projeto de lei 3594/2023, que propõe classificar o vinho como um alimento, seguindo o que diversos países produtores já adotaram.

Com isto, incidirão menos impostos sobre a nossa bebida favorita.

Para votar “sim”, indicando nosso apoio ao projeto, basta acessar o site do Senado Federal, link a seguir, e clicar no projeto de lei em questão.

Só podem votar os cidadãos que já fizeram seu cadastro no site “Gov.br”.

Para votar – https://www12.senado.leg.br/ecidadania/principalmateria

Gov.br – https://www.gov.br/pt-br

O resultado até o momento da publicação deste texto é de 2.218 “sim”.

Obrigado


Para muitas pessoas, degustar um vinho pode ser intimidador. Para estes, há uma enorme quantidade de regras, normas, controles, harmonizações e outros mitos, que torna tudo muito complicado.

Errar se torna o padrão, enquanto acertar é quase fortuito.

Sim, isto é verdadeiro. Todas estas “leis” são divulgadas no mais eficiente sistema de comunicação, o popular “boca a boca”. Algumas destas imposições são contadas e recontadas há muitas gerações.

Não podemos negar. Mas, podemos mostrar que a grande maioria delas são, apenas, preciosismos, que não cabem mais no mundo moderno.

Vinho tem uma aura de “bebida sagrada”, por ser usada em ritos religiosos de diversos credos. Mas o vinho não foi criado para isto. Ele foi adotado, por diversas religiões, para representar um momento.

Devemos aos padres e pastores, os missionários, a divulgação do vinho e da uva por todo o mundo. Alguns dos mais famosos vinhedos e os vinhos obtidos com seus frutos, começaram a ser elaborados dentro de monastérios.

Ainda assim, isto não os torna sagrados, muito pelo contrário, são extremamente populares e, por estas razões, é que vamos encontrar nossa bebida predileta em quase todos os países, produtores ou não.

Seguindo neste raciocínio, há quem destaque que o vinho é uma bebida de elite: degustá-lo é algo “esnobe”.

Esta é uma verdade que só existe nos olhos de quem assim a enxerga. Podemos beber uma taça de um vinho com toda a pompa e circunstância ou simplesmente relaxamos e aproveitamos o momento em total descontração.

Somos nós que escolhemos qual caminho seguir! O vinho terá os mesmos aromas, sabores, taninos, acidez e doçura e preço.

Outra queixa constante é que harmonizar vinho e alimentos é muito difícil, complicado e quase sempre não dá certo.

Em nossa defesa, podemos afirmar que ninguém é obrigado a harmonizar nada. Não foram os vinhateiros que criaram estas regras de harmonização, uma verdadeira pseudociência: quem inventou isto foram cozinheiros e donos de restaurantes.

Nenhum vinho é elaborado para ser consumido junto com este ou aquele alimento. Obviamente, algumas combinações vão ser mais agradáveis que outras e isto se deve, muito mais, aos elementos químicos, de um e de outro, que ao se combinarem podem resultar em sabores estranhos.

Sim, errar aqui é muito fácil.

No início deste texto peço o voto de apoio dos leitores para que o vinho, no Brasil, seja classificado como um alimento. Isto nos diz muita coisa, a principal delas é que, em diversos países, o nosso vinho faz parte, diária, das refeições. E ninguém está preocupado com complexas “harmonizações”. Pensem nisto.

Sigam este caminho e não errem nunca.

Saúde, bons vinhos!

Dica da Karina – Cave Nacional

Primeira Estrada – Sauvignon Blanc 2022

O projeto Primeira Estrada é pioneiro na produção de vinhos em áreas tropicais brasileiras, sendo a vinícola localizada na região sul de Minas Gerais. Junto ao pesquisador Murilo Rosa deram o ponta pé inicial na produção de dupla poda ou vinhos de inverno, no Brasil.

Vinho de coloração amarelo palha claro, límpido e brilhante. Muito aromático, intensa nota de grama cortada, broto de tomate, toque de maracujá. Possui ótima acidez, corpo agradável, sem amargor nem aresta, com retrogosto longo e agradável.

A Cave Nacional envia para todo o Brasil.

CRÉDITOS:

Foto de abertura: Imagem de freepik

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