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Mais uma coluna da série “Como funciona”…

Acreditem: um Chardonnay brasileiro, do Vale dos Vinhedos, ficou em 4º lugar na 22ª edição (2015) do prestigiado concurso “Chardonnay du Monde”, uma competição entre os melhores Chardonnay do mundo. Além deste, outros 5 vinhos ficaram muito bem classificados. Totalizamos três medalhas de ouro e outras três de prata. Nada mal.
 
Antes de sair em louca corrida atrás destes vinhos, vamos analisar um pouco mais os fatos, o que não traz nenhum demérito ao bom vinho nacional, mas precisamos conhecer um pouco mais sobre como é realizado este julgamento, quais são os participantes e sua relevância no cenário vinícola.
 
A versão de 2015 foi realizada na Borgonha, no Château des Ravatys, a propriedade vinícola do Instituto Pasteur em Saint-Lager. O corpo de jurados foi composto por 300 membros dos quais 150 eram franceses. Participaram da competição 794 amostras oriundas de 41 países. Impressionante.
 
Eis os 10 melhores classificados (devido às pontuações idênticas estão relacionados 13 vinhos):
 

Esta é a hora do “não entendi”, afinal de contas o primeiro lugar coube a um vinho sul-africano, seguido de um australiano, um suíço e o brasileiro. O primeiro vinho francês a aparecer está na quinta posição, e é um Champagne. 

 
Pode?
 
Onde estão os famosos Chablis, Meursault, Puligny-Montrachet, entre outras delicias de lá. E os famosos vinhos da Califórnia que impuseram uma importante derrota aos franceses no famoso Julgamento de Paris. Nenhum chileno ou argentino que já adquiriram status de grandes Chardonnay.
 
Alguma coisa está fora de lugar!
 
Vamos explicar como funcionam estes concursos.
 
O primeiro ponto a ser considerado envolve as grandes vinícolas: excetuando-se ocasiões muito especiais, nenhum dos consagrados grandes vinhos do mundo vai submeter amostras para um concurso.
 
Não precisam mais, já conseguiram seu destaque neste competitivo mundo dos vinhos e a grande preocupação é manter-se lá em cima. Para isto, contam com a opinião de críticos como Parker, Robinson ou Johnson e a boa aceitação no mercado.
 
Este fato não invalida nenhum concurso, o que nos leva ao segundo ponto de nossa explicação: eles são muito importantes para os produtores que ainda não ficaram conhecidos. Muitos deles, como no caso da brasileira Valduga, precisam conquistar a confiança de compradores internacionais. Qualidade não lhes falta. Fazer bonito num concurso como este é uma grande vitória.
 
Vamos conhecer os participantes do Brasil e seus prêmios:
 
4ª lugar: Casa Valduga Leopoldina Gran Chardonnay – D.O. Vale dos Vinhedos – 2013
 
Medalha de Ouro:
 
Aurora Reserva Chardonnay – 2014
 
Cerro da Cruz Chardonnay – 2012
 
Medalha de Prata:
 
Aurora Pinto Bandeira Chardonnay – 2012
 
Santa Colina Estilo Chardonnay – 2013
 
Aurora Varietal Chardonnay – 2014
 
275 vinhos de trinta e cinco países receberam medalhas, o que valoriza o resultado obtido por nossas vinícolas. Destacam-se:
 
França com 30 medalhas de ouro, 103 de prata e 8 de bronze;
 
Itália com 4 de ouro e 5 de prata;
 
África do Sul com 2 de ouro e 13 de prata;
 
Chile com 3 ouro, 4 de prata e 1 de bronze.
 
A relação completa está aqui:
 
 
DICA DA SEMANA: só podia ser este.
 
Casa Valduga Leopoldina Gran Chardonnay – 2013
Apresenta coloração amarelo palha com reflexos dourados, límpido e brilhante. A passagem por barricas francesas e romenas proporciona complexidade aromática com notas de baunilha e chocolate branco, aliados aos aromas de abacaxi e pêssego em calda. No palato é untuoso, de acidez moderada, com retrogosto marcante.
Harmonização: Massas, carnes brancas, fondues, queijos médios e fortes.
Outras premiações: Melhor Vinho Branco do Brasil de 2014 (safra 2012): Revista Adega; Melhor Nacional de 2013 (safra 2012): Revista Gosto; Medalha de Ouro (safra 2008) Challenge International du Vin; Gran Menzione (safra 2008): 17º Concurso Enológico Internacional (Vinitaly 2009); Medalha de Prata (safra 2008) 16ª edição do Concurso Chardonnay du Monde.

O melhor, o mais antigo, o mais mais e etc…

Algumas das últimas colunas provocaram uma saudável relação de perguntas dos leitores, todas respondidas por e-mail. Mas ficamos sempre com impressão que faltou alguma explicação. Ter dúvidas sobre determinados temas não só é absolutamente normal como desejável. Entretanto, algumas questões propostas são de difícil resposta, por exemplo, quando recebemos indagações deste calibre:
 
Há algum vinho de corte que esteja colocado entre os melhores do mundo?
 
Qual o vinho de safra mais antiga que você conhece que certamente pode ser consumido ainda com qualidade?
 
Com quantos anos podemos considerar um vinho impossível de beber?
 
A esta relação poderíamos acrescentar sem nenhum problema as eternas questões como “Qual o Melhor?” ou “Qual o mais caro?” e outras no gênero.
 
Para sermos completamente corretos, nenhuma destas perguntas tem uma única resposta. Pior, as diversas opiniões sobre cada uma podem ser até mesmo conflitantes.
 
Existe uma razão: nenhum vinho é igual a outro, nem dentro de uma mesma vinícola. A cada nova colheita as uvas terão diferentes níveis de açúcar o que vai implicar, no mínimo, em quantidades de levedura e/ou tempo de fermentação e maceração diferentes. Só isso já define vinhos de características distintas, embora oriundos do mesmo vinhedo.
 
Produzir um vinho não é um ato mecânico e repetitivo, como fabricar uma peça de metal ou plástico, aos milhares, numa máquina especialmente projetada para tal. Na enologia, cada partida de uvas é um caso único e deve ser tratado desta forma, não pode haver padronização. Nem nos vinhos de entrada que são produzidos em grandes volumes para atender à demanda das principais redes de mercados. Um mínimo de cuidados específicos é necessário, caso contrário o produto final não será aceito por ninguém.
 
Com isto em mente, imaginem como é difícil responder a uma questão como “Qual o melhor Cabernet?”.
 
Se colocarmos esta dúvida dentro de uma vinícola, o enólogo é capaz de responder que o seu melhor vinho é este ou aquele, respeitada uma condição como faixa de preço ou volume produzido. Mesmo assim entra nesta equação um fator muito subjetivo: o gosto pessoal dele. O nosso pode ser outro…
 
Caso mudemos a escala e tentarmos entender qual o melhor vinho de um país produtor, por exemplo, “Qual o melhor Cabernet do Chile?”, dificilmente vamos obter uma resposta objetiva.
 
Teríamos primeiro que selecionar, com todas as dificuldades mencionadas no parágrafo acima, quais os melhores de cada sub-região: Maipu, Puente Alto, Vale Central, etc. (e isto envolve todas as vinícolas). Depois, decidir qual o melhor entre estas escolhas.
 
Mas quais os critérios que vamos adotar para fazer esta seleção?
 
A palavra de cada enólogo?
 
As notas dos grandes críticos?
 
O nosso gosto pessoal?
 
Todas as acima?
 
Tarefa hercúlea!
 
Imaginem tentar saber qual o melhor do mundo…
 
Só mais uma lembrança: para muitos enófilos já é difícil determinar qual é o melhor vinho de sua adega!
 
 
Quando se trata de saber qual o mais antigo vinho ainda em condições de ser consumido, o nível de complicações se multiplica exponencialmente. Para respondermos esta pergunta, com alguma objetividade, teríamos que conhecer todas as adegas do planeta e ter o seu conteúdo devidamente catalogado. Mas há uma curiosa pegadinha: no momento que identificarmos este vinho e o abrimos, ele automaticamente deixa de ser “o mais antigo”…
 
Honestamente, nem as grande vinícolas sabem o quê ainda tem em estoque e se aquelas raridades são viáveis para consumo. Uma simples destampada de um barril ou garrafa para tirar uma amostra pode ser o fim de todo o resto.
 
Um exemplo bem atual vem de Portugal. Em 2008, um dos enólogos da Taylor’s localizou, na vila de Prezegueda, duas barricas de vinho do Porto produzido antes da Filoxera, com mais de 150 anos, pertencentes a uma família de vinhateiros. Um tesouro passado de geração para geração.
 
Em 2009 o último descendente decidiu vendê-las. Levadas para as caves de Vila Nova de Gaia, o vinho se mostrou em perfeitas condições e simplesmente maravilhoso. A Taylor’s optou por comercializá-lo com o nome de Scion: poucas garrafas e um custo perto do absurdo. (não existe mais nenhuma à venda…)
 
 
Este fato gerou um verdadeiro frenesi entre os outros produtores e uma busca insana por estas raridades foi iniciada. Vinhos do Porto ou Madeira com mais de 100 anos estão na moda. O que mais vão encontrar?
 
Dois outros vinhos, muito antigos, ficaram mundialmente conhecidos por fatores “extracampo”. O primeiro foi um lote de míticas garrafas de Chateau Lafite 1787, que teriam pertencido ao Presidente Thomas Jefferson, e que estariam, ainda, em perfeitas condições de consumo.
 
Um grupo de quatro delas foi leiloado em 2008, pela respeitada casa Christie, e arrematado por cerca de US$ 500,000.00 (quinhentos mil dólares). Mais tarde descobriram que era uma falsificação o que gerou um longo e milionário processo, investigações policiais altamente sofisticadas, culminando com a prisão e desmascaramento do hábil falsificador, além de artigos, livros e provavelmente um filme.
 
Outra raridade conhecida é uma garrafa de Chateau d’Yquem, o mais famoso dos Sauternes, datada de 1811 e arrematada em 2011 por astronômicos 120.000 dólares, provavelmente o mais caro vinho até então. Não será aberto, apenas ficará exposto em uma vitrine no restaurante de seu proprietário em Honk Kong.
 
 
Mitos à parte, nem mesmo uma simples reposta sobre o mais caro vinho pode ser respondida sem ressalvas: quando, onde, como?
 
Um dos sites mais utilizados por quem vive o mundo do vinho é o Wine Searcher (http://www.wine-searcher.com/), em inglês, que localiza vinhos nos mais importantes mercados. As lojas especializadas, vinícolas e casas de leilão se encarregam de fornecer as informações. É gigantesco! Uma pesquisa pode gerar diversas páginas de resultados, muitas vezes cansativos de ler. Mas nelas é que podemos descobrir algum tesouro enterrado. Periodicamente publicam pesquisas bem objetivas, curtas e muito interessantes.
 
Uma delas, que vamos reproduzir a seguir, procurou por vinhos que receberam, em qualquer época, as notas máximas atribuídas pelos seguintes críticos ou publicações: Jancis Robinson, Robert Parker, Jamie Good, Stephen Tanzer, Jeannie Cho Lee, Michel Bettane e as revistas Wine Spectator, Cellar Tracker, Falstaff (Áustria) e Revue du Vin de France. Um time de muito respeito.
 
Foi calculada uma média simples de todas as notas, por vinho, e elaborada a lista apenas com aqueles que conquistaram, neste resultado final, 99 ou 100 pontos. Somente 7 (sete) vinhos passaram nesta peneira.
 
Seriam eles os maiores de todos os tempos?
 
1 – Château d’Yquem, 1811
Um Sauternes elaborado a partir de uvas botritizadas. Talvez o mais famoso vinho doce do mundo.
 
2 – E. Guigal Côte Rôtie La Mouline, Rhône, 1978
Um vinho da região mais premiada com 100 pontos Parker, o vale do rio Ródano. Um corte da tinta Syrah com a branca Viognier.
 
3 – Château Lafleur, Pomerol, 1950 (Bordeaux)
Corte Bordalês, margem direita, predominância de Merlot.
 
4 – Paul Jaboulet Ainé Hermitage La Chapelle, Rhône, 1961
Um varietal, 100% Syrah, com as parreiras plantadas como se fossem arbustos (Globet). Região do rio Ródano, novamente.
 
5 – Quinta do Noval Nacional Vintage Port, 1963
Vinho do Porto.
 
6 – Krug Clos du Mesnil Blanc de Blancs Brut, Champagne, 1979
Quem não aprecia um bom Champagne?
 
7 – Domaine Jean-Louis Chave Ermitage Cuvée Cathelin, Rhône, 2003
Outro vinho do Ródano e novamente 100% Syrah. Notem a safra.
 
Analisar esta lista em profundidade nos forneceria assunto para várias semanas. Faríamos novos amigos e certamente ganharíamos outros inimigos: nunca haverá uma unanimidade sobre este resultado.
 
Chamamos a atenção para alguns detalhes:
 
– A França domina a lista com 6 vinhos. A exceção é um vinho de Portugal;
 
– 5 tintos e 2 brancos: um doce e o outro espumante;
 
– um único Bordeaux… (baseado em Merlot)
 
– 3 vinhos da região do Rhone, todos com Syrah, que nem mesmo entra numa relação de castas nobres…
 
– entre os tintos, 3 (três) vinhos de corte e 2 (dois) varietais.
 
Resumindo tudo isto numa única frase:
 
“Não existem verdades absolutas no mundo do vinho”.
 
Entenderam como funciona?
 
Dica da Semana:  em homenagem aos vinhos de Portugal que ontem, hoje e sempre estão entre os melhores.
 
Vadio Bairrada DOC Tinto 2007
Seguindo na linha desta semana, este vinho é um varietal, coisa rara entre os tintos portugueses, elaborado com a casta Baga (100%). Proveniente da Bairrada, ótima região produtora ainda sem o reconhecimento como o Douro ou o Alentejo.
Um vinho potente, estruturado, com taninos marcantes a altamente gastronômico.
Imperdível!
 
 
 

Um júri feminino para o AWA 2015

O Argentina Wine Awards (AWA) é o concurso de vinhos de maior prestígio naquele país. Nesta 9ª edição houve uma interessante novidade: coube a 19 mulheres ligadas ao mundo do vinho escolher os melhores. Uma bela homenagem que foi chamada de “O empoderamento da Mulher no Vinho”.

Este luxuoso corpo de julgadoras foi formado por 12 personalidades estrangeiras e 7 argentinas. Sua tarefa foi provar 669 amostras e selecionando as melhores em diversas categorias. Um trabalho que foi supervisionado pela respeitada consultoria, inglesa, Hunt & Coady, garantindo toda a logística e lisura.

O Júri

A principal personalidade foi a respeitada jornalista e crítica de vinhos Jancis Robinson, primeira mulher a obter o difícil título de “Master of Wine”. Compunham o grupo as seguintes juradas:

Christy Canterbury, jornalista, panelista e júri de Nova Iorque. Escreve para a revista Decanter;

Susan Kostrzewa, editora executiva da revista Wine Enthusiast;

Barbara Philip, responsável pela seleção de vinhos europeus para a British Columbia Liquor Distribution Branch, Canadá;

Sara D’Amato, canadense, é consultora, sommelier, crítica de vinhos e sócia principal na WineAlign.com;

Annette Scarfe, trabalha como consultora independente junto a indústria vitivinícola asiática. Também é juiz em concursos de vinho no Reino Unido, Hong Kong e França;

Megumi Nishida, jornalista freelance, japonesa, atuando em várias revistas como Winart, Vinoteque, Wands, Cuisine kingdom;

Essi Avellan, da Finlândia, é editora da Revista Fine Champagne, a única Revista do mundo dedicada ao mundo do Champagne;

Felicity Carter, da Alemanha, é chefe editorial da Revista Meininger´s, dedicada ao mundo do negócio do vinho em nível internacional;

Cecilia Torres Salinas, enóloga, é a referencia número um da indústria do vinho chileno;

Suzana Barelli, Brasil, Jornalista e Editora da Revista Menu;

Shari Mogk Edwards é a chefe do departamento de marketing e vendas de vinhos e licores da LCBO (Liquor Control Board of Ontario, Canadá).

O júri argentino foi composto por:

Susana Balbo, proprietária da vinícola Dominio del Plata e presidente da Wines for Argentina;

Andrea Marchiori, sócia e enóloga da Viña Cobos;

Carola Tizio, enóloga chefe da Vicentin Family Wines;

Estela Perinetti, enóloga da Bodega Caro (Catena + Rothschild);

Flavia Rizzuto, eleita a melhor Sommelier do país;

Laura Catena, médica e atual diretora das Bodegas Catena Zapata e Luca;

Marina Beltrame, diretora da Escola Argentina de Sommeliers.

Os resultados

Os principais prêmios foram:

1 – Troféus
– Categoría “Malbec”:

Septima Obra Malbec 2012, Bodega Septima;

Riglos Quinto Malbec 2013 Finca Las Divas S.A.;

Casarena Single Vineyard – Malbec – Jamilla´s Vineyard – Perdriel 2012 Casarena Bodega & Viñedos;

Zuccardi Aluvional Vista Flores Malbec 2012, Familia Zuccardi.

– Categoría “Vinhos Espumantes”:

Ruca Malen Sparkling Brut NV, Bodega Ruca Malen.

– Categoria “Chardonnay”

Finca La Escondida Reserva Chardonnay 2014, Bodegas La Rosa;

Salentein Single Vineyard Chardonnay 2012, Bodegas Salentein.

– Categoria “Cabernet Franc”

La Mascota Cabernet Franc 2013, Mascota Vineyards;

Salentein Numina Cabernet Franc 2012, Bodegas Salentein;

– Outros troféus

Sophenia Synthesis The Blend 2012, Finca Sophenia;

Cadus Single Vineyard Finca Las Tortugas Bonarda 2013, Bodega Cadus;

Cabernet Sauvignon Proemio Reserve Cabernet Sauvignon 2013; Proemio Wines.

2 – Troféus Regionais:

Vales do Norte: Serie Fincas Notables Tannat 2012, Bodega El Esteco;

Vales de Mendoza: Decero Mini Ediciones Petit Verdot, Remolinos Vineyard 2012, Finca Decero;

Vales de San Juan: Santiago Graffigna 2011, Bodegas y Viñedos Santiago Graffigna;

Vales Patagônicos: Special Blend 2010, Bodegas Del Fin Del Mundo

A relação completa, em PDF, pode ser obtida neste link:

Agora é só escolher um deles e conferir como o seu paladar se ajusta com o das poderosas juradas.

Dica da Semana:  a maioria dos vinhos premiados ainda não está com as safras em indicadas à venda no Brasil. Este, safra 2010, é uma boa opção, ganhou um troféu pela safra de 2013.
 
Riglos Quinto Malbec 2010
Coloração rubi concentrada, com reflexos purpúreos. No olfato apresenta frutas negras e vermelhas maduras, páprica e um toque herbáceo que lhe outorga caráter e complexidade.
Texturado em boca, com taninos dóceis, cativante frescor e fruta generosa que convergem para um longo final.
Harmoniza com carnes vermelhas assadas na brasa, costeletas de cordeiro grelhadas e queijos de massa dura curada.
Premiações: Jancis Robinson: 16 em 20; Descorchados 2012: 87 Pontos.

Recapitulando sobre os tipos de vinhos

Chamou a nossa atenção uma dúvida comum de alguns leitores sobre a diferença entre Vinho do Porto e Vinho do Douro.
 
Embora este blog sobre vinhos nunca tenha pretendido ser um curso, foi necessário nas primeiras publicações estabelecer uma linguagem comum entre autor e leitores, razão pela qual alguns textos foram considerados como didáticos. Em várias oportunidades mencionamos os diferentes tipos de vinhos que existem no mercado, inclusive os dois que motivaram a dúvida.
 
Faço um convite a todos os leitores que releiam alguns dos meus textos sobre este tema, que foram publicados em 2001. Para ajudar, aqui estão alguns links:
– Espumantes, Brancos, Rosés, Tintos, Doces e Fortificados;
 
 
– Vinhos Fortificados – 1ª parte (a continuação desta série fala do Jerez e do Madeira);
 
Mais recentemente, nas colunas sobre a viagem por Espanha e Portugal, novos conhecimentos podem ser adquiridos.
 
Para a turma que prefere as respostas diretas:
 
Vinhos do Porto são elaborados adicionando-se, durante a fase de fermentação, uma quantidade de aguardente neutra para interromper o processo. Como nem todo o açúcar é convertido em álcool, o produto final tem sabor adocicado e muito agradável, apesar ao alto teor alcoólico. Este processo é a “fortificação”;
 
Vinhos do Douro são os vinhos, não fortificados, produzidos nesta região vinhateira com as castas típicas de Portugal. Todo Vinho do Porto é, em tese, um “Vinho do Douro”, pois somente lá podem ser elaborados. Mas, dentro desta lógica, nem todo Vinho do Douro seria um Porto.
 
No intuito de não deixar mais nenhuma dúvida sobre este tema, apresento, a seguir, uma extensa relação de tipos de vinhos que são produzidos atualmente. Não pretende ser completa, serão citados, apenas, os produtos mais conhecidos.
 
TIPOS DE VINHOS
 
A primeira grande divisão é quase intuitiva: Espumantes; Brancos; Rosés; Tintos e Vinhos de Sobremesa (doces, fortificados, etc.).
 
1 – ESPUMANTES
 
Podem ser vinificados em Branco, Rosé ou Tinto.
 
Denominações habituais:
 
Champagne – tradicional corte de Chardonnay e Pinot Noir, produzido unicamente nesta região demarcada, utilizando o método Tradicional. Somente estes vinhos podem usar a denominação Champagne.
 
Vin Mousseux – literalmente significa “vinho efervescente”. Logo, o Champagne é um vin mousseux, mas nem todo vin mousseux é um Champagne. Existem outros espumantes franceses que são comercializados com denominações diferentes:
 
    Cremant – produzido no Loire, na Borgonha e na Alsácia;
    Blanquet – elaborado na região de Limoux.  

Cava – típico da Espanha, vinificado com uvas locais como Macabeu, Parellada e Xarel-lo.

 
Prosecco – espumante italiano com denominação protegida. Obrigatoriamente elaborado com a casta Glera, antiga Prosecco, proveniente da região do Veneto (Conegliano, Valdobbiadene).
 
Asti – espumante italiano produzido com a casta Moscato. O mais famoso é o Moscato D’Asti, da região de Monferrato.
 
Lambrusco – vinho frisante italiano produzido a partir das seis variedades da casta Lambrusco, conhecidas como Grasparossa, Maestri, Marani, Montericco, Salamino, e Sorbara. Os mais famosos são os da região da Lombardia (Emilia Romana).
 
Brachetto d’Acqui – espumante tinto e adocicado elaborado na região do Piemonte. Similar ao Lambrusco.
 
Sekt – nome alemão para vinho espumante. Geralmente produzido com Riesling, Pinot blanc, Pinot gris e Pinot noir.
 
Quanto ao teor de açúcar variam de Brut (seco) até Doux (doce)
 
2 – VINHOS BRANCOS
 
As castas mais conhecidas são:
 
Albariño ou Alvarinho
Moscato ou Muscat (*)
Antão Vaz
Pinot Blanc
Assyrtiko
Pinot Gris ou Pinot Grigio
Chardonnay
Riesling
Chenin Blanc
Sauvignon Blanc
Fiano
Semillon
Furmint
Sylvaner
Greco di Tufo
Torrontés
Grüner Veltliner
Verdejo
Malvasia
Viognier

(*) mais de 200 variedades 

Muitas vezes vamos encontrar vinhos brancos que recebem a denominação das regiões onde são produzidos.

Exemplos:
 
Sancerre e Pouilly-Fumé, produzidos com Sauvignon Blanc;
Chablis e Montrachet, obtidos com a casta Chardonnay;
Vouvray, elaborado com Chenin Blanc.
 
VINHOS BRANCOS DOCES: praticamente as mesmas castas produzem algum vinho adocicado.
 
As denominações mais conhecidas são:
 
Sauternes (Semillon, Sauvignon Blanc, e Muscadelle);
Tokaji (Furmint, Hárslevelu);
Gewurztraminer;
Riesling com predicados (Kabinet, Spatlese, Auslese, etc.);
Orvieto Abboccato;
Ice Wines (Eiswein);
Muller-Thurgau;
“Late Harvest” ou “Colheita Tardia”.
 
3 – VINHOS ROSÉS 

As mesmas castas usadas para produzir vinhos tintos podem produzir vinhos rosados. Os mais apreciados são:

 
Cabernet Sauvignon Rosé
Cabernet Franc Rosé
Grenache Rosé (Garnacha)
Pinot Noir Rosé
Syrah Rose
Sangiovese Rose
As denominações mais comuns são:
 
Provence Rosé
Loire Rosé
Bandol Rosé
Rose D’Anjou
Exceções:
 
White Zinfandel, White Merlot, Vin Gris e Blush Wine – são rosados.
 
4 – VINHOS TINTOS
 
As castas mais conhecidas são:
 
Aglianico
Mourvédre
Barbera
Nebbiolo
Cabernet Franc
Nero d’Avola
Cabernet Sauvignon
Petit Syrah
Carménère
Petit Verdot
Dolcetto
Pinot Noir
Gamay
Pinotage
Grenache ou Garnacha
Sangiovese
Cannonau
Syrah ou Shiraz
Malbec
Tannat
Mencia
Tempranillo
Merlot
Touriga Nacional
Montepulciano d’Abruzzo
Zinfandel ou Primitivo
Muitas vezes vamos encontrar vinhos tintos que recebem a denominação das regiões onde são produzidos.
 
Exemplos:
 
Bordeaux – corte com as varietais clássicas de lá: Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Merlot, entre outras;
Borgonha – sempre Pinot Noir;
Beaujolais – sempre Gamay;
Chianti, Brunello di Montalcino, Vino Nobile di Montepulciano – diferentes vinhos elaborados a partir da casta Sangiovese ou seus clones;
Barolo, Barbaresco – diferentes vinhos elaborados com a casta Nebbiolo;
Châteauneuf du Pape – corte de até 13 varietais típicas do Vale do Ródano, podendo incluir uvas brancas;
Amarone – corte elaborado com base nas seguintes castas: Corvina, Rondinella e Molinara (pode haver outras), previamente passificadas;
Super Toscanos – vinhos elaborados com a uva Sangiovese cortada com uma casta europeia: Cabernet Sauvignon, Merlot, etc..
 
Alguns raros vinhos tintos doces:
 
Ochio di Pernice; Recioto della Valpolicella; Freisa
 
5 – VINHOS DE SOBREMESA (fortificados)
 
A) FORTIFICADOS TINTOS – vinhos que receberam em algum momento do seu processo de elaboração uma quantidade de aguardente neutra.
 
Porto – é uma denominação protegida. Só pode ser elaborado na região vinícola do Rio Douro com castas específicas.
Banyuls – denominação protegida francesa da região de Roussilon
Maury – denominação específica da cidade homônima
Rasteau – denominação protegida do vale do rio Ródano
 
B) FORTIFICADOS BRANCOS
 
Porto Branco – é seco se comparado ao Tinto
Muscat – os mais famosos são os de Frontignan, Beaumes de Venise e Rivesaltes
 
C) FORTIFICADOS E OXIDADOS – além da adição de aguardente são submetidos a processos como altas temperaturas ou Solera para que fiquem com sabor especial.
 
Jerez ou Sherry
Madeira
Marsala
Moscatel de Setúbal
Vin Santo (este não é fortificado)
Dúvidas ainda?
 
Dica da Semana:  nesta época de altos impostos, nada melhor que uma boa relação custo x benefício.

Guatambu Luar Do Pampa Chardonnay
Coloração esverdeada palha com tons platinados.
Aromas de chá verde, notas frutadas, como abacaxi e melão maduros, sobre um final de flores brancas.
Ao paladar, apresenta-se macio, untuoso, frutado e elegante, com acidez pronunciada, que nos brinda um vinho com intensa fruta, como melão e pera, aliado a um grande frescor.
Perfeito para acompanhar frutos do mar, saladas, bruschettas, queijos de pasta branda e frangos.

Conselhos de José Peñin

José Peñín é o mais prolífico escritor sobre temas vitivinícolas na língua espanhola e autor do principal guia vinícola espanhol, que leva o seu nome. Muito respeitado por seus colegas inclusive em nível internacional, já percorreu quase todas as regiões produtoras do mundo seja visitando, fazendo palestras ou participando de importantes concursos. É considerado um grande juiz da qualidade dos vinhos.
 
Nesta sua pagina da Internet (http://jpenin.guiapenin.com/2013/08/15/10-topicos-del-vino-a-eliminar/) estão comentados alguns tópicos que ele sugere que devem ser repensados.
 
Apresento a seguir, traduzidos e adaptados, os pontos que considerei como mais relevantes. Boa leitura!
 
– “Alguns produtos de consumo, como o vinho e alimentos, estão contaminados por certas crenças difundidas através do “boca a boca” que alimentam, como no caso do vinho, uma suspeita de que a valorização alcançada por esta bebida seja uma fraude histórica, crença outrora comum. Quanto à comida, acontece o mesmo, por se considerar que aquilo que está perto ou é familiar sempre é melhor do que uma cozinha pública.
 
Infelizmente, tem-se levado mais em consideração o comentário do amigo ou do vizinho do que aquilo que está escrito ou que consta de publicações especializadas. A grande imprensa, capaz de penetrar todas as esferas da sociedade, tem sido, de certa forma, responsável por essas atitudes, porque não percebeu a necessidade de um aprendizado prévio ou de um maior interesse por um tema que, na vida diária (segundo eles), não mereceria maior aprofundamento. Entre todos os assuntos, nunca houve uma distância tão grande entre generalistas e especialistas como no vinho.
 
1 – O VINHO TINTO MELHORA COM O TEMPO
 
O tinto não melhora, simplesmente muda. O tinto só se situa no lugar que lhe corresponde organolepticamente aos 4 ou 5 meses depois de engarrafado, ou seja, suas condições e características estarão equilibradas. Neste momento, o vinho pode estar fechado do ponto de vista aromático, o carvalho sobressai e no caso dos brancos e dos tintos leves, percebem-se as matizes secundárias da fermentação (matizes falsas de frutas tropicais e leveduras), que podem perdurar por até 5 meses depois da elaboração.
 
A partir deste período, o vinho vai adquirindo, com o passar dos anos, novas matizes (notas de tabaco, couro, frutos secos), mas também vai perdendo as especificidades da sua variedade e as notas minerais.
 
2 – VINHOS BRANCOS COM PEIXES E TINTOS COM CARNES
 
Generalizando, não é tanto o tipo do vinho que importa, mas a sua estrutura. Um vinho branco com 13,5º de teor alcoólico ou mais, que passou por madeira ou foi fermentado numa barrica, possui volume e “peso” na boca suficientes para acompanhar uma carne, enquanto um tinto leve e fresco pode harmonizar com um peixe.
 
Apesar disto, o vinho branco é melhor opção que um tinto para combinar com qualquer proposta culinária. Não podemos esquecer que o tinto é mais contemporâneo que o branco que tem sido o vinho “de toda a vida”. O que os Cruzados bebiam com a carne? Brancos espessos e turvos.
 
3 – NÃO ENTENDO DE VINHO, MAS SEI DO QUE GOSTO E DO QUE NÃO
 
Uma frase repetida constantemente. Quando um apaixonado por vinhos se encontra com um especialista, se defende com esta frase. Mas ninguém afirma, por modéstia cultural, que não entende de arte, música ou livros. Por que temos que entender de vinhos para compará-los? O nosso paladar é o ponto mais sagrado. Preciso ser um especialista em informática para comprar um computador? Pesquiso numa boa loja ou numa revista especializada. Tenho que conhecer a vida e a obra dos melhores diretores de cinema para escolher um bom filme? Esta é a função da crítica. O importante é que o neófito tenha memória suficiente para lembrar-se do rótulo ou rótulos que lhe agradaram e, a partir daí, consultar um especialista ou buscar ou comparar com as críticas.
 
4 – O ROSADO É UM VINHO MENOR
 
Lamentavelmente, esta crença nasceu de uma prática muito comum nas bodegas de 20 anos atrás, quando se misturavam tintos e brancos para fazer um rosado que sempre obtinha o recorde de ser a marca mais barata do catálogo. “Um vinhos para os chineses”, se dizia então.
Um rosado, logicamente, deve ser o vinho jovem com um custo de produção superior, uma vez que a ortodoxia afirma que para elaborar um rosado tem-se que escolher somente a lágrima do vinho (o primeiro mosto que sai dos grãos da uva tinta quando comprimidos pelo peso dos cachos no depósito). Além disso, é o vinho, onde todos os cuidados para preservar a fruta são poucos. Suas características identificam melhor a personalidade da uva que o vinho tinto, isto no clima ibérico que exige uma colheita precoce e, portanto, feita no auge da maturação aromática da casta.
 
5 – VINHOS BRANCOS DURAM MENOS QUE OS TINTOS
 
Nem sempre. Se ambos os vinhos contam um equilíbrio entre álcool e acidez, a rolha está em bom estado e são mantidos a uma temperatura entre 15º e 18º, podem ser bebidos “sine die”. Tampouco está claro que os taninos da uva tinta e os aportados pela barrica sejam um fator de longevidade, uma vez que, com o tempo, estas moléculas se precipitam ao fundo da garrafa, embora sejam os elementos gustativos mais enriquecedores. Um branco de 20 anos na garrafa exibe essencialmente uma cor mais amarela com notas de frutas e ervas secas, traços que, com o equilíbrio de seus componentes, são perfeitamente assimilados.
 
6 – O ESPUMANTE É MELHOR COM A SOBREMESA
 
Outra herança do passado. Há uns 60 anos, a maioria dos vinhos espumantes eram doces ou meio doces (demi-sec). A própria origem desta bebida é doce, quando os vinhos da região de Champagne, até meados do século XIX, eram engarrafados sem terminar de fermentar, conservando a doçura do mosto e o gás carbônico do processo inacabado. Isto provocou o seu consumo com as sobremesas ou nas desenfreadas noites da “Belle Époque”. Hoje praticamente só se consome o Brut ou o Brut Nature, ou seja, um sabor seco que o torna mais adequado a ser consumido no aperitivo ou mesmo no transcurso da refeição.
 
7 – MULHERES PREFEREM VINHOS DOCES
 
Não existem vinhos para homens ou mulheres. Este provérbio se refere ao fato de a mulher ter incorporado a bebida alcoólica, no âmbito social, mais tarde (que os homens) e, neste caso, num primeiro contato de um neófito com o vinho, seja ele homem ou mulher, tende a preferir sabores adocicados, para depois ir incorporando ao seu paladar os sabores mais secos ou marcantes.
Ao contrário do esperado, a mulher conhecedora, devido à sua maior sensibilidade, é muito mais segura na hora de comprar qualquer vinho e vacila menos que o homem na hora da degustação. As gerações femininas atuais são mais sensíveis e menos radicais neste tema.
 
8 – VINHOS DE AUTOR
 
Todos os vinhos são de “autor”, uma vez que, por trás de cada marca existe uma equipe dirigida por um enólogo. Por tanto, temos que fugir do rótulo de “vinho de autor” quando usado como apelo comercial, isto não implica que seja melhor”.
 
Sábios conselhos!
 
Dica da Semana:  um bom rosado para confirmar o que Peñin escreveu.
 
 Memoro Rosato (Piccini)
Este cativante rosado é elaborado com uvas cultivadas em quatro regiões da Itália:
a Negroamaro vem da Puglia;
a Nero d’Ávola da Sicília;
a Montepulciano de Abruzzo e
a Merlot do Vêneto.
O objetivo foi elaborar um vinho saboroso e ao mesmo tempo capaz de transmitir seu fiel acento italiano.
 
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