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Vocês sabem como se produz vinho? – 1ª parte

Este não será um tema para os fracos de coração. Por mais que busquemos uma simplificação, o processo de produção de uma vinícola envolve uma série de etapas que se iniciam no plantio da videira e só terminam quando o vinho é aberto na mesa de algum apreciador.
Por trás de tudo isto, muita arte, muita técnica, muito amor e paixão. Estes são alguns dos elementos que fazem do vinho, a bebida dos deuses.
“O bom vinho começa no vinhedo”, é o mantra dos Enólogos, mas quem cuida das uvas são os Agrônomos. Ambos devem trabalhar em sintonia. São usadas cerca de 200 espécies viníferas na produção de vinhos, e isto é uma pequena parcela do universo desta fruta. Cada uma tem suas particularidades: estão sujeitas a determinadas pragas; podem ser assentadas de diferentes maneiras (espaldeira, latada, etc.); necessitam de enxertos ou são plantadas em pé franco, isto sem levar em conta uma infinidade de outros fatores como clima, solo, topografia, irrigação que, no momento, vamos deixar de lado.
O importante é conhecermos o ciclo das parreiras:
Primavera – brotação e crescimento;
Verão – floração e frutificação;
Outono – amadurecimento, colheita e desfolhagem;
Inverno – dormência.
Agrônomos, viticultores, vinhateiros, enólogos, devem respeitar alguns marcos. Um dos mais significativos é decidir o ponto de colheita da uva: ela tem que estar com o teor dos açucares (frutose e glicose) adequado e baixa acidez. Há diversos métodos para se aferir estes parâmetros, o mais comum utiliza um refratômetro, como o da foto abaixo.
Devemos ter sempre em mente que cada uva tem o seu tempo. As diversas espécies serão colhidas em diferentes momentos. Organização é fundamental para que se obtenha um produto de qualidade. Tradicionalmente, as frutas são colhidas manualmente, sendo depositadas em caixas que, por sua vez, são coletadas e conduzidas para a cantina, onde se inicia o processo de vinificação, que transforma a uva, em vinho. 


De forma muito resumida e simplificada, são estes os principais passos:
Recepção na cantina;
Desengaçamento e esmagamento;
–  Fermentação;
– Maturação;
– Filtração;
– Engarrafamento;
– Amadurecimento na garrafa.
Cada tipo de vinho passa por processos únicos que não serão descritos aqui. Além disso, cada vinícola, através de seus enólogos, cria suas próprias receitas para todos os vinhos que se propõe fabricar.
– Recepção, Desengaçamento e Esmagamento
Uma vez na área de produção, o conteúdo das caixas é inspecionado e despejado num equipamento que vai realizar duas operações: separar os bagos dos talos (engaços) e promover o esmagamento, produzindo um suco de uva, denominado mosto.
A foto a seguir ilustra o início do processo. 

Para os vinhos de alta qualidade, este processo é manual. As uvas são colocadas numa esteira transportadora e são separadas por uma equipe treinada. Além dos engaços, são removidos os bagos defeituosos.
A obtenção do mosto é feita por prensagem mecânica dos frutos, mas, tradicionalmente, emprega-se o sistema pisa-a-pé, ainda bem difundido em Portugal. (foto) 

O resultado deste processo, seja mecânico ou artesanal, é transferido para tanques especiais, de aço inoxidável ou madeira. Este momento é outro marco importante que exige uma decisão do Enólogo: o que fazer com as cascas e sementes. Em linhas gerais, se o produto for vinho branco, elas serão removidas, no caso dos tinto e rosés, elas permanecerão, por um tempo determinado.
A próxima etapa, que para muitos é a principal, denomina-se fermentação. Mas este capítulo fica para a semana que vem. 

Dica da Semana:

Mapema Malbec Tempranillo 2008

Produtor: Mapema
País: Argentina – Mendoza
Esta nova e saborosa criação dos enólogos Pepe Galante e Mariano Di Paola é elaborada com um corte de 50% Malbec e 50% Tempranillo, maturado 12 meses em barricas de carvalho francês e americano. É um vinho exuberante e cheio de fruta, com notas de especiarias e um agradável toque sedoso no palato. Um verdadeiro achado, que já surge como uma das maiores pechinchas da Argentina.
Saúde!

Compreendendo o Vinho – Final


Um termo muito usado no mundo do vinho é “terroir”, palavra francesa que significa terreno, mas que esconde todo um significado enológico que é considerado primordial: entender a relação do local onde as uvas foram plantadas, e o vinho produzido, com suas características organolépticas. Um conceito complexo e nada fácil de compreender. Estão envolvidos: tipo do solo, condições climáticas, orientação do parreiral, etc..

Podemos perceber melhor esta ideia através de degustações que envolvam vinhos de diferentes regiões ou países produtores. Uma experiência interessante e esclarecedora seria compararmos um Cabernet, produzido na Califórnia, com seus irmãos Australianos, Chilenos, Argentinos e Brasileiros. As cepas internacionais como, Merlot, Syrah e Pinot Noir, são outras boas opções. Entre os brancos, Chardonnay e Sauvignon Blanc. Podemos usar vinhos de um único país desde que haja diferentes regiões produtoras, e que trabalhem as mesmas uvas.
Depois de adquirimos alguma experiência, nestes tipos de provas apresentadas, passamos para uma fase mais séria, mas não menos divertida. São as degustações clássicas: Horizontal e Vertical.
A primeira tem por objetivo compreender a influência de um determinado ano no vinho, comparando caldos de diversos produtores dentro de uma única safra. Mas temos que fixar uma diretriz, estabelecendo alguns parâmetros como a cepa, ou a região ou mesmo um determinado produtor. Para tirarmos algum proveito deste interessante exercício, devemos planejar bem a degustação, pois são tênues as nuances que farão a diferença entre um e outro produto.
Não podemos pensar em “tintos portugueses de 2009”, não teríamos meios de comparar o que vai ser apresentado. Mas “vinhos portugueses de Touriga Nacional, safra 2010”, seria uma prova interessante. A “horizontal” também é boa para compararmos vinhos de corte: diferentes produtores, mesma safra, mesmas cepas. Há uma enorme gama de possibilidades. Uma de suas variações é usada na apresentação dos vinhos de um produtor e pode incluir espumantes, brancos e tintos, num mesmo “flight”.
Na vertical, vamos comparar um mesmo vinho em diferentes anos. Muito importante, pois nos permite conhecer como a bebida evolui ao longo do tempo. Novamente, as varietais tradicionais sobressaem. Mas podemos usar e abusar dos vinhos de corte. Este tipo de prova se torna difícil em dois aspectos: obter garrafas das diferentes safras de um vinho; consegui-las sem pagar um preço absurdo.
Quase sempre organizadas por produtores ou grandes colecionadores, este tipo de degustação é muito valorizado. Em ambos os casos, é praticamente impossível conseguirmos um convite. Só para os “amigos do Rei”. Mas nada impede de realizarmos uma, guardando diferentes safras do nosso caldo predileto.
Se formos capazes de perceber e compreender todos estes detalhes, através das formas de degustação apresentadas, estaremos prontos para outra interessante aventura: uma degustação às cegas, onde os vinhos servidos só terão sua identidade revelada ao fim do evento. O objetivo é identificar o que estamos bebendo, uva, safra, origem, tipo (varietal ou corte), enfim, todas aquelas características que foram citadas anteriormente, sem nenhuma informação a priori, muitas vezes, nem a cor.
Algumas limitações se impõem. Não tem sentido fazer este tipo de comparação com vinhos escolhidos aleatoriamente. A melhor maneira é trabalharmos com temas, por exemplo, uma determinada uva, ou vinhos de uma região ou safra. Podemos “abrir” o tema ou apenas induzi-lo, seja com uma frase “são todos vinhos de uma única cepa”, seja usando o ambiente para passar esta informação, através de um jantar temático.
Este tipo de prova é a única que consegue desmascarar vinhos e degustadores: que tal experimentarmos com um vinho caro e outro barato…
O preparo de uma “às cegas” é importante. Nesta primeira imagem, temos as garrafas colocadas em embalagens numeradas. As fichas de degustação, importantíssimas neste caso, são identificadas por estes números.
Outra forma, um pouco mais restrita, é servirmos os vinhos em taças numeradas, eliminando-se o fator “garrafa”: tamanho, forma e peso podem ser pistas importantes.
Para radicalizarmos totalmente, a segunda imagem diz tudo: uma taça negra, totalmente opaca. Não saberemos nem a cor do vinho a ser provado.
Alguns conselhos finais:
1 – este último tipo de degustação pode ser feito até com um único vinho;
2 – mesmo entre degustadores experientes, o nível de acertos é baixo;
3 – em qualquer tipo de prova, começamos pelos vinhos mais jovens ou leves, subindo na escala;
4 – se houver diferentes tipos de vinhos, começamos pelo espumante, seguindo pelos brancos, rosés e tintos.
Quem vai encarar?
Dica da Semana I – Um vinho espanhol de excelente custo x benefício.
Sabor Real Joven 2008
Produtor: Bodegas Campinã, Castilla Leon, Espanha
Uva: Tempranillo (Tinta del Toro)
Sabor Real Joven foi produzido com videiras de mais de 70 anos de idade”. Cor Rubi escuro, oferece um maravilhoso bouquet de rochas moídas, especiarias, tabaco, lavanda, cereja e amoras. Na boca é um vinho encorpado, com boa fruta, apimentado e concentrado. Final longo e de caráter. Tem um potencial de guarda de 6 anos.
Robert Parker 90 pontos
Dica da Semana II – Jogo do Vinho
Um jogo de tabuleiro vem testar os conhecimentos dos enófilos e ensinar, de maneira descontraída, os iniciantes no universo do vinho. Idealizado por Celio Alzer, sommelier e professor da ABS (Associação Brasileira de Sommeliers) do Rio de Janeiro. Com sua experiência de mais de 20 anos na sala de aula, coletou durante todo esse tempo as mil perguntas que compõem o livro do jogo. “Entre os assuntos destacados estão curiosidades, dicas de harmonização, notas sobre personalidades do mundo do vinho e sugestões de drinques”. O jogo tem tiragem limitada. O jogo vem com um tabuleiro, um livro com mil perguntas e respostas, 30 cartas e quatro peões. O kit traz ainda quatro meias garrafas de tintos selecionadas: o italiano Chianti DOCG Fattoria di Basciano, o chileno Terranoble Cabernet Sauvignon e dois portugueses – Terras de Xisto e Convento da Vila.
Para saber onde encontrar o Jogo do Vinho ligue para (21) 2286-8838 ou (21) 2535-0070.

Compreendendo o Vinho – 1ª parte


A grande diferença entre os profissionais do vinho e os enófilos de fim de semana, está no fato de que, os primeiros, fazem degustações didáticas, periodicamente, como uma rotina de seu trabalho. Neste grupo, incluo os vinhateiros, enólogos, comerciantes, Sommeliers, críticos e jornalistas especializados.

Com algum empenho, seremos capazes de treinar o nosso paladar, usando as mesmas técnicas de degustação dos profissionais. Assim, poderemos apreciar todas as nuances que a mais nobre das bebidas pode nos oferecer.
São situações diferentes, beber um vinho num almoço de família ou de negócios ou bebê-lo com intuito educativo: as degustações são sempre comparativas, só assim se aprende as diferenças entre um e outro produto, sejam elas virtudes ou defeitos.
Uma das primeiras degustações a serem experimentadas, por uma confraria ou grupo de amigos, é a que envolve vinhos de diferentes cepas de uva. Devemos manter uma coerência na escolha dos vinhos. Nada de degustar tintos, brancos e espumantes ao mesmo tempo. Selecionamos os produtos de uma região. Se possível, todos de uma mesma safra. Exemplo: tintos do Chile, o que incluiria Carménère, Cabernet Sauvignon, Merlot, Syrah e Pinot Noir, pelo menos. Vamos apenas provar estes vinhos e compará-los. A ideia é poder diferenciar cores, aromas e sabores, etc.. Neste tipo de prova, uma garrafa atende até 12 pessoas. Começamos com 2 ou 3 vinhos de cada vez.
FICHA DE DEGUSTAÇÃO
Devemos registrar as nossas experiências, seja através de notas num caderno ou utilizando uma Ficha de Degustação padronizada. Desta forma, teremos uma maneira de lembrar o que aconteceu e usar esta informação a nosso favor, seja na compra de nossa próxima garrafa ou em outra prova de vinhos.
Na figura que acompanha este texto há um modelo que segue a metodologia criada pelo Engenheiro Químico italiano, Giancarlo Bossi.
É bem simples e didática, contemplando os seguintes aspectos: Aparência, Olfato, Paladar, Evolução e Avaliação Final.
Seu preenchimento é intuitivo.
Há os que preferem usar valores numéricos, neste caso, é possível atribuir um determinado número de pontos para cada item (máximo):
Visual – 16 pontos;
Aromas – 24 pontos;
Paladar – 60 pontos,
Totalizando 100.
A tabela a seguir nos dá uma perspectiva de resultado:
Para a turma do ‘difícil’, ‘muito técnico’ e ‘complicado’, lembramos que nada disto é obrigatório. Uma boa anotação num caderno resolve o problema ou, se houver interesse, podemos criar a nossa própria ficha, simplificando este modelo.
O próximo passo é tentar uma degustação de vinhos que passaram ou não por madeira. Talvez a tarefa mais árdua seja a de descobrir como os vinhos foram produzidos, para incluí-los no teste. A melhor forma é consultar a descrição do produto (ficha técnica), disponível nos catálogos ou sites das vinícolas. Um bom produtor costuma colocar estas informações no contra rótulo. Nas lojas especializadas, qualquer vendedor saberá nos informar. O exercício tem por objetivo treinar a identificação da presença, ou não, de madeira e as nuances adquiridas pela bebida.
Novamente, não devemos misturar brancos e tintos. A situação ideal é aquela com vinhos de um mesmo produtor. Com tempo, poderemos sofisticar este tipo de prova, acrescentando um maior grau de dificuldade, por exemplo, identificar a origem da madeira usada e o tempo de contato. Uma boa sugestão, para começar, é fazer este tipo de prova com diferentes Malbec argentinos.
Na coluna da próxima semana, vamos propor provas mais objetivas ainda. Até lá, que tal começarmos a treinar o nosso paladar, com estes conselhos aqui:
• Coma com calma, não seja apressado.
• Use os olhos quando comer, aprecie, repare no que está comendo.
• Sinta os aromas da comida, habitue-se a usar o nariz quando está comendo.
• Adote o Slow Food, dedique algum tempo às refeições.
• Beba vinho durante a refeição.
• Nunca encha a taça. Fique no 1/3 do volume (menos da metade) e tome pequenos goles.
• Deixe o Vinho passear pela sua boca, aprecie seu sabor.
• Com Fast Food, não tome vinho.
• Beba água regularmente.
• Comece com vinhos mais baratos e simples.
• Introduza novos vinhos, mais caros, aos poucos.
• Compre vinhos no máximo com o dobro do preço do que você consome regularmente.

Dica da Semana I – um bom tinto brasileiro: 

Innominabile Lote III – $

 Produtor: Villaggio Grando – Campos de Herciliópolis – SC
Uva: Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Merlot, Malbec, Pinot Noir e Petit Verdot
Sua coloração rubi com reflexos violáceos é intensa e brilhante. Seus aromas são amplos e intensos, passando por fumo em rama, baunilha, coco e amoras silvestres. Em boca há um grande equilíbrio entre o teor alcoólico e acidez quase imperceptível. Mas são seus taninos macios que o definem como um vinho estruturado, redondo e aveludado. É um vinho complexo, de guarda, o qual, acreditamos estará na sua plenitude no decorrer de alguns anos, mesmo já sendo possível degustá-lo.
Dica da Semana II – para aqueles que realmente querem se aprofundar neste tema:

“Nez du Vin” – o nariz do vinho (produto francês)
A caixa ajuda-nos a treinar o olfato a reconhecer e identificar os 54 principais aromas presentes no vinho. É muito utilizada pelos grandes Enólogos e Sommeliers de todo o mundo para treinar o olfato na identificação dos aromas do vinho.
Para aqueles que quiserem um kit menor é possível encontrar versões de 24, 12 e 6 aromas. Para os kits menores existem temas variados como “Defeitos”, “Carvalho Novo”, “Vinhos Tintos” e “Vinhos Brancos”.
O preço é salgado, mas vale a pena.
Real Imports e Mistral, entre outros, tem à venda. Este é o mais famoso, mas existem kits de outros produtores, bem mais em conta. Procurem por ‘Caixa de Aromas’.

O dilema proposto por Drummond

A coluna desta semana segue o mote da anterior e continua convidando para mais uma caminhada em busca da qualidade. Este encontro é quase previsível e inevitável. Alguém vai nos oferecer um vinho que vai nos encantar e, a partir deste episódio, aquele nosso caldinho do dia a dia se torna desinteressante, os vinhos dos amigos passam a ser criticados, até a nossa loja preferida fica sem opções interessantes. Neste momento, lembramo-nos do belo e intenso poema de Drummond: 
E agora, José? 
Agora, tal e qual uma antiga anedota, temos duas notícias: a boa e a não tão boa assim. A primeira é que o nosso paladar está mais apurado, subiu um ou mais degraus na escala dos bons vinhos; a outra é que vinhos de boa qualidade são caros, às vezes, muito caros. Mas valem cada centavo pago. 
Vinhos de alta gama não são para o todo dia, por isto mesmo, não devemos mudar nenhum padrão de consumo, por enquanto. Mas vale a pena observar que se compramos uma garrafa que custe mais 20 ou 30 reais, perceberemos uma grande diferença em relação ao que estamos acostumados a consumir. Se investirmos num produto numa faixa de preço acima de 100 reais, as diferenças serão brutais. 
Os grandes vinhos são produzidos em pequenas quantidades. As uvas que serão usadas na vinificação foram plantadas nas áreas mais nobres do vinhedo e, antes de entrar no processo produtivo, são selecionadas de forma manual. Contempla-se um baixo rendimento, o que significa uma produção de 3.000 a 4.000 litros por hectare plantado (100m x 100m). Um vinho comum é obtido a partir de rendimentos superiores a 100.000 litros por hectare. Na cantina, são empregados os melhores equipamentos e o amadurecimento é feito em barricas novas de carvalho. Tudo de alta qualidade. Os preços são formados a partir destes fatores, mas muitos produtores abusam. 
Para não detonar o nosso orçamento, uma estratégia que sempre funciona é a da substituição: troquem algumas garrafas que compraríamos para o todo o dia, por uma de maior preço. Outro caminho seguro, especialmente para a faixa superior de preço, é dividir o custo e o conteúdo, entre amigos. 
Mas o gostoso mesmo é o que chamamos de garimpar! Vamos atrás destas preciosidades, do nosso ouro líquido. Esqueçam os lugares óbvios: supermercados, delicatessen e assemelhados. Pode até existir algum vinho mais caro por lá. Mas, atenção: por não ser um produto que se encaixa no perfil do cliente típico destes comércios, o mais provável é que este vinho não esteja em boas condições. O lugar ideal, para começar, são as lojas especializadas e as importadoras. Outro ponto importante é ler as críticas, assunto já tratado numa coluna anterior. Procurem por vinhos que estão chegando ao nosso mercado, ou os chamados best buy (boas compras, promoções), vinhos que estão na hora de serem consumidos e que nos são oferecidos a muito bom preço. 
Para ajudar os leitores nestas pesquisas, apresentamos abaixo, uma relação de sites das principais importadoras de vinhos. Muitas oferecem um suntuoso catálogo, em geral após uma compra. Outras possuem lojas virtuais ou indicam locais de compra em diversas cidades. Na Internet, existe uma infinidade de sites de venda de vinhos, inclusive um clube de compras. 
Boa Sorte! 
Mistral – http://www.mistral.com.br/ (procure nas barganhas do mês e no Bon Marché) 
Vinci – http://www.vincivinhos.com.br/ 
Grand Cru – http://www.grandcru.com.br/ 
Expand – http://www.adegaexpand.com.br/ 
Bergut – http://bergut.shop.com.br 
Decanter – http://www.decanter.com.br/Vitrine/Home/Home.aspx 
Lidador – http://www.lidador.com.br/loja/ (uma das mais antigas do Brasil) 
Ana Import – http://www.anaimport.com.br/loja/ (ligada ao grupo musical Chiclete com Banana) 
Terramater – http://www.terramatter.com.br/atual/ (promete a loja para breve)
Casa Flora – http://www.casaflora.com.br/ (indica aonde comprar) 
Porto-a-Porto – http://www.portoaporto.com/2009/default/ (idem) 
Club du Tastevin – http://www.tastevin.com.br/site/index.php (só vinhos franceses) 

Dica da Semana – Para os leitores se aventurarem, um vinho caro, mas muito bom!

Alfa Crux Malbec 2006 
Produtor: O.Fournier / Argentina / Mendoza 
Uva: Malbec 
Um dos maiores e mais aclamados Malbecs de todo o mundo, tendo recebido a safra de 2006, 91 pontos da Wine Spectator, que destacou a grande presença de boca e fruta madura, deste belíssimo tinto que, brilha através do longo final. Apontado como um dos três melhores vinhos da Argentina pelo crítico inglês Tom Stevenson, é intenso e cheio de fruta, sendo bem mais elegante e fino que a grande maioria dos Malbecs elaborados no país. 
Wine Spectator – 91 pontos; Wine Enthusiast – 94 pontos; Robert Parker – 93 pontos; Wine & Spirits – 90 pontos

Saúde !

O vinho na Melhor Idade

A coluna desta semana não é sobre de bebedores de vinho idosos. Vamos falar de vinhos envelhecidos e por que um dia vocês vão querer experimentar um.
E o que há de tão especial nisto? Porque esta paixão por vinhos antigos? Como alguém pagou US$ 156,000.00 (cento e cinquenta e seis mil dólares) por uma garrafa de Chateau Lafite que teria pertencido a Thomas Jefferson? (mais tarde descobriu-se que era uma fraude…).
Pagar este preço por um vinho sem saber qual o real estado dele, só com muito dinheiro para gastar. Puro status ou esnobismo. Segundo fontes seguras, este comprador, anônimo, seria um grande colecionador e não um apreciador.
Para os demais mortais, enófilos de verdade, esta grande paixão se esconde atrás de um mistério. Vinhos envelhecem quase como seres humanos. Alguns ficam muito melhores enquanto outros se tornam ácidos e amargos. Como saber?
Alguns grandes vinhos levam muito tempo para serem postos no mercado. Um bom Pinot da Borgonha só vem ao mundo 15 anos após sua produção. Mesmo assim, não está pronto para o consumo. Há que se esperar mais alguns anos para atingir seu ponto de maturação exato, com taninos e acidez domados, aromas complexos e, de acordo com quem já passou por esta experiência, sabores inebriantes. Este momento talvez seja a grande coroação da vida de um amante do vinho, encontrar a tal garrafa, cuidar dela como se fosse um filho, e um dia desfrutar do seu conteúdo. Um sonho acalentado por muitos.
Vinhos longevos são caros, por definição. São produzidos como joias, em poucas quantidades, nem sempre são fáceis de encontrar. Se o leitor dispõe de recursos, poderá comprar uma destas preciosidades a partir de um leilão de vinhos. Por favor, nos convide para apreciar.
O outro caminho é investirmos num vinho novo e guardá-lo por 10, 15 ou 20 anos antes de desarrolhá-lo. Não é uma tarefa simples. O primeiro desafio é escolher o vinho. Algumas características são importantes: maior teor alcoólico; taninos adequados; acidez elevada e níveis de açúcares apropriados. Também são importantes a qualidade da rolha e a adega aonde será armazenado.
Algumas castas se prestam perfeitamente para esta função, notadamente a Nebbiolo, grande uva italiana que produz o não menos famoso Barolo. Outra italiana, que segue o mesmo caminho é a Sangiovese e seus clones, como a Grosso, a vinífera usada no Brunello de Montalcino. A já citada Pinot Noir e o trio Bordalês (Cabernet Sauvignon, Merlot e Cabernet Franc) são apostas certas – um bom Château é algo acima dos 10 anos.
O mesmo ainda não pode ser dito das tintas cultivadas no novo mundo, notadamente as do hemisfério sul: Malbec, Carménère, Tannat e Pinotage. Há uma barreira, teórica, que gira em torno de 10 anos. Estes vinhos são produzidos para o mercado imediato, não havendo uma preocupação em prepará-los para serem consumidos após uma hibernação. Há exceções, ótimas por sinal. Uma delas, de boa relação custo x benefício é o icônico Almaviva do Chile, tem uma estimativa de guarda de 12 anos.
A tabela (anos/tipos de vinhos) abaixo ajuda a decidir até onde podemos ir.
Anos
Vinho
1
Beaujolais Noveau
2
Brancos genéricos sul-americanos, vinho verde
3
Tintos e brancos genéricos europeus, tintos comuns sul-americanos,
espumantes brasileiros, rosados
5
brancos europeus e tintos 1ª linha sul-americanos
7
bons tintos europeus, champanhes não safrados,
alguns tintos sul-americanos excepcionais
10
grandes brancos europeus, champanhes milesimés (datados)
15
tintos europeus de alta qualidade – Bordeaux, Rioja, etc
25
Grandes tintos europeus (Bordeaux, Bourgone, Barolo, Brunelo, etc),
vinhos doces tipo Tokay, Sauternes
50 +
Fortificados, alguns poucos tintos e brancos europeus excepcionais
O que esperar com relação a aromas e sabores? Esqueçam tudo que vocês estão habituados: frutas maduras e potência. Os vinhos envelhecidos cheiram a couro, tabaco, amadeirados, especiarias, etc. São pouco tânicos, equilibrados. A madeira surge de forma mais integrada deixando a bebida rica em novos aromas, mais complexa. Mas apreciar estas sensações exige treino e paciência.
Uma proposta: compre 3 ou 4 garrafas de um bom caldo e deixe-as envelhecer por diversos períodos: 2, 5, 8 e 10 anos. Abra uma de cada vez e compare com o que bebeu antes. Só assim se aprende.

Dica da semana:algo bem diferente, um vinho Grego:

Kretikos Vin de Pays 2008 – Boutári
País: Grécia – Creta
Castas: 60% Kotsifali e 40% Mandilaria
Kretikos é a nova linha de vinhos de Boutári elaborados com uva de vinhedos plantados na ilha de Creta, produtora de vinhos há mais de 3.000 anos. Este tinto é um original corte das castas Kotsifali e Mandilaria. Leve e saboroso, deve ser servido levemente refrescado, como um Beaujolais, sendo uma ótima pedida para acompanhar massas, fritos e pratos mais picantes. 
Saúde!
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