Compreender a importância dos rótulos é algo muito fácil: basta imaginar como a nossa vida seria difícil sem eles!
Segundo consta nos livros sobre a história dos vinhos, teriam sido os egípcios os primeiros a marcar suas ânforas com dados sobre o que estariam nelas: o ano de produção, o local de origem, o nome do produtor e o tipo do vinho. Tudo gravado na cerâmica, ainda fresca ou em processo de secagem.
Era um produto muito apreciado. Na tumba do Rei Tut (Tutancamon) foram encontradas cerca de 30 ânforas de diferentes vinhos, para que ele pudesse desfrutá-los na eternidade.
Há um longo caminho desde o Egito dos tempos de Faraós e pirâmides até os modernos rótulos impressos que decoram as garrafas de hoje.
Cada país produtor tem suas regras para a rotulagem dos vinhos. Algumas informações são comuns, quase obrigatórias, por exemplo, graduação alcoólica, origem, nome do produtor. Outros dados podem aparecer no contrarrótulo, como os selos de regiões controladas, importadores e demais minúcias burocráticas.
As grandes vinícolas se esmeram em rótulos muito elaborados, com grandes nomes do design por trás de cada um, afinal, este primeiro contato visual é que vai estimular a nossa curiosidade e, eventualmente, comprar a garrafa.
Seguindo por este caminho, estaríamos fazendo uma compra por puro impulso, nada sabendo sobre o conteúdo. Talvez uma pequena pista sugerida pelo formato e cor do vasilhame, e só.
Fica clara a função do rótulo: informar!
A primeira coisa que devemos buscar é o ano de produção, a safra, que deve estar bem destacada. Algumas vezes o autor do rótulo prefere mover esta importante informação para o contrarrótulo, mas ela deve estar sempre presente. Existem vinhos não safrados, os mais comuns deles são os espumantes. Alguns vinhos de corte também podem não apresentar esta data, mas deve haver alguma indicação clara sobe isto. Geralmente são obtidos por “blends” de duas ou mais safras.
A segunda informação é a origem do vinho, principalmente se vier de alguma região de origem controlada ou indicação geográfica. Significa que seguiu normas de produção mais restritas o que, indiretamente, implica numa melhor qualidade e preço mais alto. Mas não é uma garantia.
O terceiro ponto a se buscar no rótulo é o nome do produtor. Alguns se tornaram maiores que seus produtos e, esta menção, pode ser mais destacada que o próprio nome do vinho. Há um eficiente marketing numa decisão destas: muitos apreciadores preferem comprar um Antinori, um Chapoutier, um Rolland…
Por fim, o rótulo deve apresentar a composição do vinho, seja ele um varietal ou um corte, e o teor alcoólico. Infelizmente, as múltiplas regras em vigor nem sempre impõem estas dados. Muito comum em vinhos chamados “de entrada” que conste apenas, no rótulo traseiro, algo como “uvas viníferas europeias”.
Existem complicadores nestas regrinhas básicas. Os mais famosos são os rótulos de origem francesas. Em vez de enfatizarem as castas utilizadas, destacam a região. Além disto, os nomes de cada vinho podem estar associados ao das vinícolas. Os vinhos de Bordeaux são denominados pelos “Chateaux” (há exceções). Já os da Borgonha são mais conhecidos por seus “Domaine” (idem).
O comprador precisa ter alguma cultura para saber que um Sancerre é um Sauvignon Blanc e um Chablis é um Chardonnay. Mas isto já é quase uma lugar comum e acaba virando motivo de bons papos quando se descobre algum inocente neste assunto.
Rótulos também podem se transformar em obras de arte. O famoso Chateau Mouton Rothschild contrata um artista internacional para desenhar sua etiquetas a cada safra. O do milênio se tornou um dos mais conhecidos.
Notem que mesmo num projeto de concepção artística, tudo o que importa está ali: a safra (2000), o nome/local do vinho (Bordeaux) e a região demarcada (AOC Pauillac).
Saúde e bons vinhos!
Créditos:
Foto de abertura obtida do site Wine and Cork no Pinterest
Foto da garrafa obtida no site da vinícola, onde existe uma coleção de todos os seus rótulos: Chateau Mouton Rothschield