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O melhor, o mais antigo, o mais mais e etc…

Algumas das últimas colunas provocaram uma saudável relação de perguntas dos leitores, todas respondidas por e-mail. Mas ficamos sempre com impressão que faltou alguma explicação. Ter dúvidas sobre determinados temas não só é absolutamente normal como desejável. Entretanto, algumas questões propostas são de difícil resposta, por exemplo, quando recebemos indagações deste calibre:
 
Há algum vinho de corte que esteja colocado entre os melhores do mundo?
 
Qual o vinho de safra mais antiga que você conhece que certamente pode ser consumido ainda com qualidade?
 
Com quantos anos podemos considerar um vinho impossível de beber?
 
A esta relação poderíamos acrescentar sem nenhum problema as eternas questões como “Qual o Melhor?” ou “Qual o mais caro?” e outras no gênero.
 
Para sermos completamente corretos, nenhuma destas perguntas tem uma única resposta. Pior, as diversas opiniões sobre cada uma podem ser até mesmo conflitantes.
 
Existe uma razão: nenhum vinho é igual a outro, nem dentro de uma mesma vinícola. A cada nova colheita as uvas terão diferentes níveis de açúcar o que vai implicar, no mínimo, em quantidades de levedura e/ou tempo de fermentação e maceração diferentes. Só isso já define vinhos de características distintas, embora oriundos do mesmo vinhedo.
 
Produzir um vinho não é um ato mecânico e repetitivo, como fabricar uma peça de metal ou plástico, aos milhares, numa máquina especialmente projetada para tal. Na enologia, cada partida de uvas é um caso único e deve ser tratado desta forma, não pode haver padronização. Nem nos vinhos de entrada que são produzidos em grandes volumes para atender à demanda das principais redes de mercados. Um mínimo de cuidados específicos é necessário, caso contrário o produto final não será aceito por ninguém.
 
Com isto em mente, imaginem como é difícil responder a uma questão como “Qual o melhor Cabernet?”.
 
Se colocarmos esta dúvida dentro de uma vinícola, o enólogo é capaz de responder que o seu melhor vinho é este ou aquele, respeitada uma condição como faixa de preço ou volume produzido. Mesmo assim entra nesta equação um fator muito subjetivo: o gosto pessoal dele. O nosso pode ser outro…
 
Caso mudemos a escala e tentarmos entender qual o melhor vinho de um país produtor, por exemplo, “Qual o melhor Cabernet do Chile?”, dificilmente vamos obter uma resposta objetiva.
 
Teríamos primeiro que selecionar, com todas as dificuldades mencionadas no parágrafo acima, quais os melhores de cada sub-região: Maipu, Puente Alto, Vale Central, etc. (e isto envolve todas as vinícolas). Depois, decidir qual o melhor entre estas escolhas.
 
Mas quais os critérios que vamos adotar para fazer esta seleção?
 
A palavra de cada enólogo?
 
As notas dos grandes críticos?
 
O nosso gosto pessoal?
 
Todas as acima?
 
Tarefa hercúlea!
 
Imaginem tentar saber qual o melhor do mundo…
 
Só mais uma lembrança: para muitos enófilos já é difícil determinar qual é o melhor vinho de sua adega!
 
 
Quando se trata de saber qual o mais antigo vinho ainda em condições de ser consumido, o nível de complicações se multiplica exponencialmente. Para respondermos esta pergunta, com alguma objetividade, teríamos que conhecer todas as adegas do planeta e ter o seu conteúdo devidamente catalogado. Mas há uma curiosa pegadinha: no momento que identificarmos este vinho e o abrimos, ele automaticamente deixa de ser “o mais antigo”…
 
Honestamente, nem as grande vinícolas sabem o quê ainda tem em estoque e se aquelas raridades são viáveis para consumo. Uma simples destampada de um barril ou garrafa para tirar uma amostra pode ser o fim de todo o resto.
 
Um exemplo bem atual vem de Portugal. Em 2008, um dos enólogos da Taylor’s localizou, na vila de Prezegueda, duas barricas de vinho do Porto produzido antes da Filoxera, com mais de 150 anos, pertencentes a uma família de vinhateiros. Um tesouro passado de geração para geração.
 
Em 2009 o último descendente decidiu vendê-las. Levadas para as caves de Vila Nova de Gaia, o vinho se mostrou em perfeitas condições e simplesmente maravilhoso. A Taylor’s optou por comercializá-lo com o nome de Scion: poucas garrafas e um custo perto do absurdo. (não existe mais nenhuma à venda…)
 
 
Este fato gerou um verdadeiro frenesi entre os outros produtores e uma busca insana por estas raridades foi iniciada. Vinhos do Porto ou Madeira com mais de 100 anos estão na moda. O que mais vão encontrar?
 
Dois outros vinhos, muito antigos, ficaram mundialmente conhecidos por fatores “extracampo”. O primeiro foi um lote de míticas garrafas de Chateau Lafite 1787, que teriam pertencido ao Presidente Thomas Jefferson, e que estariam, ainda, em perfeitas condições de consumo.
 
Um grupo de quatro delas foi leiloado em 2008, pela respeitada casa Christie, e arrematado por cerca de US$ 500,000.00 (quinhentos mil dólares). Mais tarde descobriram que era uma falsificação o que gerou um longo e milionário processo, investigações policiais altamente sofisticadas, culminando com a prisão e desmascaramento do hábil falsificador, além de artigos, livros e provavelmente um filme.
 
Outra raridade conhecida é uma garrafa de Chateau d’Yquem, o mais famoso dos Sauternes, datada de 1811 e arrematada em 2011 por astronômicos 120.000 dólares, provavelmente o mais caro vinho até então. Não será aberto, apenas ficará exposto em uma vitrine no restaurante de seu proprietário em Honk Kong.
 
 
Mitos à parte, nem mesmo uma simples reposta sobre o mais caro vinho pode ser respondida sem ressalvas: quando, onde, como?
 
Um dos sites mais utilizados por quem vive o mundo do vinho é o Wine Searcher (http://www.wine-searcher.com/), em inglês, que localiza vinhos nos mais importantes mercados. As lojas especializadas, vinícolas e casas de leilão se encarregam de fornecer as informações. É gigantesco! Uma pesquisa pode gerar diversas páginas de resultados, muitas vezes cansativos de ler. Mas nelas é que podemos descobrir algum tesouro enterrado. Periodicamente publicam pesquisas bem objetivas, curtas e muito interessantes.
 
Uma delas, que vamos reproduzir a seguir, procurou por vinhos que receberam, em qualquer época, as notas máximas atribuídas pelos seguintes críticos ou publicações: Jancis Robinson, Robert Parker, Jamie Good, Stephen Tanzer, Jeannie Cho Lee, Michel Bettane e as revistas Wine Spectator, Cellar Tracker, Falstaff (Áustria) e Revue du Vin de France. Um time de muito respeito.
 
Foi calculada uma média simples de todas as notas, por vinho, e elaborada a lista apenas com aqueles que conquistaram, neste resultado final, 99 ou 100 pontos. Somente 7 (sete) vinhos passaram nesta peneira.
 
Seriam eles os maiores de todos os tempos?
 
1 – Château d’Yquem, 1811
Um Sauternes elaborado a partir de uvas botritizadas. Talvez o mais famoso vinho doce do mundo.
 
2 – E. Guigal Côte Rôtie La Mouline, Rhône, 1978
Um vinho da região mais premiada com 100 pontos Parker, o vale do rio Ródano. Um corte da tinta Syrah com a branca Viognier.
 
3 – Château Lafleur, Pomerol, 1950 (Bordeaux)
Corte Bordalês, margem direita, predominância de Merlot.
 
4 – Paul Jaboulet Ainé Hermitage La Chapelle, Rhône, 1961
Um varietal, 100% Syrah, com as parreiras plantadas como se fossem arbustos (Globet). Região do rio Ródano, novamente.
 
5 – Quinta do Noval Nacional Vintage Port, 1963
Vinho do Porto.
 
6 – Krug Clos du Mesnil Blanc de Blancs Brut, Champagne, 1979
Quem não aprecia um bom Champagne?
 
7 – Domaine Jean-Louis Chave Ermitage Cuvée Cathelin, Rhône, 2003
Outro vinho do Ródano e novamente 100% Syrah. Notem a safra.
 
Analisar esta lista em profundidade nos forneceria assunto para várias semanas. Faríamos novos amigos e certamente ganharíamos outros inimigos: nunca haverá uma unanimidade sobre este resultado.
 
Chamamos a atenção para alguns detalhes:
 
– A França domina a lista com 6 vinhos. A exceção é um vinho de Portugal;
 
– 5 tintos e 2 brancos: um doce e o outro espumante;
 
– um único Bordeaux… (baseado em Merlot)
 
– 3 vinhos da região do Rhone, todos com Syrah, que nem mesmo entra numa relação de castas nobres…
 
– entre os tintos, 3 (três) vinhos de corte e 2 (dois) varietais.
 
Resumindo tudo isto numa única frase:
 
“Não existem verdades absolutas no mundo do vinho”.
 
Entenderam como funciona?
 
Dica da Semana:  em homenagem aos vinhos de Portugal que ontem, hoje e sempre estão entre os melhores.
 
Vadio Bairrada DOC Tinto 2007
Seguindo na linha desta semana, este vinho é um varietal, coisa rara entre os tintos portugueses, elaborado com a casta Baga (100%). Proveniente da Bairrada, ótima região produtora ainda sem o reconhecimento como o Douro ou o Alentejo.
Um vinho potente, estruturado, com taninos marcantes a altamente gastronômico.
Imperdível!
 
 
 

Quais os reais benefícios do vinho para a saúde?

O vinho tem sido usado como um medicamento há muito tempo. Hoje é fato conhecido que as primeiras vinificações ocorreram 8.000 anos atrás na região da Europa conhecida como Geórgia. Egito e Grécia também já produziam vinhos naquela época.

Particularmente ávidos eram os Egípcios, evidências arqueológicas mostram que elaboravam tintos e brancos. Descobertas mais recentes concluíram que muitos destes vinhos eram infundidos com diferentes ervas, as mesmas usadas pela medicina de então, o que sugere que a bebida era usada como medicamento ou pelo menos como agente para ministrar um remédio. Coentro, salsa, resina de pinho, entre outras, eram comumente usados como analgésicos, preservativos e desinfetantes.

Na Grécia antiga não era diferente. Hipócrates indicava o vinho como um dos seus poderosos medicamentos: auxiliava tanto na cura da diarreia como diminuía as dores do parto. Usava como antisséptico em lugar da água, muito contaminada então. Outro adepto destas técnicas era o naturalista romano Plínio, o velho: “o vinho delicia o estômago e cura aflições”.

Vários textos sagrados mencionam o vinho como uma possível cura. O Talmude afirma que quando não há vinho outros medicamentos serão necessários. Na Bíblia, em Timóteo 5:23 pode-se ler a recomendação de São Paulo:

“Não continue a beber somente água; tome também um pouco de vinho, por causa do seu estômago e das suas frequentes enfermidades”.

Uma interessante curiosidade liga o vinho e a Coca Cola, outra bebida à qual se atribuem alguns efeitos terapêuticos: ela seria uma versão americanizada de um “vinho” Bordalês, conhecido como Vin Mariani, uma mistura de um bom tinto com folhas de coca. Teoricamente o álcool seria capaz de absorver as propriedades da cocaína transformando esta bebida num poderoso tônico. Até o Papa apreciava. Em 1885, um farmacêutico de Atlanta, John Pemberton, começa a produzir sua própria versão que vendia como “French Wine Coca”, mais tarde Coca Cola.

A ideia de pesquisar as propriedades curativas do vinho nunca morreu e até hoje são gastas grandes somas de dinheiro para financiar os mais diversos estudos. Alguns, como a descoberta do antioxidante Resveratrol foram muito divulgados e badalados, mas com resultados efetivos ainda questionados.

Estudos recentes mostram:

1. Estimula a longevidade – de acordo com pesquisa da Escola de Medicina de Harvard, este seria um dos benefícios do Resveratrol. Uma pesquisa finlandesa realizada durante 29 anos demonstrou que houve um decréscimo de 34% na taxa de mortalidade entre os que consumiam vinho, comparados com outras pessoas que preferiam cerveja ou destilados;

2. Melhora a memória – principalmente a memória recente, mais um benefício do Resveratrol;

3. Reduz o risco de doenças cardíacas – um estudo de 2007 sugere que a Procianidina, um composto encontrado nos taninos dos vinhos tintos, ajuda a manter a saúde cardiovascular. As mulheres são mais beneficiadas que os homens neste caso. O consumo do vinho deve ser moderado 1 ou 2 taças por dia;

4. Preventivo da catarata – ficou demonstrado que o consumo moderado e regular de vinho diminuiu em 32% a incidência deste problema ocular;

5. Diminui o risco de câncer – pesquisadores da Universidade da Virginia (EUA) acreditam que o Resveratrol é capaz de inibir uma proteína chave no desenvolvimento de células cancerosas;

6. Previne cáries – os polifenóis presentes no vinho tinto teriam a capacidade de diminuir significativamente o crescimento das bactérias que provocam a cárie;

7. Reduz o colesterol – algumas castas têm fibras benéficas ao nosso organismo, entre elas a Tempranillo, o que induz a redução do LDL (colesterol ruim).

8. Diminui o risco de contrair resfriados – os antioxidantes no vinho tinto teriam esta capacidade, desde que se crie o hábito de consumir, no mínimo, 14 taças por semana (2 por dia). Pesquisas demonstraram que houve uma redução de 40% no índice de resfriados em ambientes controlados.

Mas nem tudo é 100% correto nestas pesquisas. Há sempre alguém preocupado em demonstrar que a realidade pode ser outra. Nosso pseudo vilão é um importante cientista, o Dr. Richard Semba, da Escola de Medicina da Universidade Johns Hopkins. Ele conduziu por 9 anos um abrangente estudo numa pequena vila em Chianti, Itália. Seus voluntários eram os moradores, todos consumidores habituais de vinho, um grupo de 768 homens e mulheres, que foram acompanhados por exames clínicos regulares.

A conclusão é um verdadeiro balde de água fria:

“Nós procuramos estabelecer uma relação entre os níveis de Resveratrol e uma série de problemas de saúde como câncer, doenças cardíacas e até mesmo longevidade. Não foi detectada nenhuma correlação”.

Aparentemente a grande diferença entre este e outros estudos está no fato que foram efetivamente medidos os níveis do antioxidante através dos exames de urina. Os níveis eram extremamente baixos e não trariam nenhum benefício.

Para o nosso organismo absorver uma quantidade significativa e termos alguma vantagem seria necessário consumir cerca de 100 taças por dia, o que nos traria outros problemas.

Ainda há muito a ser descoberto, e este primeiro resultado negativo de uma pesquisa não invalida as qualidades benéficas do vinho. O próprio Dr. Semba admite:

“Eu não creio que este estudo projete uma sombra negativa no vinho (ou no chocolate outra fonte do antioxidante). O que realmente aprendemos é que alimentos são complexos, e o vinho muito mais ainda. Não se pode simplesmente atribuir efeitos benéficos a um único componente como o Resveratrol. Então continue apreciando vinho ou chocolate desde que não os esteja consumindo só para atingir a cota de antioxidante”.

Dica da Semana:  já podemos pensar num bom tinto. Este surpreendeu num recente encontro de apreciadores.
 
Dal Pizzol Merlot 2012
Vinho requintado de cor intensa, potente, vermelha rubi com tons violáceos. Aroma pronunciado harmonizando a fruta com um toque de complexidade. Sabor persistente, com bom “volume de boca”, encorpado, harmônico com taninos aveludados.
Muito versátil, harmoniza com: vitela, rosbife, bacalhau, massas com molhos de carne, aves bem condimentadas, pato ou ganso, carne de porco, cordeiro, foie gras, suflês, queijos tipo gorgonzola, brie, roquefort, port salut.
 

A safra do vinho é relevante?

Tabela das safras já foi um brinde muito desejado pelos enófilos. Ganhar uma era quase um rito de passagem. Saber manuseá-la e comprar seus vinhos de acordo com as indicações significava que você era alguém no mundo dos vinhos. Naquele tempo havia poucas importadoras, o nosso vinho não era significativo e nem éramos bombardeados com esta enxurrada de informações como livros, periódicos além da Internet, com o “Tio Guga” sempre pronto a resolver nossas dúvidas.
 
A safra num rótulo de uma garrafa de vinho indica o ano da colheita das uvas para a elaboração do vinho. Até onde a história nos conta, os registros mais antigos foram encontrados em ânforas de vinho do Egito, marcadas com hieróglifos indicando o vinhateiro e o ano de produção. Desde então a safra tem sido um dos fatores que dividem os especialistas avaliando, esta ou aquela, como a melhor de uma determinada região, quase sempre assunto para grandes discussões.
 
Em Bordeaux o respeito à safra é quase uma religião!

Realidade ou não, a almejada tabelinha deixou de ser importante, a tal ponto, que foi declarada morta pelo jornalista Frank Prial do New York Times:

“Raramente um ano se passa sem que tenha sido produzido um bom vinho… os vinhateiros do mundo tornaram a Tabela de Safras obsoleta”.

Esta declaração provocou um interessante estudo conduzido pelo professor Roman Weil, da Universidade de Chicago, cujo objetivo era provar ou refutar a ideia proposta por Prial. Uma cuidadosa seleção de vinhos foi organizada, buscando-se pares de garrafas de um mesmo produtor, safras diferentes, dentro de uma faixa de preços acessível, cujas avaliações por Robert Parker tenham variado de boa até excelente. Os degustadores, alunos de pós-graduação da Universidade e enófilos experimentados, deveriam provar, às cegas, trios de amostras e definir dois pontos:

– se havia significantes diferenças entre as amostras provadas;

– qual amostra mais lhe agradava.

O resultado final comprovou a tese de Prial: “mais fácil seria escolher um vinho usando uma moeda (cara ou coroa)”. Ficou cientificamente comprovado que não há diferenças significativas entre as safras.

Uma curiosa exceção foram os vinhos de Bordeaux: era mais fácil identificar as safras, entretanto o gosto ou predileção por um ano indicado como melhor não se confirmava.

Resultado prático: a menos que você seja um colecionador de vinhos mais preocupado em mostrar o seu poder de compra organizando degustações verticais do seu caldo predileto, esqueça a safra e compre o vinho que lhe agradar dentro de suas possibilidades.

Para degustá-lo corretamente lembre-se destas simples recomendações:

– abra o vinho algum tempo antes de servi-lo;

– se preferir use um decantador ou aerador;

– olho na temperatura, nada de extremos;

– deixe o líquido respirar no copo por alguns momentos antes de degustá-lo. 

Aproveite para apreciar os aromas e treinar os seus sentidos;

– habitue-se a girar a taça suavemente para liberar aromas e sabores;

– acompanhe com alimentos que contrastem com taninos, acidez, corpo, etc.

Saúde!

Dica da Semana:  um excelente alvarinho, provado recentemente no evento Caravana dos Vinhos do Tejo.

 
Casal do Conde Branco – Alvarinho
 
Cor cítrica, aroma frutado ligeiramente limonado, conjugado com notas cítricas. No paladar é um vinho equilibrado com boa complexidade e com final longo e acídulo.
 
 
 
Neste link, uma Tabela de Safras de 2014:
 

Um júri feminino para o AWA 2015

O Argentina Wine Awards (AWA) é o concurso de vinhos de maior prestígio naquele país. Nesta 9ª edição houve uma interessante novidade: coube a 19 mulheres ligadas ao mundo do vinho escolher os melhores. Uma bela homenagem que foi chamada de “O empoderamento da Mulher no Vinho”.

Este luxuoso corpo de julgadoras foi formado por 12 personalidades estrangeiras e 7 argentinas. Sua tarefa foi provar 669 amostras e selecionando as melhores em diversas categorias. Um trabalho que foi supervisionado pela respeitada consultoria, inglesa, Hunt & Coady, garantindo toda a logística e lisura.

O Júri

A principal personalidade foi a respeitada jornalista e crítica de vinhos Jancis Robinson, primeira mulher a obter o difícil título de “Master of Wine”. Compunham o grupo as seguintes juradas:

Christy Canterbury, jornalista, panelista e júri de Nova Iorque. Escreve para a revista Decanter;

Susan Kostrzewa, editora executiva da revista Wine Enthusiast;

Barbara Philip, responsável pela seleção de vinhos europeus para a British Columbia Liquor Distribution Branch, Canadá;

Sara D’Amato, canadense, é consultora, sommelier, crítica de vinhos e sócia principal na WineAlign.com;

Annette Scarfe, trabalha como consultora independente junto a indústria vitivinícola asiática. Também é juiz em concursos de vinho no Reino Unido, Hong Kong e França;

Megumi Nishida, jornalista freelance, japonesa, atuando em várias revistas como Winart, Vinoteque, Wands, Cuisine kingdom;

Essi Avellan, da Finlândia, é editora da Revista Fine Champagne, a única Revista do mundo dedicada ao mundo do Champagne;

Felicity Carter, da Alemanha, é chefe editorial da Revista Meininger´s, dedicada ao mundo do negócio do vinho em nível internacional;

Cecilia Torres Salinas, enóloga, é a referencia número um da indústria do vinho chileno;

Suzana Barelli, Brasil, Jornalista e Editora da Revista Menu;

Shari Mogk Edwards é a chefe do departamento de marketing e vendas de vinhos e licores da LCBO (Liquor Control Board of Ontario, Canadá).

O júri argentino foi composto por:

Susana Balbo, proprietária da vinícola Dominio del Plata e presidente da Wines for Argentina;

Andrea Marchiori, sócia e enóloga da Viña Cobos;

Carola Tizio, enóloga chefe da Vicentin Family Wines;

Estela Perinetti, enóloga da Bodega Caro (Catena + Rothschild);

Flavia Rizzuto, eleita a melhor Sommelier do país;

Laura Catena, médica e atual diretora das Bodegas Catena Zapata e Luca;

Marina Beltrame, diretora da Escola Argentina de Sommeliers.

Os resultados

Os principais prêmios foram:

1 – Troféus
– Categoría “Malbec”:

Septima Obra Malbec 2012, Bodega Septima;

Riglos Quinto Malbec 2013 Finca Las Divas S.A.;

Casarena Single Vineyard – Malbec – Jamilla´s Vineyard – Perdriel 2012 Casarena Bodega & Viñedos;

Zuccardi Aluvional Vista Flores Malbec 2012, Familia Zuccardi.

– Categoría “Vinhos Espumantes”:

Ruca Malen Sparkling Brut NV, Bodega Ruca Malen.

– Categoria “Chardonnay”

Finca La Escondida Reserva Chardonnay 2014, Bodegas La Rosa;

Salentein Single Vineyard Chardonnay 2012, Bodegas Salentein.

– Categoria “Cabernet Franc”

La Mascota Cabernet Franc 2013, Mascota Vineyards;

Salentein Numina Cabernet Franc 2012, Bodegas Salentein;

– Outros troféus

Sophenia Synthesis The Blend 2012, Finca Sophenia;

Cadus Single Vineyard Finca Las Tortugas Bonarda 2013, Bodega Cadus;

Cabernet Sauvignon Proemio Reserve Cabernet Sauvignon 2013; Proemio Wines.

2 – Troféus Regionais:

Vales do Norte: Serie Fincas Notables Tannat 2012, Bodega El Esteco;

Vales de Mendoza: Decero Mini Ediciones Petit Verdot, Remolinos Vineyard 2012, Finca Decero;

Vales de San Juan: Santiago Graffigna 2011, Bodegas y Viñedos Santiago Graffigna;

Vales Patagônicos: Special Blend 2010, Bodegas Del Fin Del Mundo

A relação completa, em PDF, pode ser obtida neste link:

Agora é só escolher um deles e conferir como o seu paladar se ajusta com o das poderosas juradas.

Dica da Semana:  a maioria dos vinhos premiados ainda não está com as safras em indicadas à venda no Brasil. Este, safra 2010, é uma boa opção, ganhou um troféu pela safra de 2013.
 
Riglos Quinto Malbec 2010
Coloração rubi concentrada, com reflexos purpúreos. No olfato apresenta frutas negras e vermelhas maduras, páprica e um toque herbáceo que lhe outorga caráter e complexidade.
Texturado em boca, com taninos dóceis, cativante frescor e fruta generosa que convergem para um longo final.
Harmoniza com carnes vermelhas assadas na brasa, costeletas de cordeiro grelhadas e queijos de massa dura curada.
Premiações: Jancis Robinson: 16 em 20; Descorchados 2012: 87 Pontos.

Um curioso engano

Ossos do ofício: algumas vezes sou convidado a explicar algum obscuro tema do mundo do vinho. Desta vez foi uma casta misteriosa, a “Turibana”, da qual nunca tinha ouvido falar. Como não gosto de deixar pergunta sem resposta e para aproveitar a chance de conhecer um pouco mais sobre este diversificado universo, fui pesquisar nas fontes habituais.
 
Nada, zero, zilch!
 
O jeito foi pedir mais informações aos amigos que propuseram a questão, a história veio completa agora:
 
Tinham recém-voltado da Europa num voo da Lufthansa. Como são muito chiques, optaram pela Business Class com suas confortáveis poltronas e jantar gourmet, onde degustaram um vinho branco elaborado com a tal uva desconhecida. Registram apenas do nome dela.
 
Qual o nome do vinho? De que país ou região?
 
Lembraram que tinham ficado com um cardápio e lá estava o vinho. Reparem a denominação da casta (no detalhe). Era um vinho italiano da região de Lugana, produzido pela vinícola Cà dei Frati.
 
 
 
Mistério desfeito?
 
Quase!
 
Pesquisando pelo vinho no site da vinícola encontramos a seguinte ficha técnica:
 
 
Havia uma pequena diferença: “Turibana” era na verdade “Turbiana”. Um erro de digitação cometido por quem escreveu o cardápio. Ainda assim uma casta desconhecida. Mais pesquisas seriam necessárias…
 
Graças ao Dr. José Vouillamoz, reconhecido geneticista das uvas, hoje é possível compreender as videiras das mais diversas formas, inclusive estudando as árvores genealógicas das diversas espécies. Através de seu compêndio, “Wine Grapes”, publicado com as autoras Jancis Robinson e Julia Harding, foi possível descobrir que Turbiana é uma denominação local da região de Lugana.
 
Esta uva é conhecida como “Trebbiano di Lugana”, que também é chamada de “Trebbiano di Soave” que por sua vez seria similar à internacionalmente conhecida casta Verdicchio. 
 
A confusão aumenta: afinal que uva é esta? Verdicchio ou Trebbiano?
 
Novas pesquisas apontaram para uma série de denominações similares para ambas as castas. Não vamos reproduzir a lista completa, mas vale a pena ver estes trechos selecionados:
 
Sinônimos de Verdicchio – … Terbiana, Torbiana, Trebbiano di Lugana, Trebbiano di Soave, Trebbiano verde, Trebbiano Veronese, Turbiana, Turbiana Moscato, Turbiano, Turviana …
 
Sinônimos de Trebbiano – … Trebbianello, Trebbiano, Trebbiano Della Fiamma, Trebbiano Di Cesene, Trebbiano Di Empoli, Trebbiano Di Lucca, Trebbiano Di Tortona, Trebbiano Fiorentino, Trebbiano Toscano, Trebbianone, Tribbiano, Tribbiano Forte, Turbiano, Trebbiano di Soave, Trebbiano Romagnolo, Trebbiano Gallo, Trebbiano d’Abruzzo …
 
Curiosamente dois sinônimos são comuns em ambas as listas: Turbiano e Trebbiano di Soave. Seria a mesma uva?
 
A maioria dos Ampelógrafos afirma que a Verdicchio é provavelmente indígena da região do Marche, Itália, mas apresenta alguma relação genética com a Trebbiano e a Greco, principalmente em alguns clones plantados nas regiões da Lombardia e Soave. A casta Greco é reconhecida como a ancestral de quase todas as uvas brancas nativas da Itália.
 
Mistério quase desfeito…
 
Dica da Semana:  um branco da mesma região, Lugana, com a casta Trebbiano.
 
Lugana San Benedetto DOC 2011
 
Apresenta coloração amarelo-palha com reflexos esverdeados com aromas defrutas cítricas, notas minerais e toques florais.
No palato o vinho é frutado e fresco, de corpo leve e com equilíbrio entre acidez e potência. Seu retro-gosto remete à frutas cítricas, confirmando as sensações aromáticas. Harmoniza com pratos à base de peixes em molhos de média intensidade, aperitivos e antepastos.
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