Categoria: Sem categoria (Page 9 of 40)
Particularmente ávidos eram os Egípcios, evidências arqueológicas mostram que elaboravam tintos e brancos. Descobertas mais recentes concluíram que muitos destes vinhos eram infundidos com diferentes ervas, as mesmas usadas pela medicina de então, o que sugere que a bebida era usada como medicamento ou pelo menos como agente para ministrar um remédio. Coentro, salsa, resina de pinho, entre outras, eram comumente usados como analgésicos, preservativos e desinfetantes.
Na Grécia antiga não era diferente. Hipócrates indicava o vinho como um dos seus poderosos medicamentos: auxiliava tanto na cura da diarreia como diminuía as dores do parto. Usava como antisséptico em lugar da água, muito contaminada então. Outro adepto destas técnicas era o naturalista romano Plínio, o velho: “o vinho delicia o estômago e cura aflições”.
Vários textos sagrados mencionam o vinho como uma possível cura. O Talmude afirma que quando não há vinho outros medicamentos serão necessários. Na Bíblia, em Timóteo 5:23 pode-se ler a recomendação de São Paulo:
“Não continue a beber somente água; tome também um pouco de vinho, por causa do seu estômago e das suas frequentes enfermidades”.
Uma interessante curiosidade liga o vinho e a Coca Cola, outra bebida à qual se atribuem alguns efeitos terapêuticos: ela seria uma versão americanizada de um “vinho” Bordalês, conhecido como Vin Mariani, uma mistura de um bom tinto com folhas de coca. Teoricamente o álcool seria capaz de absorver as propriedades da cocaína transformando esta bebida num poderoso tônico. Até o Papa apreciava. Em 1885, um farmacêutico de Atlanta, John Pemberton, começa a produzir sua própria versão que vendia como “French Wine Coca”, mais tarde Coca Cola.
A ideia de pesquisar as propriedades curativas do vinho nunca morreu e até hoje são gastas grandes somas de dinheiro para financiar os mais diversos estudos. Alguns, como a descoberta do antioxidante Resveratrol foram muito divulgados e badalados, mas com resultados efetivos ainda questionados.
Estudos recentes mostram:
1. Estimula a longevidade – de acordo com pesquisa da Escola de Medicina de Harvard, este seria um dos benefícios do Resveratrol. Uma pesquisa finlandesa realizada durante 29 anos demonstrou que houve um decréscimo de 34% na taxa de mortalidade entre os que consumiam vinho, comparados com outras pessoas que preferiam cerveja ou destilados;
2. Melhora a memória – principalmente a memória recente, mais um benefício do Resveratrol;
3. Reduz o risco de doenças cardíacas – um estudo de 2007 sugere que a Procianidina, um composto encontrado nos taninos dos vinhos tintos, ajuda a manter a saúde cardiovascular. As mulheres são mais beneficiadas que os homens neste caso. O consumo do vinho deve ser moderado 1 ou 2 taças por dia;
4. Preventivo da catarata – ficou demonstrado que o consumo moderado e regular de vinho diminuiu em 32% a incidência deste problema ocular;
5. Diminui o risco de câncer – pesquisadores da Universidade da Virginia (EUA) acreditam que o Resveratrol é capaz de inibir uma proteína chave no desenvolvimento de células cancerosas;
6. Previne cáries – os polifenóis presentes no vinho tinto teriam a capacidade de diminuir significativamente o crescimento das bactérias que provocam a cárie;
7. Reduz o colesterol – algumas castas têm fibras benéficas ao nosso organismo, entre elas a Tempranillo, o que induz a redução do LDL (colesterol ruim).
8. Diminui o risco de contrair resfriados – os antioxidantes no vinho tinto teriam esta capacidade, desde que se crie o hábito de consumir, no mínimo, 14 taças por semana (2 por dia). Pesquisas demonstraram que houve uma redução de 40% no índice de resfriados em ambientes controlados.
Mas nem tudo é 100% correto nestas pesquisas. Há sempre alguém preocupado em demonstrar que a realidade pode ser outra. Nosso pseudo vilão é um importante cientista, o Dr. Richard Semba, da Escola de Medicina da Universidade Johns Hopkins. Ele conduziu por 9 anos um abrangente estudo numa pequena vila em Chianti, Itália. Seus voluntários eram os moradores, todos consumidores habituais de vinho, um grupo de 768 homens e mulheres, que foram acompanhados por exames clínicos regulares.
A conclusão é um verdadeiro balde de água fria:
“Nós procuramos estabelecer uma relação entre os níveis de Resveratrol e uma série de problemas de saúde como câncer, doenças cardíacas e até mesmo longevidade. Não foi detectada nenhuma correlação”.
Aparentemente a grande diferença entre este e outros estudos está no fato que foram efetivamente medidos os níveis do antioxidante através dos exames de urina. Os níveis eram extremamente baixos e não trariam nenhum benefício.
Para o nosso organismo absorver uma quantidade significativa e termos alguma vantagem seria necessário consumir cerca de 100 taças por dia, o que nos traria outros problemas.
Ainda há muito a ser descoberto, e este primeiro resultado negativo de uma pesquisa não invalida as qualidades benéficas do vinho. O próprio Dr. Semba admite:
“Eu não creio que este estudo projete uma sombra negativa no vinho (ou no chocolate outra fonte do antioxidante). O que realmente aprendemos é que alimentos são complexos, e o vinho muito mais ainda. Não se pode simplesmente atribuir efeitos benéficos a um único componente como o Resveratrol. Então continue apreciando vinho ou chocolate desde que não os esteja consumindo só para atingir a cota de antioxidante”.
Realidade ou não, a almejada tabelinha deixou de ser importante, a tal ponto, que foi declarada morta pelo jornalista Frank Prial do New York Times:
“Raramente um ano se passa sem que tenha sido produzido um bom vinho… os vinhateiros do mundo tornaram a Tabela de Safras obsoleta”.
Esta declaração provocou um interessante estudo conduzido pelo professor Roman Weil, da Universidade de Chicago, cujo objetivo era provar ou refutar a ideia proposta por Prial. Uma cuidadosa seleção de vinhos foi organizada, buscando-se pares de garrafas de um mesmo produtor, safras diferentes, dentro de uma faixa de preços acessível, cujas avaliações por Robert Parker tenham variado de boa até excelente. Os degustadores, alunos de pós-graduação da Universidade e enófilos experimentados, deveriam provar, às cegas, trios de amostras e definir dois pontos:
– qual amostra mais lhe agradava.
O resultado final comprovou a tese de Prial: “mais fácil seria escolher um vinho usando uma moeda (cara ou coroa)”. Ficou cientificamente comprovado que não há diferenças significativas entre as safras.
Uma curiosa exceção foram os vinhos de Bordeaux: era mais fácil identificar as safras, entretanto o gosto ou predileção por um ano indicado como melhor não se confirmava.
Resultado prático: a menos que você seja um colecionador de vinhos mais preocupado em mostrar o seu poder de compra organizando degustações verticais do seu caldo predileto, esqueça a safra e compre o vinho que lhe agradar dentro de suas possibilidades.
Para degustá-lo corretamente lembre-se destas simples recomendações:
– abra o vinho algum tempo antes de servi-lo;
– se preferir use um decantador ou aerador;
– olho na temperatura, nada de extremos;
– deixe o líquido respirar no copo por alguns momentos antes de degustá-lo.
– habitue-se a girar a taça suavemente para liberar aromas e sabores;
– acompanhe com alimentos que contrastem com taninos, acidez, corpo, etc.
Saúde!
Dica da Semana: um excelente alvarinho, provado recentemente no evento Caravana dos Vinhos do Tejo.
Este luxuoso corpo de julgadoras foi formado por 12 personalidades estrangeiras e 7 argentinas. Sua tarefa foi provar 669 amostras e selecionando as melhores em diversas categorias. Um trabalho que foi supervisionado pela respeitada consultoria, inglesa, Hunt & Coady, garantindo toda a logística e lisura.
O Júri
A principal personalidade foi a respeitada jornalista e crítica de vinhos Jancis Robinson, primeira mulher a obter o difícil título de “Master of Wine”. Compunham o grupo as seguintes juradas:
Christy Canterbury, jornalista, panelista e júri de Nova Iorque. Escreve para a revista Decanter;
Susan Kostrzewa, editora executiva da revista Wine Enthusiast;
Barbara Philip, responsável pela seleção de vinhos europeus para a British Columbia Liquor Distribution Branch, Canadá;
Sara D’Amato, canadense, é consultora, sommelier, crítica de vinhos e sócia principal na WineAlign.com;
Annette Scarfe, trabalha como consultora independente junto a indústria vitivinícola asiática. Também é juiz em concursos de vinho no Reino Unido, Hong Kong e França;
Megumi Nishida, jornalista freelance, japonesa, atuando em várias revistas como Winart, Vinoteque, Wands, Cuisine kingdom;
Essi Avellan, da Finlândia, é editora da Revista Fine Champagne, a única Revista do mundo dedicada ao mundo do Champagne;
Felicity Carter, da Alemanha, é chefe editorial da Revista Meininger´s, dedicada ao mundo do negócio do vinho em nível internacional;
Cecilia Torres Salinas, enóloga, é a referencia número um da indústria do vinho chileno;
Suzana Barelli, Brasil, Jornalista e Editora da Revista Menu;
Shari Mogk Edwards é a chefe do departamento de marketing e vendas de vinhos e licores da LCBO (Liquor Control Board of Ontario, Canadá).
O júri argentino foi composto por:
Susana Balbo, proprietária da vinícola Dominio del Plata e presidente da Wines for Argentina;
Andrea Marchiori, sócia e enóloga da Viña Cobos;
Carola Tizio, enóloga chefe da Vicentin Family Wines;
Estela Perinetti, enóloga da Bodega Caro (Catena + Rothschild);
Flavia Rizzuto, eleita a melhor Sommelier do país;
Laura Catena, médica e atual diretora das Bodegas Catena Zapata e Luca;
Marina Beltrame, diretora da Escola Argentina de Sommeliers.
Os resultados
Os principais prêmios foram:
1 – Troféus
Septima Obra Malbec 2012, Bodega Septima;
Riglos Quinto Malbec 2013 Finca Las Divas S.A.;
Casarena Single Vineyard – Malbec – Jamilla´s Vineyard – Perdriel 2012 Casarena Bodega & Viñedos;
Zuccardi Aluvional Vista Flores Malbec 2012, Familia Zuccardi.
– Categoría “Vinhos Espumantes”:
Ruca Malen Sparkling Brut NV, Bodega Ruca Malen.
– Categoria “Chardonnay”
Finca La Escondida Reserva Chardonnay 2014, Bodegas La Rosa;
Salentein Single Vineyard Chardonnay 2012, Bodegas Salentein.
– Categoria “Cabernet Franc”
La Mascota Cabernet Franc 2013, Mascota Vineyards;
Salentein Numina Cabernet Franc 2012, Bodegas Salentein;
– Outros troféus
Sophenia Synthesis The Blend 2012, Finca Sophenia;
Cadus Single Vineyard Finca Las Tortugas Bonarda 2013, Bodega Cadus;
Cabernet Sauvignon Proemio Reserve Cabernet Sauvignon 2013; Proemio Wines.
2 – Troféus Regionais:
Vales do Norte: Serie Fincas Notables Tannat 2012, Bodega El Esteco;
Vales de Mendoza: Decero Mini Ediciones Petit Verdot, Remolinos Vineyard 2012, Finca Decero;
Vales de San Juan: Santiago Graffigna 2011, Bodegas y Viñedos Santiago Graffigna;
Vales Patagônicos: Special Blend 2010, Bodegas Del Fin Del Mundo
A relação completa, em PDF, pode ser obtida neste link:
Agora é só escolher um deles e conferir como o seu paladar se ajusta com o das poderosas juradas.
Dica da Semana: a maioria dos vinhos premiados ainda não está com as safras em indicadas à venda no Brasil. Este, safra 2010, é uma boa opção, ganhou um troféu pela safra de 2013.