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Uma coluna para o Natal e Ano Novo – 1ª parte

Apesar do nosso clima tropical, as festas de fim de ano são sempre uma boa oportunidade para presentear e consumir bons vinhos. Difícil é acertar uma combinação do que vai ser servido nas tradicionais ceias com sua contraparte enológica ou acertar a lembrancinha para o nosso mais querido enochato. Vamos ajudar! 
Começando bem o dia 
Que tal nos presentearmos com um diferente café da manhã no Natal ou no último dia do ano? Esta receita, apesar de inusitada, vai nos preparar para enfrentar este movimentado dia e servir de introdução para um delicioso assunto: Espumantes! 
Ovos mexidos com salmão defumado, sobre fatias de pão torrado, servido com uma taça de espumante! 
Vamos precisar: 
75g de manteiga amolecida 
2 colheres de chá de massa ou purê de tomate 
2 colheres de sobremesa de ervas (endro, salsa, cebolinha) picadas 
2 colheres de sobremesa de alcaparras drenadas e picadas 
Sal e pimenta do reino a gosto 
4 fatias de pão rústico ou italiano com 2 cm de espessura 
4 ou 5 ovos batidos 
100g de salmão defumado cortado em tiras pequenas 
Preparo: 
1- Separe 50 da manteiga e misture com a massa de tomate, as ervas e as alcaparras. Tempere com sal e pimenta e reserve. 
2– torre as fatias de pão e as mantenham aquecidas. 
3– utilizando uma frigideira em fogo médio/baixo, derreta o restante da manteiga e prepare os ovos mexidos com metade do salmão, de modo que fiquem macios ou baveuse como dizem os franceses. Não deixe secar. 
4 – passe um pouco do creme de manteiga em cada torrada, cubra com os ovos, algumas tiras do salmão e decore com ervas e tomates picados. 
Para acompanhar, uma taça de bom espumante Brut, branco ou rosé. Mas qual? 
Há ótimos vinhos da França, Itália, Espanha, alguns muito caros. Portugal, Argentina e Chile já exportam boas borbulhas também. Mas nem tudo que reluz é ouro. Cuidado com algumas ofertas: nem sempre o barato é bom. 
Os nacionais são excelentes. Procure por linhas que levam as denominações Ouro, Milléssime, Reserva ou Gran Reserva. Algumas sugestões: 

Chandon – sempre entre os melhores 

Casa Valduga – edição especial de 130 anos, delicioso 

Miolo Millésime – outro peso pesado 

Pouco conhecido, o Don Guerrino tem excelente relação custo x benefício 

O Villagio Grando é um ótimo representante da Serra Catarinense 

Presenteando 
Comprar uma boa garrafa de vinho e presentar é a coisa mais fácil do mundo e ainda faz um grande efeito. Para fugir da mesmice, que tal escolher um bom acessório ou mesmo um livro sobre vinhos. Eis algumas sugestões. 
Saca rolhas tipo Sommelier – é aquele que a maioria dos profissionais usa. Prático, fácil de usar e, com os seus 2 estágios, simplifica muito o esforço necessário para tirar uma rolha. 

Um modelo mais sofisticado é o Rabbit, mas só vale a pena para aqueles que abrem muitas garrafas. 

Outras boas sugestões são termômetros, decantadores e taças (sempre 1 par). 

Para incrementar a biblioteca do bom enófilo: 

1001 vinhos para beber antes de morrer – este é imperdível! Até os menos aficionados vão adorar 

Guia Ilustrado Zahar de Vinhos do Mundo Todo – livro de referência, muito bem elaborado e completo.Um must 

A Arte de Fazer um Grande Vinho – interessantíssimo documentário sobre Angelo Gaja, o maior nome do vinho italiano na atualidade e sua obsessão em produzir um grande vinho, o Sori San Lorenzo. Apaixonante. 

Na semana que vem, falaremos da harmonização dos pratos natalinos e mais algumas receitinhas.

Grandes vinhos do Mundo – uma série interminável…

Fechamos um ciclo no Boletim. As colunas iniciais tiveram um objetivo: apresentar uma parte do universo dos vinhos. Fomos bem longe, entrando até na seara dos destilados. A partir desta semana, vamos apresentar os vinhos icônicos, aqueles que todos sonham em provar um dia. Escolhemos um vinho Português, para começar. 
Portugal já foi o principal exportador de vinhos para o Brasil, lugar ocupado por Chile e Argentina, atualmente. Mas ainda está firme no mercado, lutando, com qualidade, para retornar ao topo do pódio. Dois fatores contribuíram para ofuscar o brilho dos produtos lusitanos: o preço e a qualidade. 
Infelizmente, a busca por um lucro fácil provocou uma enxurrada de vinhos de baixíssima qualidade em nosso mercado, a preços nem sempre convidativos. Mesmo lá na terrinha as coisas não estavam indo bem. Mais preocupados com a quantidade, os produtores não se atualizaram, insistindo em técnicas artesanais e obsoletas enquanto outros países modernizaram vinhedos e vinícolas. 
Portugal é um país com ampla diversidade de uvas, vinhos e regiões produtoras. Há desde os deliciosos Vinhos Verdes até vinhos sérios e encorpados como os das regiões do Douro, Dão e Alentejo. 

A modernização dos vinhos portugueses é recente. Somente a partir da entrada do país na comunidade europeia foi quando grandes investidores aportaram capitais nas principais vinícolas, introduzindo técnicas atuais de manejo do vinhedo, equipamentos de aço inoxidável e controle de temperatura na vinificação. Mas alguns pioneiros já haviam trilhado por estes caminhos. Fernando Nicolau de Almeida, vinicultor da Casa Ferreirinha, uma das mais importantes empresas do Douro, foi um deles. 

O Douro era famosos pelos vinhos do Porto, mas seus tintos, não fortificados, nunca se destacaram. Fernando visitou a região de Bordeaux, em 1940. Voltou encantado com que viu, decidindo produzir um vinho que se equiparasse aos bordaleses. Nascia uma das glórias do vinho português: o mítico Barca-Velha, um excepcional corte das uvas Tinta Roriz, Touriga Nacional e Touriga Franca. 

A primeira safra desta maravilha surgiu em 1952 (só foi comercializado 8 anos depois). Foram selecionados os vinhedos, todos de pequeno porte e localizados na parte mais alta das encostas. Na vindímia, só as melhores uvas eram aproveitadas. A temperatura de fermentação foi controlada com gelo trazido da cidade do Porto, que dista 100 Km. Foi envelhecido em barricas novas de carvalho francês, durante 12 a 18 meses, seguido de um período em garrafa. A ideia era colocar o vinho, no mercado, pronto para o consumo. 
A busca, quase obsessiva, pela qualidade gerou bons dividendos. Só foram comercializadas poucas safras até hoje (15 ou 16): se o vinho não estivesse de acordo com a prova do enólogo, recebia o rótulo de Reserva Especial Ferreirinha e não o de Barca Velha. 
Notas de Degustação do Barca-Velha 1999 
Sabores concentrados de frutas negras e grande frescor. Nos aromas nota-se cedro e baunilha, com toques florais e achocolatados. Um vinho encorpado, vigoroso e de grande elegância. Degustar um Barca Velha exige uma preparação cuidada de acordo com a exigência do momento. Deve ser saboreado com calma, acompanhado por pratos mais cuidados de carne, caça ou mesmo alguns queijos, com sabores requintados e bem integrados. Recomenda-se que seja servido à temperatura de 17º-18º. 
O Barca-Velha moderno 
No início dos anos 90, a casa Ferreirinha foi vendida para o grupo português Sogrape. Apesar de algumas mudanças óbvias, o vinho continua sendo produzido e ainda é muito respeitado. O principal vinhedo que fornecia as uvas para o Barca permaneceu com os descendentes da fundadora, D. Antônia Ferreira. Em 1998, decidiram produzir o seu próprio vinho, com as mesmas uvas, empregando as mais modernas técnicas de vinificação. Este vinho é o Quinta do Vale Meão ou, como preferem alguns, o Barca Nova, sem dúvida o mais espetacular vinho português do momento. 
Para os leitores aventureiros, há garrafas de Barca Velha à venda no Brasil. Procurem em boas e confiáveis lojas de vinho e prefiram as safras mais recentes 1999 ou 2000. O custo é acima de R$ 1.000,00 por garrafa. 

Dica da Semana: um bom português vindo da região do Douro, com as mesmas castas do Barca e com preços mais em conta: 

Cadão Douro Reserva 2005 
Produtor: Quinta do Cadão 
Uvas: Touriga Nacional, Tinta Roriz, Touriga Franca 
De cor granada intensa, tem sabores macios, volumosos e delicados. Nos aromas mostra boa evolução. Harmoniza com carnes de caça, queijos e defumados. 

Vinhos Fortificados – Final

O Madeira e outras delícias 
Neste último episódio da série sobre os Fortificados, deixamos a Andaluzia e vamos para o território português da Ilha da Madeira, que batiza o seu vinho emblemático. Ele é o 3º peso-pesado deste grupo sendo tão importante quanto os outros dois. 

A vinificação nesta simpática ilha remonta à Era das Explorações (posterior aos descobrimentos). Sendo um porto obrigatório para os navios que seguiam para o Novo Mundo ou para as Índias, o vinho local abastecia os navios e, para resistirem à longa viagem, eram misturados com aguardente. Os barris ficavam, muitas vezes, no convés, sem proteção contra as altas temperaturas e sendo suavemente agitados pelo balanço das ondas. Em algum ponto não registrado da história, uma sobra da carga de vinhos retornou à Ilha da Madeira. O comerciante que a recebeu resolveu abrir uma das barricas e provar. O sabor havia mudado completamente. Estava descoberta uma nova delícia que traria fama e reconhecimento aos vinicultores locais. 
O Processo Produtivo 
As varietais usadas são: Malvasia ou Malmsey, Boal, Verdelho e Sercial, todas brancas e a Tinta Negra Mole. Cada uma vai gerar um Madeira que poderá ir do seco ao doce, dependendo do processo utilizado. O início é igual a todo e qualquer vinho, as uvas são prensadas e fermentadas. Dependendo do grau de doçura desejado pelo produtor, a fermentação pode ser interrompida pela adição de aguardente vínica. 
Por exemplo: 
Os vinhos de Sercial fermentam até quase o final, produzindo uma bebida mais clara e um pouco mais ácida; 
Os vinhos de Malvasia/Malmsey tem sua fermentação interrompida bem cedo, obtendo-se uma bebida mais escura, doce e grande acidez, o que dá equilíbrio ao excesso de açúcar evitando que se torne enjoativo. 

O que faz a diferença é o processo que segue, chamado de estufagem, quando os produtores tentam reproduzir os efeitos de uma longa viagem em climas tropicais: o vinho será aquecido até temperaturas em torno de 55 graus Centígrados! 
Existem três processos aceitos pelo Instituto do Vinho Madeira. Os vinhos comuns serão aquecidos, por um mínimo de 90 dias, em tanques de aço inoxidável ou concreto – Cuba de Calor. 
Para o vinho de melhor qualidade, emprega-se o Armazém de Calor, um galpão aquecido onde os barris de madeira de grande capacidade são submetidos a um ambiente com vapor d’água, por um período entre seis meses a um ano. 
O terceiro método, usado para os grandes vinhos, é o Canteiro. Tudo aqui é natural. Os barris são tratados ao sol, em pátios especiais. Pode durar de 20 a 100 anos para um 1ª linha ser considerado pronto. 

Canteiro 

Estilos 
O Madeira pode ser classificado pela sua doçura, idade, cor, corpo, colheita e processo de fabricação. Com tantas possibilidades, gera um pouco de confusão. Vamos apresentar uma classificação básica, que nos permitira escolher, com segurança, um bom vinho. 
Reserva – envelhecimento de 5 anos; 
Reserva Especial – 10 anos de envelhecimento e aquecimento natural;
Colheita – vinho de uma única safra com mais de 10 anos de envelhecimento; 
Frasqueira – 20 anos, no mínimo de envelhecimento. 
Segundo o teor de açúcar podem ser: seco, meio seco, meio doce e doce
Harmonização 
O Instituto do Vinho, Bordado e Artesanato da Madeira faz as seguintes sugestões: 
As combinações gastronômicas possíveis de se fazer com Vinho da Madeira são imensas e variam também em função do seu grau de doçura. Os secos, vinhos mais refrescantes, podem ser acompanhados com peixes defumados ou sushi, enquanto os mais doces combinam na perfeição com frutos secos, bolo de mel, chocolate escuro ou de leite. Os meio secos são muito agradáveis com consommé e sopa de cebola gratinada, ou ainda, com fois gras de pato ou ganso, enquanto o meio doce combina bem com suflês de queijo ou de frutos silvestres. 
Outras delícias 
A Península Ibérica é muito rica em vinhos fortificados, Portugal, por exemplo, ainda nos brinda com o excelente Moscatel de Setúbal. Da França vem o fabuloso Banyuls que é uma denominação controlada e os Macvin da região do Jura. O Marsala, da Sicília, que foi muito importante, hoje está desprestigiado. Quase todos os produtores do novo mundo fazem algum tipo de vinho licoroso: EUA, Austrália, África do Sul, Brasil e Argentina, entre outros. Alguns adotam os nomes de Porto e Madeira, o que é proibido. Caso típico brasileiro são os vinhos da marca Isidro, muito usados na culinária. O Instituto do Vinho do Porto os considera como uma fraude. No link abaixo há coleção de produtos piratas: 
http://www.ivdp.pt/pagina.asp?codPag=96&codSeccao=6&idioma=0 
(role a tela para as fotos) 
Uma interessante curiosidade vem da Argentina. A vinícola Família Zuccardi produz uma linha de vinhos fortificados, muito saborosos, mas que não teve o sucesso esperado entre os argentinos. Resultado – passaram a denominá-lo Malamado. No estilo mais seco é usado para fazer caipirinha… 

Finalizando 
Muitos leitores escreveram para esta coluna quase sempre colocando os vinhos fortificados como doces, o que não é verdade. Talvez por terem sido apresentados logo após as colunas sobre os de sobremesa, tenha gerado a confusão. Para dirimir quaisquer dúvidas, compilamos este resumo: 
Fortificados Secos e Ácidos 
Jerez dos tipos Fino, Manzanilla e Amontillado 
Madeira das cepas Sercial e Verdelho 
Fortificados Escuros, que variam de meio doce a doce 
Jerez Oloroso e Pedro Ximenez 
Porto, safra tardia, vintage 
Madeira das cepas Malvasia/Malmsey e Bual 

Dica da Semana: 

Ferraz Medium Rich Madeira 
Produtor: Madeira Wine Company País: 
Portugal /Ilha da Madeira 
Este Madeira Medium Rich é elaborado pela famosa F.F. Ferraz & Cia, responsável por alguns dos melhores vinhos Madeira de toda a história. Mostra muita tipicidade, com um agradável e típico bouquet, um palato levemente doce e excepcional relação qualidade/preço.

Para onde Vamos? – Enogastronomia

Como todo autor, seja de pasquim, novela ou folhetim, o melhor fica para o final. Visitar uma vinícola não pode ficar só no que interessante ou soltar o clássico “gostei deste”, na hora da degustação. Nosso programa, desta vez, era curtir a Enogastronomia oferecida pelas vinícolas mais importantes, aquelas que visam o segmento de alta gama, onde não se fala em degustar um vinho desacompanhado, seja de boa comida ou de boa companhia. Embora a Finca La Celia tenha nos cativado, não nos ofereceram uma opção de um almoço harmonizado. A pousada só seria inaugurada na semana seguinte à nossa visita. Optamos pela Andeluna Cellars, uma empresa que exporta praticamente tudo que produz. Hoje pertence ao Mr. Lay (é assim mesmo que todos se referem a ele), aquele das batatas fritas. Ali, só vinho top.


Começamos pela arquitetura, uma beleza. Não existe um restaurante, mas uma cozinha, com algumas mesas, preparadas para receber o dono e seus convidados quando estão na terra. Nos intervalos, os pobres mortais podem contratar um almoço, que é preparado de forma exclusiva.

A bossa, neste caso é harmonizar, além dos vinhos, os pães, feitos na hora, com cada prato servido. A seguir, a sofisticação do menu degustado: (tire dúvidas lá no final)
PRIMER PASO
Sopa tibia de maíz, anís estrellado, quinoa, crocante y chips de batatas dulces.
Pan: Tostada de focaccia.
Vino: Andeluna Reserve Chardonnay 2006
 SEGUNDO PASO
Tarta de remolachas asadas, queso azul, ensalada de brotes y pistachos tostados.
Pan: café y pimienta
Vino: Andeluna Merlot 2010
TERCER PASO
Roll de trucha salmonada, queso atuel, verduras de estación asadas, puré dulce de batatas.
Pan: Budín integral con cerezas y semillas de girasol.
Vino: Andeluna Reserva Malbec 2006
CUARTO PASO
MAIN COURS: Pastel de cordero, crocante de parmesano y manzanita com tomillo
Pan: tortita de grasa
Vino: Andeluna Grand Reserve Pasionado 2005
QUINTO PASO
Entre sabores – Pequeño trago.
SEXTO PASO
Postre: Mil hojas de manzanas verdes, arrope de higos y helado de canela ahumada.
Vino: Andeluna Reserva Chardonnay 2006
(o menu pode variar conforme a estação e a disponibilidade de alguns itens).
Embora esteja escrito em espanhol, não é difícil de decifrar. Posso assegurar que foi algo
I.N.E.S.Q.U.E.C.Í.V.E.L!
A foto, a seguir, dá uma ideia da vista. As temperaturas eram baixas e a lareira ajudou a manter tudo num ambiente acolhedor e confortável.

Detalhe da sobremesa e do melhor vinho do almoço: (reparem que está quase vazia…).

Houve outro almoço, no dia seguinte, na vinícola, “Premium”, Terrazas de Los Andes, pertencente ao grupo Chandon. Não vamos entrar em detalhes. A seguir, fotos do local, do cardápio oferecido e de alguns dos pratos. 

Agora só nos resta plagiar, descaradamente, um dos cozinheiros televisivos, o Anonymus Gourmet, que termina seu show com um bordão clássico:

Voltaremos!
Dica da Semana:

Andeluna Malbec 


País: Argentina/Mendoza

Produtor: Andeluna Cellars
Safra: 2009
Rubi intenso com reflexos violáceos. No nariz remete à aromas florais e de frutas, notas de baunilha e toques de doce de leite e chocolate, resultado de sua passagem em barrica de carvalho. Equilibrando estrutura e corpo, apresenta sensações adocicadas com taninos maduros e final de boca muito agradável. Pontuação: 88 Wine Spectator


Pequeno dicionário espanhol – português:
Tíbia – morna
Maíz – milho
Remolacha – beterraba
Brotes – brotos
Budín – pudim, neste caso um pãozinho muito macio
Arrobe – xarope
Helado – sorvete
Pastel – não é a nossa iguaria. A carne do cordero é assada dentro de uma massa, o “pastel” e servida a parte. A massa não é consumida.

Para onde vamos?

Alguns leitores nos escreveram, curiosos, para saber qual o destino da coluna a partir do final da epopeia de produzir um vinho. Uma indagação natural, afinal, parece que fechamos um ciclo. 
Para os apaixonados por vinho, curiosidade, mesmo, é conhecer onde é produzida a nossa bebida predileta. O tema da semana é sobre como conhecer uma vinícola, ou se preferirem enoturismo. 
Este segmento vem crescendo em todo o mundo produtor. Não só ajuda a divulgar os produtos de uma empresa e é uma ótima ferramenta de marketing, como também pode contribuir para o bom rendimento, inclusive financeiro, do empreendimento. Muitos produtores brasileiros já estão preparados para receber visitantes em grande estilo, inclusive com opções de hospedagem. Nossos vizinhos, Chile e Argentina, há mais tempo nesta atividade, se esmeram a cada ano, buscando inovar e cativar mais turistas. Na Europa, a Itália se destaca com as opções de Agriturismo. Espanha, Portugal e França e até mesmo a Grécia, já oferecem programas de visitação e degustação atraentes.
A primeira regra para se decidir sobre um destes destinos é pesar bem o custo x benefício destas viagens. Curiosamente, o nosso turismo interno perde feio para os vizinhos: é mais barato ir a Mendoza do que a Bento Gonçalves, para um morador do Rio ou São Paulo.
Já para visitar uma vinícola europeia, o custo da passagem aérea e hospedagem é alto, o que só seria justificável em caso de um programa mais ambicioso, onde o enoturismo apareceria como uma das atividades.
Como visitar? 
As visitas são sempre agendadas e com horário determinado. Por este motivo, sempre recomendamos que um agente turístico, da cidade que será visitada, seja contratado para organizar o passeio. As opções são múltiplas, além da visita e da degustação básica, pode-se agendar um curso de culinária ou de vinhos, um almoço harmonizado, passeios de bicicleta ou a cavalo pelos vinhedos, participar da colheita, quando for época e, até mesmo, elaborar seu próprio vinho, com rótulo personalizado e tudo.
Cada atividade tem seu custo. Poucas vinícolas oferecem uma visitação gratuita. Mas não é um preço abusivo: eles querem ser visitados e esperam que todos fiquem satisfeitos e comprem seus produtos.
Para deixar os leitores com água na boca, vamos detalhar a visita, realizada recentemente, na Finca La Celia, em Mendoza, Argentina, e o posterior almoço harmonizado feito na vinícola Andeluna.
La Celia
Ao chegar, somos recebidos por um guia da vinícola, neste caso era Federico Colombo, formado em enologia. Ele optou por cuidar da parte turística desta interessante bodega, que está reinaugurando sua pousada e promete, em breve, cursos de fabricação de pães, num antigo curral de criação de cavalos que foi recuperado e convertido para este fim. 

Após as apresentações de praxe, ele nos conta um pouco da história da La Celia, nome da única filha do fundador, Eugenio Bustos, criador de cavalos, que construiu a vinícola em 1890, aproveitando-se de um curioso meio de pagamento vigente, na época, mudas de videira. É a mais antiga da Argentina, hoje, em mãos de capitais chilenos. O logotipo homenageia as duas paixões do Sr. Eugenio: sua filha e os cavalos.
Somos convidados para uma curta caminhada entre os vinhedos, até um pequeno mirante, de onde se descortina toda sua extensão, que chega aos pés da Cordilheira dos Andes.

Todos muito bem cuidados. Infelizmente, nesta época do ano, as videiras dormem e são podadas para entrarem em floração na próxima estação. De volta à sede, vamos conhecer o processo da La Celia. Aqui um fato interessante e importante: o prédio principal, muito danificado num antigo terremoto, foi inteiramente restaurado, ampliado e modernizado. Mantiveram-se as instalações originais, tanques de concreto, mas acrescentando moderna tecnologia. Assim pode-se observar as diferenças entre antigo e novo. Há mesmo uma área não restaurada para que possamos ver como era produzido o vinho antigamente.

Após um percurso pelos meandros do prédio principal, retornamos ao ponto de partida e vamos visitar a futura pousada, que era a casa de D. Celia. Lá também será realizada a degustação contratada. A foto a seguir dá uma ideia do cuidado e carinho com que futuros Hóspedes serão recebidos. O detalhe do chapéu é sensacional!

Já com muita vontade de largar tudo e mudarmos, imediatamente, para lá, passamos à sala de degustação, onde nos aguarda um delicioso espumante, rosé, não só para brindar nossa presença, como preparar nosso palato para os deliciosos vinhos que serão servidos.

Experimentamos 1 branco e 3 tintos. Com as ótimas explicações de Federico, foi possível comparar e entender as sutis diferenças entre os produtos apresentados: Chardonnay, Malbec, Merlot e Cabernet Franc (o melhor). A visita foi finalizada com um belo passeio, de automóvel, pelos vinhedos até chegarmos ao curral, recém-convertido em cozinha de campo.
Despedimo-nos de nosso simpático guia, e rumamos para a Bodega Andeluna, onde contratamos um almoço harmonizado com os vinhos desta importante produtora. Mas esta parte fica para semana que vem… 
Conselhos finais
O ideal é visitar, no máximo, 3 vinícolas num dia – elas são todas muito parecidas e as diferenças estão em pequenos detalhes, muitas vezes técnicos, o que pode não ser do interesse de todos. Há sempre a possibilidade de comprar vinhos e acessórios, a bom preço. Opte pelos produtos diferenciados.
A nossa viagem foi organizada por:
Rojos Divinos – www.divinosrojos.com.ar
Sua dona, María José Machado, é filha de brasileiro e fala muito bem o português. Já está operando no Chile também.
Outras boas operadoras de enoturismo:
Chile
Enotour – www.enotour.cl
Wine travel – http://winetravelchile.com/
Santiago Adventures – http://www.santiagoadventures.com/
Outros destinos
Designer Tours – www.designerstours.com.br (França, Chile, África do Sul e Brasil)
Episode Travel – www.episode-travel.com (Portugal)
Latitudes Viagens – www.latitudes.com.br (grupos capitaneados por enólogos para vários destinos)
Degustadores sem Fronteiras – http://www.degustadoresemfronteiras.com.br/ (idem)

Dica da Semana: 

Finca La Celia Cabernet Franc
Produtor: Finca La Celia
País: Argentina – Mendoza
Uva: Cabernet Franc
Cor: Vermelho profundo e intenso com traços negros. Aroma: Forte presença de madeira, café, tabaco e aromas minerais. Paladar: Taninos fortes e vigorosos. Final de boca longo e intenso.

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